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4. Área de estudo

6.8 Relação da Altura da Berma e Declividade da Face

Para mostrar que a declividade da face da praia influência na altura da berma foi elaborado um gráfico de dispersão correlacionando a altura da berma e a declividade da face (Figura 56).

FIGURA 56 ALTURA DA BERMA VERSUS DECLIVIDADE DA FACE.

0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1 -0,5 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 Car ga F atori al Altura da Berma (m)

Daniela

Fator 1 fator 2 R² = 0,4296 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 0 2 4 6 8 10 A ltu ra d a Ber ma (m) Declividade da Face (°)

Todas as Praias

Ingleses Brava Canas Jurere Daniela Barra-Moçambique Santinho Linear (Jurere )

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Na praia da Barra-Moçambique mostrou uma correlação fraca (R² = 0,2573), que quanto maior a altura da berma maior a declividade e também uma correlação moderada para a paia de Jurerê (R² = 0,4296), já nas outras praias não se teve a mesmo resultado pois a altura da berma ficou no intervalo de 0,5 a 2 m e uma alta variação no grau da declividade.

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7. Discussão

7.1 Análise Fatorial Modo Q

Com relação a aplicação da análise fatorial Modo Q foi observado que o uso de 3 fatores explica melhor a variância da classe granulométrica das amostras analisadas. A consideração de dois fatores para explicar a distribuição da classe de sedimento nas amostras das praias estudadas, demonstrou que 24 das amostras não foram explicadas por esses fatores, sugerindo que as 669 amostras deveriam ser analisadas por um grupo de três fatores. Assim, os Fatores 1 e 2 estão representando as areias média/fina e areia média respectivamente (ver Tabela 4 relativas a Escora Rotacional Varimax). O Fator 3 por sua vez representa os seixos, areias muito grossa, grossa e estes três tamanhos de grão são representados devido ao agrupamento de uma das caudas, realizado para montagem da matriz origina e algumas amostra que apresentaram bimodalidade

A interpretação dos parâmetros estatísticos analisados permitiu a caracterização da distribuição sedimentar ao longo da praia e em cada subambiente, possibilitando um melhor entendimento dos processos atuantes em cada uma das praias.

7.2 Distribuição dos Fatores nas praias.

As praias mais expostas a energia de ondas, a distribuição granulométrica foi explicada tanto pelo Fator 1 (Santinho e Ingleses) e Fator 2 (Barra- Moçambique e Brava), enquanto no caso das praias mais abrigadas (Lagoinha, Canasvieira, Jurerê, Forte e Daniela) foram explicadas somente pelo Fator 1 (Figura 26).

PEIXOTO, HORN FILHO e CASTELANI (2012), estudaram a variação granulométrica das praias arenosas da costa leste da ilha de Santa Catarina e demonstraram que no setor central da praia do Moçambique foram encontradas areia com dominância de granulometria média a muito grossa, tendo em média 0,52 a 1,79 phi. Já no setor norte da praia foi encontrado a predominância de areia fina, cujo a média variou de 2,23 a 2,42 phi. Observando a Figura 27 (média

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das porcentagens dos fatores nas praias) os três fatores explicaram a distribuição das classes de sedimentos nesta praia, observando valores de classificação bem próximos aos valores encontrados por PEIXOTO, HORN FILHO e CASTELANI (2012). Ainda estes pesquisadores classificaram a granulometria do centro e no norte da praia do Santinho como sendo predominantemente de areia fina. Observa-se a mesma classificação encontrada neste trabalho para a praia do Santinho, explicada principalmente pelo Fator 1, como pode ser observado na Figura 29. Segundo PEIXOTO, HORN FILHO E CASTELANI (2012), nas praias com areia média a muito grossa predomina estágio morfodinâmico refletivo ou com tendência a este estágio. As praias representas por este estágio morfológico segundo KLEIN, SHORT e BONETTI (2016) são; Canasvieiras, Jurere Forte e Daniela, sendo estas representadas na sua maioria pelo Fator 1 (média/fina), mostrando uma incoerência, que pode ser explicada pela exposição as ondas, as praias Canasvieiras, Jurere Forte e Daniela são consideradas abrigadas da energia da onda, sedo influenciados principalmente pela mare.

FARACO (2003), estudando o comportamento morfodinâmico e sedimentológico da praia dos Ingleses permitiu classificar as amostras referente a pós-praia e da face da praia como areia fina (2-3phi). A Figura 27 mostra que a praia dos ingleses é explicada principalmente pelo Fator 1 (areia média/fina). Estes dados podem ser melhor observados nas Figura 30, sendo que o fator dominante para estes dois subambientes são os Fatores 1 e 2.

HORN FILHO (2006) estudando a granulometria das praias da ilha de Santa Catarina, classificou as 41 amostras da costa norte, isto é, a partir da praia da Daniela até a praia dos Ingleses, como sendo predominantemente de areia fina. A Figura 26 mostrou que para estas praias da costa norte o Fator 1 (areia média/fina) explica a variância para a maioria das delas, exceto na praia Brava onde a variância é explicada pelo Fator 2 (areia média), ver Figura 31.

NUNES (2002) estudando as características morfo-sedimentar de Pontas de Canas classificou o sedimento presente na praia como composta predominantemente de areia fina, que é característica dos ambientes de baixa

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energia, comum às demais praias abrigadas do litoral norte da ilha de Santa Catarina, como Canasvieiras, Jurerê, Forte e Daniela, estudadas por MARTINS et al. (1970), NUNES (1997) e DIEHL (1997) citato por NUNES (2002), respectivamente. Para estas praias o Fator 1 explica mais da metade a variância.

VIEIRA DA SILVA (2016) estudando transporte de sedimento ao longo da costa norte da Ilha de Santa Catarina (Figura 57), mostrou que as praias onde ocorrem a transposição de sedimento pelo promontório rochoso foram entre a Barra-Moçambique e Santinho, Lagoinha e Canasvieiras, Jurerê, Forte e Daniela. Em relação a transposição de sedimento entre a praia do Santinho e Ingleses VIEIRA DA SILVA (2016) não encontrou um valor significativo e que o transpor principal se dá pelo campo de dunas entre estas duas praias. Observa- se na Figura 27 (Distribuição dos Fatores nas Praias) que para estas praias onde ocorre a transposição de sedimento apresentaram valores semelhantes para a distribuição dos fatores nas praias.

Em resumo, os resultados deste estudo mostraram que as praias Lagoinha, Canasvieiras, Jurerê, Forte e Daniela, classificadas como estágio refletivo e consideradas abrigadas, foram representadas majoritariamente pelo Fator 1 (areia médio/fino, 2,0/2,5 phi) e possuem similar distribuição dos fatores, mostrando uma possível a transposição de sedimentos pelos promontórios existentes entre elas.

Em relação às praias expostas a alta energia de onda e classificadas como intermediárias neste trabalho, Santinho e Ingleses, (areia média/fina, 2,0 / 2,5 phi) foram representadas predominantemente pelo Fator 1. Já o Fator 2 (areia média, 1,5 / 2,0) representa a praia da Barra-Moçambique e Brava. Estes resultados sugerem a não transposição de sedimentos entre o promontório da praia dos Ingleses e Brava, mas sim o transporte de sedimento entre o campo de dunas entre a praia do Santinho e Ingleses, pois apresentam valores similares para os fatores.

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Figura 57. Esquema mostra o caminho do sedimento pela praia da área de estudo (VIEIRA DA SILVA 2016)

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