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A principal relação entre BSC e Auditoria Operacional encontra-se na finalidade precípua de ambas as metodologias, a saber, a avaliação de desempenho sob aspectos que perpassam as medidas meramente financeiras. Dessa forma, propõe-se, no presente estudo, uma adaptação do modelo de BSC para o setor público proposto por Felix, Felix e Timóteo (2011) para auditoria operacional, convertendo as perspectivas propostas pelos autores nas quatro dimensões de desempenhos recomendadas pelo TCU, como sintetizado na Figura 16.

Optou-se pelo modelo de Felix, Felix e Timóteo, tendo em vista a possibilidade de adaptar as perspectivas estratégicas adotadas pelos autores, convertendo-as nas dimensões de

desempenho avaliadas em auditorias operacionais. Além disso, a cadeia de relações entre as perspectivas do modelo se assemelha à hierarquização das dimensões de desempenho proposta no presente estudo, ou seja, uma melhor gestão dos recursos (economicidade) buscando o alcance dos objetivos (eficácia), com uma melhor utilização dos insumos (eficiência) e, por conseguinte, a consecução dos resultados esperados (efetividade).

Figura 16 - Relação entre as perspectivas do modelo de Felix, Felix e Timóteo e as dimensões de desempenho avaliadas em auditorias operacionais.

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Fonte: Da autora (2017).

A perspectiva orçamentária diz respeito aos custos operacionais e investimentos previstos no orçamento público e necessários à execução das ações governamentais. Representa a base do modelo e a perspectiva de maior criticidade para a gestão pública, uma vez que envolve os recursos financeiros destinados à realização dos objetivos estratégicos definidos nas demais perspectivas (FELIX; FELIX; TIMÓTEO, 2011).

Em termos gerais, o conceito de economia refere-se à ideia de gastar pouco, ou seja, realizar as atividades gastando o mínimo possível. Uma transação é considerada econômica quando realizada ao menor custo, com padrão de qualidade desejável, no tempo e em quantidade adequados (SILVA, 2013).

Dessa forma, a dimensão da economicidade refere-se à capacidade de gestão dos recursos financeiros disponíveis pela entidade, proporcionando a redução do custo de suas atividades, dentro de padrões esperados de qualidade. Nas auditorias operacionais, o exame da economicidade objetiva avaliar se os mecanismos de aquisição dos diferentes recursos utilizados pela entidade na consecução de suas atividades concorrem para a obtenção do menor custo possível e de padrões adequados de qualidade (ALBUQUERQUE; FADUL; CERQUEIRA, 2012; ALVES, 2016; GRUENFELD, 2016; SILVA, 2013).

Assim, a economicidade equipara-se à perspectiva orçamentária, uma vez que a gestão adequada dos recursos é fator essencial para a consecução dos objetivos dentro das demais perspectivas.

A perspectiva dos processos internos diz respeito à identificação e otimização dos pontos críticos, visando a busca por excelência e o melhor funcionamento da organização, possibilitando a consecução dos objetivos financeiros e a satisfação das necessidades dos clientes, sendo impactada pelas perspectivas das relações governamentais e da aprendizagem e crescimento. A primeira compreende a cadeia de relações entre órgão das esferas pública e privada, além de organismos internacionais que impactam nos processos da entidade. Já a perspectiva da aprendizagem e crescimento envolve a capacidade de inovação e melhoraria da organização, de modo à agregar valor aos seus processos internos (OLVE; ROY; WETTER, 2001; FELIX; FELIX; TIMÓTEO, 2011; FERNANDES, 2013; ROLIM; ROLIM, 2013).

A dimensão da eficácia refere-se à competência da gestão para atingir os objetivos propostos em seus programas, independente dos meios utilizados e dos custos envolvidos, ou seja, a capacidade de fazer aquilo que se propõe a fazer. Os exames de eficácia nas auditorias operacionais visam a avaliar o grau de cumprimentos dos objetivos estabelecidos pela organização em um determinado período de tempo (ALBUQUERQUE; FADUL; CERQUEIRA, 2012; ALVES, 2016; GRUENFELD, 2016; SILVA, 2013).

Tomadas em conjunto, as perspectivas dos processos internos, das relações governamentais e da aprendizagem e crescimento relacionam-se às atividades desenvolvidas pela entidade com vistas à atingir seus objetivos, sendo possível estabelecer um paralelo entre tais perspectivas e o conceito de eficácia.

O conceito de eficiência deriva da economia e está relacionado à menor relação custo/benefício na concretização dos objetivos organizacionais. Envolve a comparação entre os insumos empregados e os produtos gerados por uma atividade, em um determinado período de tempo, mantido os padrões de qualidade. É a capacidade de fazer bem feito o que deve ser feito. Para a Administração Pública, ser eficiente é empregar os recursos da melhor forma

possível para realizar o que foi estabelecido (ALBUQUERQUE; FADUL; CERQUEIRA, 2012; ALVES, 2016; GRUENFELD, 2016; SILVA, 2013).

Nas auditorias operacionais, os exames de eficiência visam a avaliar se os recursos estão sendo utilizados de modo a resultar em um desempenho satisfatório e sem desperdício. Para tanto, deve-se questionar: "a) se poderiam ter sido obtidos os mesmos resultados utilizando os mesmos recursos, e b) se poderiam ter sido empregados os mesmos recursos para alcançar melhores resultados (em quantidade e qualidade)" (SILVA, 2013, p. 31).

A perspectiva da Administração Pública Federal "envolve uma abordagem com foco na modernização da gestão pública, nos resultados das tomadas de decisões e no desenvolvimento da eficiência nas instituições públicas brasileiras" (FELIX; FELIX; TIMÓTEO, 2011, p. 65). Dessa forma, é possível estabelecer uma relação entre essa perspectiva e o conceito de eficiência, uma vez que ambos dizem respeito às ações com vistas ao desenvolvimento e modernização das organizações públicas, ou seja, ações para otimização dos recursos disponíveis.

A efetividade está relacionada aos resultados alcançados por uma intervenção governamental e seus impactos na população-alvo. É a relação entre o pretendido por uma ação e os impactos efetivamente produzidos por tal ação, transformando o ambiente no qual interveio. Os exames visam a avaliar o grau de impacto de uma ação no que se refere à satisfação das necessidades da população-alvo, à transformação da realidade social prévia, bem como à continuidade dos resultados obtidos (ALBUQUERQUE; FADUL; CERQUEIRA, 2012; ALVES, 2016; GRUENFELD, 2016; SILVA, 2013).

Dessa forma, o conceito de efetividade guarda estreita relação com a perspectiva do cidadão/sociedade, uma vez que ela corresponde "aos serviços a serem prestados ao cidadão e à sociedade, considerando os preceitos de uma gestão pública moderna focada em resultados e orientada para a transparência" (FELIX; FELIX; TIMÓTEO, 2011, p. 65).