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1.3 A importância da vegetação em ambientes urbanos

1.3.1 Relação entre vegetação e qualidade do ar

Nas cidades, a poluição do ar torna-se um problema quando a geração de contaminantes supera a capacidade dos processos naturais de removê-los ou amenizá-los. É a principal preocupação ambiental na maioria das principais cidades do mundo. Um importante foco de pesquisa tem sido o papel da vegetação urbana na formação e amenização dos poluentes do ar nas cidades (NOWAK et al, 2006).

Devido ao grande papel exercido pelas árvores na redução dos poluentes do ar, o senado romano reconheceu o valor dos pomares em vilas que cercam a cidade de Roma por influenciar na melhoria da qualidade do ar, e proibiu a conversão para assentamento urbano (YANG, 2005)

A vegetação urbana tem importante papel na remoção de partículas e gases poluentes da atmosfera (SMITH;DOCHINGA; apud MASCARÓ, 2005), sendo variável a capacidade de retenção ou tolerância a poluentes entre as espécies e mesmo entre os indivíduos da mesma espécie. Quatro processos diferentes de amenização da poluição gasosa pelas plantas podem ser considerados: filtragem ou absorção, oxigenação, diluição e oxidação (GREY; DENEKE apud MASCARÓ, 2005).

As folhas das árvores podem absorver gases poluentes originados pela queima incompleta que os automóveis fazem de seus combustíveis e prender partículas sob sua superfície. Segundo Nowak (1999 apud YANG, 2005, p.66):

(...) árvores podem reduzir os poluentes aéreos de duas formas: (1) por redução direta do ar, e (2) pela redução indireta evitando a emissão de poluentes no ar. Na redução direta, árvores absorvem gases poluentes como dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), e ozônio (O3), através dos estômatos das folhas e também podem dissolver materiais solúveis em água sobre a superfície das folhas úmidas.

Para Felemberg (1980), os habitantes de áreas urbanas devem dispor de áreas verdes suficientes que possam purificar periodicamente suas vias respiratórias. No ar puro destas áreas verdes, os epitélios cilicados das vias respiratórias podem remover dos pulmões as partículas de pó e fuligem.

Para Lamberti (apud RESENDE et al 2005, p.1203):

[...] quanto à questão atrelada a dispersão dos poluentes encontrados na atmosfera, os estudos destacam que as áreas onde são encontrados florestas, são mais eficazes para a despoluição do ar, considerando-se que um hectare de gramado fixa em média uma tonelada de carbono.

Os efeitos da vegetação sobre as poeiras podem ser considerados sob dois aspectos : o efeito aerodinâmico, dependente de modificações na velocidade do vento provocados pela vegetação e o efeito da captação que varia para cada tipo de espécie vegetal . Esse efeito de filtro para partículas sólidas depende de propriedades físicas, químicas e fisiológicas. Espécies que absorvem muita água do solo possuem folhas bastante úmidas que captam partículas por umidade ou carga elétrica (MASCARÓ, 2005).

As árvores podem reduzir a temperatura do ar através da matização direta e evapotranspiração no verão, reduzindo a temperatura do ar que pode baixar a atividade das reações químicas que produzem poluentes do ar “secundários” em áreas urbanas (YANG, 2005).

Em estudo realizado na costa oeste dos Estados Unidos, os efeitos físicos das árvores urbanas foram mais importantes que os efeitos químicos em termos de afetar as concentrações de ozônio (NOWAK, 2006)

Estudo realizado no ano de 1994 em várias cidades importantes dos Estados Unidos demonstrou que o valor removido de poluição varia para cada cidade baseado na quantidade de cobertura vegetal (aumento na cobertura vegetal conduz a um aumento no total removido). Demonstra ainda, que os maiores índices de poluição removida acontecem na estação do ano em que as árvores contam com presença de folhas (NOWAK, op. Cit).

A implementação de áreas verdes em ambientes urbanos é uma fonte de atenuação de diversas formas de desequilíbrio ambiental em nossas cidades, influenciando diretamente na melhora da qualidade do ar, tão discutida e preocupante nessas últimas décadas.

De acordo com Nucci (1998 apud BARBOSA, 2005) “... dentro da linha metodológica do planejamento da paisagem, quando se fala em planejar com a natureza, está se falando principalmente da vegetação. É a partir dela que muitos problemas são amenizados ou resolvidos”.

De acordo com Satller (1992 apud OLIVEIRA, 2001) uma barreira formada por 30 metros de vegetação é capaz de interceptar totalmente o material particulado e diminuir os poluentes gasosos entre uma área industrial e outra residencial.

Para Troppmair (1976, p.70):

(...) é sabido que as áreas verdes, principalmente as formadas por espécies arbóreas latifoliadas decíduas e semidecíduas contribuem de maneira positiva para a despoluição da atmosfera, principalmente no que se refere ao material particulado.

É importante que se observe em estudos de quantificação da redução de poluentes no ar pela arborização urbana, que estes variam sua concentração espacialmente e temporalmente, e as condições das árvores são altamente variáveis dentro de uma mesma cidade (YANG, 2005).

Em estudo realizado na cidade de Pequim, no ano de 2002, onde se procurava saber qual o poluente que predominava nos ares da cidade, descobriu-se que o material particulado foi o de maior representatividade, chegando a 61% do total, ou 772 toneladas para a área urbana da cidade. Foi observado, também, que a maior captação de partículas ocorre no fim da primavera, devido ao maior tamanho das folhas e consequentemente maior superfície para deposição de partículas. Também a chuva e o vento diminuem a concentração de MP que ocorre na

primavera. A remoção mais baixa ocorreu no inverno porque a maioria das espécies em Pekim são decíduas (76%). Embora a concentração de MP seja mais alta no inverno devido à queima do carvão para o aquecimento, a perda das folhas reduz a capacidade das árvores de interceptar este poluente (YANG, op. Cit.).