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O esporte amador constituiu um alicerce de grande importância para a Ulbra, no sentido que possibilita que jovens atletas e até mesmo alunos da instituição desenvolvam suas potencialidades esportivas dentro de suas dependências e com o apoio da mesma. Podemos caracterizar o esporte amador, assim como os entrevistados relataram, como uma forma de interação entre alunos e atletas, compreendendo utilização mútua de estrutura e recursos de conhecimento. Contudo, todos os acadêmicos entrevistados relataram que não conseguem perceber a instituição utilizando do esporte amador como estratégia de marketing, somente dando incentivos para que o esporte seja praticado.

Entretanto, percebe-se a preocupação da instituição em como posicionar-se perante a sociedade, nos eventos esportivos que envolvem o público universitário. Desta forma, o esporte amador deve ser considerado como um investimento que visa ampliar e fortalecer o reconhecimento da instituição diante da sociedade com responsabilidade social e contribuição para o esporte e a saúde local, fator importante na decisão de consumo.

O investimento no esporte brasileiro só terá futuro quando conseguirmos associá-lo ao esporte amador. Entretanto, muitos atletas somente tem apoio financeiro quando conseguem projeção nacional.

“O pessoal está preocupado apenas com o oportunismo, não é? De investir só na hora em que o cara apareceu. Porém o inverso deve acontecer, ou seja, aquele que vai acreditar em atletas ou em projetos. Essa opinião é muito importante e vem ao encontro do desejo dos atletas amadores: uma maior verba

para os esportes olímpicos. Infelizmente, a mídia no país dá uma pequena cobertura para essas modalidades, havendo um interesse maior apenas na época dos Jogos Olímpicos. Com isso, a maioria dos desportistas é prejudicada. Como existe pouca exposição, as grandes empresas não investem seus recursos e os esportes não se desenvolvem. A afirmação também pode parecer generalização, mas acredita-se que não seja o caso desse empresário.”(BRANCHI, 2002; p. 49-50).

Embasa-se a relação da Ulbra com o esporte amador. Todo o valor empregado é definido através de projetos bem estruturados com o aval de pessoas responsáveis e minimizando bem os riscos. Como relatado por um Professor da Instituição, que percebe o investimento no esporte amador como uma forma interessante e pouco explorada de dominar (ou aproximar-se) de um público específico.

É visto que o esporte amador não é atraente pela pouca divulgação e pelo público restrito. Mas, é importante reconhecer que um público que opta por um esporte com pouca divulgação e mesmo assim continua acompanhando é um público fiel. Essa característica tem que ser explorada, ainda mais porque no esporte amador e universitário os investimentos são pelo menos cinco vezes menor do que no esporte profissional. (Fonte: Professor da Instituição, quando questionado acerca de sua percepção sobre a importância dos investimentos no esporte amador).

Mesmo assim, a pouca aproximação com a mídia torna o esporte amador menos atrativo. Isso é um fato relevante e que diminui seu grau de importância. Contudo, o atleta do esporte amador é sempre um motivador da sua modalidade esportiva e, inserido dentro de um contexto certo, é uma fonte rica de comunicação direta com o consumidor final. Os investimentos no esporte amador possibilitam uma aproximação efetiva com a comunidade local, fator que corrobora com os relatos do Professor da Instituição, entrevistado durante a coleta de dados deste estudo.

O esporte amador, ficando bem claro na relação com a Ulbra, possibilita frutos dentro dos ambientes qual a instituição está inserida e aumentando a receptividade e o reconhecimento social. Sendo assim, o investimento no esporte amador é importante, dentro da relação de fidelidade entre os atletas, à comunidade e a instituição.

Pode ser percebido que o esporte profissional possibilita uma grande visibilidade para a instituição que utiliza este tipo de empreendimento, mas o esporte amador estreita os relacionamentos porque utiliza da relação mais próxima com os agentes esportivos e com um público restrito e fiel. Segundo os indivíduos entrevistados, a eficiência deste

tipo de estratégia depende do tipo de esporte que está sendo promovido e qual a perspectiva futura. Podemos encontrar alguns esportes com um crescimento exponencial e que são de interesse do púbico mais jovem, assim como revela o Indivíduo 4, durante sua entrevista.

“Acho que o investimento em alguns esportes que são pouco conhecidos não agrega muito para a instituição. Mas alguns esportes, como o Surf, os esportes radicais e as modalidades para-olímpicas podem ser alternativas para que a instituição consiga alcançar outros tipos de públicos.” (Fonte: Aluno da Instituição, quando questionado sobre a import6ancia de investir em esportes amadores).

Este fator de inovação no patrocínio esportivo de modalidades em ascensão é relevante, pois atinge diretamente dois tipos de públicos específicos e com uma grande valorização da marca, viabilizando sua realização, tanto como evento, quanto como equipes ou atletas individuais. Concordando com um Professor da Instituição, o interesse nessas modalidades vai além das conquistas esportivas. Esportes como o Surf e os denominados radicais estão constantemente na mídia, tem programas televisivos exclusivos e um público consumidor ativo e que necessita de materiais e equipamentos específicos. Da mesma forma, esportes para-olímpicos ganham espaços na mídia com atletas superando limites e obtendo resultados importantes. É importante ressaltar que são públicos com características peculiares e que necessitam de atenção especial, assim como uma pesquisa de mercado e um foco exclusivo.

Inovações deste tipo são possíveis de realização e diferenciam organizações que investem em atividades esportivas. A lógica, nestes casos, pode não estar no consumidor direto, nem em visibilidade para a marca, mas na perspectiva de tais modalidades contribuírem para o fortalecimento da imagem positiva diante da sociedade local. Essa pode ser descrita como uma estratégia de enfoque em públicos específicos15.

Pode-se verificar que o esporte amador não é percebido como fonte de benefícios em termos de marketing para a Ulbra, dentro do discurso dos entrevistados. Porém, percebe-se que os investimentos no esporte amador desenvolve uma

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Assim como relata Porter (1989): estratégia de focalização nos clientes.

aproximação mais incisiva em um público específico, de forma a exaltar valores emocionais fundamentais para o crescimento da instituição. Mostra-se também, a desconfiança dos investidores em explorar os esportes amadores, devido à falta de garantia de visibilidade e de sucesso dos atletas e equipes. O fator fundamental aqui é compreender a perspectiva futura de expansão da modalidade e como sua excluvisidade pode atingir públicos específicos e exclusivos. Essa visão de futuro deve iniciar dentro de um planejamento específico como objetivos claros de longo e médio prazo e com um plano específico para a organização patrocinadora. Assim como os indivíduos 2 e 3 propuseram nas citações abaixo.

“O esporte amador tem por característica uma relação mais emocional com seus espectadores do que os esportes de massa. Enquanto no esporte de massa você faz parte do espetáculo como torcida, unindo-se a centenas de outros torcedores, no esporte amador você é parte integrante do processo, porque este possibilita um contato mais próximo com os atletas e todos são mais unidos.” (Fonte: Diretor do Sport Club Ulbra, quando questionado sobre a diferença entre o esporte amador e o esporte profissional no marketing da instituição). “Cada torcedor tem uma preferência, mas acredito que o esporte amador, possibilita o torcedor se envolver melhor com o todo”. Porque no profissional, tudo fica restrito aos departamentos e a comissão técnica, além dos valores monetários envolvidos serem maiores. No esporte amador, como foi o caso do Pão de Açúcar16, lá em São Paulo, que investiu no atletismo, por exemplo, com o Vanderlei Cordeiro de Lima e o atleta conquistou uma medalha olímpica. É visto que a marca conquistou um patamar de evidência.(Fonte: Professor da Instituição, quando questionado sobre a diferença entre o esporte amador e o esporte profissional no marketing da instituição).

Estes relatos convergem para a compreensão da importância do esporte amador e do planejamento do mesmo. Como foi descrito anteriormente, o planejamento minimiza os riscos de insucesso e direciona as ações a serem tomadas. O esporte amador somente será viável quando houver uma pré-disposição da organização investidora ou políticas públicas que incentivem esta a designar verbas para o esporte. Conforme Branchi (2002, p. 118) faltam bons projetos de patrocínio que demonstrem claramente o retorno ao investidor. Faltam incentivos do governo, e ainda existe a carência de bons profissionais que consigam tratar esse tema, não com a visão voltada para vendas, mas sim, com a idéia de parceria entre as partes.

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Rede de Supermercados Paulista.