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Relação família e escola estabelecida pelas profissionais escolares com familiares

4. Resultados e Discussão

4.2. Relação família e escola estabelecida pelas profissionais escolares com familiares

Ao longo do programa de intervenção, as profissionais escolares preencheram e entregaram o instrumento Roteiro de registro das participantes, com informações sobre o possível contato que estabeleceram com algum familiar da criança PAEE alvo. Cada

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participante entregou 16 diários, referentes às 16 semanas de duração do programa de intervenção, considerando os nove encontros em frequência quinzenal. As informações utilizadas na categorização das unidades, das participantes, dos alunos e das famílias dos alunos foram fornecidas pelas profissionais escolares.

A seguir, serão apresentados os dados referentes aos diários de campo de cada profissional escolar, em forma de estudo de caso.

4.2.1. Estudo de caso 1

Caracterização da unidade: escola de educação infantil localizada em uma universidade pública federal. Atendia, gratuitamente, filhos de alunos e de funcionários da mesma, com idade entre zero e seis anos.

Caracterização da profissional escolar: professora de 26 anos, formada em Pedagogia no ano de 2009 e com especialização em Educação Infantil. Lecionava para uma turma do Grupo 3 composta por 17 crianças.

Caracterização do aluno: criança de quatro anos do sexo masculino, com problema de comportamento e atraso no desenvolvimento, matriculado no Grupo 3 da referida instituição.

Caracterização da família: família de nível socioeconômico médio/alto, composta por pai, mãe e um filho.

A seguir, a Tabela 6, apresenta as informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 1 e o familiar de seu aluno PAEE.

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Semana Encontros/

semana contatado Familiar Duração/min Assunto do diálogo Iniciador Planejamento antecedência Tempo de Motivação do encontro

Razão do

término Avaliação Justificativa Pendência de assunto Postura do familiar prejudicial Fator Sugestões para melhorar 1 5 Pai 2 a 3 Atrasos do pai

para buscar o filho e comportamento

Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do

familiar/Assunt os encerrados

Produtiva - Sim. Sobre o comportamen to da criança Falta de tempo Falta de tempo do pai Não 2 5 Pai 2 Comportamento da criança Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do

familiar/Assunt os encerrados

Produtiva Para informar os pais sobre os comportamen tos da criança Sim Falta de tempo Falta de tempo do pai Não 3 5 Pai 2 Comportamento da criança em casa Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Assunt os encerrados Produtiva Troca de informação Não Falta de tempo Falta de tempo/o pai sempre chega atrasado Não

4 5 Pai 2 Uso do banheiro Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Assunt os encerrados Produtiva Troca de informação Sim Falta de tempo/press a Falta de tempo do pai Não

5 3 Pai 2 Comportamento Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Falta de tempo do professor Produtiva Troca de informação

Não Desatento Falta de tempo do pai Não 6* - - - - 7 5 Pai 2 Melhora no desempenho da criança Profissional

escolar Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Falta de tempo do professor/Assun tos encerrados

Produtiva Troca de

informação Não Satisfação/pressa Falta de tempo do pai Não

8 3 Pai 1 a 2 Avanço no desempenho da criança

Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Falta de tempo do professor/Assun tos encerrados Produtiva Troca de informação

Não Interessado Falta de tempo do pai

Não

9 5 Pai 1 a 2 Desempenho da

criança Profissional escolar Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Falta de tempo do professor

Produtiva Troca de

informação Não Interessado/pressa Falta de tempo do pai Não

10 2 Pai 1 Melhora no comportamento

Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do familiar/Falta Produtiva Troca de informação Não Atento/pres sa Falta de tempo do pai Não Tabela 6. Informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 1 e o familiar de seu aluno PAEE

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*Nota: Os dias da semana assinalados referem-se aos dias em que o aluno faltou à escola.

de tempo do professor 11* - - - - 12* - - - - 13 5 Pai 1 a 2 Comportamento e desenvolvimento da fala Profissional escolar

Por acaso - - Falta de tempo do professor Produtiva Troca de informação Não Mais interessado Falta de tempo do pai Não 14* - - - - 15 2 Pai 2 Melhora no

comportamento Familiar Por acaso - Assuntos encerrados Produtiva Pelas informações trazidas pelo familiar

Não Interessado Não Não

16 5 Pai 2 Melhora no comportamento

Profissional escolar

Por acaso - - Assuntos encerrados

Produtiva Troca de informações

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Os dados presentes na Tabela 6 permitem verificar que, quanto à frequência dos encontros estabelecidos entre a professora e o familiar do aluno PAEE durante a semana, houve constância de cinco contatos nas quatro primeiras e oscilação entre dois e cinco nas semanas seguintes.

Em todos estes contatos, o pai da criança foi o familiar envolvido, pois era quem a levava e buscava na unidade. Tais momentos tinham duração variando entre um e três minutos.

Quanto aos assuntos abordados, verifica-se que o primeiro envolveu advertência ao familiar sobre atraso para buscar a criança e comportamento da mesma. Os próximos quatro encontros, em sua maioria, abordaram como assunto o comportamento do aluno, porém, não houve especificação se o mesmo se referia a aspectos positivo ou negativos. Ao analisar os encontros seguintes, constata-se tendência por parte da professora de abordar assuntos que envolviam a melhora no comportamento e desempenho escolar da criança.

Outro fator que se destaca é a predominância de vezes em que a professora iniciou o contato, sendo que o pai foi iniciador do diálogo apenas uma vez. Além disso, percebe-se que, ao longo de todo o período analisado, que corresponde a mais de três meses, nenhum dos encontros estabelecidos foi planejado, ocorrendo sempre por acaso.

Concomitante a isso, constata-se a alta frequência de encontros cujo motivo de término foi a falta de tempo do familiar, algumas vezes, juntamente à falta de tempo da professora, principalmente na segunda metade do período. Independente destes fatores, a participante alegou que os assuntos foram tratados até o encerramento na maioria dos contatos.

Apesar da duração do diálogo, considerada curta, da ausência de planejamento do diálogo e da constante falta de tempo de ambos os envolvidos, a profissional escolar considerou produtivo todos os contatos estabelecidos, justificando-os pela possibilidade de troca de informação.

Referente à postura do pai durante os contatos, identifica-se posição de pressa e desatenção nas cinco primeiras semanas, combinação de posturas favoráveis e desfavoráveis na maioria das quatro semanas seguintes e apenas positiva nas três últimas (interessado).

Quanto à existência de fatores que podem ter prejudicado os contatos, identifica-se a constate atribuição à falta de tempo do pai, com exceção das duas últimas semanas, nas quais não houve acontecimentos prejudiciais. Em relação aos contatos estabelecidos e suas particularidades, a participante não citou sugestões que pudessem ser realizadas visando melhorá-los.

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Sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 1 e o familiar de seu aluno PAEE, constata-se maior frequência de aspectos e fatores positivos e benéficos e que tendem a favorecer a relação entre ambos nos últimos encontros descritos, podendo indicar possível evolução. Contudo, algumas questões merecem maior atenção, pois, talvez, poderem justificar determinados aspectos do presente caso.

Inicialmente, destaca-se a curta duração dos contatos estabelecidos, os quais ocorriam nos momentos de entrada e saída dos alunos da escola. O fato de o contato entre esses dois ambientes ocorrer predominantemente durante a entrada e saída dos alunos da instituição tem sido identificado em diversas pesquisas (TANCREDI; REALI, 2001; OLIVEIRA, 2010), contudo, pode não ser o meio mais apropriado, pois tende a ser conturbado (BORGES, 2012), já que o professor necessita estar atento às outras crianças e/ou dividir a atenção com outros pais que também vão levar ou buscar o filho. Entretanto, este não foi o fator apontado pela participante como o principal causador do término dos encontros. Os resultados também demonstram, além da falta de tempo deste familiar, a pouca iniciativa do mesmo em buscar contato com a professora para tratar de assuntos relacionados ao filho, dados estes também identificados como dificultadores da relação família e escola na amostra pesquisada por Oliveira (2010).

Mesmo frente ao curto tempo de diálogo e à impossibilidade de continuidade da conversa apresentada pelo pai e pela professora, não houve planejamento em nenhum dos encontros estabelecidos. Talvez, se os contatos fossem planejados, tendo um local e horário especificamente reservado para isso, compatível com a rotina de ambos e com assuntos previamente estabelecidos, as trocas de informações poderiam ser mais proveitosas e os assuntos sobre a escolarização da criança mais aprofundados. Pois, embora a participante tenha atribuído uma avaliação positiva a todos os encontros (produtivo), seus relatos durante as discussões no programa de intervenção demonstravam insatisfação e necessidade de aproximação com a família de seu aluno.

Percebe-se também que a professora tendeu a abordar assuntos positivos relacionados à criança na segunda metade dos encontros, e paralelamente a isso, a postura do pai durante o contato foi mais bem avaliada. Durante o programa de intervenção, as profissionais escolares foram orientadas a não informar as famílias somente sobre questões negativas ou de fracasso do aluno, mas também, incorporar assuntos positivos. Assim como pontuam Marcondes e Sigolo (2006) e Oliveira e Marinho-Araújo (2010), a incorporação de informações que evidenciem aspectos positivos, de sucesso e evolução da criança no contato entre pais e professores promove benefícios à relação, pois favorece maior harmonia entre as

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partes e interesse no envolvimento da vida escolar do filho por parte da família. Contudo, não é possível afirmar se tal estratégia deveu-se à orientação fornecida no programa ou pela real constatação da professora de progresso do aluno em sala de aula.

Verifica-se, assim, a necessidade de incorporação de algumas estratégias de aproximação sugeridas durante o programa de intervenção por parte da participante, para que, talvez, a mesma pudesse alcançar melhores resultados no contato com este pai. Como por exemplo, a tentativa de eliminação ou diminuição dos fatores impeditivos ou prejudiciais à relação (falta de tempo) por meio de encontros agendados e compatíveis à necessidade de ambos e a diversificação dos meios de comunicação, favorecendo uma troca de informações mais aprofundada.

Por fim, vale ressaltar a influência que o planejamento, organização e administração escolar têm na relação entre a família e a escola. Algumas ações de aproximação possíveis de serem realizadas pelo professor podem ser barradas pelo próprio regimento da unidade ou pela gestão escolar que, muitas vezes, não permitem a realização de práticas e estratégias diferentes das convencionais (LOPES, 2008). Assim, seria cabível uma investigação em maior escala, incluindo o ambiente escolar e suas normas gerenciais, para poder atribuir, ou não, esta dificuldade à mesma.

4.2.2. Estudo de caso 2

Caracterização da unidade: escola de educação infantil localizada em uma universidade. Atendia, gratuitamente, filhos de alunos e de funcionários entre zero e seis anos de idade.

Caracterização da profissional escolar: professora de 38 anos, formada em Pedagogia no ano de 1997. Lecionava para uma sala de aula composta por 10 crianças.

Caracterização do aluno: Criança de sete anos do sexo masculino, com deficiência múltipla, matriculado no Grupo 5 da referida instituição.

Caracterização da família: Família de nível socioeconômico médio/alto, composta por pai, mãe e um filho. A seguir, a Tabela 7 apresenta as informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 2 e o familiar de seu aluno PAEE.

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Semana Encontros/

semana contatado Familiar ão/min Duraç Assunto do diálogo Iniciador Planejamento antecedêncTempo de ia

Motivação do encontro

Razão do

término Avaliação Justificativa de assunto Pendência Postura do familiar

Fator prejudi cial Sugestões para melhorar 1 5 Mãe 10 O dia da criança/Atividades e orientações passadas pela psicopedagoga

Familiar - - - Falta de tempo

do familiar Produtiva Bom relacionamento e troca de informação

Não Interessado/ Receptivo

Não Não

2 5 Mãe 10 O dia da criança/Festa de aniversário/Trabalho com a psicopedagoga

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Troca de informação a respeito da criança Não Interessado/ Receptivo Não Não

3 5 Mãe 5 a 10 O dia da criança/A ONG que a mãe procurou

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Troca de informação Não Positivo/Int eressado Não Não 4 5 Mãe 5 a 10 O dia da criança/ONG/Escola para o próximo ano

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Preocupação constante com os avanços da criança Não Positivo/Pa rticipativo Não Não

5 5 Mãe 5 a 10 O dia da criança/ONG Familiar Por acaso - - Assuntos

encerrados Produtiva Relacionamento familiar Não Positivo/Interessado

Não Não

6 5 Mãe 5 a 10 O dia da criança/Avanços na alimentação Familiar - - - Assuntos encerrados Produtiva Troca de informações Não Positivo/Int eressado Não Não 7 5 Mãe 5 a 10 ONG/Desempenho da criança

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Melhor relacionamento com a família Não Ótima/Inter essada/Parti cipativa Não Não

8 5 Mãe 5 a 10 Desempenho da criança Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados

Produtiva Relação escola e família

Não Envolvido Não Não

9 5 Mãe 5 a 10 Desenvolvimento da criança/Matrícula no ensino fundamental

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Ótimo relacionamento família e escola Não Positivo/Int eressado Não Não

10 5 Mãe 5 a 10 Escolha de escola para o próximo ano

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Aprimoramento da relação e desenvolviment o da criança Não Positivo/Int eressado Não Não

11 5 Mãe 5 a 10 Avanços pedagógicos da criança

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados

Produtivas Avaliação das atividades de portfólio Não Interessado/ Participativ o/Confiante Não Não

12 5 Mãe 5 a 10 ONG/Reunião com profissionais que atendem a criança

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados- Produtivas Relacionamento positivo entre família e escola Não Participativ o/Interessad o Não Não 13 5 Mãe 5 a 10 Desenvolvimento e aprendizagem da criança

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados

Produtiva Interesse pela criança

Não Interessado Não Não

14 5 Mãe 5 a 10 Alimentação/reunião multidisciplinar sobre assuntos da criança

Familiar Por acaso - - O familiar tinha outro

compromisso

Produtiva Bons frutos na relação família e escola Não Interessado/ Preocupado /Participati vo Não Não 15 5 Mãe 5 a 10 Mudança na

alimentação/Dificuldades e Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados Produtiva Interesse e participação Não Participativo/Interessad

Não Não Tabela 7. Informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 2 e o familiar de seu aluno PAEE

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avanços o

16 5 Mãe 5 a 10 Avanços pedagógicos e de alimentação da

criança/Reunião de pais

Familiar Por acaso - - Assuntos encerrados/O familiar tinha outro compromisso

Produtiva Relação família e escola estabelecida Não Participativ o/Interessad o Não Não

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As informações apresentadas pela Tabela 7 permitem verificar que no Caso 2 os contatos eram estabelecidos com a mãe e ocorria em uma frequência diária, cuja duração variava entre cinco e 10 minutos.

Os assuntos tratados durante estes encontros, de forma geral, abrangiam a rotina da criança na escola, o repasse de informações de outros profissionais que atendem a criança, assuntos relacionados ao desempenho, desenvolvimento e avanço da criança no ambiente escolar, assuntos não pedagógicos relacionados à família e decisões e dúvidas quanto ao próximo ano letivo da criança. Além disso, constata-se que todos os encontros partiram de iniciativa do familiar.

Quanto aos acontecimentos que resultaram no término do diálogo, a participante alegou o fato de os assuntos a serem tratados terem se esgotado na maioria dos contatos e, em três situações, apontou a falta de tempo ou outro compromisso do familiar.

Os encontros foram avaliados como produtivos pela participante, justificados pela possibilidade de troca de informações, bom relacionamento estabelecido com a mãe e seu interesse no filho e suas atividades. Segundo a professora, não houve pendência de assuntos entre ambas e a postura da familiar foi positiva em todos os contatos, demonstrando-se frequentemente interessada, receptiva, participativa e preocupada. A profissional escolar não apontou fator prejudicial aos contatos e não fez sugestões para que os mesmos pudessem melhorar.

No Caso 2, percebe-se uma relação entre a família e a escola já estabelecida. A profissional escolar, durante o programa de intervenção, ressaltou ter um ótimo contato com a família de seu aluno PAEE e que a mesma era muito participativa e interessada na escolarização da criança. Contudo, alguns destaques se fazem necessários.

Primeiramente, ressalta-se a ausência de iniciativa da professora em estabelecer o contato com a mãe do aluno, embora a construção da relação seja defendida como função dos profissionais escolares (TANCREDI; REALI, 2001; REALI; TANCREDI, 2002). Entretanto, a professora deste estudo de caso afirmou já possuir uma relação sólida com a mãe de seu aluno, podendo, por este motivo, ter permanecido inativa quanto à busca por contato.

Analisando os assuntos tratados entre ambas, é possível verificar que, apesar de haver informações não relacionadas especificamente ao ambiente escolar (repasse de informações de outros profissionais, aniversário da criança e contato da mãe com a ONG), a maioria das informações é de posse da escola (dia da criança na escola, desempenho, aprendizagem, avanço e aspectos desenvolvimentais e pedagógicos), o que demonstra a

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busca da mãe por informação dá e na instituição. Identifica-se, neste caso, haver certo empoderamento por parte da familiar (SILVA; MENDES, 2008), ao possuir iniciativa de contato no intuito de se informar, investigar e desejar saber sobre o filho. Desta forma, talvez a ausência de iniciativa da referida professora ocorra devido à “certeza” de que a mãe a fará.

Ainda quanto aos assuntos envolvidos, constata-se a recorrência de diálogos sobre o futuro escolar da criança e sua próxima escola, demonstrando dúvida e insegurança por parte da mãe e tentativa de obter auxílio/orientação. De acordo com Gualda, Borges e Cia (2014), alguns pais veem na escola um local seguro para buscar orientação ou informação sobre as dúvidas que têm em relação à escolarização e futuro escolar da criança, sendo necessário, para que isso ocorra, confiança no profissional escolar.

Destaca-se, por fim, neste mesmo sentido, a percepção de uma relação próxima e permeada pela confiança entre ambas, sentimento este apontado como propiciador da relação (SILVA; MENDES, 2008; REIS, 2008), pois os assuntos tratados envolviam questões pessoais e o auxílio na tomada de decisões sobre o futuro escolar da criança.

4.2.3. Estudo de caso 3

Caracterização da unidade: creche municipal que atendia crianças de zero e três anos de idade.

Caracterização da profissional escolar: professora de 28 anos, formada em Pedagogia no ano de 2005 e em Psicologia no ano de 2010, com especialização em Educação infantil e em Psicopedagogia. Lecionava para uma sala de aula composta por 12 crianças.

Caracterização do aluno: Criança de dois, do sexo feminino, com atraso no desenvolvimento, matriculada na Fase II da referida instituição.

Caracterização da família: Família de nível socioeconômico baixo, composta pela mãe e três filhos, sendo a criança PAEE a criança mais nova, juntamente com o irmão gêmeo.

A seguir, a Tabela 8 apresenta as informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 3 e o familiar de seu aluno PAEE.

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Semana Encontros/

semana contatado Familiar Duração/min Assunto do diálogo Iniciador Planejamento antecedência Tempo de Motivação do encontro

Razão do

término Avaliação Justificativa de assunto Pendência Postura do familiar prejudicial Fator Sugestões para melhorar 1 1 Mãe > 5 Saúde e desenvolviment o Profissional escolar Planejado 2 dias O comportam ento, desenvolvi mento e conduta do aluno Assuntos encerrados Produtiva Objetivam melhorar o desenvolviment o da criança Sim Desinforma da/Ausente Não Agendar horário para o encontro

2 1 Mãe 15 Saúde Familiar Planejado - - Assuntos encerrados Produtiva Todos os envolvidos na educação da criança precisam estar cientes dos acontecimentos

Não Preocupada Não Agendar horário para o encontro quando o aluno retornar à escola

3 1 Irmãos 10 Saúde Profissional escolar

Por acaso - Retorno à escola

Assuntos encerrados

Produtiva Devido aos cuidados com a criança e vínculo com a família

Não Boa Não Não

4 1 Mãe 20 Desenvolviment o do aluno Profissional escolar Planejado 4 dias O comportam ento do aluno/Partic ipação no programa de intervenção Falta de tempo do familiar/Fal ta de tempo do professor

Produtiva Ambas as partes são interessadas no assunto Anamnese da criança Boa Tempo escasso Não

5 2 Avós e Mãe 10 Desenvolviment o e

comportamento do aluno

Profissional escolar

Por acaso - Interesse e entendimen to da situação O familiar tinha outro compromis so/O professor tinha outro compromis so Produtiva Melhoria do aluno Não Interessado s Não Não 6 1 Mãe 2 Afastamento da criança por motivos de saúde/Entrega de atestado Familiar (por telefone)

- - - - Produtiva - Não Preocupado

s Não Não 7 1 Mãe 20 Desenvolviment o motor/Fisiotera Profissional escolar

Planejado 3 dias Comentário s da mãe Assuntos encerrados Produtiva Melhoria da criança Não Interessado s

Não Falar sobre atividades em casa Tabela 8. Informações sobre os contatos estabelecidos entre a profissional escolar 3 e os familiares do aluno PAEE

111 pia 8 1 Tios 10 Tratamentos e exames médicos realizados pela criança Profissional escolar

Por acaso - A tia quem levava a criança ao médico Assuntos encerrados Produtiva Informações importantes

Não Bom Não Não

9 1 Mãe 15 Estímulos e atividades a serem desenvolvidas em casa Profissional escolar

Planejado 5 dias Observaçõe s da criança

Assuntos encerrados

Produtiva Qualidade de vida

Não Interessado Não Não

10 1 Avós 10 Relação familiar

Profissional escolar

Planejado 5 dias Buscar informaçõe s pendentes Assuntos encerrados Produtiva Toda informação é relevante Não Pouco conhecimen to/Prestativ o Não Não 11 1 Irmãos 10 Resultados de exames médicos- Profissional escolar

Por acaso - Mãe não havia comunicad o sobre os exames que a criança iria realizar Assuntos encerrados Produtiva A saúde influencia no desenvolviment o Não Compromet ido Não Não 12 1 Mãe 15 Saúde/Tratamen tos/Desenvolvi mento/Avanços Profissional escolar

Planejado 4 dias Buscar