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Relação medo-ansiedade

No documento Monteiro Ana Sofia Feijão (páginas 47-51)

II. DESENVOLVIMENTO

2. Ansiedade e medo no setting terapêutico de Medicina Dentária

2.4. Relação medo-ansiedade

O medo e a ansiedade dentária são problemas manifestados maioritariamente durante a primeira infância (Marques, Grandvohl & Maia, 2010). Cerca de 60% dos casos em que é vivenciada uma experiêcia dentária negativa ocorrem durante a adolescência, sendo que destes 22,4% apresentam forte probabilidade de transmitirem futuramente a sua má experiência a terceiros, que não a conhecem, pois nunca a vivenciaram (Reis, Dias & Leal, 2008).

A literatura refere que as crianças entre os 3 e os 6 anos de idade apresentam 11,8 vezes maior probabilidade de manifestar ansiedade na consulta de Medicina Dentária, comparando com as crianças com 7 ou mais anos de idade. Este facto pode ocorrer, devido a uma maior capacidade de controlar o medo que se desenvolve, com o aumentar da idade. As crianças mais novas tendem a apresentar maior medo daquilo que desconhecem, e ainda de serem abandonadas (Freitas, Moraes & Cardoso, 2012).

Gestos e Sinais na consulta de Medicina Dentária

As manifestações de ansiedade e do medo nas crianças são evidenciadas por reacções como o choro, taquicardia, tremores, sudorese, tonturas, diarreias, irritabilidade e recusar de ser tratada (Marques, Grandvohl & Maia, 2010).

A seguinte imagem (figura 3), pretende elucidar uma das expressões faciais que demonstram medo e a renúncia ao tratamento dentário, pela criança. Através da recusa da abertura da boca, o olhar de soslaio para os instrumentos dentários, a postura reprimida dos braços, acompanhada do afastamento do rosto e pescoço.

Figura 3– Expressão facial representativa do medo no setting odontopediátrico.(Adaptado de:

http://dentopolis.blogspot.pt/2015/09/medo-de-dentista-os-responsaveis-por.html [Consultado a 8 de Outubro de 2016])

Assim, a relação entre ansiedade e medo na consulta de Medicina Dentária está depente da imagem criada e percepcionada pelo paciente, do médico dentista, do setting terapêutico e das experiências vividas ou ouvidas por terceiros. Portanto, é de enorme relevância divulgar uma imagem positiva por parte do médico dentista, com o objectivo de diminuir a ansiedade manifestada por crianças, adolescentes e adultos (Bottan, Silveira, Odebrecht, Araújo & Farias, 2010).

Desenvolvimento

No que se refere à percepção dos médicos dentistas em relação a estados de medo e ansiedade, estudos demonstram que o profissional de Medicina Dentária tende na sua maioria a considerar o paciente como mais temeroso, que os restantes observadores. Na mesma medida em que atribuem a cooperação do paciente durante os tratamentos aos seus níveis de ansiedade, por exemplo, um paciente bastante cooperante, mas que esteja tenso, é avaliado como pouco temeroso, não recebendo ajuda na minimização da sua ansiedade (Possobon et al., 2007).

A comunicação estabelecida entre médico dentista – paciente é determinante para o sucesso da relação e da adesão terapêutica, para isso o médico dentista deve tomar especial cuidado com a comunicação verbal e com a comunicação não-verbal, tanto da sua parte como a evidenciada por parte do paciente, como expressões da face, mãos relaxadas ou presas à cadeira, batimentos cardíacos, choro, ou seja, a qualquer tipo de sinal de ansiedade que influencia a relação se não for colmatada e ajudada (Corrêa et al., 2010). Assim, é de suma importância que o médico dentista se expresse com naturalidade, com sorrisos, diga aquilo que sente e se interesse pelo paciente.

Sabe-se que a comunicação não-verbal é muitas vezes inconsciente, podendo o médico dentista transmitir sinais que influenciam de forma negativa o paciente. Porém, os sinais não-verbais são considerados, em certas circunstâncias, intensificadores sociais, como exemplo tomemos o sorriso e aceno empático do médico dentista, que facilita que os pacientes exteriorizem e tranquilizem (Marques et al., 2010).

O profissional descontraído e com bom humor e simpatia facilita o tratamento, em contrapartida, o médico dentista que falar num tom de voz agressivo, que apresente ruídos na comunicação, que fale muito rápido ou muito devagar, só terão a ganhar se aprenderem a controlar os seus sinais não-verbais, melhorando, assim, a sua satisfação pessoal e profissional, assim como a experiência de Medicina Dentária vivida pelo paciente.

Fica demonstrado que é fundamental para uma boa prática médica que o profissional reconheça a importância dos conhecimentos de Psicologia, com o objectivo de compreender as necessidades afectivo-emocionais dos seus pacientes. Tal facto, permite-lhe uma resposta efectiva às reacções físicas e psicológicas dos pacientes, para a implemetação de uma boa comunicação (Marques et al., 2010; Possobon et al., 2007).

Gestos e Sinais na consulta de Medicina Dentária

Todos estes conhecimentos profissionais contribuem para que o paciente adquira a confiança necessária, o que lhe permitirá o seguimento dos tratamentos, com perspectiva de manutenção da saúde oral (Corrêa et al., 2010).

Ao longo da formação académica do médico dentista, é de enorme relevância dar a conhecer os fenómenos de medo, ansiedade, de modo a que possam aprender estratégias que minimizem estes factores desencadeados durante a consulta de Medicina Dentária. Ao reconhecer e controlar a sua ansiedade, por meios verbais e não-verbais, contribuindo para que a Medicina Dentária se transforme, passando de tecnicista a humanística. A Medicina Dentária humanística enaltece o paciente como um todo, com características pessoais específicas, e este aspecto é crucial para a boa comunicação e o sucesso do tratamento médico-dentário (Possobon et al., 2007). Se não existir esta preocupação médica de minimizar estes comportamentos relacionados com o medo e ansiedade, através da comunicação efectuda (verbal e não-verbal), incorre-se no risco de aumentar os efeitos negativos das experiências, influenciando a saúde oral da criança e do adulto (Possobon et al., 2007).

Pode afirmar-se que esta situação pode tornar-se um círculo vicioso e implicar uma má experiência de Medicina Dentária que pode culminar numa débil saúde oral. Os estudos comprovam que a má experiência dentária aumenta a ansiedade relativa a este tipo de consulta, e que indivíduos com estas experiências e comportamento têm um estado de saúde oral pior que os demais indivíduos (Possobon et al., 2007).

A educação para a saúde oral, visitas regulares ao médico dentista, uma comunicação eficaz com os pais/encarregados de educação e uma boa relação médico dentista - paciente são os factores primordiais para o controlo da ansiedade dentária e manutenção de uma excelente saúde oral (Dikshit, Limbu & Bhattarai, 2013).

Desenvolvimento

No documento Monteiro Ana Sofia Feijão (páginas 47-51)

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