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2 PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL: DA ORIGEM À CONQUISTA COMO POLÍTICA DE DIREITO.

2.2 RELAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL COM A POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: LUTAS, AVANÇOS, CONQUISTAS E REGULAMENTAÇÕES.

O Serviço Social no Brasil apresenta, em seu histórico de desenvolvimento como profissão, ampla conexão com a política social. Como explicitado no capítulo anterior, temos como pano de fundo da construção histórica dessa relação a grande crise capitalista mundial de 1929 e seus rebatimentos no Brasil e a Revolução Industrial chegada neste país em 1930, quando houve notória intensificação das expressões da questão social. Porém, como vimos, ao entrar no período do regime militar em meados dos anos 1960 temos o Serviço Social envolvido de forma mais direta no enfrentamento desse quadro de extrema pobreza e desigualdade social intensificados nesta década. Antes deste período, de acordo com Netto (2015), o serviço social no Brasil interferia de forma homogênea, caminhando de acordo com os acontecimentos da época ditatorial, não confrontava formas de abordagens, era uma unidade carente de uma perspectiva significativamente teórica, avançando dentro de um consenso posto pelo sistema e isso só começou a mudar em torno dos anos 1970.

Há de se colocar, segundo Netto (2015), como fator importante nesse processo de evolução do serviço social e superação da autocracia burguesa a laicização4: “tal laicização, com tudo o que implicou e implica, é um dos elementos caracterizadores da renovação do Serviço Social sob a autocracia burguesa” (Netto, 2015, p. 169). A laicização foi importante, pois trouxe uma independência do fazer profissional em relação ao estigma de caridade.

Não se pode negar que houve contradição nesses acontecimentos, onde a autocracia burguesa ainda criava espaços para se auto gestar, o intuito do regime militar era mobilizar profissionais para que atendessem aos seus interesses, mas as lutas sociais dos estudantes, parte dos profissionais e a introdução teórico-metodológica e crítica-analítica que o Serviço Social se

4 “A ruptura com este cenário tem suas bases na laicização do Serviço Social, que as condições novas postas à formação e ao exercício profissionais pela autocracia burguesa conduziram ao ponto culminante; são constitutivas dessa laicização a diferenciação da categoria profissional em todos os seus níveis e a consequente disputa pela hegemonia do processo profissional em todas as suas instâncias (projetos de formação, paradigmas de intervenção, órgãos de representação, etc.)”. (NETTO, 2015, p.169).

engendrava trazia a possibilidade e iniciativa de questionamentos a essa ordem burguesa e autoritária, inclusive foi encontrando lacunas no regime militar que gerou inquietação e questionamentos dos profissionais, estudantes e envolvidos em movimentos sociais que buscavam superar essa ordem.

Esse processo de renovação do Serviço Social pode ser entendido com a seguinte afirmação:

Entendemos por renovação o conjunto de características novas que, no marco das constrições da autocracia burguesa, o Serviço Social articulou, à base do rearranjo de suas tradições e da assunção do contributo de tendências do pensamento social contemporâneo, procurando investir-se como instituição de natureza profissional dotada de legitimação prática, através de respostas a demandas sociais e da sua sistematização, e de validação teórica, mediante a remissão às teorias e disciplinas sociais. (NETTO, 2015, p.172).

Entende-se, através da análise de Netto (2015) que o processo de renovação do Serviço Social foi permeado por disputas de legitimidade nas práticas e de valorização da teoria, notado como um avanço. O intuito principal desta pesquisa não é detalhar o processo de renovação da profissão sob a autocracia burguesa5, mas citá-lo como fator importante na relação do Serviço Social com a política de Assistência Social contemporânea.

Portanto, no intuito de realizar uma síntese com os principais fatos desse processo que a profissão enfrentou objetivando a superação do conservadorismo, passando por fases de reconceituação e reatualização, é conveniente nos reportarmos a alguns fatos marcantes desse processo, como o importante sustentáculo dado pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS), aos quatro fundamentais seminários de teorização (Seminário de Araxá em 1967; Teresópolis em 1970; Sumaré em 1978; Alto da Boa Vista em 1984), ao crescimento da área da pesquisa dentro das academias com cursos de pós-graduação questionadores da ordem burguesa, à formação de agências e categorias profissionais, entre outros

5 Ver o processo de renovação da profissão do Serviço Social na obra de Jose Paulo Netto: “Ditadura e Serviço Social, uma análise do serviço social no Brasil pós-64” onde ele é registrado detalhadamente.

percursos enriquecedores para, então, entrar no processo de ruptura com o tradicionalismo da profissão existente até então.

Temos o desenvolvimento do acesso acadêmico à origem da teoria marxista com fortalecimento de análises teóricas, estando esse fator totalmente ligado com as bases do processo de renovação do Serviço Social. (NETTO, 2015). O pluralismo se fazia presente de forma legítima, e ainda é uma realidade que, em algumas vertentes, liga a profissão ao conservadorismo, mas essa relação com o marxismo abriu possibilidades de crescimento intelectual, teórico e prático, sendo referência teórica e metodológica, inclusive para a criação dos códigos de ética da profissão em 1947, depois 1965, 1975, 1986 e sua última versão construída em 1993.

Os Códigos de Ética do Serviço Social acompanharam o processo histórico social e foram evoluindo de acordo com o progresso da profissão, das regulamentações, dos estudos e teorias. Também foi referência para a construção do Projeto Ético Político da Profissão que caminhou junto a esse processo de avanços expostos e apresenta orientações em relação à perspectiva e direção da profissão, ele

Tem em seu núcleo o reconhecimento da liberdade como valor ético central – a liberdade concebida historicamente, como possibilidade de escolher entre alternativas concretas; daí um compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto profissional vincula-se a um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero. (NETTO, 1999, p. 404-5 apud BRASIL, 2016)

Através desse avanço a profissão se conectou com as necessidades da população de forma totalmente distinta do que era nos primórdios. Como vimos, o surgimento e desenvolvimento da política de assistência social foram permeados por negações e preconceitos que giram em torno da ideia de uma política estigmatizada pela visão do clientelismo e caridade. Couto e Silva (2009) reafirmam:

O caminho percorrido pela sociedade brasileira no trato do campo da política pública apresenta-se eivado de contradições, onde por um lado a garantia constitucional da Seguridade Social e do tripé que a compõe (Previdência Social, Saúde e

Assistência Social) vai buscar romper com a forma tradicional do trato do campo da proteção social brasileira e por outro é necessário o enfrentamento do enraizamento dos pré-conceitos que permeiam a compreensão corrente sobre o papel do Estado e da sociedade brasileira. Esses pré-conceitos serão mais evidenciados no campo da assistência social, uma vez que o preceito constitucional de “dever do Estado e direito do cidadão” não encontra um solo histórico propício. (COUTO; SILVA, 2009, p. 32).

Além de tratar do solo da assistência social no Brasil, é pertinente, ainda, fazer menção à análise de Couto (2015) no que se refere ao objeto de disputa que o campo da política social representa para a classe trabalhadora e para o capital. Isso se dá, de acordo com a autora, devido à capacidade que a política de assistência social possui em atender interesses das duas classes quando pode corresponder ao alcance de direitos universais para os trabalhadores, fator positivo para esse grupo ou representar uma forma de atenuação de possíveis conflitos gerados por mobilizações do proletariado que visa reivindicação de direitos, beneficiando, neste último caso, os capitalistas.

Dentro desta disputa afirma-se que o serviço social foi fundamental,

Teve e [...] tem uma participação indiscutível na construção e na defesa dos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais, nesse país onde o termo direito não faz parte do cotidiano daqueles que não têm acesso a ele por meio das políticas sociais. (BEHRING; BOSCHETTI, 2006, p. 192. Grifo nosso).

Além disso, a categoria obteve mais força e legitimação através de leis que foram promulgadas no intuito de estabelecer a regulamentação da profissão determinando fatores legais imprescindíveis no trato da política de assistência social à população.

Em relação à legislação em torno do Serviço Social e da política de assistência social, é propício iniciar esse momento mencionando a Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, n° 8.742 de 1993 que regulamentou os pontos inseridos na Constituição Federal de 1988 referentes à política de assistência social, estabelecendo critérios para assegurar o direito do cidadão e a atuação profissional sendo uma das primeiras e principais leis a serem promulgadas neste âmbito.

A Assistência Social é um direito constitucional não-contributivo, que deve assegurar a quem dela necessitar e a LOAS veio para organizar esta política como tal, estabelecendo critérios, regras e normas objetivas. O intuito era construir uma rede de proteção social de forma legal e de modo a serem cumpridas, estabelecendo uma organização mais clara para o acesso de profissionais e usuários às leis que regulamentam o direito à assistência social, bem como reforçá-las (BRASIL, 2009).

Em seu artigo 1° consta que:

A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas (BRASIL, 2009).

E em torno dessa definição clara no que diz respeito à Política de Assistência Social como direito garantido ao cidadão outras ações foram se concretizando em prol deste campo da Seguridade Social e do profissional atuante na área. Onze anos depois, em 2004, A Política Nacional de Assistência Social – PNAS veio fortalecer a LOAS, sendo implementada por meio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, da Secretaria Nacional de Assistência Social – SNAS e do Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, compromissada em materializar as diretrizes da LOAS, aprimorar e efetivar a Assistência Social como política pública, sendo resultados de um amplo processo de construção coletiva.

O empenho da construção e efetivação da PNAS também girou em torno de se tornar mais um componente forte desta política e já visando preparação e construção do Sistema Único de Assistência Social – SUAS (BRASIL, 2005).

Seguindo o processo de construção e aprimoramento da política de Assistência Social, o SUAS foi implementado em 2005, mas só regulamentado em 6 de julho de 2011, pela Lei 12.435, representando uma conquista histórica para a política de Assistência Social no Brasil. Na ocasião em que o Projeto de Lei da Câmara n°189/2010, conhecido como PL SUAS foi sancionado, o Conselho Federal de Serviço Social - CFESS e alguns Conselhos Regionais de

Serviço Social - CRESS foram representados através da presença de conselheiros na cerimônia.

O Projeto, que altera a Lei Orgânica de Assistência Social - LOAS contém em seu texto, aprovado e sancionado, que a prestação de assistência social se tornaria descentralizada e a gestão passaria a ser compartilhada entre governo federal, estados e municípios.

A representação destas mudanças para os assistentes sociais, usuários e para o próprio serviço foi extremamente relevante, pois fornece margem legal, através de normas jurídicas universais, para que os profissionais possam cobrar a efetivação dos serviços voltados aos usuários, bem como para a luta por melhoria nas condições do próprio trabalho. Além disso, representou um maior reconhecimento pelo Estado no que diz respeito aos direitos dos cidadãos e esforço e compromisso do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS e demais gestores da política de assistência social (CFESS, 2011). O SUAS é mais um sublime reconhecimento para esta área, ampliando a cobertura da Política de Assistência Social no país estando entre os marcos da política social, assim como a LOAS e a PNAS que já faziam esse papel atuando na consolidação da assistência social como política de Estado (BRASIL, 2011). A PNAS aborda conceitos extremamente completos em relação a toda política de assistência social, nela é posto que a proteção social tem como essência a garantia de três fatores fundamentais para alcançar as necessidades sociais, são eles: “a garantia da segurança de sobrevivência (de rendimento e de autonomia); de acolhida; de convívio ou vivência familiar” (BRASIL, 2005, p. 31). Para cada categoria dessa, existe uma pesquisa aprofundada que justifica a garantia da política ser baseada nelas. Sobre a segurança de sobrevivência, o texto da PNAS especifica:

A segurança de rendimentos não é uma compensação do valor do salário mínimo inadequado, mas a garantia de que todos tenham uma forma monetária de garantir sua sobrevivência, independentemente de suas limitações para o trabalho ou do desemprego. É o caso de pessoas com deficiência, idosos, desempregados, famílias numerosas, famílias desprovidas das condições básicas para sua reprodução social em padrão digno e cidadã. (BRASIL, 2004, p. 31).

Entende-se como uma das seguranças primordiais da política de assistência social. Ela opera com a provisão de necessidades humanas que começa com os direitos à alimentação, ao vestuário e ao abrigo, próprios à vida humana em sociedade. A conquista da autonomia na provisão dessas necessidades básicas é a orientação desta segurança da assistência social. É possível, todavia, que alguns indivíduos não conquistem por toda a sua vida, ou por um período dela, a autonomia destas provisões básicas, por exemplo, pela idade – uma criança ou um idoso –, por alguma deficiência ou por uma restrição momentânea ou contínua da saúde física ou mental. (BRASIL, 2005, p. 31).

Já sobre a segurança de convívio ou vivência familiar, é exposto sobre a possibilidade de existir

A necessidade de separação da família ou da parentela por múltiplas situações, como violência familiar ou social, drogadição, alcoolismo, desemprego prolongado e criminalidade. Podem ocorrer também situações de desastre ou acidentes naturais, além da profunda destituição e abandono que demandam tal provisão. A segurança da vivência familiar ou a segurança do convívio é uma das necessidades a ser preenchida pela política de assistência social. Isto supõe a não aceitação de situações de reclusão, de situações de perda das relações. É próprio da natureza humana o comportamento gregário. É na relação que o ser cria sua identidade e reconhece a sua subjetividade. A dimensão societária da vida desenvolve potencialidades, subjetividades coletivas, construções culturais, políticas e, sobretudo, os processos civilizatórios. As barreiras relacionais criadas por questões individuais, grupais, sociais por discriminação ou múltiplas inaceitações ou intolerâncias estão no campo do convívio humano. A dimensão multicultural, intergeracional, interterritoriais, intersubjetivas, entre outras, devem ser ressaltadas na perspectiva do direito ao convívio (BRASIL, 2005, p.31).

Fica claro, através das regulamentações, que o Estado é o responsável por essa garantia à população necessitada da assistência, através da garantia da cidadania, universalização da cobertura e do acesso aos serviços (BRASIL, 2005).

Em um maior aprofundamento no sentido do progresso da política de assistência social e tendo em vista que seu funcionamento se dá a partir da articulação com outras políticas sociais, programas e serviços que juntos promovem a aplicabilidade do direito ao cidadão, entende-se que a assistência

social não é possibilitada de forma singular nem deve ser parâmetro de resolução de situações individuais ou grupais, por partir do princípio de que as necessidades sociais das pessoas possuem origem comum, ou seja, possuem raiz na desigualdade social e de classe que desencadeiam no surgimento das expressões da questão social. Esse é o processo que resulta nas situações de precariedade e, sobretudo, ao não acesso aos direitos que devem ser garantidos pelo Estado (BRASIL, 2011).

Em novembro de 2009, através da Resolução 109, considerando resoluções do CNAS, PNAS, NOB/SUAS, NOBRH/SUAS, deliberações em Conferências, Plano Nacional de Assistência Social e ações do MDS6, foi aprovado a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais baseado em níveis de complexidade dos casos do SUAS, norteado por estudos que são realizados pelos órgãos e secretarias responsáveis, baseados nas fundamentações teóricas e metodológicas que subsidiam as conclusões acerca desse contexto social.

Sendo assim, de acordo com a Tipificação, dentro da Política de Assistência Social tem-se uma subdivisão em Serviços de Proteção Social Básica, Serviços de Proteção Social Especial de Média Complexidade e Serviços de Proteção Social Especial de Alta Complexidade, os quais serão diferenciados para maior compreensão, enfatizando que será abordado com mais detalhes a Proteção Especial de Média Complexidade por ser a que se responsabiliza pelo Serviço foco dos objetivos propostos nesta pesquisa.

6 O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), em reunião ordinária realizada nos dias

11 e 12 de novembro de 2009, no uso da competência que lhe conferem os incisos II, V, IX e XIV do artigo 18 da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993 – Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS); Considerando a Resolução CNAS n.º 145, de 15 de outubro de 2004, que aprova a Política Nacional de Assistência Social (PNAS); Considerando a Resolução CNAS n.º130, de 15 de julho de 2005, que aprova a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS); Considerando a Resolução CNAS n.º 269, de 13 de dezembro de 2006, que aprova a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOBRH/SUAS); Considerando a deliberação da VI Conferência Nacional de Assistência Social de “Tipificar e consolidar a classificação nacional dos serviços socioassistenciais”; Considerando a meta prevista no Plano Decenal de Assistência Social, de estabelecer bases de padronização nacional dos serviços e equipamentos físicos do SUAS; Considerando o processo de Consulta Pública realizado no período de julho a setembro de 2009, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS);

Quadro síntese disponibilizado na Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais. (MDS, 2009).

A proteção social básica diz respeito ao cumprimento de objetivos de prevenção de reais fatores de risco por meio do fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, bem como à realização de um trabalho voltado a proporcionar condições reais de desenvolvimento de potencialidades para indivíduos que estejam sob o risco de vivenciar situações de

Vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços públicos, dentre outros) e, ou, fragilização de vínculos afetivos – relacionais e de pertencimento social (discriminações etárias, étnicas, de gênero ou por deficiências, dentre outras) (BRASIL, 2005, p. 33).

Dentro da proteção social básica, busca-se evitar que ocorra a violação de direitos e a perda do vínculo familiar e comunitário, é um trabalho preventivo, que conta com projetos, programas e serviços voltados para este objetivo em torno do acolhimento adequado para cada situação demandada no serviço de acolhimento.

A instituição de referência na proteção básica é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e é nesta instituição que há o funcionamento dos serviços que contam com a atuação de equipes multiprofissionais com assistentes sociais, psicólogos e educadores sociais. O CRAS é uma instituição de natureza pública estatal e está inserida nas zonas mais precárias das cidades de todo o país. É nesta instituição que se organiza e materializa o trabalho preventivo de interrupção de vínculos comunitários e familiares, bem como de esclarecimento e encaminhamento da população necessitada de benefícios permanentes ou eventuais, sendo considerada como instituição de porta de entrada aos serviços socioassistenciais.

Os serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica deverão se articular com as demais políticas públicas locais, de forma a garantir [...] ações desenvolvidas e o protagonismo das famílias e indivíduos atendidos, de forma a superar as condições de vulnerabilidade e a prevenir as situações que indicam risco potencial. Deverão, ainda, se articular aos serviços de proteção especial, garantindo a efetivação dos encaminhamentos necessários. (BRASIL, 2005, p. 34-35).

Essa definição da função da proteção social básica consta na PNAS de forma completa e compreensível concluindo o trabalho que é executado nessa instância, que:

Realiza, ainda, [...] o mapeamento e a organização da rede socioassistencial de proteção básica e promove a inserção das famílias nos serviços de assistência social local. Promove também o encaminhamento da população local para as demais políticas públicas e sociais, possibilitando o desenvolvimento de ações intersetoriais que visem a sustentabilidade, de forma a romper com o ciclo de reprodução intergeracional do processo de exclusão social, e evitar que estas famílias e indivíduos tenham seus direitos violados, recaindo em situações de vulnerabilidades e riscos. São considerados serviços de proteção básica de assistência social aqueles que potencializam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos