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Relações de trabalho com profissionais de outras formações

REGIONAL QUANTIDADE DE UNIDADES

G) Relações de trabalho com profissionais de outras formações

Neste tópico analisaremos como estão as relações de trabalho das/os psicólogas e psicólogos da instituição com outras/os profissionais da DPESP, de formações diferentes. Devido ao organograma institucional atual da DPESP, as/os psicólogas/os acabam se relacionando principalmente com profissionais de outras duas áreas: o Direito e o Serviço Social100. Para Arendt (1997, p.12), dado um contexto social complexo, cada pesquisador ou

p ofissio alàla ça àseuàolha àespe ífi o,à olo a àosà ulos àdeàseuà efe e ialàte i o.àÉà

100 Como vimos no Cap. 1, há profissionais de outras áreas na DPESP. Porém, devido a quantidade bruscamente

menor destes outros profissionais e da especificidade de muitas atividades, a maioria das/os psicólogas/os da DPESP acaba não tendo contato com profissionais destas outras formações.

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neste sentido que se constitui a multidisciplinaridade e será no entrecruzamento destes olhares que se fará a inter e transdisciplinaridade. (ARENDT, 1997, p. 12).

De um modo geral, as/os entrevistadas/os fizeram referências positivas em relação ao trabalho com profissionais de outras áreas, que vêm sendo desenvolvido na DPESP. A análise é que, diferenças nos olhares são identificadas e o trabalho conjunto acontece, trazendo frutos tais como a aprendizagem com as outras áreas do saber:

Esse trabalho conjunto, esse aprendizado conjunto já acontece.

[...] eu acho que é diferente a formação. Eu acho que a gente oferece um olhar... da ciência psicológica que é diferente do olhar do profissional do Direito e do profissional do Serviço Social. E a gente acaba, também, aprendendo com os olhares deles. Mas, sem dúvida, é diferente. Se a gente for pensar, mesmo nessa questão que a gente tava falando agora de saúde mental, a gente, psicólogos, a gente tem formação bastante específica tecnicamente das questões psi, né? Que os outros profissionais, a priori, não teriam. Então acho que eu percebo bastante diferença.

Esta psicóloga conclui que no CAM, entre os profissionais de Psicologia e Serviço Social, têm sido mais comuns as práticas interdisciplinares ao passo que na instituição em geral, incluindo as/os profissionais do Direito, práticas multidisciplinares são mais frequêntes101.

Eu vejo uma prática muito mais multidisciplinar do que interdisciplinar. Acho que os casos com atuação interdisciplinar dá pra contar...não sei se nos dedos (risos), mas é uma quantidade muito menor. Acho que é muito mais...é isso que chega...pra ser olhado por várias abordagens de uma maneira sepa ada,à doà ueà va osà faze à todoà u doà ju to ,à ,à va osà o st ui à ju toà e ua toà i stituiç o .à á hoà ueà e isteà u aà p ti aà i te dis ipli a à muito mais forte dentro do CAM, mas institucionalmente, eu vejo muito mais oà ulti .

Nesta outra manifestação, também percebemos uma proximidade maior entre as/os psicólogas/os e assistentes sociais, ao passo que as/os profissionais do Direito ficariam mais

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afastadas/os em relação a entendimentos e perspectivas de trabalho. Apesar disso, a complementaridade dos olhares é apresentada.

Agentes psicólogos, assistentes sociais...a gente que tá um pouquinho mais descolado dessa lógica, dessa máquina do Direito. Eu acho que a gente tem um pouco dessa função...é...de olhar com uma pouco mais de calma pra algumas coisas, descolar só da função processual. Eu acho que...você pensar em qualificar o atendimento público...é...na área do Direito, acho que também passa aí por uma garantia de direitos, né, desse direito de acesso à justiça, de... de poder cuidar um pouco disso, de poder dar um olhar...diferenciado do olhar do Direito, que se complementa muito nos casos que são atendidos.

Óbvio que há diferenças pessoais e as realidades variam, mas percebemos certas tendências a respeito da questão, as quais abordaremos neste item. Devido a nossa percepção de que a relação entre psicólogas/os e assistentes sociais tem nuâncias diferentes da relação entre psicólogas/os e defensoras/es públicas/os, iremos expor separadamente como cada convívio foi descrito.

Com as/os defensoras e defensores públicos:

A área do Direito e suas/seus profissionais são vistas/os como mais fechadas/os ao contato com outras áreas do saber, como se ficasse em outro mundo, com outras regras e posturas muitas vezes diferentes:

[...]u àdesafioà aio à aoà o pa a à o àoàt a alhoà o àas/os assistentes sociais).

E é uma formação que eu não tinha muito ideia, não tinha antes de entrar aqui, né? Acaba ficando muito fechada, né? Porque são tantas leis, regras e... estudar Direito é como estar num universo paralelo assim (risos), eu penso. É um outro mundo. Então eles acabam um pouco perdendo esta visão social, um pouco da visão das subjetividades... das individualidades. Acho que isso

118 pela formação dele, né, é diferente. E é difícil eles darem conta de tudo. Eles tem que focar, então eles estão escutando uma história, já estão pensando no processo, em caminhos técnicos ali, jurídicos. Eles estão com este olhar, que é a contribuição deles.

Vemos que a psicóloga destacou seu entendimento de que os operadores do Direito – pelas especificidades da formação – ficariam mais focados nas leis e nas estratégias processuais possíveis para cada caso. No final da frase ela destaca que esta é a contribuição deles. Com isso, segundo esta análise, acabariam deixando outros aspectos de lado, como a faceta subjetiva e a visão social. Interessante este olhar, já que talvez sejam exatamente estes aspectos em que a Psicologia e o Serviço Social possam mais contribuir – o olhar para as subjetividades e outro para a questão social. Ela destaca que as/os defensoras/es não pode ia à da à o ta à deà todosà osà aspe tosà deà u aà situaç oà eà seà fo a ia à estes,à uitoà diferentes do olhar e das preocupações da/o psicóloga/o. Isso por vezes poderia dificultar o trabalho em conjunto, conforme apareceu no discurso abaixo:

O profissional do Direito eu sinto, com a própria formação deles, já... muito um mundo a parte esse universo do Direito. A própria lógica de raciocínio que eles têm que fazer. Sinto um pouco de dificuldade de trabalhar com eles.

Podemos perceber que na narrativa acima a psicóloga revela que sente-se afastada do que elaàe te deà o oà u ive soàdoàDi eito ,à o àsuasàl gi asàeàespe ifi idades.àE te deà ueàistoà já é construído na formação.

Vemos buscas de se construir um trabalho interdisciplinar ou de desenvolver este trabalho em conjunto, como fez este psicólogo:

[...] e trazer junto e dizer que o atendimento é multidisciplinar e que a disciplina dele tá aqui junto com a gente, que a gente não vai fazer o que é dele, da disciplina específicaàdele.àMasàaíàe isteàu aà oisaàtipoà ah,àe t o,à para que que serve o CAM se n oà àpa aà esolve àasà oisas? à.

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Na fala abaixo, de outra psicóloga, é reforçada esta ideia de diferenças e afastamento, que se daria por falta de comunicação (por prática/costume cultural) ou por autoritarismo (relações de poder102).

[...]às vezes eu acho que eles funcionam em outra chave assim...Ou que acreditam tanto naquilo, que...não é que não escutam por mal, por autoritarismo. Alguns sim. Mas alguns, realmente não...não tem esta comunicação eu acho. Mas tem alguns que sim, que atendia...

A falta de escuta às/aos outras/os profissionais, por parte das/os defensoras/es também apareceu na fala abaixo:

Agora os operadores do Direito, quando a gente fala, eles não ouvem. [...] Às vezes você fala uma coisa, aí a coisa ressurge e você tem que falar de novo a mesma coisa [...] os operadores de Direito não necessariamente páram pra escutar aquela proposta.

Nas entrevistas, foi colocado que esta disponibilidade ao diálogo interdisciplinar varia de Defensor/a para Defensor/a, já acontecendo em alguns casos:

De ter que trabalhar junto, ali, na prática, no dia a dia discutir casos... pensar junto. Nem todos conseguem. Nem todos os profissionais de Direito conseguem. [...] Que eu tenho que escutar outra disciplina, que eu tenho que... somar. [...] Pro Direito, para alguns profissionais é bem difícil, para outros precisa de um esforço... Mas isso já acontece aqui.

As/os entrevistadas/os mostraram incômodo com defensoras/es que não se aproximam de profissionais de outras áreas, tampouco buscam se aproximar de suas práticas

102 Mais sobre o assunto no tópico 224.

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ou conhecer suas técnicas. O psicólogo revela que também não busca aproximação com estas/es:

[...] E me incomoda também... algumas posturas de defensores que... entendem que a gente existe na instituição, mas que não quer saber do que a gente faz, do que a gente deixa de fazer... como se a gente fosse um órgão que não conversasse com o Direito, com os defensores, com as bancas enfim [...] Tipo euà sei que tem psicólogo e assistente social lá, mas não me interessa o que eles fazem e fi ...pa aà o ve sa ,à dei e à ueàelesàfaça à o que eles quiserem, porque eu já não entendo mesmo daquilo, também não vouà uestio a .àEàfi aà a uelaàposiç o...à fi aàaíà ue eu fico aqui e tá tudo e to ,à oàte ài te aç oà e hu aà esseàse tido.à[...]Olha, sinceramente, eu também não busco aproximação nenhuma não...(risos)... Eu atendo e gosto de atender e discutir casos com aqueles que estão abertos a fazer isso. E aqueles que não estão a fim eu também não vou lá provocar...buscar e [...]Me incomoda nesse sentido, mas também não me incomoda a ponto de fala à olha,àve à à ueàeuà ue oàvo àju to .àTalvezàsejaàu aà oisaàdeà vo à

oà ue ,àeuàta à oà ue oàe...p o to .

Identificamos nesta fala uma demanda por reconhecimento da importância da Psicologia para o trabalho na DPESP, por parte das/os psicólogas/os. Querem ser valorizadas/os na instituição.

Outras vezes o contato parece ser superficial, sem que o profissional do Direito tente se aproximar realmente da outra área, das suas análises e intervenções.

É... o que eu não gosto, muitas vezes, é quando os defensores ou enxergam o nosso trabalho limitado, por exemplo como uma fábrica de acordos. [...]E quando o caso não comporta, naquele momento, um acordo, parece que a gente não tá se esforçando pra que o acordo fosse produzido. Isso me incomoda em alguns defensores.

[...] impressão e a e pe tativaà ueàoàCáMàte àt i asà alta e teà gi as à de resolver o problema e tá tudo certo. [...] e quando a gente precisa de uma atuação judicial mesmo, que a gente não pode fazer; quem tem que fazer são os profissionais do Direito, a gente sente uma certa resistência.

Como vimos na fala acima, o psicólogo percebe que muitas vezes a relação com os defensores se limita a receber encaminhamentos e pedidos de intervenção, mas sem que haja diálogo e

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construção de práticas em conjunto. Quando isso é tentado – buscando-se o contato e articulação – sente-se resistência por parte das/os defensoras/es.

Ao mesmo tempo, foram elencados efeitos da relação de trabalho em equipes multiprofissionais: a incorporação de certos aspectos da outra área e possibilidade de aprendizagem.

A própria visão do Direito a gente incorpora algumas coisas.

Então, do Direito, especificamente, eu acho que entender como é que funciona o sistema de justiça, as leis enfim. O que pode ser feito, legalmente, numa situação, ou não. Isso contribui bastante com a nossa formação. (sobre o que possibilidade de aprender com os outros profissionais da instituição)

Nesses casos, o profissional relatou a aprendizagem sobre o Sistema de Justiça e as leis, que foi possível a partir do trabalho multiprofissional com defensoras/es públicas/os.

Esta psicóloga entende que esta dificuldade em se trabalhar junto, por parte da/o profissional do Direito, pode ter origem na própria formação e na cultura.

Talvez pela formação. [...] Acho que o Direito fica muito fechado... e tem a coisa um pouco desse ranço do... desse mundo jurídico , dessas hierarquias... [...]Já não tem isso, já não trazem muito isso da formação. De trabalho em equipe... interdisciplinar, não sei... não tô estudando isso, mas eu tenho essa impressão. Não vejo estágio de Direito... numa comunidade, numa reunião de equipe, sabe? Não vejo. Eu vejo estágios de Direito em escritórios, em... instituições de Direito, mas, enfim... no TJ. Não vejo o estagiário de Direito numa comunidade, igual o estágio que eu fiz, que tinha psiquiatra, lá tinha... assistentes sociais, tinha outras disciplinas.

Em Sá (2010, p. 94), também vemos esta constatação de que o trabalho interdisciplinar ainda não está totalmente presente nos currículos – tanto na parte teórica quanto na parte prática – o que nos remete a importância da inclusão do tema nos currículos acadêmicos. Um dado interessante é que na DPESP, apesar das dificuldades apontadas, tem havido um espaço embrionário de trabalho interdisciplinar com as/os profissionais do Direito, desde a

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graduação. Isto porque estagiárias/os de Direito desenvolvem estágios na instituição e acabam tendo experiência de trabalho integrado com o CAM, que também contam com estagiárias/os de Psicologia e Serviço Social e vivenciam a experiência de trabalho multiprofissional nesta prática. Passados alguns anos desta atuação, já é possível ter contato com advogadas/os ou mesmo defensoras/es públicas/os, recém-formadas/os, que mostram- se abertos a posturas e diálogo interdisciplinar, muito influenciadas/os pela experiência de estágio que tiveram na Defensoria, durante a graduação, que contou com as/os psicólogas e assistentes sociais da instituição.

Nas entrevistas, já se percebe um esforço e tentativa de mudança em algumas/alguns defensoras/es, mesmo que não tinham experiências anteriores com trabalho interdisciplinar:

[...] defensores se esforçando pra se aproximar. Foi o que eu mais vivi [...] é mais uma disponibilidade nova.à Vouà te ta à e te de à eà issoà j à oà ve à muito dado.

Percebemos um cuidado com o espaço de cada profissão e suas especificidades são respeitadas, sem que uma área se sobreponha a outra:

[...] se eu tenho alguma dúvida jurídica eu fico de retornar depois.

Apesar das dificuldades e desafios apontados, esta psicóloga entende que, ao se comparar com outro espaços laborais em que há essa interface Psicologia e Direito, a DPESP tem apresentado mais avanços no sentido de aproximação entre as áreas.

Com o Direito a gente tá criando isso aqui. Um... a Defensoria é uma das instituições que tá... trazendo isso mais forte, das instituições do Direito. Mais do que o Judiciário.

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Esta postura mais ensimesmada dos operadores do Direito, em relação à articulação com profissionais de outras disciplinas, é vista em outras instituições jurídicas, mas também se apresenta na DPESP, podendo variar de Defensor/a para Defensor/a, conforme estas falas:

No TJ fica separado juiz. Às vezes tem um setor de entrada diferente, bem diferente, banheiro é diferente, tudo é diferente. E aqui alguns defensores tentam reproduzir este modelo. E aí que fica bem difícil de trabalhar... Out osàj às oà aisà ovos,àj àve à o àu aà a gaàassi à ue oàouvi àvo s ,à ue oàap e de à o àvo s ,à uero dividir com vocês porque eu não sei, eu souàli itado .àálgu sà e o he e àissoàeàseàa e à ais.àOut osàfi a à euà façoàoà eu,àvo àfazàoàseu ,à oàte àta taàt o a.à

A possibilidade de diálogo ou troca de experiências e perspectivas, fruto do trabalho interdisciplinar também ocorre em alguns casos e em outros não, dependendo da/o Defensor/a:

Acho que isso varia muito de defensor pra defensor. Tem entendimentos... [...]eu tô falando mais pensando até em relatos, dos colegas, que se sentiram tolhidos [...]Do que fazer... como atuar... de como trocar também com os defensores, os defensores com escuta... Vontade de aprender outros não, enfim.

Depende do operador do Direito. Alguns escutam sim...

Também houve relatos de boas experiências nestas relações, permeadas por reconhecimento da importância do trabalho do outro, com diálogo e espaços de discussão, que potencializam a prática profissional, conforme destacamos nas falas abaixo:

É... o que... eu vejo como positivo é que alguns defensores, quase todos, entendem como importante a visão multidisciplinar, além do Direito. Psicologia, Serviço Social e outras áreas.

Eles gostam de... a maioria gosta de discutir casos, de pensar junto. Isso é bem legal. Eu me sinto satisfeito com isso.

124 [...] agora eu tô lembrando de uma fase que tinha alguns defensores que eram muito interessantes nesse sentido de que havia uma comunicação. [...] Era bem legal, viu, estes que eram legais. Tô lembrando de um defensor que, aliás, eu aprendi várias coisas com ele.

[...] alguns defensores, especialmente do juri, de um modo geral, eles tinham mais este movimento de vir conversar sobre o caso com a gente. Então traz o processo, vem conversar, vem pensar junto, é...daí deixa o processo, a gente estuda, a gente dá um retorno, pra pensar junto qual a atuação possível.

Com as/os assistentes sociais:

Segundo os relatos, no ámbito da DPESP se construiu uma relação muito próxima entre as/os psicólogas/os e assistentes sociais, confome veremos nos trechos abaixo:

[...] Serviço Social e Psicologia já costumam ser duplas, né, em muitos lugares. Psicólogo e assistente social já tem um trabalho... conjunto, já histórico já. Estabelecido.

Eu acho que o psicólogo ali...não sei se não só o psicólogo, o assistente social também, né?que é uma dupla de verdade, também oferece uma escuta, que tem as suas especificidades...

Na fala abaixo entende-se que esta aproximação se dá, em grande parte, devido a projetos profissionais compartilhados, tais como o tipo de atendimento. Ao mesmo tempo, a profissional entende que os olhares e entendimentos das duas ciências são diferentes e, por isso, se complementam e se enriquecem.

Acho que dialoga muito com o que é do Serviço Social. Considerando um modelo de... de atendimento. Acho que tem uma compreensão que é outra. É...acho que, nos casos que a gente atende, acho que a Psicologia... tem um olhar...para o não dito, para o subjetivo, né que, é...como isso se relaciona com o social. Mas eu acho que, no ambiente que a gente trabalha, e nos casos que chegam na criminal, eu acho que o diálogo é muito essencial. Acho que é muito complementar. Muito... das questões do Serviço Social, das questões que... atravessam, de alguma maneira, é... as compreensões mais

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Muitas vezes essa aproximação entre as/os psicólogas/os e assistentes sociais se ilustrou de tal forma, ao longo das entrevistas, que aparentava um certo um esforço às entrevistadas refletir sobre a prática das/os psicólogas/os da DPESP – objeto desta pesquisa, sobre o qual as/os entrevistados foram informadas/os – sem se fazer referência às/aos assistentes sociais.

[...] é difícil falar de psicólogos e não falar de Serviço Social.

O trabalho em conjunto, com práticas horizontais e colaborativas, parece ocasionar encontros férteis de ricas experiências de aprendizagens mútuas, o que fortalece o trabalho, tal como destacamos nas passagens a seguir:

[...] é uma atuação muito... conjunta, né? A visão social que o Serviço Social traz, que a gente trabalhando com assistentes sociais a gente aprende também. A gente incorpora, junto na nossa prática.

[...] é o que potencializa o meu trabalho. O trabalho com o Serviço Social também assim.

[...] trabalhar com o assistente social, nesse sentido, é enriquecedor.

Este psicólogo elencou algumas temáticas, tais como a organização política/ social e as políticas públicas, das quais teria se aproximado graças à convivência com as assistentes sociais com as quais já trabalhou ou trabalha:

Com os assistentes sociais, de entender mesmo essa questão tanto da organização política, social, das questões coletivas, dos movimentos sociais, quanto na perspectiva dos... dos direitos, né? Especialmente os direitos sociais, as políticas de assistência social, as políticas de habitação enfim. Que nós temos, psicólogos, muito pouco na nossa formação e que os colegas assistentes sociais tem muito mais. E aí eles tem muito mais propriedade para contribuir conosco neste sentido.

126 Mas tanto é que a gente trabalhando junto a gente também vai aprendendo um com o outro.

Foram identificadas mais semelhanças com esta área do saber, tais como a linguagem, as posturas e visões de mundo, conforme grifamos nos discursos abaixo:

Com o Serviço Social eu acho que a gente tem uma... mais pontos em comum, uma linguagem mais comum...

É ótima. A gente aprende um monte de coisa. A gente tem compartilha algumas coisas também...outros pontos de vista também. Então eu acho que tem algo que é comum.

Na fala a seguinte, há a leitura de que o trabalho interdisciplinar entre psicólogas/os e as/os assistentes sociais já seria algo trabalhado e fomentado desde a graduação, o que