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Relações entre clima e cultura organizacionais

No documento DM Meire Lourdes Pereira Almeida (páginas 69-72)

CAPÍTULO IV – CULTURA ESCOLAR E RELAÇÃO DE PODER

2.2 Relações entre clima e cultura organizacionais

Clima é um conceito com características ligadas ao individual e específico, cultura tem carácter coletivo e grupal. Ambos os conceitos ajudam à compreeensão das organizações.

Apesar de o clima ser afetado por fatores externos à organização, como, por exemplo, condições de saúde, habitação, lazer e familiar de seus funcionários, assim como pelas próprias condições sociais, a cultura organizacional é uma das suas principais causas. Logo, entre clima e cultura há uma relação de causalidade. Podemos afirmar que cultura é causa e clima é consequência. Outra conclusão a que chegamos é que clima e cultura são fenômenos intangíveis, sendo possível somente percebê-los nas atitudes das pessoas, apesar de manifestarem-se de forma concreta.

Ainda que ser intangível, a cultura se manifesta na escola através da arquitetura, do modo de vestir e de se comportar do corpo de funcionários, nas regras de entrada e saída da escola, no cumprimento dos horários e das cargas horárias das disciplinas. A cultura tangibiliza-se através do relacionamento dos gestores com os professores e demais funcionários da escola, e também do relacionamento com os pais dos alunos.

Diante disso, deduzimos ter a escola ainda uma cultura conservadora apesar dos avanços tecnológicos. Por outro lado, a escola transita entre uma cultura inovadora seus códigos e símbolos e atitudes rígidas em seus aspectos disciplinares, sendo algumas vezes formais nas suas relações de trabalho, enquanto que outras são demasiadamente informais, às vezes agem de forma moderna, outras, retrógradas. Como se vê, cada escola tem o seu jeito de ser, o que a torna um lugar de cultura específica.

Enfim, com base nos conceitos de clima, expressos por alguns autores aqui neste trabalho, é possível inferirmos que clima e cultura são fenômenos complementares. Outra relação entre clima e cultura é que clima é um fenômeno temporal. Refere-se ao estado de ânimo dos funcionários de uma organização, num dado momento. Já a cultura decorre de práticas recorrentes, estabelecidas ao longo do tempo e muitas vezes padronizadas por leis, decretos e normas regulamentares.

No que se refere ao estudo do clima na escola, consideramos a sua importância no funcionamento da organização escolar. A literatura nesta área é escassa, mas autores

RELAÇÕES DE PODER NA ESCOLA: desafios, possibilidades e limites da Gestão Participativa ___________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________ Mestrado em Docência e Gestão da Educação – Administração Escolar e Administração Educacional

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como Libâneo (2001), Falcão Filho (2002), Nóvoa (1999), Batista (2000) e Luz (2003), Brunett (1992), Carvalho (1992), Teixeira (1995), Gaziel (1987) têm dado grandes contribuições no estudo da escola como organização, levantando aspectos da estrutura escolar, nos seus aspectos administrativos, técnicos, pedagógicos e sociais. Embora Luz (2003) evidencie a pesquisa de clima organizacional nas empresas em seus trabalhos, suas reflexões foram extremamente relevantes para a compreensão entre cultura e clima da escola atual.

Segundo Brunet (1992, p.129), para identificar o clima de uma escola é necessário ter em conta as seguintes características:

 os atos e os comportamentos da direção: que são determinantes do clima;  as percepções e os efeitos sobre o comportamento dos indivíduos;

 as componentes do clima nas suas várias dimensões;

 os movimentos no interior de uma organização em que existem diversos climas, mas em que há “uma certa partilha das percepções do clima organizacional entre

o conjunto dos seus membros;

 e por fim, o entendimento de que “o clima é um elemento estável no tempo e que

evolui lentamente, para o modificar tem de se proceder a alterações importantes nos próprios alicerces da instituição que estão vinculados a cultura dominante. Ainda Brunet (1992), destaca que o clima de uma organização reporta-se a uma série de características relativamente permanentes que:

a) diferenciam cada escola de outras, pois cada uma delas possui uma personalidade própria, em clima específico;

b) resultam dos comportamentos e das políticas dos membros da organização, especialmente da direção, uma vez que o clima é causado pelas variáveis físicas (estrutura) e humanas (processo);

d) servem de referência para se interpretar uma situação, pois os indivíduos respondem às solicitações do meio de acordo com a percepção do clima;

e) funcionam como campo de forças destinado a dirigir as atividades, na medida em que o clima determina os comportamentos organizacionais.

Teixeira (1995, p. 166-167) evidencia que

“(...) existem relações significativas entre o clima da organização e a satisfação gerada pelo trabalho” e que “as imagens que os professores têm da escola apresentam uma relação muito significativa com o modo como afirmam implicar- se na ação coletiva; ou seja, o clima parece influenciar as interações escolares”. Neste sentido, a gestão deve criar condições sob as quais as pessoas possam trabalhar com gosto, satisfação e motivação, na concretização dos objetivos da escola. Na escola investigada, tomando por base a análise dos dados coletados, fica evidente que o clima não é satisfatório para a maioria dos sujeitos escolares a partir do lugar que estes ocupam na escala hierárquica educativa, e também não se aliam as orientações contidas nos documentos oficiais que orientam a educação básica nesse momento, deixando a desejar no que diz respeito as orientações contidas no PPP, no PNE e na LDB nº. 9.394/96, pois a escola apresenta uma estrutura escolar e administrativa tradicional, burocratizada e sem a flexibilidade necessária para alcançar os objetivos de uma escola democrática e porquanto participativa.

No próximo capítulo apresentaremos os métodos e as técnicas adotadas nesse estudo além dos instrumentos de investigação e os resultados encontrados a partir dos mesmos, que denotam os limites e os desafios aos quais a escola ainda precisa enfrentar para alcançar os objetivos propostos em seus documentos legais.

No documento DM Meire Lourdes Pereira Almeida (páginas 69-72)

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