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CAPÍTULO 4: CONSIDERAÇÕES FINAIS

4.1 Relações entre magmatismo e sistemas petrolíferos

Uma das relações a serem abordadas no tocante ao magmatismo e sistemas petrolíferos é a que envolve rocha geradora/calor, pois a transformação da matéria orgânica presente na rocha geradora em hidrocarbonetos depende de calor (Figura 4.2).

Quando rochas ricas em matéria orgânica (geralmente folhelhos), contendo entre 4% e 20% (em peso) de matéria orgânica são soterradas, elas ficam sujeitas a um aumento de temperatura e pressão.

A janela de óleo é um intervalo geralmente entre 60°C e 120°C e a janela do gás corresponde a um intervalo entre 120°C a 200°C.

Porém, vale ressaltar que o estudo realizado nesta monografia permite concluir que o aporte de calor na geração/maturação de óleo ou gás pode advir também de intrusões magmáticas, principalmente no caso de bacias ditas frias.

A segunda relação que deve ser considerada envolve rocha geradora/tempo. A transformação da matéria orgânica em hidrocarbonetos depende de tempo. Este tempo está associado à história de subsidência da bacia sedimentar. O histórico de subsidência é importante, pois esta subsidência irá gerar o calor necessário para a formação de óleo ou gás (Figura 4.1).

Em períodos de soerguimento, a geração de hidrocarbonetos pode ser interrompida pelo resfriamento das rochas. Um fator que pode causar a continuidade da geração de hidrocarbonetos mesmo em períodos de soerguimento é a presença de intrusões magmáticas ou plumas mantélicas. Estes corpos ígneos são capazes de fornecer calor suficiente para a continuidade da maturação da matéria orgânica.

Outra correlação que pode ser feita envolve a rocha reservatório/porosidade. A ocorrência de reservatórios de hidrocarbonetos representados por rochas magmáticas em geral, são avaliados como não produtivos. No entanto, rochas magmáticas compõem reservatórios de hidrocarbonetos comercialmente viáveis em aproximadamente trinta países diferentes. Na América do Sul, basaltos fraturados dos campos de Linguado e Badejo, na Bacia de Campos, por exemplo, produzem hidrocarbonetos (Nelson, 2001). De modo semelhante, rochas piroclásticas andesíticas constituem reservatórios importantes na Bacia de Neuquén, na Argentina (Belotti et

al., 1995). Na mesma bacia, na região do rio Grande, província de Mendoza, ocorrem óleo e gás

em diabásios intrusivos em anticlinais nos blocos altos de falhas de empurrão (Schiuma, 1988), bem como nos arredores da região vulcânica de Auca Mahuida, no nordeste da Província de Neuquén, e nos campos de Aguada San Roque e Lomas las Yeguas, onde gás e condensado são produzidos em diabásios fraturados do Terciário intrudidos nos folhelhos das formações Vaca Muerta e Quintuco, onde estão as rochas geradoras do Cretáceo (Eiras & Wanderley Filho,

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2003). Há outros exemplos na América do Sul, como no campo de Furbero, no México, onde óleo

é recuperado de um lacólito de gabro intrusivo em folhelhos Terciários com produção superior a 1000 barris por dia (Nelson, 2001). Exemplos semelhantes também ocorrem na Venezuela (p.ex.: campo La Paz, P´An, 1982 ) e Chile (p.ex.: campo Largo Mercedes, (Dean et al., 1993). Reservatórios de hidrocarbonetos representados por rochas magmáticas também têm sido descritos, mais recentemente, em outras partes do mundo, como os diabásios do sítio Luo151 em Zhanhua Seg (Qili & Kang, 2003) e da Formação Kongdian do campo Zaoyuan (Zhang, 2003), ambos no leste da China. Várias bacias Meso-Cenozóicas localizadas no leste da China têm rochas magmáticas intrusivas subvulcânicas, bem como extrusivas, predominantemente de composições basáltica e traquítica, como rochas reservatório e capeadoras (Wu et al., 2006). No Vietnã, rochas fraturadas e falhadas do embasamento granítico de Bach-Ho produzem cerca de 130.000 barris por dia de hidrocarbonetos (Pettford & McCaffrey, 2003)

Figura 4.1: Esquema comparativo entre profundidade e tempo com a subsidência da bacia e a formação de óleo ou gás (Retirada de www.oilandgasgeology.com)

É importante discutir o fato de que a porosidade pode ter origem primária ou secundária. A porosidade primária está relacionada a estruturas geradas pela exsolução da fase fluida do magma, como vesículas, amígdalas e cavidades miarolíticas (Figura 4.3).

A porosidade secundária está relacionada a estruturas rúpteis, comumente falhas e fraturas (Figura 4.4).

Relação entre rocha selante/permeabilidade também pode ser considerada no caso de rochas ígneas dentro de um cenário que envolve sistemas petrolíferos. As rochas magmáticas possuem baixa permeabilidade, podendo atuar como selantes de reservatórios de hidrocarbonetos. Quando rochas magmáticas apresentam permeabilidade, normalmente está relacionado a estruturas rúpteis, como falhas e fraturas interconectadas.

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Figura 4.2: Relação entre a profundidade, temperatura e formação de óleo/gás (Retirada de www.oilandgasgeology.com).

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Figura 4.3: Exemplo de porosidade primária em rocha magmática (Retirada de Arena, 2008).

Estas fraturas são resultado do resfriamento da rocha e só são formadas em níveis crustais menos profundos. Portanto, quanto menor for o gradiente térmico entre a rocha magmática e as rochas encaixantes, menor deverá ser sua permeabilidade e melhor sua função de selante.

A permeabilidade das rochas magmáticas também pode estar relacionada às diferentes taxas de resfriamento dos litotipos intrusivos e gradientes térmicos entre estes e suas referidas

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rochas encaixantes. Assim, a permeabilidade das rochas pode ser pequena devido à presença de margens resfriadas nas intrusivas e rochas encaixantes recristalizadas próximo aos contatos (Figura 4.5), mesmo nos casos em que a permeabilidade seja alta longe dos contatos.

É de extrema valia considerar ainda que armadilhas podem ser formadas como resultado da combinação do efeito selante e das diferentes formas intrusivas das rochas magmáticas (Figuras 4.6 e 4.7).

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Figura 4.5: Contato entre intrusiva e encaixante recristalizada (Arena, 2008).

Figura 4.6: Intrusão magmática discordante (dique), criando uma região propícia para a acumulação de hidrocarbonetos. (Retirada de www.geopor.pt/gnet/ptgeol/vulcanismo/filao3.

Finalmente, uma relação que pode ser considerada no assunto magmatismo/sistemas petrolíferos envolve as rotas de migração. Hidrocarbonetos podem migrar por estruturas geradas durante a intrusão de magmas, o extravasamento de lavas ou devido ao vulcanismo explosivo. Magmatismo e terremotos são processos associados no tempo e espaço. O vulcanismo, por exemplo, é normalmente precedido de tremores relacionados ao aumento da pressão de fluidos em níveis subvulcânicos. Estes terremotos associados ao magmatismo podem gerar estruturas que propiciem a migração de hidrocarbonetos.

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Figura 4.7: Diagrama esquemático mostrando as formas de ocorrência de rochas magmáticas (Retirada de Decifrando a Terra, 2000).

4.2 Modelagem termal: Ferramenta para estudos térmicos das

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