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3. Relatório do Trabalho de Campo

As atividades foram inicializadas em agosto de 2013 com a reforma geral da estufa. Na sequência, em janeiro de 2014, foi instalada nova cobertura plástica (150 μm de espessura) e deu-se início a construção dos cavaletes e canais de madeiras constituintes da estrutura física experimental no interior da estufa. Neste mesmo período foi efetuado o processo de carbonização da casca de arroz (tipo longo e fino) através do tonel carbonizador (KÄMPF, 2006) e a aquisição do composto orgânico (Ecocitrus) para a formulação da mistura de 80% casca de arroz carbonizada e 20% de composto orgânico (CAC+CO). Assim que obtidos os substratos, foram enviadas amostras para o laboratório de análises de substratos para plantas da FEPAGRO. De posse dos resultados, considerando principalmente a capacidade máxima de retenção de água, foram estimadas as frequências de fornecimento de solução nutritiva.

No início de março de 2014, as sacolas tubulares (slabs) de 1m de comprimento foram preenchidas com 50 dm3 de substrato cada. Ao todo, foram 72 slabs (36 com CAC e 36 com CAC+CO) que abrigaram 576 plantas. Logo após, os slabs foram colocados sobre a estrutura de capitação do drenado, que consistia em uma calha de madeira com 6m de comprimento, 0,2m de largura e 0,1m de profundidade impermeabilizada e instalada com a declividade de 1% para proporcionar o escoamento da solução nutritiva drenada até o reservatório. Sobre a calha de capitação foi traçada uma malha de arame galvanizado (ziguezague) objetivando impedir que os slabs cedessem (Apêndice A).

Posteriormente à acomodação dos slabs na estrutura, foi instalado o sistema de fornecimento da solução nutritiva, bem como a rede elétrica e os temporizadores necessários para o acionamento das motobombas (1/2 HP). Logo após a montagem do sistema hidráulico (tubulação de PVC e conexões), foi montado o sistema de irrigação localizada por gotejamento. Para isso foi empregada cinta de gotejo, com gotejadores espaçados em 10cm e com vazão média de 1,35 l/hora/gotejador. Com o auxílio de um arame rígido, as cintas foram instaladas atravessando todos os slabs de cada linha (linhas com seis slabs), sendo posicionada na parte superior central dos slabs, entre o plástico e o substrato de modo que os gotejadores ficassem voltados para cima.

Ainda antes do transplante das mudas, foram preparadas as soluções nutritivas estoques em tanques com capacidade para 50 litros. Utilizou-se três

tanques: no tanque 1 foi diluído somente o Ca(NO3)2; no tanque 2 foram diluídos KH₂PO₄, MgSO₄.7H₂O, K₂SO₄, KNO₃ e (NH4)2SO4; no tanque 3, foram diluídos todos os micronutrientes. As soluções estoques foram concentradas 200 vezes, ou seja, 1 litro da solução concentrada rendia 200 litros de solução nutritiva final.

Três experimentos foram realizados, sendo que o Experimento 1 teve como objetivo estudar a influência da adição de composto orgânico à casca de arroz carbonizada e o efeito do cultivo combinado da cultivar de dia curto com dia neutro („Camarosa‟/„San Andreas‟) sobre o crescimento da planta, a produção e a qualidade de frutas. O Experimento 2 teve como objetivo avaliar os efeitos do mesmo substrato do Experimento 1, porém, reutilizado. Além disso, no Experimento 2, também foram avaliados os efeitos das cultivares „Camarosa‟ e „San Andreas‟ e da procedência da muda sobre o crescimento da planta e o rendimento de frutas de morangueiro. Por sua vez, o Experimento 3 teve como objetivo verificar os efeitos da adição do composto orgânico ao substrato sobre os parâmetros químicos (condutividade elétrica (CE) e pH) da solução nutritiva drenada e validar o método da análise da solução drenada através da associação com valores de CE e pH provenientes de solução extraída por extratores instalados diretamente no substrato.

O transplante do Experimento 1 foi realizado logo que as mudas importadas foram disponibilizadas, ocorrendo no dia 23/05/2014 para a cultivar „Camarosa‟ e no dia 10/06/2014 para a cultivar „San Andreas‟. Dois dias antes da primeira cultivar ser transplantada, os slabs foram saturados com água proveniente da chuva (condutividade elétrica = 0 (zero) e pH= 6,7) e mantidos nesta condição por 24 horas. Posteriormente, os slabs foram manualmente erguidos para a elaboração dos drenos em sua face inferior, dentro da área delimitada pela abrangência da calha de captação do drenado. Após a abertura dos drenos, forneceu-se água ininterruptamente por cerca de 30 minutos com a finalidade de lavar o substrato e, assim, reduzir sua condutividade elétrica inicial e eliminar impurezas. Somente depois destes processos foram realizadas as aberturas para o transplante das mudas na face superior dos slabs utilizando uma serra-copo com diâmetro de 6 cm. Conforme o método descrito no projeto, em cada slab foram realizadas oito aberturas, dispostas em duas linhas (com quatro aberturas cada) paralelas e desencontradas (ziguezague).

No momento do transplante, realizou-se a poda do sistema radicular, deixando-o com aproximadamente 10 cm. Também foram retiradas todas as folhas deterioradas das mudas.

Durante todo o ciclo de cultivo, semanalmente, foram realizadas podas de limpeza e monitoramento de pragas e doenças. No primeiro ano (Experimento 1), a partir da metade de novembro de 2014, os estolões de „Camarosa‟ foram podados semanalmente. No segundo ano de cultivo (Experimentos 2 e 3) esta prática não foi necessária devido à reduzida emissão destas estruturas. As frutas foram colhidas com a frequência de duas a três vezes por semana, quando 75% da fruta apresentava coloração vermelha.

Considerando que no Experimento 1 foram avaliados o cultivo solteiro (um slab com oito plantas de „Camarosa‟) e combinado de „Camarosa‟ (um slab com uma linha de quatro plantas de „Camarosa‟ e a outra linha com quatro plantas de „San Andreas‟) foi realizado o seguinte manejo para a obtenção de mudas provenientes de estolões (Experimento 2): no início de janeiro de 2015, após a avaliação da biomassa das plantas de „Camarosa‟ do Experimento 1, foi removida uma das linhas de „Camarosa‟ dos slabs com cultivo solteiro e a única linha de „Camarosa‟ dos slabs com cultivo combinado. O objetivo desta prática foi ceder espaço para a produção de mudas (Experimento 2) procedentes de estolões originados das plantas produtivas que restaram nas linhas que permaneceram. Estes estolões foram enraizados no próprio leito de cultivo (Apêndice B). Cerca de 14 dias depois da fixação (contato da gema da ponta do estolão com o substrato) do estolão ao substrato as mudas foram desconectadas das plantas mãe.

Até os dias 30 de janeiro e 26 de fevereiro de 2015 todas as mudas provenientes de estolões, respectivamente, das cultivares „Camarosa‟ e „San Andreas‟, estavam enraizadas e desconectadas da planta mãe. No início de fevereiro, todas as plantas de „Camarosa‟ que originaram as mudas provenientes de estolões enraizados foram removidas do sistema. Já, as plantas de „San Andreas‟, foram removidas somente no início de maio porque, paralelamente à produção de mudas, seguiam produzindo frutas. Durante este período foram realizadas podas semanais objetivando reduzir o sombreamento das plantas mãe produtivas sobre as mudas oriundas de estolões.

Nos dias 09 de maio e 04 de junho de 2015, respectivamente, as mudas de „Camarosa‟ e „San Andreas‟ importadas do Chile foram transplantadas para os

espaços cedidos pelas plantas do ano anterior que produziram frutas e originaram as mudas de estolões. Inicialmente, foram relizadas podas semanais nas mudas provenientes de estolões enraizados a fim de minimizar a competição com as mudas importadas.

O Experimento 3 foi realizado em estrutura e sistema idênticos aos anteriores, porém, com mudas produzidas nas condições locais e submetidas a diferentes tratamentos. As mudas foram transplantadas no dia 16 de março de 2015 e as avaliações de solução nutritiva (drenada e extraída) ocorreram em maio, quando as plantas estavam em plena frutificação.

Durante os experimentos, foram adotadas estratégias de manejo integrado de pragas e doenças, tais como: uso de armadilhas adesivas instaladas logo acima do dossel da cultura; emprego de vasos com plantas aromáticas no entorno do experimento com a intenção de repelir e atrair insetos (arruda, manjericão, manjerona, sálvia, coentro, boldo, pimenta ornamental, alecrim e hortelã); utilização de armadilha adesivo-luminosa para a captura de insetos noturnos (Apêndice C); uso de pasta aderente antiformiga (FORMIFUU®) para evitar a subida de formigas às bancadas de cultivo; controle biológico de fungos, especialmente do Botrytis

cynerea, através da aplicação foliar de Clonostachys rosea e Trichoderma sp.;

controle biológico do ácaro rajado Tetranychus urticae através do emprego do inimigo natura Phytoseiulus macropilis (ácaro predador-Macromip®); aplicações foliares preventivas com produto a base de óleo de Nim e; algumas aplicações curativas com agrotóxicos visando reduzir o ataque de mofo cinzento (Botrytis

cynerea), pulgão-verde (Chaetosiphon fragaefolli) e do ácaro rajado (Tetranychus urticae Koch). O Apêndice D demonstra todos os produtos empregados durante os

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