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4.22 INVENTÁRIO

4.22.2 RELATÓRIOS DA DEFESA CIVIL

Segundo Instrução Normativa Nº 02/2016 do Ministério da Integração (BRASIL, 2016), a proteção e defesa civil compreende conjunto de ações de prevenção, de mitigação, de preparação, de resposta e de recuperação destinada a evitar e minimizar desastres e seus impactos sobre a população e a promover o retorno à normalidade social, econômica ou ambiental. Entre suas ações, destacam-se a identificação dos riscos e o planejamento preventivo. Seguindo as determinações da Política Nacional de Defesa Civil, a Secretaria de Defesa Civil do DF (SEDEC/DF) elabora anualmente um levantamento das principais áreas de risco para subsidiar o Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil (PLANCON).

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Em outubro de 2012, SEDEC/DF, por meio de sua Assessoria de Comunicação, noticiou em seu blogspot (SEDEC, 2012) a aplicação de uma nova metodologia de mapeamento de áreas de risco e resumidamente apreciou seus resultados. O estudo indicou que, entre 2010 e 2012, a secretaria fez 261 notificações e 92 interdições de residências. Cerca de 3,4 mil pessoas viviam em 860 casas em área de “alto risco” de deslizamentos e desabamentos no DF, por estarem localizadas em solo arenoso, argiloso ou próximas a encostas ou à beira de rios. Essas residências foram localizadas em 37 pontos de 16 RA’s do DF (Regiões Administrativas do Distrito Federal), sendo a R.A. Fercal a que possuía a maior quantidade de pontos de risco, isto é, sete áreas de risco, conforme mostra a Tabela 4.26.

Tabela 4.26 - Levantamento de áreas de Risco 2012.

Local Risco

Área 9 - Bairro Alto Bela Vista Os condicionantes geológico, geotécnicos, biológicos, aspectos de engenharia civil predisponentes e o nível de intervenção no setor são de muito alta potencialidade para o desenvolvimento de processos de ameaças, conforme observado. Os sinais/feições/evidências de instabilidade são expressas e estão presentes em grande número ou magnitude. Processo de desestabilização em avançado estágio de desenvolvimento. É a condição mais crítica, sendo impossível monitorar a evolução do processo, dado seu elevado estágio de desenvolvimento; Mantidas as condições existentes, é muito possível a ocorrência de eventos destrutivos durante episódios de chuvas intensas e prolongadas, no período compreendido por uma estação chuvosa. Área 10 - Bairro Bananal

Área 11 - Bairro Boca de Lobo Área 12 - Bairro Fercal Leste Área 13 - Bairro Queima lençol Área 14 - Bairro Morro do Piauí

Área 16 - Bairro Rua do Mato

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No estudo supracitado foram identificados como principais problemas: ocupação irregular do solo; falta de sistema de drenagem de águas pluviais; falta de saneamento básico; lixo e entulho; esgoto a céu aberto; estrutura precária das casas; fixação dos telhados das casas inadequada; águas servidas são jogadas nas encostas; casas próximas a erosão; lixos e esgoto jogados em córregos e difícil acesso dos bombeiros.

Em novembro de 2016, o Jornal Digital G1 (G1, 2016) noticiou a vistoria pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil das áreas de risco de desabamento na região da Fercal. Segundo a reportagem, as visitas tiveram caráter preventivo e com o objetivo de alertar os moradores sobre erosões e eventuais danos associados. Durante a vistoria os técnicos dos órgãos constataram risco de deslizamento de terras no Morro do Piauí, onde há casas construídas a dois metros do local suscetível à erosão. A reportagem também cita uma das medidas paliativas a serem tomadas para contornar as dificuldades de acesso à região pelo carro da corporação dos bombeiros seria o desvio do córrego Engenho Velho, que danifica a ponte Flor de Liz em períodos de cheia (G1, 2016).

Na visita ao morro do Piauí, realizada em junho de 2019 no contexto desta pesquisa, o engenheiro da atual gestão da Administração da RA XXXI, Eng. Francisco Wanderson, comentou que o Morro do Piauí havia sido interditado e desocupado em 2017, mas que após o período de chuvas, a população voltou a ocupar o morro.

Um levantamento realizado pela Coordenação de Planejamento, Monitoramento e Controle da Subsecretaria de Sistema de Defesa Civil (SUDEC) para compor o Relatório de Levantamento de Áreas de Risco de 2017, realizado de acordo com o Plano Plurianual (PPA), com objetivo de mapear 25% por ano da área do Distrito Federal, identificou, conforme mostrado na Tabela

4.27, oito áreas de risco na região. Cabe ressaltar que o documento ainda não foi publicado em

nenhum meio oficial e nem cedido na íntegra pelo órgão. Contudo, foi possível o acesso à versão resumida do mesmo via a Administração Regional da Fercal.

Vale notar que, segundo a Administração da RA da Fercal nas visitas realizadas em 2019, não há delimitação oficial das comunidades como demonstrado no resumo Relatório de Vistoria da Defesa Civil enviado a Administração da Região Administrativa da Fercal, uma vez que não há endereçamento oficial da região. O resumo infelizmente não faz alusão aos métodos de

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classificação de risco ou aos critérios de delimitação. Ainda assim, para manter a uniformidade e continuidade das análises, salvo alguma correção baseada no conhecimento e vivência da área e corroborada pelos servidores da Administração, procurou-se neste estudo manter as delimitações e identificação das áreas de risco em comum com a comunicação da Defesa Civil do Distrito Federal.

Tabela 4.27 - Levantamento de áreas de risco 2017 Local Solicitação Classificação Nº de

residências Riscos Área 9 - Bairro Alto Bela Vista Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 103

Edificações precárias, residências próximas a taludes, riscos de

deslizamento, enxurradas, destelhamentos e danos às residências e

à população. Área 10 - Bairro Bananal Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 75

Residências próximas a córregos, em "bacias" com risco de alagamento, enxurradas, danos às residências e às pessoas. Área 11 - Bairro Boca de Lobo Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 55

Declividade acentuada, residências construídas com materiais inadequados e frágeis, risco de desmoronamento, enxurradas e danos às pessoas e ao seu patrimônio. Área 12 - Bairro Fercal Leste Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 44

Ausência de saneamento básico, falta de drenagem pluvial, declive acentuado, residências com baixa qualidade construtiva. Área 13 - Bairro Queima lençol Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 50

Residências próximas a taludes, locais com declive acentuado com risco de deslizamento, enxurradas e pontos de alagamento. Área 14 - Bairro Morro do Piauí Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 48

Residências próximas a taludes, locais com declive acentuado fragilidade construtiva, podem ocasionar desmoronamento e enxurradas com danos significativos. Área 15 - Bairro Engenho Velho Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 55

Residências próximas a taludes, locais com declive acentuado com risco de deslizamento, enxurradas e pontos de alagamento. Área 16 - Bairro Rua do Mato Monitoramento de áreas de risco Muito Alto 24

Residências em encostas, taludes com corte e ausência de saneamento e drenagem pluviais podem ocasionar

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deslizamentos, soterramentos e enxurradas.

Total 454

Fonte: Resumo Relatório de Vistoria do Setor Habitacional Fercal, 2017.

Tabela 4.28 - Registro fotográfico que compõe o resumo do Relatório de Vistoria do Setor Habitacional Fercal, 2017.

Área 9 – Bairro Alto Bela Vista

Foto 1 – Residência em local com declividade acentuada, baixo padrão construtivo e material de fácil propagação do fogo.

Área 10 – Bairro Bananal

Foto 3 – Edificações próximas a barrancos, risco de enxurrada, baixo padrão construtivo.

Foto 4 – Edificações em locais íngremes e descobertos de vegetação, dificuldades de manobra de veículos de grande porte.

Área 12 – Bairro Fercal Leste

Foto 8 – Ruas sem pavimentação e sem drenagem de águas pluviais.

Área 13 – Bairro Queima Lençol

Foto 9 – Ausência de drenagem de águas pluviais, declividade acentuada, baixa qualidade construtiva.

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Foto 12 – Residências próximas a taludes, sem drenagem de águas pluviais.

Área 15 – Bairro Engenho Velho

Foto 13 –Ausência de drenagem pluvial, construção de edifício com vários pavimentos, sem identificação de responsável técnico e apresentando falhas estruturais.

Área 16 – Bairro Rua Mato

Foto 16 – Construções em taludes, sem drenagem pluvial, acompanhamento da equipe de empresa vinculada à CODHAB e equipe de arquitetura da Defesa Civil.

Fonte: Resumo Relatório de Vistoria do Setor Habitacional Fercal, 2017.

O Plano Distrital de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (GDF, 2017), elaborado pela SERENCO Serviços de Engenharia Consultiva, em seu prognóstico sobre a drenagem e o manejo de águas pluviais urbanas, faz uma apreciação sobre o subprograma Defesa Civil. No Plano supracitado é descrito que as ocorrências de alagamentos, inundações e deslizamentos foram registradas por técnicos da Defesa Civil e repassados ao software Google

Earth, para melhor localização e definição das ações de monitoramento. No entanto, o

mapeamento enviado pela Defesa Civil – Secretaria de Estado de Segurança Pública e da Paz Social (SSP) –, encontra-se com dados inconsistentes, com pontos indicados como área de risco, mas sem apreciar o tipo de risco relacionado, dificultando uma análise mais detalhada.

Quanto aos dados fornecidos pela Defesa Civil, as mesmas dificuldades e inconsistências foram encontradas durante os estudos e avaliações destes documentos realizados nesta pesquisa e parece ser uma crítica constante aos dados e resultados dos trabalhos acadêmicos fundamentados nestas informações e dados destes relatórios relativos à área de estudos e as mesmas regiões de risco.

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