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Relatos discentes: um desenho da categoria juventude

5 O USO DO SMARTPHONE COMO DISPOSITIVO PEDAGÓGICO NO

5.1 Compartilhamentos de informações produzidas pelos jovens

5.1.1 Relatos discentes: um desenho da categoria juventude

Os relatos dos estudantes sobre como utilizam os seus smartphones se deu a partir de informações colhidas nas rodas de conversa, das conversas paralelas com o pesquisador no ambiente escolar, da interação na produção e compartilhamento de conhecimentos com esses sujeitos. Dentro dos limites da pesquisa, selecionamos alguns relatos e reconfiguramos mediante a análise realizada nesta subseção.

Nas duas últimas rodas de conversa, tinha como intento discutir coletivamente as implicações das oficinas de memes e algumas questões que foram surgindo com a vivência no ambiente escolar. Desse modo, selecionei as principais temáticas que emergiram no decorrer de cada encontro para nortear a discussão com a finalidade de que, nos debates, cada sujeito explanasse sua opinião, avaliando o meme como produto da atividade prática.

Ao final da oficina, os alunos foram convidados a participar dos encontros das rodas, foi feita a opção pela conversa informal, com perguntas abertas e com a intenção de complementar e esclarecer as informações obtidas no campo – as conversas foram gravadas com o smartphone. Para rodas de conversa organizamos

algumas perguntas que nortearam a conversa com a finalidades de focar no objeto pesquisado e de escutar os sujeitos.

Ressaltamos, que nem todos alunos participaram dos encontros das rodas de conversas, porque realizamos durante o intervalo e pós o almoço, convidamos a todos os sujeitos pesquisados, porém, deixamos livre a aceitação da participação. Portanto, o número de sujeitos não foi definido previamente, tendo em vista que a sua definição dependia da frequência dos alunos na escola, das respostas dadas para o alcance dos objetivos propostos pela nossa investigação. Dessa maneira, a análise dos relatos dos praticantes culturais, por ser narrativas dinâmicas e dialéticas, as experiências narradas se efetuaram ganhando desenho interpretativo. Começamos com a definição de León (2005) sobre categoria juventude, conforme esse autor:

A definição da categoria juventude pode ser articulada em função de dois conceitos: o juvenil e o cotidiano. O juvenil nos remete ao processo psicossocial de construção da identidade e o cotidiano, ao contexto de relações e práticas sociais nas quais o mencionado processo se realiza, com fundamentos em fatores ecológicos, culturais e socioeconômicos (LEÓN, 2005, p. 14).

Ao analisar a fala dos jovens alunos, observamos a necessidade e a importância de se dialogar com o mundo do educando e repensar o ambiente formal de aprendizagem, de maneira a torná-lo mais atrativo, seja nos recursos didáticos, seja nas práticas pedagógicas mais diversas, a fim de ampliar habilidades de escrita, leitura, interpretação, bem como o uso crítico das TIC e suas mensagens.

Prontamente, nas vozes dos alunos, podemos perceber uma abordagem multirreferencial com relação ao uso das tecnologias móveis digitais, considerando e se baseadas nas observações desses sujeitos, nas experiências vividas, nas revelações da realidade educacional, nos aspectos socioculturais e educacionais presentes nessas narrativas dos sujeitos no cotidiano escolar. Como trabalhar na escola com dispositivos digitais sem internet? Se a escola não tem internet que atenda a demanda e, ao mesmo tempo, ela tem uma maioria de alunos que assumem a sua familiaridade e a sua dependência a essa tecnologia móvel. Os sujeitos nos apresentam a realidade com os professores: uns usam outros não utilizam e proíbe o uso nas aulas. E os conteúdos são pensados e as atividades de aprendizagem são planejadas e pensadas para atender o aluno? Se ele, muitas vezes não é nem se quer escutado.

Podemos observar que, ao mesmo tempo em que rever situações educacionais que ainda não caminham conforme a contemporaneidade na escola e o que precisa melhorar, os alunos anunciam, apontam caminhos de como empregam esses dispositivos digitais na aprendizagem e no ensino, de como o professor poderia fazer uma mediação e ampliar esses usos de forma mais crítica e reflexiva. Nos seus estudos sobre escola e juventude, Dayrell (2007) já sinalizava que a escola teria que se perguntar se a proposta educativa de massas homogeneizantes, de tempos e espaços rígidos, da lógica disciplinadora, em que a formação moral predomina sobre a formação ética, se esse modelo ainda teria validade, em um contexto dinâmico, marcado pela flexibilidade e fluidez, de individualização crescente e de identidades plurais. Esse autor menciona sobre os jovens:

Parece-nos que os jovens alunos, nas formas em que vivem a experiência escolar, estão dizendo que não querem tanto ser tratados como iguais, mas, sim, reconhecidos nas suas especificidades, o que implica serem reconhecidos como jovens, na sua diversidade, um momento privilegiado de construção de identidades, de projetos de vida, de experimentação e aprendizagem da autonomia. Demandam dos seus professores uma postura de escuta – que se tornem seus interlocutores diante de suas crises, dúvidas e perplexidades geradas, ao trilharem os labirintos e encruzilhadas que constituem sua trajetória de vida (DAYRELL, 2007, p. 1125).

Assim, com base nas mensurações sobre os jovens e a escola, aferidas pelo o autor e os relatos narrativos dos estudantes evidenciou-se uma série de aspectos relevantes, sobretudo, o quanto são imperiosos os diálogos com os discentes para se fazer reflexões e entender como planejar atividades curriculares que perpetrem sentido para essa juventude conectada no ciberespaço. Atividades escolares com elementos referentes às suas práticas sociais, cotidianas e contemporâneas, permitindo que o educando traga, para a sala de aula, sua experiência e sua identidade social, nomeadamente nas aulas de Sociologia e sobre temas sociológicos que são importantes para desenvolver o pensamento crítico e reflexivo sobre a realidade social que se está inserido.

Sendo assim, Silva (2016) chama a atenção sobre esses jovens sobre a identificação deles com as atividades pedagógicas e os espaços da escola, para esse autor, a maior parte dos jovens brasileiros que faz membro do desenho dessa juventude digital: são cidadãos, críticos e atuantes E, quando estudam, muitos jovens não se identificam com as atividades pedagógicas que não atendem à sua realidade

e necessidades, “a realidade de espaços rigidamente demarcados, normatizados, hierarquizados, que nada condiz com a cultura juvenil e impede que o jovem aluno se identifique com a escola” (SILVA, 2016, p. 177).

Dessa forma, os elementos culturais oriundos e propagados pelos os alunos em suas narrativas sobre a utilização dos smartphones podem ser inseridos no cotidiano escolar de maneira interdisciplinar. Como consequência, entendemos que, para esses estudantes, os memes da internet, enquanto elemento dessa cultura contemporânea e digital, constituem uma ponte direta com o contexto dos adolescentes e com a realidade digital na qual eles estão imersos.

As ações descritas nos textos analisados apontam que o contexto, a experiência e o conhecimento conduz ao desenho dos cotidianos escolares, mesmo sem compreender a complexidade de sua narrativa, os estudantes da 1ª série possuem a habilidade que se introduz no campo prático, a disposição dos acontecimentos vividos referenciados pelos memes produzidos por eles, por exemplo. É interessante destacar que ao priorizar a vinculação com as práticas sociais cotidianas dos estudantes, a atividade estabeleceu um diálogo essencial. Desse modo, a maioria dos estudantes vivenciam muitas vezes ao dia a cibercultura e estão com seus smartphones conectados ou não à internet.

5.2 Os memes produzidos pelos os alunos nas oficinas a partir dos conteúdos