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De acordo com PNAS/2004 e a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais e conforme disposto acima, a proteção social básica tem seus serviços executados no CRAS. Dentre os serviços destaca-se nesse estudo o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), constituindo-se como um complemento ao trabalho realizado com as famílias, a fim de prevenir ocorrência de situações de riscos e vulnerabilidade social.

O SCFV deve ser organizado de modo a ampliar a troca de vivências, fortalecer os vínculos familiares e comunitários, assim como, incentivar a socialização dos participantes.

Serviço realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social. Forma de intervenção social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território. Organiza-se de modo a ampliar trocas culturais e de vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária. Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social. (BRASIL, 2014, p. 16)

Esse serviço possui um caráter preventivo e proativo, deve ser ofertado para garantir as seguranças de acolhida, de convívio familiar e comunitário, proporcionando atividades de lazer, cultura, esportes, dentre outras. Seus objetivos gerais são:

Complementar o trabalho social com família, prevenindo a ocorrência de situações de risco social e fortalecendo a convivência familiar e comunitária; Prevenir a institucionalização e a segregação de crianças, adolescentes, jovens e idosos, em especial, das pessoas com deficiência, assegurando o direito à convivência familiar e comunitária; Promover acessos a benefícios e serviços socioassistenciais, fortalecendo a rede de proteção social de assistência social nos territórios; Promover acessos a serviços setoriais, em especial das políticas de educação, saúde, cultura, esporte e lazer existentes no território, contribuindo para o usufruto dos usuários aos demais direitos; Oportunizar o acesso às informações sobre direitos e sobre participação cidadã, estimulando o desenvolvimento do protagonismo dos usuários; Possibilitar acessos a experiências e manifestações artísticas, culturais, esportivas e de lazer, com vistas ao desenvolvimento de novas sociabilidades; Favorecer o desenvolvimento de atividades intergeracionais, propiciando trocas de experiências e vivências, fortalecendo o respeito, a solidariedade e os vínculos familiares e comunitários [...] (MDS, 2015, p. 11).

Os objetivos gerais do SCFV são voltados à prevenção de ocorrência de situações de riscos e a institucionalização, além de promover acesso a serviços assistenciais e de outras políticas, com a finalidade de fortalecer os laços familiares e comunitários estimulando a convivência e a participação coletiva.

Possui eixos estruturantes, sendo eles a convivência social que é voltada ao fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários e estímulo ao convívio; o direito de ser que tem suas ações direcionadas a vivificar experiências e vivências a partir de cada ciclo de faixa etária e, por fim, a participação que estimula a partir de

atividades ofertadas, a participação dos usuários nas ações desempenhadas em cada grupo.

A equipe técnica deve ser composta por um técnico de referência, profissional de nível superior que integre a equipe do CRAS e, um educador social ou orientador social, que deve possuir no mínimo escolaridade de nível médio, conforme está

disposto na resolução do CNAS nº 09/20148.

Após a aprovação da Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, define-se como público do SCFV todas as faixas etárias, ou seja, crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos. Para tanto, o serviço é organizado a partir de níveis de faixas etárias, de modo a garantir aquisições progressivas, de acordo com cada ciclo de vida.

Para contemplar cada ciclo, o serviço possui especificidades, organizadas em quatro tipos de serviços, com objetivo de prevenir situações de riscos, sendo eles: Crianças ate 6 anos de idade; Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos; Adolescentes e Jovens de 15 a 17 anos; Jovens de 18 a 29 anos; Adultos de 30 a

59 anos; e idosos com idade igual ou superior a 60 anos9.

A inserção da população usuária no SCFV se dá por meio de procura espontânea, busca ativa, encaminhamentos da rede socioassistencial e demais

8 Esta resolução ratifica e reconhece as ocupações e as áreas de ocupações profissionais de ensino

médio e fundamental do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, em consonância com a Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS – NOB-RH/SUAS.

9 PARA CRIANÇAS ATÉ 6 ANOS: Tem por foco o desenvolvimento de atividades com crianças,

familiares e comunidade, para fortalecer vínculos e prevenir ocorrência de situações de exclusão social e de risco, em especial a violência doméstica e o trabalho infantil, sendo um serviço complementar e diretamente articulado ao PAIF.

PARA CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE 6 A 15 ANOS: Tem por foco a constituição de espaço de convivência, formação para a participação e cidadania, desenvolvimento do protagonismo e da autonomia das crianças e adolescentes, a partir dos interesses, demandas e potencialidades dessa faixa etária.

PARA ADOLESCENTES E JOVENS DE 15 A 17 ANOS: Tem por foco o fortalecimento da convivência familiar e comunitária e contribui para o retorno ou permanência dos adolescentes e jovens na escola, por meio do desenvolvimento de atividades que estimulem a convivência social, a participação cidadã e uma formação geral para o mundo do trabalho.

PARA JOVENS DE 18 A 29 ANOS: Tem por foco o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, na proteção social, assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e respeito mútuo, de modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária.

PARA ADULTOS DE 30 A 59 ANOS: Tem por foco o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, desenvolvendo ações complementares assegurando espaços de referência para o convívio grupal, comunitário e social e o desenvolvimento de relações de afetividade, solidariedade e encontros intergeracionais de modo a desenvolver a sua convivência familiar e comunitária.

PARA IDOSOS: Tem por foco o desenvolvimento de atividades que contribuam no processo de envelhecimento saudável, no desenvolvimento da autonomia e de sociabilidades, no fortalecimento dos vínculos familiares e do convívio comunitário e na prevenção de situações de risco social. (BRASIL, 2014, p. 17)

políticas públicas, sua oferta é em especial ao publico prioritário. Dentre os usuários que podem participar destes serviços, há os que estão em situação de risco social, passando assim a ser o publico prioritário.

Art. 3º Considera-se em situação prioritária para inclusão no SCFV, as crianças, adolescentes e pessoas idosas: I - em situação de isolamento; II - trabalho infantil; III - vivência de violência e, ou negligência; IV - fora da escola ou com defasagem escolar superior a 2 (dois) anos; V - em situação de acolhimento; VI - em cumprimento de medida socioeducativa em meio aberto; VII - egressos de medidas socioeducativas; VIII - situação de abuso e/ ou exploração sexual; IX - com medidas de proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA; X - crianças e adolescentes em situação de rua; Legislação – Resolução Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) - 3 XI - vulnerabilidade que diz respeito às pessoas com deficiência. (BRASIL, 2013, p. 2)

É importante salientar que esses usuários sejam motivados a construir suas vidas através das vivências, individualmente ou coletivamente, através de trocas culturais e experiencias vividas, a partir de ações desenvolvidas e desempenhadas em espaços como estes ofertados no SCFV. Pois, estes espaços proporcionam aos usuários atividades que possibilitam a comunicação e trocas de ideias a fim de, construírem vínculos.

De acordo com a Resolução CNAS Nº 109 de 11 de novembro de 2009, algumas provisões são necessárias para a oferta do serviço. O ambiente físico deve possuir salas de atendimentos individualizados, coletivos e comunitárias, além de, iluminação, ventilação, sanitários e privacidade. O SCFV deve ser ofertado em uma unidade física que pode ser de caráter publico ou privado, devendo estar inseridas especialmente no território de abrangência do CRAS, e locais onde haja mais concentração de usuários em situação de vulnerabilidade social.

Este serviço pode ser ofertado no CRAS desde que tenha uma estrutura adequada ou também pode ser realizado em unidades públicas ou privada, vinculadas a entidades de assistência social, desde que estejam inscritos no Conselho de Assistência Social do município.

Segundo a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais, o SCFV deve possuir articulação com o Serviço de Proteção e Atendimento Integral a Família (PAIF), a fim de promover o atendimento às famílias, respeitando a matricialidade sociofamiliar.

A articulação ao PAIF concretiza a matricialidade sociofamiliar do SUAS no âmbito da proteção social básica, ampliando o atendimento às famílias e a seus membros, compreendendo de forma mais abrangente as situações de

vulnerabilidade vivenciadas e, portanto, respondendo com maior efetividade a tais situações. (BRASIL, 2016 p. 10)

O PAIF é um serviço voltado para acompanhar as famílias atendidas no CRAS, tendo como foco fortalecer o papel protetivo das famílias. Já o SCFV é um serviço voltado para os atendimentos dos membros que compõem esta família, a fim de fortalecer os vínculos familiares e comunitários.

Dessa forma, o SCFV serve como um complemento ao trabalho social realizado com as famílias, de modo a prevenir situações de riscos sociais, fortalecendo os vínculos familiares e comunitários. O PAIF realiza trabalho com as famílias e, a partir desde trabalho, identifica a necessidade de seus membros participarem de espaços como o SCFV.

A articulação dos serviços socioassistenciais do território com o PAIF garante o desenvolvimento do trabalho social com as famílias dos usuários desses serviços, permitindo identificar suas demandas e potencialidades dentro da perspectiva familiar, rompendo com o atendimento segmentado e descontextualizado das situações de vulnerabilidade social vivenciadas. O trabalho social com famílias, assim, apreende as origens, significados atribuídos e as possibilidades de enfrentamento das situações de vulnerabilidade vivenciadas por toda a família, contribuindo para sua proteção de forma integral, materializando a matricialidade sociofamiliar no âmbito do SUAS. (BRASIL, 2009, p. 5)

É relevante ressaltar a importância da articulação entre os serviços PAIF e SCFV, pois ambos possuem objetivo comum de fortalecer os vínculos, essa articulação ocorre quando ambos se comunicam. O PAIF ao identificar demanda de vulnerabilidade e encaminhar um usuário ao SCFV deve descrever qual é esta demanda, assumindo assim o papel de acompanhamento familiar.

A articulação entre a rede de serviços socioassistencial é indispensável de modo a integrar outras políticas públicas, resultando em uma rede de apoio as famílias e indivíduos.

A rede socioassistencial é um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, que ofertam e operam benefícios, serviços, programas e projetos, o que supõe a articulação entre todas estas unidades de provisão de proteção social, sob a hierarquia de básica e especial e ainda por níveis de complexidade. (BRASIL, 2004, p. 94)

A rede socioassistencial é uma rede de serviços, programas e projetos que juntos funcionam como um suporte para superação das situações de

vulnerabilidades e efetivação do dever do Estado em proteger os cidadãos, conforme sinalizado nos itens anteriores.

A articulação da rede socioassistencial de proteção social básica viabiliza o acesso efetivo da população aos serviços, benefícios e projetos de assistência social; contribui para a definição de atribuições das unidades, para a adoção de fluxos entre o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) e os serviços de convivência; e promove a gestão integrada de serviços e benefícios, permitindo o acesso dos beneficiários de transferência de renda aos serviços socioassistenciais locais, com prioridade para os mais vulneráveis. (BRASIL, 2009, p. 21)

Desde modo, a articulação entre o PAIF, SCFV, a rede socioassistencial, e outras políticas públicas, funcionam como auxílio, garantindo o acesso a direitos, como a convivência familiar e comunitária. Essa rede é um suporte para os usuários e, facilita seu acesso aos serviços, benefícios e projetos ofertados pela assistência social. A mobilização da rede serve como suporte as famílias e estratégia para evitar a culpabilização ou sobrecarga de responsabilização delas.

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O objetivo da articulação intersetorial é proporcionar a melhoria das condições de vida das famílias, possibilitando o acesso a serviços, especialmente para os que se encontram em situação de maior vulnerabilidade social. Deve favorecer a troca de experiências e a busca de apoio e de soluções para problemas comuns, de maneira a constituir uma rede de proteção social. (BRASIL, 2009, p. 26)

Como discutido anteriormente, a família ainda é vista como a principal responsável pela proteção de seus membros, porém, como provedora de cuidados também necessita ser protegida. Por conta de uma série de fatores que condicionam as famílias ao não acesso aos direitos sociais, levando-as a viver situações de vulnerabilidades e riscos sociais, as crianças e adolescentes acabam sendo violadas da sua condição de cidadania.

Para que essa proteção de fato ocorra é necessário que o Estado exerça seu papel de garantir acesso a direitos, a partir da criação de políticas públicas para atendimento as necessidades sociais e oferta de serviços que ofereçam oportunidade e possibilidades que desenvolvam a autonomia dos indivíduos e famílias, a fim de superar situações recorrentes.

Fortalecer a vida familiar é dar possibilidades nesse contexto de vulnerabilidades que a desagregam; é não reforçar responsabilidades para potencializar as reduzidas ofertas de serviços públicos e privados (mercantil e não mercantil); é não reforçar as relações de dependência dos indivíduos

para com os recursos, serviços e cuidados familiares, mas dar sustentabilidade material e de serviços para que ofereçam proteção aos seus membros, cumprindo funções que a família, em decorrência das contingências sociais, econômicas, políticas e culturais demonstram dificuldade para exercê-la. (CHAGAS, FUCHS, 2017, p. 5)

O SCFV em conjunto com os demais serviços da proteção social básica tem papel importante na vida das crianças e adolescentes, uma vez que nesta fase de suas vidas estão em constante processo de mudanças e de criação de suas identidades. Como já apontado no item 2, após a aprovação do ECA o público infantojuvenil passou a ser considerado como sujeitos de direitos. Além disso, as diferentes legislações que tratam sobre a proteção social reconheceram o direito à convivência familiar e comunitária, reforçando a não institucionalização das crianças e adolescentes.

Nesse sentido, é necessário problematizar os motivos que fazem com que as famílias venham procurar o SCFV, em particular para o público de crianças e adolescentes, uma vez que é objeto de estudo desse trabalho. Um dos motivos mais frequentes seria para não deixar as crianças e adolescentes sozinhos no domicílio, pois os pais precisam trabalhar ou para não deixar os adolescentes ociosos. Muitos usuários por desconhecimento ainda veem o SCFV como contraturno escolar para deixar os filhos enquanto trabalham.

Apesar da política de assistência social projetar o SCFV como serviço complementar ao PAIF e sugerir como público prioritário, principalmente os beneficiários do Programa Bolsa Família e necessariamente não ser preciso realizar atividades todos os dias, a necessidade das famílias é de inclusão de crianças e adolescentes em atividades todos os dias por diversas demandas.

Para a assistência social o SCFV é um complemento ao trabalho realizado no PAIF e, não deve atuar como contraturno escolar que deve ser ofertado pela política de Educação. Porém se a assistência social não der conta desta demanda, de subsidiar as famílias e as famílias vivenciam dificuldades e contradições para garantir esse cuidado, quem fará?. Se as famílias não trabalham ou trabalham e não tem com quem deixar as crianças e os adolescentes principalmente, e acabam deixando-os sozinhos e ociosos, são culpabilizados por suas ações e o Conselho Tutelar é acionado. Desta forma por ninguém se responsabilizar, ocorre que o Estado responsabiliza as famílias, as famílias responsabilizam o Estado e, a política

de assistência não dá conta desta demanda, assim se dá um ciclo que nunca tem fim.

A forma de reprodução de vida cotidiana dos sujeitos por conta do sistema capitalista que produz a desigualdade e escassez de oportunidades faz com que as famílias de baixa renda vivam em situações de vulnerabilidade e riscos sociais.

[...] à medida que a família encontra dificuldades para cumprir satisfatoriamente suas tarefas básicas de socialização e de amparo/serviços aos seus membros, criam-se situações de vulnerabilidade. A vida familiar para ser efetiva e eficaz depende de condições para sua sustentação e manutenção de seus vínculos. (GOMES; PEREIRA, 2014, p. 360).

Essas situações deveriam ser prevenidas por meio de políticas públicas que favoreçam a promoção de espaços para reflexão de suas condições de vida, fomentem suas potencialidades e trabalhem as questões dos diferentes ciclos de vida e assim possam contribuir com seu desenvolvimento. O SCFV pode ser esse espaço privilegiado para o debate de ideias, partilha de vivências, espaço de solidariedade e que possibilitem as articulações e a coletividade, pois é através disso que os sujeitos podem se mobilizar para a reivindicação de seus direitos.

Muitas vezes a oferta deste serviço não ocorre, por conta de algumas divergências, como a falta de profissionais e processos licitatórios, bem como frágil ou inexistente da rede socioassistencial no território. Isso implica na necessidade de os profissionais encaminharem os usuários ao SCFV da rede de serviços do território de abrangência, demandando um aprofundado conhecimento e vínculo institucional com as instituições existentes no território para que possa ser possível estabelecer diálogo entre si, a fim de que trabalhem em conjunto.

Ademais, serviços como o SCFV que são desenvolvidos a partir de atividades coletivas e grupais são significativos, pois é coletivamente na troca de conhecimento que os indivíduos podem atenuar a alienação capitalista, conhecendo sua realidade e seu papel dentro da sociedade. Tornando-se seres pensantes, capazes de transformarem sua realidade e a realidade em que vivem, principalmente na fase em que as crianças e adolescentes estão em pleno desenvolvimento.

A partir de algumas experiencias, como a vivência do campo de estágio e leituras realizadas durante todo período de curso, percebeu-se a dificuldade de se ofertar o SCFV e de articulá-lo de fato com o PAIF. Esta articulação acaba sendo

dificultada, por não ocorrer a referência e contrareferencia, não há uma comunicação entre os serviços internamente e nem com a rede de apoio.

A função de referência se materializa quando a equipe processa, no âmbito do SUAS, as demandas oriundas das situações de vulnerabilidade e risco social detectadas no território, de forma a garantir ao usuário o acesso à renda, serviços, programas e projetos [...]. A contrarreferência é exercida sempre que a equipe do CRAS recebe encaminhamento do nível de maior complexidade (proteção social especial) e garante a proteção básica, inserindo o usuário em serviço, benefício, programa e/ou projeto de proteção básica. (BRASIL, 2009, p. 10)

Desta forma, o atendimento aos indivíduos se torna desqualificado e, suas ações são fragmentadas. Também, há uma dificuldade em articulá-lo por não haver participação das famílias. O PAIF deve trabalhar em conjunto com o SCFV a partir do acompanhamento familiar, e para que se tenha um serviço que realmente traga resultados na vida dos indivíduos, é preciso sua participação, para que assim se tenha um trabalho integral com as famílias. Porém, a não participação das famílias se dá por diversas causas, sendo uma delas a dificuldade das famílias comparecem aos atendimentos e reuniões realizadas, a fim de acompanharem o desenvolvimento das crianças e jovens no SCFV, muitas vezes pelo horário em que as reuniões ou atendimentos são ofertados, já que os CRAS funcionam com horário matutino e vespertino quando a maioria dos indivíduos está trabalhando.

É importante que as famílias se reconheçam como sujeitos de direitos, é necessário que seu protagonismo e autonomia seja trabalhado.

Entende-se que a participação das famílias no acompanhamento familiar pode ser estimulada mediante o desenvolvimento de um trabalho social com famílias de caráter crítico que seja voltado para a construção e fortalecimento do seu protagonismo e autonomia, bem como para o reconhecimento dos seus direitos sociais. (SILVA, 2015, p. 12)

Enquanto as famílias e indivíduos usuários do SUAS, e de serviço como estes citados acima, não perceberem a importância que sua participação tem no controle e melhoria do desenvolvimento das ações desempenhadas, terão cada vez menos investimento em serviços socioassistenciais e políticas públicas que de fato se concretizem. Desta forma o que teremos são serviços mercantilizados com recursos públicos e gestões privada o que acaba acarretando na sua precarização.

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