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A cidade de Jales, como já mencionado anteriormente, surge como fruto da especulação imobiliária e da constituição do mercado de terras, a partir da construção da ferrovia. As cidades que foram fundadas a partir dessa lógica, tiveram a ferrovia e a estação ferroviária como primeira localização de grande importância, e a partir delas, a área urbana se desenvolveu ocupando o espaço ao seu redor. Como as ferrovias seguem as linhas dos espigões, a cidade de Jales, assim como muitas outras, está localizada sobre o espigão, pertencendo a duas bacias hidrográficas, sendo que, aproximadamente 80% da área do perímetro urbano pertencente à bacia hidrográfica do rio Marimbondo, que deságua no rio São José dos Dourados e aproximadamente 20% da área do perímetro urbano, pertence à bacia hidrográfica do ribeirão Lagoa Seca, que se une ao córrego Cascavel e deságua no rio Grande.

A cidade se localiza sobre um grande número de nascentes, que se encontram drenadas e canalizadas. Os córregos são pequenos ribeirões, típicos de áreas de nascentes. Ao sul do município, onde se têm as menores cotas altimétricas, os rios ganham um volume um pouco maior, como é o caso do Córrego Marimbondo.

As maiores cotas altimétricas se localizam nas proximidades do espigão, principalmente, a leste e oeste, onde se encontram os pontos mais altos da área urbana e próximo ao centro da cidade, como pode ser observado na Figura 19.

A cota de menor valor é a de 490 metros, que pode ser observada ao sul do perímetro urbano, onde se nota um razoável número de córregos. A cota de maior valor é a de 635 metros, está localizada no topo a leste, seguida pelo topo a oeste que apresenta 625 metros de altitude. A variação máxima, dentro do perímetro urbano, é de 145 metros, o que é bastante significativo, e um fator que foi levado em consideração na escolha dos pontos de registro de dados.

O município se localiza no Planalto Ocidental Paulista, com formação sedimentar, pertencente à bacia sedimentar do rio Paraná. A forma predominante do relevo são colinas amplas, sendo possível, identificar poucas áreas de morrotes alongados. A cidade de Jales apresenta, dessa forma, um relevo suave com baixa declividade, como pode ser observado na Figura 20.

Nota-se que algumas áreas localizadas a leste e a oeste possuem declividade entre 30 e 40%. Essas áreas estão próximas aos topos mais elevados que apresentam declividade superior a 40%.

__________________________Capítulo 3: Caracterização geoambiental e urbana

__________________________Capítulo 3: Caracterização geoambiental e urbana

130 A partir da hipsometria, foi gerada a carta de orientação das vertentes. Esse mapeamento foi realizado no aplicativo ArcMap24. Para tanto, foi gerada uma imagem

matricial da hipsometria, sendo que, cada pixel da imagem continha o valor da altitude. Essa imagem foi processada através do algoritmo “S8”. Esse processamento calcula a ordem de vizinhança pelos oito vizinhos mais próximos, sendo que, a partir desse cálculo, o aplicativo define a orientação de cada pixel da imagem matricial.

A carta de orientação das vertentes, Figura 21, apresenta o resultado desse mapeamento, com a utilização das oito classes: leste, sudeste, sul, sudoeste, oeste, noroeste, norte e nordeste.

A ressalva que se deve fazer é, em relação, à inexistência de áreas planas no mapa apresentado, isso ocorre porque, mesmo áreas de declive pouco acentuado (declives inferiores a 5%) estão voltadas para uma direção. Dessa maneira, a maior parte do relevo apresenta algum tipo de declive. Entretanto, algumas áreas alteradas pelo homem, como aterros, ou campos de futebol, são planas, porém a identificação desses locais demandaria novo trabalho de campo, para seu mapeamento e extração da altitude, o que seria impraticável nesse trabalho. Destaca-se porém, que na região de Jales, as áreas absolutamente planas foram formadas a partir da intervenção antrópica, sendo pontuais e de baixa ocorrência, o que permite afirmar que a carta de orientação das vertentes apresenta alta precisão.

Através da carta de orientação das vertentes, Figura 21, percebe-se que nas áreas a norte do espigão, as vertentes estão voltadas predominantemente para norte, noroeste e nordeste, representadas em tons de vermelho, seguidas pelas vertentes voltadas para sul, sudoeste e sudeste, representadas em tons de amarelo. Também se observa, com menor intensidade, vertentes voltadas para leste, representadas em azul, e oeste, representadas em verde.

Nas áreas localizadas a sul do espigão, ocorre uma inversão, sendo que, predominam as vertentes voltadas para sul, sudoeste e sudeste, seguidas pelas vertentes voltadas para norte, noroeste e nordeste, leste e por fim oeste.

A orientação da vertente é de extrema importância, pois no hemisfério sul, as vertentes voltadas para norte, recebem maior quantidade de radiação solar do que as vertentes voltadas para sul, o que potencializa seu aquecimento. Essa relação é mais claramente observável nas áreas rurais, já que nos espaços urbanizados, outros

131 elementos como densidade de ocupação, ausência de vegetação e os materiais construtivos interferem no balanço de energia. Os capítulos 6, 7 e 8 apresentam os valores de temperatura do ar e da superfície, que foram relacionados, com a orientação das vertentes, e demonstram que essa relação existe.

Nas áreas urbanas, observa-se que aproximadamente sete espaços com vertentes voltadas para norte, que são eles: conjunto habitacional Arapuã, centro comercial e residencial, além de alguns bairros próximos, Jardim Boa Vista, Vila Inês e bairros próximos, Vila Talma e Parque das Flores.

Todas essas áreas apresentaram aquecimento significativo, que podem ser observados nos capítulos 6, 7 e 8. Porém, outras áreas urbanas, que não estão localizadas sobre vertentes voltadas para norte, também apresentaram formação de ilhas de calor, como é o caso do conjunto habitacional Dercílio J. de Carvalho, por exemplo. Como já mencionado anteriormente, a orientação das vertentes nas áreas urbanas, é um dos elementos que causam influência no clima urbano, de modo que, fatores como densidade de ocupação, ausência de vegetação urbana, materiais construtivos e calor gerado pelas atividades antrópicas, também causam interferências na configuração do clima urbano.

Nas áreas rurais, a relação entre a orientação das vertentes e a temperatura é mais clara, pois, as intervenções antrópicas são menos significativas. Como já mencionado por Monteiro (op cit), o homem pode ser considerado como fator complicador da configuração climática, principalmente, em áreas urbanas.

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Capítulo 4:

Caracterização dos pontos de registro de dados meteorológicos

____Capítulo 4: Caracterização dos pontos de registro de dados meteorológicos

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