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A Religião como Fenômeno Segundo a religião nos Limites da Simples

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2 A Recondução Kantiana da Religião ao Fundamento da Moral

2.2 A Religião como Fenômeno Segundo a religião nos Limites da Simples

A Religião nos Limites da Simples Razão: Um Estudo da Religião pela Razão

A temática mais específica da Religião nos Limites da Simples Razão, apesar de não compor uma de suas críticas, refuta em todo seu conjunto textual o conceito sobre religião, o que possibilita uma nova dimensão hermenêutica dos aspectos pertinentes ao conhecimento do fenômeno religioso em si. No bojo do pensar sobre a religião, em seus dogmas, está contida, de certa forma, uma ideia imediata de que a religião pode ser uma manifestação de algo, ou de alguém, que vive num plano

diferente do nosso, ou seja, um mundo voltado para aquilo em que não podemos ver e interagir a não ser pelo escopo da fé.

Por isso, Kant sustenta uma crítica (1992) que possibilita uma análise da religião mais específico, mais abrangente que o que ensaiou na Critica da Razão Prática, detalhando de forma mais apropriada à redução da religião à moral. A desconstrução da religião em Kant, que é o modelo cristão, aborda a necessidade de termos uma religião desenvolvida pelo homem em sua naturalidade, em seu cumprimento do agir conforme o dever moral. Para que essa naturalidade ocorra, o aspecto transcendente é substituído pela razão47.

O escrito de Kant (1992) em sua temática macro, A Religião nos Limites da Simples Razão, indica de forma bem direta, três grandes conceitos, o de religião, o de limite e o da razão. Essas três premissas correspondem à visão kantiana sobre o aspecto da religião moral, que se dá de forma fenomênica. O que, de certa forma, possibilita ao leitor a conclusão direta, à luz apenas do título de seu tratado, de que a racionalidade do sujeito pode ser limitada na descrição daquilo que poderia ser meramente transcendental.

A simples razão não permite48 vínculos com o transcendente, o que possibilita relações ligadas apenas ao que pode ser medido pelo campo racional. Pensar a religião, nesse redesenho, é dar a ela uma condição de razão, uma possibilidade de ser mensurada como cumprimento prático da moral.

Vale ressaltar que em meio à construção do conjunto que integra os conceitos de religião, limite e razão, está o ser humano em perfeito estado de ação. Alias, é em nome de suas ações que a fundamentação de todos esses elementos se consolida enquanto fenômeno.

Carece notar o fato de que ao entramos em um contato efetivo com o pensamento kantiano, logo identificamos sua preocupação com aquilo que efetivamente é real e é possível de ser mensurado. A razão assim ocupa um lugar significativo, pois é agindo racionalmente que entendemos a crítica kantiana em desqualificar a metafísica como veículo que leva o homem a religião. O homem seria conduzido à religião pela moral e não na busca por uma metafísica, esse argumento

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Correspondência imediata da redução da religião à moral.

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A razão pura em seu uso teórico não permite, mas a razão pura prática sim: Deus, a imortalidade da alma, a liberdade são postulados da razão pura prática e são subsumidos então como princípios efetivos na religião nos limites da simples (finita) razão.

corrobora a advertência feita por Artur Morão (KANT, 1992, p. 09) em seu comentário, como nota do tradutor da obra A Religião nos Limites da Simples Razão. Essa descrição é feita porque Kant critica o processo racional de admissão de uma teologia racional, o que seria admitir como verdade, e não como postulado, a existência de Deus.

Por isso, para que seja garantida a forma de percepção da religião, é necessária uma análise da moral e sua forma de aplicação. Isso porque “[...] a moral de nenhum modo precisa da religião [...] não necessita em geral de nenhum outro fundamento material de determinação [...] de nenhum fim, nem para reconhecer o que seja dever, nem para impelir a que ele se leve a cabo [...]” (KANT, 1992, p. 11 - 12). Iluminada pelo pensamento kantiano, a moral possui uma dimensão sublime, sendo ela o motor do agir humano e condição de possibilidade para prática de todos os deveres.

Assim, o agir pelo dever moral não dá respaldo para a religião de divindade, a moral estabelece vínculos sociais por ser possuidora de uma carga racional. Sem a moral a condição humana de domínio de seu próprio querer (arbítrio) não tem uma noção efetiva acerca do que determina como certo ou errado, não há condição de dirigir uma ação prática que defina o objeto prático da ação. A religião dogmática caracteriza bem essa disposição. Agir fora da moral pode constranger o próprio arbítrio, confundindo os juízos que podem transformar o bem e o mal em estruturas relativas. Um religioso, aparentemente, não consegue pensar por si próprio, está pronto para barganhar com a divindade em função de seus próprios desejos e objetivos que são, em geral, nutridos por uma volatilidade intensa que cooperam em função das mudanças do indivíduo ou em função de desejos de terceiros, modas ou hermenêuticas que reiteram seus desejos pessoais. Um indivíduo que é nutrido pela moral tem seu pensamento primeiro no bem estar coletivo que, de certa forma, poderá garantir o alcance coletivo de um estado de „espírito‟ mais nobre. A característica da moral é o objeto direto dado pela razão. Na moral está à definição de um bem supremo; algo que resulte em uma formação do bem que atue em toda universalidade, sem se dispor ao relativo (KANT, 1992).

Assim, a ação moral define de forma prática o conceito de religião, porém, em conjunto com essa definição há uma divergência entre aquilo que é moral e o que é teórico, entre o que é agir em função do dever moral e o agir em função de um bem

querer da divindade. Dessa forma, cabe observarmos, acerca desses aspectos a forma em que Wood se posiciona:

Kant define religião como o conhecimento de todos os nossos deveres como mandamentos divinos. Essa definição precisa ser comentada em pelo menos três pontos. 1. Kant entende a religião como uma questão de disposição moral, não de conhecimento teórico. Por conseguinte, a definição tem de ser entendida no sentido em que a religião é a disposição moral de observar todos os mandamentos [divinos]. 2. Kant é enfático ao afirmar que, para haver religião, não é preciso haver quaisquer deveres especiais para com Deus; a religião não requer deveres além dos que temos como seres humanos. 3. Kant nega que algum conhecimento teórico da existência de Deus seja exigido pela religião. Isso é natural, já que ele nega que tal conhecimento nos seja possível [...] (WOOD, 2011, p. 487).

Kant em sua obra A Religião nos Limites da Simples Razão, ao aproximar o conceito de cumprimento moral do mandamento divino pode estar, com isso, sendo ele profundo entendedor da fé cristã, ensinando ao seu leitor a forma em que se deve cumprir à legislação moral. O cumprimento moral em fazer o bem deve ser maior que o próprio bem, a ação deverá corresponder à boa vontade do indivíduo e Kant sugere aos seres humanos que cumpram o dever moral como se fosse um dever com a própria divindade. A aproximação, nesse caso, tem a mostrar o juízo de valor que o agente moral deve ter no cumprimento da legislação.

Como existe uma associação que permite o cumprimento moral como cumprimento da vontade divina, não há como termos uma ação movida por uma teoria ou ainda uma disposição ideológica, agir pelo dever é agir imediatamente em função de um bem coletivo.

O comentário de Wood (2011, p. 487) ainda nos indica que a religião não carece de um Deus, isso porque Kant identifica uma religião puramente desdobrada à luz da moral, uma religião reduzida ao cumprimento moral e, por isso, a divindade, se é que ela existe, seria reconhecida apenas na esfera de postulado.

Diante disso, a religião é reduzida a moral, o que não é suficiente para que se compreenda de fato o que ocorre em todo esse processo. Dessa forma, está embaraçada na redução a dificuldade humana que o homem tem, por ventura, em seu um sujeito bom, em agir pela coletividade, em sustentar o imperativo categórico agindo, diuturnamente, segundo princípios a priori (Imperativo Categórico).

Para que possamos compreender a modificação do caráter do homem, à luz de uma religião reduzida á moral, se faz necessário que ele alcance a felicidade e que esta seja mola propulsora de sua condição de implementação do imperativo categórico.

A Redução da Religião à Moral à luz da Religião nos Limites da Simples Razão

A redução da religião à moral é um processo definido por Kant dentro do processo de concepção da moral. Por isso, para que seja possível a demonstração da redução da religião, especificamente, à luz da Religião nos Limites da Simples Razão, se faz a percepção do bem e do mal.

O entendimento sobre o bem e o mal possibilitará, inicialmente, uma condição natural que faz com que o homem seja suficientemente capaz de negar a religião ligada às concepções dogmáticas e se inserir no processo moral.

Costumeiramente, influenciados pela dogmática cristã, afirmamos que a natureza humana, por ser ela pertencente a Deus, é uma natureza que possui relação direta com o bem. A maldade se dispõe sobre aquilo que pode ser percebido como descumprimento desse bem, ação geradora do pecado. O bem seria a forma primeira de concepção do homem, o agir de forma contrária a esse bem pode ser entendido, à luz Cristã, como uma transgressão ao bem. Vejamos como Kant se posiciona acerca disso:

A proposição “o homem é mau”, segundo o que precede, nada mais pode querer dizer do que: ele é consciente da lei moral e, no entanto, acolheu na sua máxima a deflexão ocasional a seu respeito [...] Ora visto que esta própria inclinação se deve considerar como moralmente má, portanto, não como disposição natural, mas como algo que pode ser imputado ao homem, e, consequentemente, deve consistir em máximas do arbítrio contrárias à lei; estas, porém, por causa da liberdade devem por si considerar-se como contingentes, o que por seu turno não se coaduna com a universalidade deste mal, se o supremo fundamento subjectivo de todas as máximas não estiver, seja como se quiser, entretecido na humanidade e, por assim dizer, nela radicado: podemos então chamar a esta propensão uma inclinação natural para o mal, e, visto que ela deve ser, no entanto, sempre autoculpada, podemos denominá-la a ela própria um mal radical inato (mas nem por isso menos contraído por nós próprios) na natureza humana (KANT, 1992, p. 38).

Diante da descrição de Kant é possível à percepção de o homem é capaz de optar pela deflexão da lei moral. Cabe ao homem a manifestação, e até mesmo a construção, daquilo que pode ser nutrido como bem ou com mal. A sociedade

formula aquilo que é moral para ela, segundo sua particularidade. Essa caracterização só é possível porque em uma sociedade não é possível que haja uma fuga daquilo que é formulado como estrutura universal. A consciência que o sujeito possui acerca da lei moral é definidora de seu caráter social e construída desde antes de seu nascimento e perpetuado muito após a sua morte. A noção moral, por assim dizer, é uma condição natural em que os seres humanos estão dispostos e atuantes em seu dia-a-dia. A proposta universal de ação não permite, por ter em seu bojo a totalidade em forma de imperativo categórico, uma transformação ou ruptura, cabe ao homem o efetivo cumprimento da lei moral.

É por isso que a descrição de que o homem é mau, conforme narrativa kantiana, entende como maldade a atividade humana de descumprimento da legislação moral. O mal, dessa forma, mesmo estando no homem, não possui sua totalidade no conjunto humano.

O interessante dessa descrição é que nela está a fundamentação primeira da redução da religião à moral. Para isso precisamos identificar algumas características e compará-las às propostas religiosas, entendidas, nesse caso, como a doutrina da religião cristã. Para isso, é pertinente a observação do quadro abaixo, construído por meio das descrições kantianas (KANT, 1992):

Religião Cristã Religião Moral

Divindade Deus (absoluto) Deus (postulado)

Concepção Empirismo Razão Prática

Ação do sujeito Vontade de Deus – Escritura Sagrada; Lei Moral – Imperativo Categórico;

Mal Descumprimento da Vontade de Deus – Pecado;

Descumprimento das Máximas Universais – Lei Moral;

Bem Cumprimento do que se Entende como Vontade de Deus;

Cumprimento da Lei Moral e Ação pelo Imperativo Categórico;

Objetivo Paraíso; Felicidade: Reino de Deus na Terra

Formulação da ação humana

Verdade dogmática (Revelação); Construção Racional (Coletiva);

A tabela descreve a importância de cada conceito e os leva a um patamar de comparação, permitindo um juízo específico acerca de cada um dos itens

mensurados. Assim, cabe ao ser humano o entendimento do campo em que atua, sua lógica, sua avaliação conceitual, seu desenvolvimento enquanto agente passivo ou ativo e suas inclinações: sociais ou religiosas. A religião reduzida à moral permite ao ser humano uma existência mais cooperativa e ligada, sobretudo, aquilo que pode efetivamente mensurar.

A Redução da Religião à Moral à luz da Religião nos Limites da Simples Razão: A Divindade como uma Proposta Racional

A descrição no campo kantiano da divindade é uma descrição bastante tênue, isso porque Kant sempre teve uma preocupação significativa em não gerar descrédito sobre a existência ou não de Deus. Kant (1992), em sua obra A Religião nos Limites da Simples Razão, reitera essa preocupação e ainda faz com que o seu leitor seja conduzido à vivência de sua história.

Kant é oriundo de uma educação de força racionalista e pietista, descrever a real possibilidade de existência de Deus, ou não, poderia trazer certo desconforto e constrangimento ao filósofo de Königsberg. Por isso, Kant é inserido em um horizonte meramente antropológico49, o que faz com que doutrinas dogmáticas tenham valor mínimo. Só para ilustrar, a doutrina da Trindade possui nas ideias de Kant uma plena irrelevância, isso porque sua maior caracterização é saber acerca do papel da razão (suprema exegeta). É assim que a razão se identifica, como algo impregnado de simplicidade e com a ideia da humanidade situada, em Deus, desde a eternidade em toda a sua perfeição moral (KANT, 1992, p. 04).

Por isso, o caminho que Kant escolhe para que Deus efetivamente atue enquanto possibilitador moral seria na criação da religião moral. A condição de possibilidade que permite ao homem racional verificar a existência de Deus, em seu conjunto de ações, pode ser reiterada entendendo Deus como causa suprema da natureza em sua vastidão, isso utilizando a natureza como elemento pleno de verificação dela como ação direta de um bem supremo. Deus seria o postulado que possibilitaria a derivação das ações de um bem maior.

É, aparentemente, claro que dentro da proposta moral a promoção de um bem supremo indicaria uma disposição em direção a virtude. Assim, fora da visão de

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Para essa descrição o conceito antropológico tem simples tradução e se remete a tentativa de pôr o ser humano como centro de todas as atividades no qual atua.

Kant, Deus pode ser reconhecidamente pregado como um artifício possibilitador de equilíbrio social e, entre todas as formas de ação, em direção ao bem. Seria Deus o „gestor‟ possível frente a uma sociedade aglutinada sobre a virtude da ética (KANT, 1992, p. 99).

A condição de existência de um bem supremo só é possível diante de sua vinculação à ideia de Deus, pois seria Deus o responsável pela conexão entre aquilo que se tem como dever e a própria legislação moral. Pensar sobre uma legislação moral é, de certa forma, reiterar a ideia de um legislador, daquele que possibilita um método de análise, algo que dê a medida correta do juízo que uma sociedade necessita para o seu cumprimento moral.

Kant (1992, p. 105), assim, permite a percepção de Deus que desobriga os seres humanos de vê-lo como o fundador de obrigações (dever) cegas e sem vínculo com a razão (dogma). A definição de Deus é uma definição que o estabelece como sumo bem, sem que ele deixe de ser apenas um postulado. Por isso, se existe no conceito de Deus (bem supremo) alguma forma de obrigação (dever), ele seria o de promoção do bem supremo como possibilidade coletiva no mundo, algo que pode ser postulado, o que indica que para essa possibilidade o campo do pressuposto ainda é maior que o racional.

Ainda assim, carece nota a prerrogativa de que para o conceito de Deus, efetivamente relacionado à redução da religião à moral, existe a prerrogativa de existência de uma igreja. Se Deus só pode ser concebido como postulado, como um pressuposto existencial, a igreja já se estrutura - vinculada ao bem supremo (Deus) - como representante moral da divindade, por isso, “[...] a verdadeira igreja é aquela que representa o reino (moral) de Deus na Terra, tanto quanto isso pode acontecer através dos homens [...]” (KANT, 1992, p. 107).

Deus, assim como postulado, se manifesta na necessidade e no cumprimento dos deveres morais e, principalmente, na capacidade de se conceber um bem supremo universal. Por isso, sua manifestação está ligada ao processo de concepção racional do homem. Assim, podemos enxergar Deus como um possível ato de ilusão da razão pura, se assentando, de forma prática, ao postulado de agente moral.

A razão por si só, nos moldes kantianos, não permitiria uma construção ligada ao transcendente, por isso a ação de Deus não pode se dar além do passo da redução da religião à moral. Deus, dessa forma, não pode ter suas ações limitadas a

um campo vago, de ação limitada pela sua estrutura que se mostra sem forma. Mesmo assim, embora não se saiba, em Kant, se é possível provar a existência de Deus, o que se sabe é que sua existência como postulado já é suficiente para que se apontem os caminhos em direção à construção de uma sociedade que apresenta Deus como bem supremo.

O bem supremo, na forma de Deus, é responsável pelos ditames de toda legislação moral e ainda é elemento de culto da religião da razão, que busca, dentre outras questões, a virtude (cumprimento do bem) de sua comunidade e, principalmente, a felicidade.

A Redução da Religião à Moral à luz da Religião nos Limites da Simples Razão: O Objetivo da Religião e a Formulação da Ação Humana

A religião kantiana, notadamente, se apresenta como concepção da razão. A razão se mostra como faculdade superior de intermediação das relações a priori. A religião em Kant (1992) não tem como pano de fundo o doutrinamento empírico, pois se estabelece nos limites da razão, o que pode ser uma forma de descrição no todo de uma razão pura. Por conta de Kant há uma singularidade entre a religião da razão e aquele que seria vinda ao campo do racional por meio de uma revelação. Na fala de Kant:

Religião racional e erudição escriturística são, pois, os intérpretes e depositários genuínos e competentes de um documento sagrado [...] intérprete, que não necessita nem da razão, nem da erudição, mas só de um sentimento interno, para conhecer o verdadeiro sentido da Escritura e, ao mesmo tempo, a sua origem divina. Ora, não se pode negar que “quem segue a doutrina da Escritura e faz o que ela prescreve descobrirá, sem dúvida, que ela é de Deus", nem que o próprio impulso para as boas ações e para a honradez na conduta, que o homem que a lê ou ouve a sua exposição, o deve persuadir da sua divindade; porque tal impulso nada mais é do que o efeito da lei moral que enche o homem de um íntimo respeito – lei moral que, por isso, se deve igualmente considerar como mandamento divino [...] (KANT, 1992, p. 119).

A doutrina kantiana descreve a questão da erudição como uma forma de manter o sujeito, movido em suas ações, por uma lei doutrinária, essa condição faz com que o sujeito se torne dependente moral da religião. É por isso que a prerrogativa de interpretação e de depositário, conforme descrição kantiana, faz com

que a religião seja o auge das hermenêuticas de um grupo que convive com a mesma estrutura moral.

A moral, por ser uma condição racional de adequação da hermenêutica religiosa, faz com que o ser humano seja um conector da relação entre a lei moral e a própria divindade. Por isso, a religião revelada, ou seja, aquela que tem Deus como ditador de uma doutrina, pode ter em seu bojo de concepção a religião da razão, sendo que uma conjuntura voltada para o racional não admite a historicidade (conteúdo histórico) de uma religião revelada.

Basta saber que o processo que nutre a religião, de base na revelação, é o mesmo que faz com que o ser humano formule imperativos categóricos para

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