• Nenhum resultado encontrado

3. REVISÃO DE LITERATURA

5.3. CARACTERÍSTICAS DOS EFLUENTES DOS SACS CULTIVADOS COM

5.3.6 Remoção de DBO

Os valores referentes as médias das concentrações da demanda bioquímica de oxigênio (DBO) afluente e efluentes dos SACs-EHSS e as eficiências, não corrigidas e corrigidas em relação às perdas de água devido à evaporação/evapotranspiração, estão apresentados na Tabela 27. Verifica-se que a concentração de DBO afluente foi reduzida, considerando-se as perdas hídricas no sistema, entre 81,7% e 85,2% em todos os SACs avaliados.

Observando-se os dados apresentados na tabela, verifica-se que houve diferença significativa (p >0,05) entre as eficiências de remoção corrigida da DBO, apresentando os SAC cultivado com capim-vetiver eficiência superior às obtidas no SAC controle.

Tabela 27:Valores médios de concentração afluente e efluentes, coeficientes de variação e de eficiências, não corrigidas e corrigidas em relação às perdas de água por evaporação/evapotranspiração, na remoção da DBO, nos SACs cultivados com

capim-tifton 85 e capim-vetiver e no SAC controle. SAC DBO afluente (mg L-1) DBO efluente (mg L-1) Eficiência na remoção (%) Eficiência na remoção corrigida (%)

SAC-EHSSV 207 34 (b) 84 (a) 85 (a)

SAC-EHSST 207 35 (b) 84 (ab) 84 (ab)

SAC-EHSSC 207 38 (a) 81 (b) 82 (b)

CV (%) _____ 5,99 2,21 2,13

As médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem estatisticamente entre si, a 5% de significância, pelo teste de Tukey.

Em que: SAC-EHSSV=Sistema alagado construído cultivado com capim-vetiver; SAC-EHSSC= Sistema alagado construído controle; e SAC-EHSST=Sistema alagado construído cultivado com capim-tifton 85.

Çakir et al. (2015), avaliando o desempenho de SACs-EHSS cultivados com junco (Phragmites australis), no tratamento de esgoto doméstico, na Turquia, obtiveram eficiências de remoção não corrigida entre 49,1 e 64,9 % de DBO. Solano

et al. (2004), alcançaram valores de remoção no segundo ano de operação dos

sistemas de 92% em SACs-EHSS cultivados com Typha sp. e 93% nos cultivados com Phragmites sp., no tratamento de esgoto bruto. Matos et al. (2010a) variando a TCO de 66 a 570 kg ha-1 d-1 de DBO, obtiveram valores de eficiência não corrigidas superiores a 85% de DBO, em SACs-EHSS cultivados com as forrageiras capim-

68

tifton 85 e capim-napier. Novamente, verifica-se ter consideráveis eficiências de remoção proporcionadas pelo tratamento do esgoto doméstico nos SACs.

O melhor desempenho dos SACs cultivados com capim-vetiver, em relação à unidade controle, no que se refere à remoção de DBO, pode estar associado à remoção da fração particulada menos recalcitrante, retida no substrato e nas raízes fasciculadas desta espécie e, à maior eficiência na degradação do material orgânico, proporcionada pelo desenvolvimento de maior e mais diversificada população de microrganismos, no meio. Graças à capacidade de transferir o oxigênio aéreo para as raízes e rizomas, através de tecidos parenquimatosos (aerênquima), uma adaptação para sobreviver às condições alagadas, e à maior área superficial fornecida pelas raízes para a formação do biofilme, tem-se o favorecimento do metabolismo da comunidade heterotrófica.

Para que as plantas se adaptem melhor às condições de cultivo em SACs, elas precisam aumentar a capacidade de transferir o oxigênio aéreo para as raízes e rizomas, através de tecidos parenquimatosos (aerênquima), favorecendo-se, assim, processos aeróbios de degradação da matéria orgânica presente no meio. Dessa forma, em geral, a remoção de matéria orgânica em SAC cultivado com capim- vetiver está associada à maior área superficial fornecida pelas raízes para a formação do biofilme, o qual é responsável pela degradação desse material.

Dornelas (2008) obteve eficiência corrigida de remoção de DBO maior no SAC cultivado com Thypha latifolia (62%) que na unidade não vegetada (54%). Em contrapartida, em estudo realizado por Matos et al. (2010a), ao avaliarem o comportamento dos três SACs no tratamento de ARL, submetidos à a diferentes TCOs, verificou-se não haver diferença significativa entre os SACs vegetados e o SAC sem vegetação, em relação a remoção de DBO. No entanto, de forma geral, todos os SACs apresentaram excelentes resultados de eficiência de remoção não corrigida de DBO, com média mínima de 78,5 % e máxima de 96,3 %. Estudos realizados por Matos et al. (2010b) no tratamento de ARS, também não indicaram diferenças significativas na remoção de DBO nos SACs-EHSS cultivados com alternanthera, taboa e capim-tifton 85 e nos SACs não cultivados, tendo eficiências de remoção não corrigida entre 84 e 88%. De forma semelhante, Mendonça et al. (2015), também não observaram diferença significativa entre leitos cultivados com

69

taboa, lírio e não plantados, no tratamento da ARL. Segundo esses autores, os resultados confirmam que a remoção é fruto primordialmente de mecanismos físicos e microbiológicos, para DBO particulada e DBO solúvel, respectivamente, argumentação dos autores que, na verdade, não explica os resultados. Novamente, pode-se atribuir à liberação de compostos orgânicos, as observações dos outros trabalhos. Outra questão relevante é a carga orgânica aplicada nos reatores.

A concentração média afluente e os valores efluentes de DBO dos três SACs, em cada amostragem, estão apresentados na série temporal da Figura 14.Seguindo mesma tendência das variáveis analisadas anteriormente, há pequenas variações da concentração efluente, ao contrário das características do esgoto sanitário, que apresenta grande coeficiente de variação, indicando que o sistema é pouco sensível as variações de carga aplicada.

Figura 14: Série temporal dos valores de DBO no afluente e nos efluentes dos SACs-EHSS.

A relativamente baixa variabilidade nos valores da DBO dos efluentes pode ser atribuída, da mesma forma como já discutido em relação à DQO, à maturação do biofilme e sua adaptação às características do efluente, com o tempo de operação dos SACs.

Embora o SAC controle tenha tido eficiências inferior ao SAC-EHSSV, as características dos efluentes apresentaram excelente qualidade, em termos de DBO5, visto que, em todo o período de monitoramento, as concentrações finais permaneceram sempre abaixo dos padrões estabelecidos (≤ 60 mg L-1) para o

18 68 118 168 218 1 16 31 46 61 76 91 106 121 136 151 DB O (mg L -¹) Perídodo de monitoramento

70

lançamento de efluentes no estado de Minas Gerais (DN conjunta COPAM-CERH n° 01/2008).