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7 As comparações internacionais, que envolvam áreas do conhecimento da titulação de graduados, mestres e doutores ou de seus programas, ficam comprometidas ou muito dificultadas pelo fato de a classificação padrão internacional ser diferente

4.2.6. Remuneração de mestres e doutores por região

A tabela 4.11 e os gráficos 4.20 e 4.21 apresentam como variam as remunerações médias mensais de mestres e doutores em reais a valores correntes do ano de 2010, por região geográfica. A mais ele- vada remuneração mensal de mestres ocorre na região Centro-Oeste (R$ 6.955,70) e a menor é a da região Sul (R$ 5.588,03). A diferença entre as remunerações dessas duas regiões é de 19,66%. A região Nordeste apresenta remuneração média mensal de mestres (R$ 5.779,16) similar à da região Sul. No entanto, as remunerações dos mestres nas regiões Sudeste (R$ 6.706,04) e Norte (R$ 6.314,66) ficam mais próximas da remuneração mais elevada, que ocorre na região Centro-Oeste (R$ 6.955,70). Curiosamente, a mesma região Sul, que tem a menor remuneração de mestres, é onde ocorre a maior remuneração de doutores (R$ 9.454,03). A região Norte apresenta a menor remuneração mé- dia de doutores (R$ 7.902,38). Essa remuneração é 16,41% menor do que da região Sul. As remunera- ções mensais médias dos doutores das demais regiões variam nesse intervalo.

Tabela 4.11. Remuneração média mensal de mestres e doutores

por região geográfica, Brasil, 2010 (R$ de 2010)

Regiões Mestres Doutores

Total Homem Mulher Total Homem Mulher

Brasil 6.392,07 8.037,68 4.664,73 8.627,17 9.956,83 6.821,98 Norte 6.314,66 6.928,52 5.679,86 7.902,38 8.461,26 7.129,56 Nordeste 5.779,16 7.144,49 4.496,46 8.102,02 8.827,04 7.136,57 Sudeste 6.706,04 8.466,17 4.728,60 8.526,62 9.840,47 6.769,89 Sul 5.588,03 7.206,61 4.032,96 9.454,03 11.658,11 6.418,34 Centro-Oeste 6.955,70 8.588,81 5.350,58 8.997,61 10.075,66 7.355,03

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

Notas: A população tomada como referência é aquela formada pelas pessoas com dez ou mais anos de idade. A remuneração mensal refere-se à soma das remunerações recebidas no trabalho principal e nos demais trabalhos.

Gráfico 4.20. Remuneração média mensal de mestres por região, Brasil, 2010 (R$ de 2010)

6.314,66 5.779,16 6.706,04 5.588,03 6.955,70 6.392,07 0,00 2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

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Gráfico 4.21. Remuneração média mensal de doutores por região, Brasil, 2010 (R$ de 2010)

7.902,38 8.102,02 8.526,62 9.454,03 8.997,61 8.627,17 0,00 2.000,00 4.000,00 6.000,00 8.000,00 10.000,00 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

Nota: A linha vertical indica a remuneração média mensal de doutores no Brasil como um todo.

Três fatos relevantes emergem com nitidez da análise das diferenças de remunerações médias de ho- mens e mulheres, que são mestres e doutores (apresentadas na tabela 4.11 e nos gráficos 4.22 e 4.23). O primeiro, já observado para o país como um todo, é a grande diferença existente entre as remu- nerações de homens e mulheres. Mesmo nesses dois níveis mais elevados de instrução, as mulheres recebem remunerações muito inferiores às dos homens. Entre os mestres, as mulheres recebiam remuneração média mensal 41,96% inferior a dos homens, enquanto que, entre os doutores, essa diferença era de 31,48%. O segundo fato é a elevada amplitude dos diferenciais em desfavor das mu- lheres entre as regiões. Na região Sul, por exemplo, a remuneração média das mulheres mestres ou doutoras chega a ser de apenas um pouco mais do que a metade da dos homens as mulheres rece- bem cerca de 44% menos do que os homens.) Na região Norte, a diferença da remuneração das mu- lheres mestres ou doutores, é de apenas cerca de metade da diferença prevalecente no Brasil como um todo. Naquela região, as mulheres mestres recebem apenas 18,02% menos do que os homens e, entre as doutoras essa diferença é de apenas 15,74%. O fato de a diferença ser muito maior entre as regiões de maior desenvolvimento relativo emerge como surpresa revelada por essas evidências.

Gráfico 4.22. Diferença entre a remuneração média mensal de mestres mulheres em relação a dos homens

por região, Brasil, 2010 (%)

-18,02 -37,06 -44,15 -44,04 -37,70 -41,96 -50,00 -40,00 -30,00 -20,00 -10,00 0,00 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

Nota: A linha vertical indica a diferença percentual existente entre a remuneração média mensal dos mestres que são mulheres em relação a dos que são homens no Brasil como um todo.

Gráfico 4.23. Diferença entre a remuneração média mensal de doutores mulheres em relação a dos homens

por região, Brasil, 2010 (%)

-15,74 -19,15 -31,20 -44,95 -27,00 -31,48 -50,00 -40,00 -30,00 -20,00 -10,00 0,00 Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

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4.2.7. Mestres e doutores por setor de atividade

A tabela 4.12 apresenta como a população de mestres e doutores identificada pelo Censo de 2010 se distribuía pelos 21 setores ou seções da Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE- Domiciliar 2.0 – (IBGE 2010) nos quais eles trabalhavam. Obviamente, essa distribuição refere-se apenas aos indivíduos ocupados e, portanto, não inclui os desempregados e os inativos. Ademais, também é interessante ter em mente o fato de que essa distribuição não depende da posição na ocupação ou da situação no emprego, que será tratada na próxima subseção deste capítulo. Em ou- tras palavras, essa distribuição de mestres e doutores pelas seções da CNAE refere-se a empregados com ou sem carteira de trabalho assinada, funcionários públicos, militares, trabalhadores na produ- ção para próprio consumo e, também, a pessoas que trabalham por conta própria ou trabalhavam sem remuneração e aos empregadores.

Tabela 4.12. Distribuição de mestres e doutores ocupados pelas seções

da classificação nacional de atividades econômicas (CNAE), por região, Brasil, 2010. (%)

Seções da CNAE Mestres Doutores Br as il C ent ro - O es te N or de st e N or te Su de ste Sul Brasil C ent ro - O es te N or de st e N or te Su de ste Sul Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

A Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura 0,99 1,27 1,03 0,86 0,81 1,44 0,62 0,87 0,44 1,15 0,49 1,03 B Indústrias extrativas 1,05 0,04 1,01 0,98 1,45 0,34 0,57 0,08 0,55 0,72 0,77 0,05 C Indústrias de transformação 4,98 1,69 2,33 1,38 6,43 5,05 2,39 0,45 1,22 1,43 3,17 1,70 D Eletricidade e gás 0,57 0,29 0,58 0,29 0,58 0,71 0,28 0,20 0,20 0,14 0,37 0,13 E Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e

descontaminação 0,36 0,34 0,41 0,22 0,38 0,32 0,20 0,17 0,27 0,00 0,17 0,30

F Construção 1,61 1,40 1,62 1,58 1,70 1,43 0,63 1,11 0,57 1,06 0,64 0,36

G Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas 3,72 2,33 2,82 3,06 4,12 4,05 2,00 1,02 1,51 2,36 2,19 2,15 H Transporte, armazenagem e correio 0,96 1,35 0,47 0,58 1,08 0,81 0,46 0,42 0,26 0,72 0,55 0,26 I Alojamento e alimentação 0,57 0,32 0,44 0,50 0,62 0,67 0,18 0,17 0,40 0,00 0,17 0,08 J Informação e comunicação 2,90 2,20 2,02 1,66 3,40 2,67 1,10 0,53 0,60 0,00 1,40 0,95 K Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados 3,32 4,27 2,12 1,67 3,82 2,53 1,20 1,35 0,75 0,40 1,51 0,55 L Atividades imobiliárias 0,39 0,26 0,31 0,00 0,51 0,23 0,18 0,00 0,10 0,00 0,24 0,15 M Atividades profissionais, científicas e técnicas 10,43 7,88 7,62 10,14 11,97 9,25 9,27 7,94 5,78 10,03 10,68 7,63 N Atividades administrativas e serviços complementares 1,28 0,89 0,74 0,96 1,63 0,89 0,62 0,37 0,32 0,00 0,80 0,46 O Administração pública, defesa e seguridade social 12,88 27,43 15,69 18,19 10,06 10,54 9,90 17,84 11,94 16,40 8,68 7,24 P Educação 33,27 30,23 44,00 38,71 28,73 39,60 49,14 49,12 58,44 43,59 43,87 61,55 Q Saúde humana e serviços sociais 11,79 9,21 11,11 10,01 12,51 11,84 15,13 9,52 12,05 17,90 17,31 11,94 R Artes, cultura, esporte e recreação 0,96 0,50 0,64 0,85 1,12 1,02 0,53 1,10 0,32 1,16 0,57 0,19 S Outras atividades de serviços 1,37 1,54 1,18 2,02 1,29 1,53 0,88 1,22 0,65 0,07 0,95 0,87 T Serviços domésticos 0,15 0,18 0,16 0,31 0,13 0,14 0,09 0,00 0,03 0,00 0,11 0,12 U Organismos internacionais e outras instituições

extraterritoriais 0,08 0,28 0,00 0,00 0,06 0,10 0,04 0,39 0,00 0,00 0,02 0,00 Atividades maldefinidas 6,37 6,09 3,70 6,05 7,60 4,83 4,59 6,15 3,61 2,87 5,35 2,28

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaborado pelo Núcleo de RHCTI do CGEE com base nos resultados da amostra do Censo 2010.

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Como fica fácil perceber pelo exame do gráfico 4.24, o trabalho de mestres e doutores é muito concentrado em alguns poucos setores de atividade econômica. As quatro seções que mais traba- lham mestres – “educação”; “administração pública, defesa e seguridade social”; “saúde humana e serviços sociais” e “atividades profissionais, científicas e técnicas” – empregam 68,37% dos mestres. Os demais 31,63% dos mestres trabalham nas outras 17 seções em que se classificam as atividades econômicas. A concentração, no caso deles, é maior ainda. Nas quatro seções onde mais trabalham doutores, trabalham 83,43% dos doutores, restando apenas 16,57% para as demais 17 seções. As qua- tro seções que mais empregam doutores são as mesmas que mais empregam mestres. Há apenas uma alteração na ordem dos setores que mais ocupam doutores e mestres. Administração pública alterna posições com saúde humana e serviços sociais. Saúde humana e serviços sociais é a terceira seção que mais emprega mestres, e a segunda que mais emprega doutores. Administração pública é a segunda entre os mestres e a terceira entre os doutores.

Outro aspecto para o qual vale pena chamar atenção refere-se à proporção de mestres e douto- res que trabalham na indústria de transformação. A indústria de transformação é um setor chave para o desenvolvimento e a difusão da inovação tecnológica em todos os setores da economia de acordo com a literatura especializada.8 Por isso, é muito importante a presença de profissionais alta- mente qualificados nesse setor, especialmente daquele tipo de profissional cuja qualificação requer o desenvolvimento e a demonstração de capacidade de realização de pesquisa original, que são os doutores. De acordo com o Censo de 2010, encontravam-se trabalhando naquele ano na indústria de transformação brasileira 4,98% dos mestres e 2,39% dos doutores. A proporção de mestres é mais de duas vezes superior à de doutores. De qualquer forma, as duas proporções ainda parecem ser relativamente reduzidas.

A estimativa do Censo sobre a proporção de doutores que trabalhavam na indústria de transforma- ção (2,39%) é, no entanto, bem superior à obtida pela análise do emprego em 2008 dos titulados no Brasil no período 1996-2008 (1,29%), que foi publicada no capitulo 3 do livro Doutores 2010 (VIOTTI et al. 2010, p. 220). Dois fatores fornecem prováveis explicações para essa diferença. O primeiro, refe- re-se à possibilidade de a estimativa do livro Doutores 2010 ter subestimado a proporção dos douto- res empregados na indústria de transformação em razão do fato de ter utilizado dados de emprego da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A RAIS não capta informações sobre os empre- gados sem carteira assinada, os que trabalham por conta própria, os trabalhadores na produção 8 Veja a esse respeito, por exemplo, SCHERER 1984.

para próprio consumo, e também a pessoas que trabalham sem remuneração, assim como parece captar apenas parcialmente informações sobre empregadores.9 É possível que uma boa proporção de doutores enquadrados nessas categorias de emprego ou de posição na ocupação estejam traba- lhando no setor da indústria de transformação. Outra provável causa daquela diferença pode estar relacionada com a possível existência de um padrão de migração de setores de atividade ao longo da carreira dos doutores. Parece ser razoável crer que uma grande proporção dos doutores comece suas vidas profissionais pela academia (educação) ou pela administração pública e que, na medida em que evoluam em suas carreiras, acabem sendo atraídos em maior proporção para a indústria de transformação, especialmente depois de se aposentarem na academia ou no setor público. Como o Censo capta informações sobre uma população de doutores de faixa etária mais elevada que in- cluem os titulados antes de 1996, é provável que o Censo acabe estimando uma maior proporção de empregados na indústria de transformação. Corrobora essa possibilidade o fato de as estimativas de doutores empregados nos setores educação e administração pública do Censo serem inferiores às do livro Doutores 2010.10

9 A título de comparação, vale a pena lembrar que o universo total de empregos formais identificados pela RAIS 2010 foi de 44

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