• Nenhum resultado encontrado

O repouso semanal remunerado é uma garantia constitucional (art. 7°, XV, da Constituição Federal) inerente a todo trabalhador. O art. 1° da Lei 605/1949 prevê que todo empregado tem direito ao repouso semanal remunerado de 24 horas consecutivas, preferencialmente aos domingos e, nos limites das exigências técnicas das empresas, nos feriados civis e religiosos de acordo com a tradição local.

Mauricio de Figueiredo enseja:

Além disso, a própria lex desportiva contempla o direito ao repouso semanal remunerado ao atleta profissional. Contudo, não poderá ser preferencialmente aos domingos, pois neste dia, quase invariavelmente, são disputadas partidas de futebol. Não se trata de uma exclusividade nacional, mas sim de um hábito mundial, pois é neste dia que as pessoas comparecem aos estádios e principalmente, assistem às partidas em suas residências.

(VEIGA, 2020, p.262)

A Lei Pelé em seu art.28, IV estabelece:

IV- repouso semanal remunerado de 24 (vinte e quatro) horas ininterruptas, preferencialmente em dia subsequente à participação do atleta na partida, prova ou equivalente, quando realizada no final de semana.

Ou seja, o atleta tem direito ao repouso semanal remunerado, que em regra é concedido no dia posterior a partida disputada. Insta salientar, a existência de sanções aos empregadores que não concedem o repousou semanal remunerado.

Estas sanções estão dispostas no art. 12 da Lei n. 605/1949.

3.4.5 – FÉRIAS

Férias são o período do contrato de trabalho em que o empregado não presta serviços, mas aufere remuneração do empregador, após ter adquirido tal direito no decurso de 12 meses. Corresponde a um direito legalmente assegurado pelo Estado, e visa assegurar a incolumidade física e mental do trabalhador.

51 Desde do ano de 1961 o instituto jurídico das férias já era atribuído ao atleta profissional de futebol. Sendo ratificado pelo Decreto n. 53.820/1964, a qual estabelecia em seu art. 6°:

O período compreendido entre 13 de dezembro e 7 de janeiro, inclusive será considerado recesso obrigatório para todos os atletas profissionais de futebol vinculados às associações desportivas sediadas no país, sendo vedado no seu decurso, a realização de treinos, a disputa de partidas esportivas e quaisquer outras atividades equivalente inclusive embarque de delegações para o exterior.

Tal direito é tutelado constitucionalmente no inciso XVII do art. 7° da Constituição Federal, a qual estipula o gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos um terço a mais do que o salário normal. A CLT estabelece o período aquisitivo e o período concessivo para o gozo das férias.

Todavia, em se tratando do atleta profissional de futebol não há que se falar em período aquisitivo e concessivo de 12 meses, vez que as férias do atleta devem coincidir com o recesso das atividades desportivas. Conforme disposto no art.28, § 4°, inciso V, segue redação:

§ 4º Aplicam-se ao atleta profissional as normas gerais da legislação trabalhista e da Seguridade Social, ressalvadas as peculiaridades constantes desta Lei, especialmente as seguintes:

(...)

V - férias anuais remuneradas de 30 (trinta) dias, acrescidas do abono de férias, coincidentes com o recesso das atividades desportivas;

Dessa forma, não é aplicado os artigos 130 e 136 da CLT. Sendo assim, mesmo que o atleta tenha sido contratado no meio do ano, terá direito a férias de 30 dias assim que iniciado o recesso das atividades futebolísticas no país. Também não se aplica o art. 143 da CLT, pois a lex desportiva define o período de 30 dias para gozo das férias, ou seja, o atleta profissional não poderá vender dez dias de férias.

Sérgio Martins, nos ensina:

O jogador receberá durantes as férias a mesma remuneração que perceberia (art. 142 da CLT) se estivesse jogando, incluindo a média de verbas variáveis recebidas no decorrer do ano, como gratificações, bichos e luvas. O art. 142 da CLT é claro no sentido de que as férias são calculadas sobre a remuneração e não sobre o salário. Sobre esse resultado haverá acréscimo de um terço. (MARTINS, 2016, p.120)

52 Além disso, o atleta profissional de futebol também terá direito a férias proporcionais, conforme disposto no § 9° do art. 28 da Lei Pelé. Verbis:

§ 9º Quando o contrato especial de trabalho desportivo for por prazo inferior a 12 (doze) meses, o atleta profissional terá direito, por ocasião da rescisão contratual por culpa da entidade de prática desportiva empregadora, a tantos doze avos da remuneração mensal quantos forem os meses da vigência do contrato, referentes a férias, abono de férias e 13o (décimo terceiro) salário. Tal dispositivo descreve o direito a férias proporcionais quando o contrato tiver vigência inferior a doze meses. Entretanto, a lei em estudo não faz restrição expressa a cerca das férias proporcionais em relação aos contratos com prazo superior aos doze meses, sendo assim aplica-se a legislação ordinária e o entendimento no qual as férias proporcionais também é devida nesses casos.

Neste sentindo, Mauricio Figueiredo expressa:

Entendemos que as férias proporcionais são devidas, até mesmo na ocorrência da presente hipótese, porque não há como se garantir que o atleta profissional conseguirá, de imediato, recolocação no mercado de trabalho.

Por esta razão é aplicável ao atleta a disposição contida no art. 146 da CLT.

(VEIGA, 2020, p.268)

Portanto, no caso do término do contrato de trabalho de prazo determinado, seja ele inferior ou superior a 12 meses, o atleta terá o direito à proporcionalidade de férias.

53 CONCLUSÃO

Por fim, concluísse que o presente trabalho demonstrou a evolução legislativa na seara do futebol, trazendo consigo importantes inovações e regulamentações.

Com o advento da Lei Pelé, em específico, o atleta passou a ser valorizado no âmbito jurídico, vez que a sua relação de emprego por ser atípica, ou seja, diferente das relações trabalhistas da maioria da população passou a ser regulamentada por lei específica. Tal lei exigiu a criação de um contrato de trabalho especifico para o atleta, o CETD.

Ademais, foi abordado as particularidades do CETD em relação a legislação trabalhista, sendo elas os sujeitos que compõe o contrato, o seu prazo de duração, a remuneração, a forma de pactuação, as formas de cessação, as férias.

Bem como a aplicação subsidiária da Consolidação das Leis Trabalhistas.

Por conseguinte, o presente estudo relata as especificidades objetos do contrato especial de trabalho desportivo, como por exemplo, o “bicho”, as “luvas”, o

“direito a imagem”, o “direito de arena”. Ou seja, concluísse que o vínculo empregatício do atleta se solidificou, pois o clube empregador passou a sofrer sanções como todo empregador que descumpre com suas obrigações perante o trabalhador. Vez que nem todos os atletas recebem salários astronômicos, muito pelo contrário, em sua grande maioria dependem dessa pecúnia para satisfazer suas necessidades básicas, a legislação em pauta no presente trabalho veio justamente para garantir os direitos desse trabalhador.

54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil.

Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Lex: coletânea de legislação: edição federal, São Paulo, v. 7, 1943.

DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de Direito do Trabalho: obra revista e atualizada conforme a lei da reforma trabalhista e inovações normativas e jurisprudenciais posteriores. 18° Edição. São Paulo. Editora LTr, 2019.

KRIEGER, Marcílio César Ramos. Lei Pelé e legislação desportiva brasileira anotada. Rio de Janeiro. Forense, 1999.

MARTINS, Sergio Pinto. Direitos Trabalhistas do Atleta Profissional. 2° Edição.

São Paulo. Editora Saraiva, 2016.

NETO, José Moraes dos Santos. Os primórdios do futebol no Brasil. São Paulo.

Cosac e Naif Edições, 2002.

VEIGA, Mauricio de Figueiredo Corrêa. Manual de Direito do Trabalho Desportivo.

3° Edição. São Paulo. Editora LTr, 2020.

ZAINAGHI, Domingos Sávio. Os Atletas Profissionais de Futebol no Direito do Trabalho. 3° Edição. São Paulo. Editora LTr, 2018.

Documentos relacionados