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Representações da aprendizagem de uma LE

Capítulo 2 – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.5. Representações da aprendizagem de uma LE

As representações a que nos referimos são as representações emotivas, ou seja, a relação subjectiva que o indivíduo tem com a língua, pois considerarmos determinante o papel da motivação intrínseca do aprendente para a aprendizagem de uma LE.

Bialystok refere que: “The language-specific aspects of representatiom undoubtedly enclude constraints that make language acquisition possible, but the general cognitive involvement is essential for the development of languages as an instrument of socialization and thought.” (Bialystok: 2001, 120)

Quanto maior afinidade tiver o indivíduo com as línguas – maternas e estrangeiras - maior a sua aptidão para desenvolver competências plurilingues.

2.5.1. Aprendizagem/aquisição de uma LE

Ao iniciarmos esta temática destacamos Ellis (1985) que distingue três características no processo de aprendizagem de uma LE. Há uma sequência na aquisição duma LE, uma ordem pela qual a LE é adquirida, que pode mudar na sequência do processo de aquisição e no grau de competência atingido como aprendente duma LE.

Já Cummins atesta que existe uma relação directa entre o grau de competência na LM e numa LE, ou seja, a última depende do grau de desenvolvimento da primeira. Na aprendizagem de línguas estrangeiras a LM é importante, pois é a língua que o aprendente melhor domina e aquela com a qual mais se identifica.

Para Bialystok (1994), a aquisição de uma L2 depende de dois componentes cognitivos processuais: a análise e o controlo.

O primeiro tem a ver com as representações mentais a três níveis: conceptuais, formais e simbólicas, que servem de mediador da aprendizagem de uma língua e estão ligadas ao desenvolvimento cognitivo do aluno. O processo de controlo está ligado com a dicotomia fluência/automatismo, que se traduz em tempo real, na meditação selectiva por parte do aprendente sobre a sua desempenho. É um processo autorregulador, permitindo uma maior consciencialização e o conhecimento é o resultado da interacção entre análise e controlo.

Podemos afirmar que a LM, que adquirimos de uma forma natural, é a língua com a qual nos identificamos. Então, “(…) a mother tongue would be the language one knows best. Given the fact that competence in more than one language is rarely equally distributed across all domains of life, many bilinguals might know one language better because they have been schooled in it, yet feel a stronger affective attachment to another language which was learned and used in the home. Thus, the language an individual identifies with is often referred to as the mother tongue”. (Romaine, 1989: 22)

Referenciando um contexto bi- e plurilingue de ensino, não é de negligenciar a importância da aprendizagem de umas línguas estrangeiras sobre outras, pois cremos que o processo de ensino-aprendizagem de uma LE depende tanto o grau de conhecimento do funcionamento de uma LM, como também de outras LEs.

Na análise do processo de ensino aprendizagem das línguas estrangeiras Bialystok apresenta-nos uma proposta, decorrente de teorias ligadas ao processamento de informação, que pretende ilustrar fenómenos particulares em relação a aspectos cognitivos da aquisição de uma L2. O conceito pode ser identificado como a proposta de um quadro de referência cognitiva, que domina todo o seu trabalho: o “cognitive framework”.

A autora define “cognitive framework” como sendo um conjunto mínimo de operações cognitivas e explica de uma forma generalista o processo de aquisição em questão e o desenvolvimento construtivista das representações mentais do indivíduo aprendente.

Neste sentido, ela isola dois componentes cognitivos processuais: o processo de análise e o processo de controlo. Os dois processos são transversais a qualquer tipo de processo de aprendizagem e são reguladores.

Estes componentes cognitivos formam “cognitive framework”, que são responsáveis pela estruturação e pelo acesso às representações mentais,

evoluindo ambos com maturidade e experiência, levando assim consequentemente a uma maior competência cognitiva.

A autora aclara que o funcionamento do seu “cognitive framework” assenta em cinco questões importantes aquando da aquisição de uma L2: (1) as semelhanças do processo de aprendizagem de uma L1 e L2; (2) o ponto de partida da aquisição de uma L2; (3) a consciência linguística (4) variabilidade linguística; (5) o ensino de uma língua.

Quanto à primeira questão a autora aconselha para uma maior semelhança entre ambos os processos de aquisição da língua, tendo como única diferença o estádio de processos de desenvolvimento fisiológico e/ou cognitivo no momento da aquisição da língua.

Relativamente ao ponto de partida de aquisição de uma L2, pondera que o nível do componente de análise do conhecimento das representações linguísticas foram produzidas e codificadas, e que no nível do controlo as diferenças estruturais encontradas entre L1 e L2 requerem processamentos de conhecimentos diferenciados.

No terceiro conceito, a consciência linguística, a autora confronta-a como o resultado da interacção entre os processos reguladores de análise e de controlo. A consciência é definida pelo próprio processo de consciencialização.

Em relação à variabilidade da competência linguística depende do contexto temporal e situacional do aprendente. Ainda segundo a autora há distinção entre variabilidade sincrónica – a variabilidade do uso da língua durante o período de aprendizagem – e variabilidade diacrónica – a variabilidade da performance do aprendente ao longo do tempo.

Finalmente, a autora referencia que o ensino é apenas um dos factores que influenciam a interacção entre ambos os componentes cognitivos processuais, pelo que a competência linguística pode ser optimizada quando a instrução é adequada. Distingue a responsabilização por parte do aluno em seleccionar de

forma consciente os meios para alcançar um determinado tipo de competência linguística, pois não existe uma fórmula correcta.

Devemos, então ter espírito crítico de leitor e o à vontade para aprofundar os conhecimentos acerca do funcionamento do nosso cérebro, ou seja, o cognitivismo e a interacção desta unidade reguladora mínima, não negligenciando outros campos de investigação, como o da sociologia, da análise do discurso e outros, tão necessários para complementar a explicação deste complexo processo de aquisição de uma LE.