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4 REPRESENTAÇÕES SOBRE A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL:

4.1 Representações: relatos dos funcionários da FUMPH e da assistente social

Neste tópico analiso a experiência vivenciada pelo atual presidente da FUMPH, pelo atual coordenador de relações sociais e pela assistente social, a qual, atualmente não compõe mais a equipe de funcionários da instituição. Na época da reabilitação do imóvel Humberto de Campos, a assistente social, fazia parte da equipe técnica que coordenava as atividades sociais junto aos futuros moradores do imóvel.

Neste trabalho, com o intuito de entender as representações dos agentes sociais envolvidos nesta pesquisa, considerando a participação popular, foram analisadas algumas questões direcionadas à importância de reabilitar imóveis na área do Centro Histórico de São Luís, à participação popular nos processos de reabilitação de habitações de interesse social, e às representações dos agentes sociais a respeito do seu envolvimento direto na reabilitação do imóvel Humberto de Campos. A seguir, realizo uma pequena descrição sobre os três agentes sociais que participaram ativamente da reabilitação do imóvel Humberto de Campos por parte da FUMPH.

João é arquiteto e urbanista, professor universitário e assumiu o cargo de presidente da FUMPH em 2008. Depois de muita insistência e pedidos do coordenador de relações sociais e, por último, de um professor do PGCULT que o conhecia, o presidente da FUMPH aceitou

me conceder entrevista, que foi realizada no dia 2 de outubro de 2018, nas dependências da sala da presidência na FUMPH.

Jerônimo é sociólogo, começou a trabalhar na FUMPH em 2005. Atualmente ocupa o cargo de coordenador das relações sociais. Realizei entrevista com ele no dia 15 de agosto de 2018 nas dependências da sala de coordenação social na FUMPH.

Brenda é assistente social, trabalhou na FUMPH no período de 2007 até 2013. Na época da reabilitação do imóvel Humberto de Campos, ela fazia parte da equipe de coordenação de relações sociais. Uma de suas responsabilidades era de alinhar os trabalhos e acompanhar as atividades realizadas pela empresa contratada para realizar o acompanhamento técnico das famílias cadastradas, as quais concorreriam aos apartamentos que seriam construídos. Realizei a entrevista com ela no dia 5 de novembro de 2018, nas dependências de sua residência.

A seguir detenho-me a apresentar os discursos dos três agentes sociais citados anteriormente, procurando tornar legível as representações e os significados de suas práticas que eles deixaram transparecer através de sua linguagem.

Você considera importante a reabilitação de imóveis para habitação de interesse social na área do Centro Histórico? Por quê?

De acordo com João é muito importante, a reabilitação de imóveis para habitação de interesse social, visto que no Centro Histórico existem famílias que estão nesse espaço há muitos anos. São famílias que possuem uma memória e identidade com esse local, que entendem a dinâmica do Centro Histórico. João afirma que “é necessário que todo processo de revitalização que aconteça num centro como esse, essas famílias estejam inseridas no processo para habitação”. O discurso desse agente social enfatiza a vivência, a memória e a identidade das pessoas que habitam no Centro Histórico, e aponta que, na sua visão, reabilitar imóveis com finalidades habitacionais contribui para a revitalização do Centro Histórico.

Entretanto, João ressalta que nem todos os órgãos públicos responsáveis em promover o processo de preservação do patrimônio cultural no Maranhão concordavam com a ideia de reabilitar imóveis para habitação de interesse social na área do Centro Histórico, como fica claro no discurso abaixo.

Desde o início essa foi uma luta que a Fundação Municipal de Patrimônio Histórico travou com outras instituições porque a visão que se tem, que se tinha das outras

instituições era uma visão de que habitação de interesse social ela na verdade, ela não era possível ser realizada no Centro Histórico porque seria difícil a manutenção desses equipamentos né? que seriam implantados a partir da reabilitação desses imóveis além do que também se consideraria que essas famílias, elas poderiam dificultar outros investimentos que por ventura viessem a ser realizados na área. Então a nossa luta sempre foi para que houvesse habitação de interesse social. (JOÃO, entrevista, 2018, grifo nosso).

O discurso de João confirma um dos apontamentos já realizados no decorrer deste trabalho, sobretudo se compararmos o quantitativo de obras realizadas no Centro Histórico de São Luís com finalidades habitacionais e o quantitativo de obras com outras finalidades. Percebe-se que há uma propensão para priorizar obras com outras finalidades. As obras do PAC das Cidades Históricas em São Luís é um exemplo prático dessa situação.

João destaca também a importância de reabilitar imóveis no Centro Histórico com finalidades habitacionais não somente para parcelas da população com um poder aquisitivo menor, mas para parcelas que tenham um poder econômico maior, pois, na sua concepção, isso ajudará no dinamismo do local. “Agora eu não sou a favor somente de habitação de interesse social, eu acho que a gente tem que ter uma diversidade de rendas, de faixas de renda, para que a gente possa também ter uma diversidade, uma dinâmica maior dentro daquela área, mais dinamismo”(JOÃO, entrevista, 2018).

De acordo com Bourdieu (2011), nos campos sociais há um jogo de imposição das representações. Para alcançar tal objetivo, os agentes empregam discursos que possam ser reconhecidos como verdades. Há uma luta simbólica que envolve relações de forças entre os agentes envolvidos, já que eles ocupam posições diferentes nos campos sociais.

João é um agente que compreende o que pode ou não ser dito. Seu discurso tem que combinar com sua posição. A posição de João no campo hierarquicamente predispõe uma autoridade, pois ele ocupa o cargo de presidente de uma instituição municipal que lida diretamente com questões relacionadas ao Centro Histórico. Logo, suas confissões públicas estrategicamente têm que ser reconhecidas como algo positivo. Com efeito, quando João afirma que para existir dinamicidade no Centro Histórico é necessário que haja habitações para todas as classes sociais e não somente para as pessoas de baixa renda, ele explicita uma representação que está intrinsecamente ligada ao seu lugar no campo social.

Bourdieu (2008) defende que a eficácia dos discursos, os quais, por sua vez, estão permeados por representações, é proporcional à autoridade daquele que a emite. A constatação do seu discurso como algo pertinente está ligado ao conhecimento técnico que ele

possui. Esse fato contribui para que haja um reconhecimento da sua percepção sobre a realidade.

Para Jerônimo, a reabilitação de imóveis para habitação de interesse social é de suma importância. Ele elenca várias razões que o levam a defender esse ponto de vista. Para Jerônimo, as pessoas representam o “alicerce” da área do Centro Histórico. Reabilitar um imóvel com fins habitacionais significa ir além da diminuição do déficit habitacional, contribui para manter as pessoas nessa área e valorizar a relação construída ao longo da vida das pessoas com o espaço.

É de suma importância, primeiro porque a gente trabalha... pra mim que trabalho com o patrimônio humano porque é a minha área e a gente sempre trata o patrimônio humano, por exemplo, como um dos alicerces do patrimônio cultural, então pra mim é importante que essas pessoas...fazer reabilitação no Centro Histórico não é simplesmente só reabilitar o casarão, é também manter as pessoas que vivem alí, que tem uma relação histórica e afetiva com o bairro, pra que essas pessoas não saiam desse espaço que eles nasceram e se criaram alí e formaram famílias e etc e tal. Então, pra mim a reabilitação, é algo de suma importância, porque fortalece a comunidade, fortalece os moradores que estão alí e diminuem o déficit de habitação que existe naquela área. (JERÔNIMO, entrevista, 2018). Entretanto, ele não desconsidera o pensamento de teóricos que defendem a importância de outras reabilitações na área do Centro Histórico com finalidades diversificadas, “[...] claro que tem muitos teóricos, que falam que tem que ter a diversidade de serviços obviamente precisa pra ter uma dinâmica e tal.” (JERÔNIMO, entrevista, 2018). Nessa fala, ele deixa claro que não defende apenas a luta pela habitação no Centro Histórico, deixando transparecer que entende a complexidade da realidade desse local. Portanto, para que ocorra uma dinâmica mais harmoniosa é necessário que haja diversidade e pluralidade de usos. Nessa fala também é possível constatar como as representações desse agente social perpassam pelas representações do grupo que ele convive e pelas leituras que teve acesso, constatando o que Hall (2016) defende, as representações são expressões do mundo compartilhado. Isso fica claro também na seguinte fala:

O déficit de habitação que existe naquela área, que tantos reclamam, que há tantos anos é uma reclamação dessa comunidade, que sempre ficou à margem disso tudo, vendo as coisas acontecerem, vendo o Centro Histórico ser reformado pra turista e etc e tal. E eles ficando alí do lado, sem ter muito do que aproveitar daquilo e viverem em condições subhumanas, sem ter o direito de habitação que é assegurado por lei que deveria ter entendeu? e que é algo assim que está na Constituição e que eu acho que é de suma importância que no Centro Histórico tenha e que façamos mais reabilitação e que pensemos no Centro Histórico com mais habitação. (JOÃO, entrevista, 2018)

Seu posicionamento e sua forma de pensar estão imbricados também pela sua vivência e troca de experiência com os agentes sociais que habitam no Centro Histórico, exteriorizando através de sua fala as necessidades, as condições de vida e o descaso do poder público com um direito básico garantido pela Constituição Brasileira para os cidadãos. Como afirma Jodelet (2001), as relações com o mundo são influenciadas e orientadas pelos sistemas de representação, os quais são elaborados pelas práticas sociais e compartilhadas nos grupos sociais.

Jerônimo enfatiza que, reabilitar imóveis com fins habitacionais, destinando-os para pessoas que já moram no Centro Histórico em condições não adequadas, deve ser prioridade. Esse tipo de reabilitação dificulta o esvaziamento habitacional na área e proporciona a essas pessoas continuar residindo e cuidando do espaço onde elas construíram suas histórias de vida.

[...] a moradia no Centro Histórico que ela tenha uma certa prioridade, pra que a gente não perca mais ainda os moradores que ainda estão nessa área e não conseguiram uma moradia adequada no Centro Histórico[...] e aí você perde uma teia de pessoas que amaram o Centro Histórico e que sabem a importância do Centro Histórico e que sabem cuidar do Centro Histórico como ninguém. (JERÔNIMO, entrevista, 2018).

A fala de Brenda possui alguns pontos em comum com o discurso de João e Jerônimo. Para ela, ter habitação de interesse social no Centro Histórico é algo que beneficia tanto o poder público, que é responsável pela preservação do patrimônio cultural, quanto a comunidade. O poder público conserva o patrimônio e a comunidade permanece no local, não precisando migrar para outras áreas da cidade.

Eu acho que é bem vantajoso para ambas as partes, tanto para o poder público quanto para as comunidades, para as pessoas. Porque tem gente que não tem interesse em sair daquela área e uma das formas de preservar os imóveis é através da reabilitação para uso habitacional. (BRENDA, entrevista, 2018).

Nesse discurso estão presentes ideias defendidas na década de 80 por Azevedo (1988), este autor mencionava que a revitalização tem que primar pela melhoria da qualidade de vida das pessoas que já habitam nas áreas centrais. Para ele, a função social dessas áreas deve vir à frente da função turística.

Ao serem questionados se houve participação popular no processo de reabilitação do imóvel Humberto de Campos, nº 107, os três responderam que sim, destacando e reconhecendo a importância da participação da comunidade nesse processo. Sobre isso, João afirmou o seguinte:

A participação popular é imprescindível não só para isso, mas para qualquer outra proposta política, a Constituição Federal de 1988 fala sobre a importância da participação popular nos programas, projetos, né? todos os projetos para implementação das políticas públicas. E quando a gente tá trabalhando com habitação que é uma das grandes estratégias para o desenvolvimento da política de desenvolvimento urbano eu tenho que trabalhar com a participação popular com certeza. Por isso que nós buscamos a União de Moradores desde o início para que a União fizesse articulação com isso e por isso que a gente tem a Casa do Bairro. (JOÃO, entrevista, 2018, grifo nosso).

Para justificar a participação popular e explicar sua importância, João acionou alguns conhecimentos técnicos adquiridos ao longo de sua trajetória de vida. Baseando-se na Constituição Brasileira de 1988, ele declarou que a habitação é um dos pilares para ter êxito nas políticas de desenvolvimento urbano. Para esse agente social, a participação popular é indispensável não apenas para políticas relacionadas à habitação, mas para qualquer outra política pública.

João demonstra o que ele compreende por formas de participação uma vez que ele pretendia ordenar o fluxo de informações e confirmar o ponto de vista que ele defendeu, a respeito da importância da participação popular para o êxito das políticas públicas.

Temos um cadastro que foi feito com o apoio da União de Moradores de todos os moradores do Centro Histórico, então essas pessoas já estavam desde o início sabendo qual era o projeto do Humberto de Campos. Sempre que havia alguma necessidade de comunicação se fazia audiência com essa comunidade e geralmente essas audiências aconteciam lá na Flor do Samba que era o espaço que nós tínhamos, então lá tínhamos as reuniões sempre, todas as reuniões que tínhamos dentro da comunidade era naquela área da Flor do Samba. (JOÃO, entrevista, 2018). João enfatiza que a União de Moradores auxiliou em todo o processo, desde o período do cadastro das pessoas, demonstrando que a participação da comunidade foi algo que esteve presente desde o início do processo, demonstrando que a União de Moradores foi o vínculo que ligava a comunidade ao poder público.

Jerônimo, por sua vez, explica que, do universo das 18 famílias que seriam beneficiárias dos apartamentos do imóvel Humberto de Campos, foram escolhidas três pessoas. Estas formaram uma Comissão de Acompanhamento de Obras-CAO, uma das estratégias utilizadas pela FUMPH para possibilitar a participação popular.

Foi criado o que nós chamamos de CAO- Comissão de Acompanhamento de Obras, eles elegeram entre eles três pessoas para acompanhar todo o período da obra [...] ela acompanhava também a organização com a empresa sobre a questão de mudança, sentava para definir quais seriam os melhores cursos oferecidos pros beneficiários tanto que houve o curso... tanto o trabalho pré e pós ocupação que foi organizado pela empresa no prédio, as pessoas lidavam com a questão da educação patrimonial, a questão de convivência em condomínio etc e tal, formação de condomínio e depois

a formação de...já morando no imóvel já era voltados para a questão de manutenção, de como que funciona o imóvel, a questão da convivência essas coisas todas foram trabalhadas nesse período (JERÔNIMO, entrevista, 2018).

Brenda, além de confirmar que houve participação no processo de reabilitação do imóvel Humberto de Campos, esclareceu que a comunidade do Centro Histórico participou não apenas desse processo especificamente, mas da construção de uma trajetória de participação nos projetos que a FUMPH desenvolveu no Centro Histórico.

Houve, houve sem dúvida,[...] a participação acontecia nas reuniões que eles sempre estavam presentes, até mesmo nos imóveis que a gente indicava pra habitação de interesse social, eles sempre davam opinião sobre a questão da viabilidade ou não, assim eles sempre foram muito participativos na Fundação de Patrimônio (BRENDA, entrevista, 2018).

Faz-se necessário, enfatizar que de acordo com esses três agentes sociais a participação maior aconteceu por parte das pessoas que moram no Desterro, Portinho e Praia Grande. Nessas áreas há uma presença de lideranças comunitárias que fazem parte da União de Moradores do Centro Histórico. Essa entidade foi imprescindível para mobilizar as pessoas e intermediar os anseios da comunidade com o poder público.

A partir dos discursos dos funcionários, incluindo o presidente da FUMPH, do coordenador de relações sociais e da assistente social, pode-se perceber suas formas de representação relacionadas à participação dos agentes na experiência de reabilitação do imóvel Humberto de Campos. Para eles, a participação da comunidade representou algo de fundamental importância no processo de reabilitação do supracitado imóvel.

Em 2005, a FUMPH realizou um trabalho apoiado pelo Governo Francês, Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal nas áreas do Portinho, Praia Grande e Desterro, culminando no Plano de Reabilitação do Desterro. A FUMPH realizou uma pesquisa que diagnosticou que a falta de moradia adequada era um dos maiores problemas da Área de Proteção Federal, e que, portanto, precisava ser realizada alguma ação para solucioná-lo. Abaixo apresento a fala de Jerônimo, que explica a situação das habitações de várias famílias que moravam no Centro Histórico.

Existiam muitos prédios abandonados, porém muitos prédios acabados e muita gente sem poder morar, morando em cubículos ou em espaços sem o mínimo de infraestrutura. Então, a gente começou a visitar os prédios de habitações irregulares e a gente observava isso que eram famílias, e famílias morando em espaços muito pequenos, em prédios com possibilidades de desabamento a qualquer momento e aí a partir daí a gente apresentou isso pra essa consultoria e essa consultoria junto com... havia uma equipe multidisciplinar formada por alguns órgãos do município. O INCID, pela Caixa Econômica Federal, pelo Estado e esse grupo decidiu que iríamos trabalhar com habitação. (JERÔNIMO, entrevista, 2018).

O Centro Histórico de São Luís é composto por 11 bairros, mas, levando-se em consideração que não existem escolhas desinteressadas, torna-se importante explicitar o porquê da seleção de determinadas áreas em detrimento de outras. A escolha das áreas do Portinho, Desterro e Praia Grande segundo Jerônimo foi “[...] porque é um espaço que fica praticamente dentro da área de tombamento federal, por está mais próximo de tudo e porque ainda mantinha, mantêm na verdade os hábitos comuns de bairro [...]” (JERÔNIMO, entrevista, 2018). Essa foi a primeira explicação, porém, num segundo momento acrescentou outros motivos:

A gente não utilizou os outros bairros do Centro Histórico porque foi uma definição que nós tivemos junto a Caixa Econômica [...] a princípio foi uma exigência da própria Caixa Econômica, depois dos próprios moradores e aí nós fizemos o recorte dos três bairros que compõem a área específica do tombamento federal, e foi o mesmo critério que o próprio IPHAN quando fez o contrato com a gente dos outros imóveis também disse: “nós queríamos que fosse beneficiado apenas da área federal”, porque é a área de abrangência do IPHAN é a área federal, é a área que eles trabalham. Então eles queriam que atingisse a área federal, onde eles trabalham, o recurso foi vindo deles então a regra era deles. A gente até pensou de quando viesse mais estoques de abrir para o Diamante e para os outros bairros... porque o Diamante perguntou sobre isso e tal, mas aí o Iphan foi incisivo e tal... dizendo, não, tem que ser da área federal porque é a área federal que é a área de nossa atuação. (JERÔNIMO, entrevista, 2018, grifo nosso).

Ao se evocar gestos ou falas, explicitam-se os significados e as razões que direcionam e orientam as tomadas de decisões. Não há atos desinteressados, os atos fazem parte do senso prático e têm um significado, uma razão de ser (BOURDIEU, 2011). Desse modo, Jerônimo deixou claro que a escolha das áreas que seriam beneficiadas com a reabilitação dos imóveis de habitação de interesse social não foi feita por acaso. A escolha partiu de instituições que estavam à frente do processo (Caixa Econômica Federal, FUMPH, IPHAN). A participação de toda a comunidade do Centro Histórico nesse momento do processo de escolha não foi decisiva. Apesar do pedido da União de Moradores do Diamante (bairro que também possui um índice alto de déficit habitacional 31,85%), que solicitava a inclusão de pessoas desse bairro, houve uma negativa por parte principalmente do órgão federal, que tinha um interesse de beneficiar somente a Área de Proteção Federal.