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Representações Sociais do Trabalho Feminino e Masculino

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Capítulo 2 – Gênero no trabalho e Representações Sociais

2.2. Representações Sociais do Trabalho Feminino e Masculino

As articulações teóricas e conceituais, aplicadas pela perspectiva psicossociológica inaugurada por Serge Moscovici, em 1961, na França, com sua obra La psychanalyse, com image et son public, cuja tradução chegou ao Brasil em 1978, formam o foco irradiador das múltiplas reflexões sobre as representações sociais

De maneira, sintetizada, Moscovici (1978, p. 28) conclui que a representação social é um corpus organizado de conhecimentos e uma das atividades psíquicas graças às quais os homens tornam inteligíveis a realidade física e social, inserem-se num grupo ou numa ligação cotidiana de trocas, e liberam os poderes da imaginação.

Segundo Jodelet (2001, p.21) podemos dizer que a representação social é uma forma de conhecimento, socialmente elaborada e partilhada, com um objetivo prático, e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.

Temos a necessidade permanente de estarmos informados sobre o que acontece no mundo à nossa volta. Além de nos adaptar a ele, necessitamos saber como nos comportar dominá-lo física ou intelectualmente, identificar e resolver os problemas que se apresentam, por essa razão as representações sociais foram criadas e são tão importantes para nossa vida cotidiana. Elas nos guiam no modo de nomear e definir conjuntamente os diferentes aspectos da realidade diária, no modo de interpretar esses aspectos, tomar decisões e, eventualmente, posicionar-se frente a eles de forma decisiva (Jodelet, 2001).

Nesse sentido, conforme Abric, 2001, p. 156:

A representação é um conjunto organizado de opiniões, atitudes, de crenças e de informações referentes a um objeto ou uma situação. É determinada ao mesmo tempo pelo próprio sujeito (sua história, sua vivência), pelo sistema social e ideológico no qual ele está inserido e pela natureza dos vínculos que ele mantém com esse sistema social.

As reflexões a respeito de representação social levam a perceber que o ser humano, objeto e sujeito da história, desenvolve-se através do processo de comunicação, onde a representação social, de forma dinâmica, estrutura e é estruturada. Para analisar as

representações que um indivíduo tem do mundo onde vive, é necessário captar a visão que ele tem de seu mundo, sabendo que tal visão dependerá do lugar ocupado pelo indivíduo em relação aos outros.

Através das representações sociais, podemos tratar fenômenos observáveis diretamente ou reconstituídos por um trabalho científico. Há alguns anos estes fenômenos vêm-se tornando um assunto central para as ciências humanas. Em torno deles constituiu-se um domínio de pesquisa dotado de instrumentos conceituais e metodológicos próprios, que interessa a outras disciplinas.

Dentre os fenômenos ou problemas que tem sido preferencialmente explorados pelos pesquisadores, podemos dizer que os temas relacionados com o mundo do trabalho estão incluídos (Pereira de Sá, 1998).

Poeschl (2003) em seu estudo sobre as representações das diferenças entre os sexos, práticas familiares e relações entre homens e mulheres, conclui que existe uma forte crença na existência nas diferenças entre os sexos, que pode se basear na grande quantidade de elementos que formam as representações sociais entre os sexos que valoriza as práticas familiares tradicionais contribuindo para a reprodução das relações assimétricas entre os sexos na sociedade.

Nos últimos 40 anos, com a luta das feministas e de grupos minoritários, a questão de gênero tornou-se um fenômeno social relevante. Ao posicionarem-se de forma efetiva contra as discriminações em função do sexo, tornaram-se alavancas do processo de transformação das representações de gênero. A inserção da mulher no mercado de trabalho, o controle da reprodução, entre outros, juntamente com os movimentos feministas, fizeram com que os valores acerca das mulheres começassem a ser questionados, ocasionando a inserção e a exclusão de

elementos tradicionais na RS do homem (Ribeiro; Almeida, 2003).

Em um estudo exploratório das representações sociais de gênero em uma agência bancária, Andrade et al (2002) buscou compreender como as categorias de pensamento sobre as relações de gênero são construídas dentro da organização, apesar das limitações de sua pesquisa, percebeu-se que existe uma diferenciação entre homens o mulheres quanto a distribuição de cargos mais elevados, em relação a representação social da relação mulher/família/maternidade notou-se que tanto homens e mulheres concordam que a vida profissional concorre com a vida privada da mulher em relação a ser esposa e ser mãe e que abdicar da carreira profissional para se dedicar a família cabe à mulher. Em relação à representação social da ascensão e profissionalização da mulher é diferente para homens e mulheres, e que as mulheres enfrentam maiores dificuldades para ocuparem posições de destaque profissional na empresa. Ao final dessa pesquisa os autores concluíram que as representações sociais de gênero no ambiente de trabalho encontram-se em amadurecimento.

Ainda que seja evidente que houve uma melhoria da situação das mulheres, não podemos negar que atualmente percebe-se desigualdades entre homens e mulheres. Conforme estudo realizado por Poeschl (2003), para estudar a relação entre as representações das práticas normativas e as representações dos papéis de gênero, realizadas em adultos casados, os resultados mostram que as ideologias desenvolvidas no século XIX para justificar as posições de homens e mulheres continuam a legitimar as desigualdades na sociedade formam, atualmente, a base de representações que contribuem, para justificar as práticas familiares tradicionais e para a manutenção das desigualdades entre mulheres e homens.

Vale ressaltar que existem poucos estudos de Representação Social do trabalho feminino e masculino, assim como de relações de gênero no trabalho são escassos.

O caráter interdisciplinar das Representações Sociais nos conduz a vários campos de estudo. Esta pesquisa que envolve organizações investiga as representações do trabalho feminino masculino e a sua correlação com as atitudes do assédio moral no trabalho.

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