• Nenhum resultado encontrado

Requisitos de relevância e urgência

No documento FERNANDA DE MELLO QUEIROZ (páginas 60-63)

CAPÍTULO 3 – USUCAPIÃO FAMILIAR, A AÇÃO E SUA POSSÍVEL

3.4 Inconstitucionalidade da usucapião familiar

3.4.2 Aspectos de possível inconstitucionalidade da usucapião familiar

3.4.2.2 Requisitos de relevância e urgência

59

§ 2º No registro do título do direito previsto no caput, sendo o autor da ação considerado hipossuficiente, sobre os emolumentos do registrador não incidirão se nem serão acrescidos a qualquer título taxas, custas e contribuições para o Estado ou Distrito Federal, carteira de previdência, fundo de custeio de atos gratuitos, fundos especiais do Tribunal de Justiça, bem como de associação de classe, criados ou que venham a ser criados sob qualquer título ou denominação.”36

“Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público. (Regulamento)

§ 1º Lei regulará as atividades, disciplinará a responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definirá a fiscalização de seus atos pelo Poder Judiciário.

§ 2º Lei federal estabelecerá normas gerais para fixação de emolumentos relativos aos atos praticados pelos serviços notariais e de registro.

§ 3º O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remoção, por mais de seis meses.37

3.4.2.2 Requisitos de relevância e urgência

De acordo com o artigo 62 da Carta Magna, a Medida Provisória, em casos de urgência e relevância, terá força de Lei, sendo submetida de forma imediata ao Congresso Nacional. Não sendo aprovada no prazo de sessenta dias, prorrogáveis uma única vez por igual período, perde sua eficácia desde a sua edição.

Para se legitimar uma medida Provisória, deve-se ser configurada situação cuja demora na produção da norma cause um dano de difícil ou impossível reparação para o interesse público.

Celso de Mello (1993) diz o seguinte sobre o assunto; a justificativa para a edição de medidas provisórias, com força de lei, para a Constituição Federal, é a existência do estado de necessidade, que obriga o Poder Público a adoção urgente de uma providência que tenha caráter legislativo.

36

Cf. BRASIL. Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.

37

Cf. Ibidem. Constituição da República Federativa de Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.

60

Os dois pressupostos, urgência e relevância, para que a Medida Provisória tenha força de Lei, estão submetidos à apreciação política do Presidente da República. A decisão do Presidente da República está sujeito ao Congresso Nacional, que poderá rejeitar a Medida Provisória se intender não ter a urgência ou relevância necessária. Seguindo assim o disposto no artigo 62, §5°, da Constituição Federal:

Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional.

[...]

§ 5º A deliberação de cada uma das Casas do Congresso Nacional sobre o mérito das medidas provisórias dependerá de juízo prévio sobre o atendimento de seus pressupostos constitucionais.38

O motivo para a edição da Medida Provisória, de urgência e relevância, foi a necessidade em oferecer a continuidade do Programa, o qual já demonstrou ser altamente capaz de manter o crescimento econômico, a geração de empregos e a redução no déficit habitacional. Este é o 15º item da exposição de motivos da edição da MP.

Na exposição do motivo de urgência e relevância, não se encontra nenhuma necessidade à edição de uma Medida Provisória para incluir uma nova modalidade de usucapião, pois a inclusão do artigo 1.240-A não estava dentro da MP número 514.

Não haveria nenhum prejuízo aguardar uma edição de lei ordinária, não há o preenchimento dos requisitos necessários para uma Medida Provisória. Mesmo com a tentativa de defender a relevância, que seria para as pessoas de baixa renda, nota-se que não a urgência em torno do tema, principalmente por motivos de haver outros campos e leis do direito que poderiam solucionar problemas de bens imóveis de ex-cônjuges.

38

Cf. BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.

61

Outro aspecto a ser observado é que a norma se torna inconstitucional quando não respeita o artigo 59 da Constituição Federal de 1988, que diz:

Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: I – emendas à Constituição;

II – leis complementares; III – leis ordinárias; IV – leis delegadas; V – medidas provisórias; VI – decretos legislativos; VII – resoluções.

Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.39

Este artigo, dispõe sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis (parágrafo único), ou seja, além das leis, as Medidas provisórias devem observar ao que está disposto nesta norma do artigo 59 da Cf.

Deve-se observar, também, o artigo 7º da Lei Complementar (LC) n. 95/98, que diz o seguinte:

Art. 7º O primeiro artigo do texto indicará o objeto da lei e o respectivo âmbito de aplicação, observados os seguintes princípios:

I - excetuadas as codificações, cada lei tratará de um único objeto;

II - a lei não conterá matéria estranha a seu objeto ou a este não vinculada por afinidade, pertinência ou conexão;

[...].40

O objetivo do programa Minha Casa Minha Vida, é o de criar um incentivo a população a adquirir unidades habitacionais, para famílias de baixa renda. Torna-se assim óbvio que a lei 12.224/11 e a inTorna-serção do novo artigo no Código Civil não

39

Cf. BRASIL. Constituição da República Federativa de Brasil de 1988. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 15 mar. 2016.

40

Cf. Ibidem. Lei Complementar n. 95, de 26 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre a elaboração, a redação, a alteração e a consolidação das leis, conforme determina o parágrafo único do art. 59 da Constituição Federal, e estabelece normas para a consolidação dos atos normativos que menciona. Brasília, 1998. Disponível em:

62

possuem pertinência temática. Também observa-se que não há fundamentação constitucional para conectar relações de direito pessoal com o real e programas que tem natureza híbrida. Como não há afinidade entre os temas gera a inconstitucionalidade objetiva, pois não ocorreu a observância ao devido processo legislativo que rege a Medida provisória.

No documento FERNANDA DE MELLO QUEIROZ (páginas 60-63)

Documentos relacionados