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2.2 RESÍDUOS

2.2.1 Resíduos sólidos

Os conceitos, classificações e orientações a respeito dos resíduos sólidos encontram-se na Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010, constituindo a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) (BRASIL, 2010). Em seu Art 3º, XVI, os resíduos sólidos são conceituados como sendo um:

[...] material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível (BRASIL, 2010).

Ou seja, a própria conceituação de resíduos sólidos já evidencia um certo valor para este material ao dizer que trata-se de um bem, porém que foi descartado. Então por que não reinserí-lo em novos contextos?

O PNRS descreve diversos conceitos relativos à práticas ambientais, mas também propõe hábitos de como se deve ou não proceder com este material, de maneira que não seja prejudicial à natureza ou, ainda, que incentivem práticas e proponham destinos adequados à ele.

Porém, vale ressaltar a necessidade de uma visão do todo, observando que este não é meramente um problema de ordem ambiental, mas de ordem econômica, social e sanitária, evidenciado por Lopes (2005, p. 33), ao dizer que resíduos sólidos “[...] não se restringem à esfera ambiental, mas apresenta interfaces com a saúde pública, com o saneamento básico, com a economia e, nos grandes centros urbanos, com questões sociais”.

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Neste sentido, não há apenas um agente envolvido ou um lado responsável. Toda a sociedade deve pensar e trabalhar em iniciativas que visem a minimização da geração dos resíduos, pois todos são responsáveis pelas consequências de suas atitudes. Dessa maneira, a Lei sugere o conceito de responsabilidade compartilhada. No Art. 30, a Lei cita todos os agentes envolvidos, onde diz:

É instituída a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, a ser implementada de forma individualizada e encadeada, abrangendo os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, os consumidores e os titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos [...] (BRASIL, 2010).

Dessa maneira, todos os agentes envolvidos desde o processamento até o descarte de um produto possuem uma parcela de comprometimento na destinação adequada dos resíduos sólidos. Inclusive, um dos objetivos da responsabilidade compartilhada consiste no “aproveitamento de resíduos sólidos, direcionando-os para a sua cadeia produtiva ou para outras cadeiras produtivas”. Neste trabalho, inclusive, buscou-se a reinserção deste material em um novo contexto, com foco no reaproveitamento.

A Lei nº 12.305/ 10 vai além e ainda orienta em seu Art 3º, VII e VIII, formas adequadas de destinação dos resíduos como a “reutilização, a reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações admitidas pelos órgãos competentes”. Quando não for possível, sugere que os resíduos sejam colocados em aterros.

Contudo, não é todo e qualquer tipo de resíduo que pode ser inserido na fabricação de produtos cerâmicos devido à etapa de queima, que interfere diretamente na estrutura do material. Os resíduos não devem liberar gases tóxicos durante a queima (BRAGANÇA; BERGMANN, 2006). Se estes resíduos expelirem gases nocivos quando expostos ao calor, passam a não ter o indicativo de utilização na industria cerâmica, por isso a necessidade de uma seleção prévia. Uma maneira de saber se há viabilidade de utilização ou não de um determinado resíduo, é conhecendo qual é o tipo de resíduo, sua classificação e características.

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A Associação Brasileira de Normas Técnicas determinou a classificação dos resíduos sólidos em sua NBR 10004 (ABNT, 2004), por meio da identificação do processo, de seus constituintes e características, da sua comparação com listagens de resíduos e substâncias de impactos já conhecidos. Dessa forma, os resíduos foram classificados em Resíduos classe I – perigosos; Resíduos classe II - não inertes ou banais; e Resíduos classe III – inertes (ver Tabela 7).

Tabela 7: Classificação de resíduos e suas características. Fonte: ABNT (2004).

RESÍDUOS CARACTERÍSTICAS Resíduos

classe I: Resíduos sólidos ou mistura de resíduos que, em função de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade, podem apresentar risco à saúde pública, provocando ou contribuindo para um aumento de mortalidade ou incidência de doenças e/ou apresentar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada.

Resíduos

classe II: Não perigosos A – não-inertes [...] podem ter propriedades, tais como:

biodegradabilidade, combustibilidade ou

solubilidade em água.

B - inertes Quaisquer resíduos que, quando amostrados de uma forma representativa, segundo a ABNT NBR 10007, e submetidos a um contato dinâmico e estático com água destilada ou desionizada, à temperatura ambiente, conforme ABNT NBR 10006, não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se aspecto, cor, turbidez, dureza e sabor [...].

Resíduos

classe III: [...] São os resíduos que não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo, tais como resíduos de construção e demolição, solos e rochas provenientes de escavações, vidros e certos plásticos e borrachas que não são facilmente decompostos.

Baseado nesta classificação, os objetos deste estudo são Resíduos orgânicos da classe II, correspondente aos ossos bovinos, e Resíduos da classe III, do tipo inertes, correspondente ao fino de rochas ornamentais. Portanto, ambos são

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resíduos não irão emitir gases ao serem queimados. Além disso, não alteram a composição química dos materiais ao seu redor, não poluem quimicamente o meio ambiente.

O problema do fino de rochas está no fato de se tratar de um resíduo que não se degrada com facilidade, proporcionando a formação de reservas acumulativas ao serem jogados diretamente no meio ambiente sem qualquer tratamento, ocupando espaço e impedindo o desenvolvimento natural do local. Assim, torna-se viável o estudo de seu reaproveitamento para seu aproveitamento em outro processo.

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