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Estruturas de detenção são citadas por Fletcher et al. (2015) como alternativas de gerenciamento do escoamento superficial aplicadas nas abordagens feitas por BMPs, WSUDs, técnicas alternativas e o controle na fonte. Os microrreservatórios de detenção têm uma ampla aplicação e objetivos, que não os enquadram apenas em um dos termos. Dada a capacidade dos microrreservatórios e a abrangência do termo infraestrutura verde, adotou-se o termo infraestrutura verde (IV) para se referir às diferentes técnicas de gerenciamento do escoamento superficial, e principalmente aos microrreservatórios de detenção.

Os reservatórios de detenção são estruturas para acumulação temporária de água que contribuem para a redução das inundações urbanas, onde pode ou não ocorrer infiltração das águas pluviais. Sua principal função é o amortecimento das ondas de cheias geradas no meio

urbano, o confinamento do volume escoado superficialmente, e pode proporcionar a captação de sedimentos e detritos, melhorando a qualidade dos corpos de água (MOTA, 2012).

A intensificação dos desastres relacionados às inundações exige melhorias urgentes e essenciais no desenvolvimento e gestão sustentáveis dos sistemas de drenagem de águas pluviais urbanas. Reservatórios de detenção de águas pluviais são uma das mais efetivas soluções para o controle do escoamento superficial e para prevenir os impactos adversos sobre os corpos de água receptores. No entanto, é notável que os projetos, nos quais ocorre um isolamento das estruturas de controle de inundação, podem acentuar os problemas, ao invés de mitigá-los (TRAVIS et al., 2008).

A forma mais comum de mitigação dos impactos da urbanização sobre a hidrologia da bacia envolve práticas de detenção e/ou retenção em conjunto com uma proteção contra a erosão, se necessária. Em várias partes do mundo, os reservatórios de detenção são um componente popular para o gerenciamento de águas pluviais. As agências reguladoras constantemente exigem o uso de reservatórios de detenção de novos empreendimentos. O uso da detenção na fonte é uma opção de gerenciamento viável por ser de fácil implementação e por ser bem aceita entre os construtores. A efetividade de detenção diminui com o aumento da urbanização da área de drenagem da mesma. Para uma área de drenagem completamente urbanizada com detenção, a vazão de pré-urbanização não será mantida em todos os pontos do sistema de drenagem. Muitas vezes isso é negligenciado em outras bacias e nas características da detenção (CHILL; MAYS, 2013).

Os reservatórios de detenção começaram a ser adotadas no Brasil no meio do século XX e se popularizaram em meados dos anos 90, contudo, sem a sua integração com os elementos urbanísticos, sendo utilizadas somente para fins de amortecimento de cheia. Aos poucos, a integração vem sendo realizada (BAPTISTA et al., 2005).

O manejo da água pluvial no meio urbano deve ser capaz de proporcionar qualidade de vida à população, reduzindo os riscos oriundos da impermeabilização causada pelo processo de urbanização e consequentemente promovendo o bem-estar (RIGHETTO, 2009).

Para a redução de inundações, um número pequeno de reservatórios de detenção pode ser ineficaz por não serem capazes de absorver as vazões de entrada da rede de drenagem. Entretanto, a implantação de diversos reservatórios de forma aleatória pode os transformar em inutilizáveis, devido à proximidade com outro dispositivo que atende à demanda local. Os conflitos entre os benefícios ambientais e as preocupações econômicas fazem com que o

dimensionamento dos reservatórios de detenção seja complexo. Simultaneamente, a localização dos reservatórios de detenção na bacia influenciará a eficiência não somente de cada reservatório individualmente, mas também da rede de dispositivos de detenção. Como obter uma quantidade ótima e encontrar os locais ideais para cada reservatório é uma questão complexa (WANG et al., 2017).

Apesar de sua eficácia no combate às consequências negativas do escoamento superficial, não há um padrão apropriado para a determinação da localização e da capacidade de reservatórios de detenção, o que é uma questão de suma importância para a eficiência esperada desses dispositivos (LIM et al., 2014; CUNHA et al., 2016).

Diferentes locais de estruturas de armazenamento podem ter outras funções. A configuração das instalações de reservação a montante e ao longo da rede de drenagem agem principalmente na regulação, redução do pico de vazão e na capacidade de suportar desastres de inundações em áreas cobertas pelo sistema de águas pluviais. Os reservatórios de detenção a jusante, têm a capacidade de controlar os eventos mais extremos na saída da rede devido ao maior volume de armazenamento (CANHOLI, 2014; TAO et al., 2014).

LOCALIZAÇÃO DAS ESTRUTURAS DE DETENÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS Os possíveis locais, a quantidade e o arranjo dos reservatórios em uma área de drenagem permitem uma vasta gama de cenários de gerenciamento de um sistema de drenagem assistido por Infraestruturas Verdes. Devido às limitações, como orçamento, uso do solo, entre outros fatores, a seleção dos locais ótimos de implementação de tais reservatórios são de grande importância para a maximização dos benefícios (LIU et al., 2016).

De acordo com Kuller et al. (2017), a integração dos dispositivos de detenção com o cenário urbano requer uma sensibilidade multifacetada recíproca dos dispositivos de armazenamento e do sistema urbano em torno desses. Enquanto as localizações das infraestruturas afetam o seu funcionamento, os reservatórios afetam a função e a qualidade do ambiente no seu entorno. Assim, pode-se definir a adequação da localização para a implementação de medidas sustentáveis de drenagem com duas vias (KULLER et al., 2017):

a. As necessidades do reservatório de detenção, respondendo à pergunta “o que as tecnologias precisam para um ótimo funcionamento?” (“o reservatório precisa de um local”);

b. As necessidades do ambiente, respondendo à pergunta “onde a necessidade por benefícios trazidos pelos reservatórios de armazenamento é maior?” (“Um lugar precisa da estrutura de detenção”).

Dada a importância de uma análise multiobjetiva, novos métodos têm sido desenvolvidos, com a finalidade de ajudar o processo de decisão. O objetivo é auxiliar os tomadores de decisão na reflexão dos assuntos relacionados aos processos de gestão de águas urbanas (ARAÚJO et al., 2017).

Para que os sistemas tenham um ótimo desempenho e para que todo o potencial de benefícios seja explorado, o planejamento urbano precisa avaliar e considerar toda a gama de aspectos relacionados à implementação dos reservatórios (KULLER et al., 2017).