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Previstas no art. 5º da Constituição Federal de 1988, à vida e a liberdade são garantias fundamentais. Desta forma se privar a liberdade do dependente contra sua vontade, mesmo com a finalidade de resgatar a sua vida, pois, esta pessoa já não é capaz de ter o controle sobre si apresenta-se então o Conflito de Princípios que fora estudado anteriormente.

Verificado o conflito entre os princípios da vida e da liberdade qual deverá sobrepor ao outro, gerará uma polêmica toda vez que for debatida a legalidade da internação involuntária ou compulsória. Esse tipo de internação se divide em duas correntes, uma que considera como afronta aos direitos fundamentais à considerando inconstitucional e a segunda por sua vez que considera a internação contra a vontade do dependente legal, pois, visa a proteção do bem maior garantido pela Carta Magna que é a vida, vez que, sem ela não há qualquer outro bem a ser protegido, desta haverá não somente o resgate da vida bem como a dignidade humana.

Segunda à corrente que não concorda com a internação compulsória, a sua alegação é que há afronta aos direitos fundamentais da pessoa humana.

Neste sentido o mestre em Direito Constitucional e especialista em Saúde Mental, Gustavo Henrique de Aguiar Pinheiro observa que:

Entretanto, por tudo o que se afirmou sobre possibilidades excepcionais de restrições a direitos fundamentais, fácil é observar que a restrição à liberdade autorizada pela Lei Federal nº 10.216 de 06 de abril de 2001 está em dissonância com os parâmetros constitucionais, pois além de não existir autorização direta da Carta Magna para a mencionada limitação de

direitos, a mencionada lei ordinária autoriza a imposição da restrição ao portados de transtorno mental sem que a Constituição lhe tenha dado autorização expressa. (PINHEIRO, 2010, S.P).

Na mesma linha de pensamento se posiciona o médico psiquiatra e professor da Universidade Federal de São Paulo Dr. Dartiu Xavier da Silveira:

A luta antimanicomial trouxe à luz as condições desumanas aplicadas aos doentes mentais. Em vez da hospitalização em unidades de internação em hospital geral, prevalecia um sistema carcerário em que maus tratos a pacientes eram a regra. Curiosamente, esse modelo obsoleto tente agora a ser preconizado para dependentes químicos. Não existe respaldo científico sinalizando que o tratamento para dependentes deva ser feito preferencialmente em regime de internação. Paradoxalmente, internações mal conduzidas ou erroneamente indicadas tendem a gerar consequências negativas.

Quando se trata de internação compulsória, as taxas de recaída chegam a 95%! De um modo geral, os melhores resultados são aqueles obtidos por meio de tratamentos ambulatoriais [...].

Assim, qual seria a lógica para fundamentar a retirada dos usuários das ruas, impondo-lhes internação compulsória?

Não seria, por acaso, o incômodo que essas pessoas causam? Seria porque insistem em não se comportar bem, segundo nossas expectativas? Ou porque nos denunciam, revelando nossas insuficiências, incompetências e incoerências?

Medidas “higienistas” dessa natureza não tiveram boa repercussão em passado não tão distante [...]. (SILVEIRA, 2011, s. p.).

Por outro lado, existe a corrente que apoia a internação involuntária ou compulsória. Quando verificada a necessidade da internação contra a vontade do paciente o médico no caso de internação involuntária ou o juiz no caso da compulsória, deverão sempre observar os princípios da bioética citados anteriormente sendo o da beneficência, autonomia e o da justiça.

O presidente da comissão de segurança e justiça do estado de São Paulo e advogado Arles Gonçalves Junior dizem que a internação compulsória é um resgate de uma vida, a busca para devolver a esse paciente a dignidade de viver sendo constitucional, vejamos in verbis:

Por fim, entendo que a internação compulsória dos dependentes químicos é totalmente legal, não fere direitos fundamentais do usuário, na verdade busca preservar e resgatar a dignidade destes cidadãos desprezados pela sociedade e esquecidos pelo poder público. (GONÇALVES JUNIOR, 2011, S.P).

Em entrevista ao jornal o Folha o médico Dráuzio Varella que já escreveu diversos artigos a dependência do crack e neles expôs que considerava ser ignorância daqueles que consideravam à internação compulsória inconstitucional alegando ferir a dignidade humana.

Cancerologista e especialista em dependência química, Dráuzio diz que a pessoa que se encontra vivendo em “cracolândias” não possui uma vida digna: “que dignidade tem uma pessoa jogada na sarjeta? Pode ser que internação compulsória não seja a solução ideal, mas é um caminho que temos que percorrer. Se houver exagero, é questão de corrigir”. (VARELLA, 2013, S.P).

Varella completa que as grávidas que vivem jogadas na cracolândia devam ser internadas ainda contra a sua vontade “se eu tivesse uma filha grávida jogada na sarjeta tiraria de lá nem que fosse com camisa de força”.

Em seu blog a defensora da Internação Compulsória Carla Rodrigues entende que o dependente deve ter uma chance de ser resgatada, desta forma ela afirma que a internação compulsória não entra em conflito com o direito a uma vida digna e sim ao encontro dos dois, in verbis:

[...] A internação compulsória vem ao0 encontro da dignidade do ser humano e isso não pode ser negado àqueles que, tendo-a perdido nos caminhos da droga, precisa ser reabilitado. Pelo menos, que se dê a chance de reabilitação. Isso é dever do Estado, da família e da sociedade por via reflexa. Digamos sim à internação compulsória!

Contata-se que o tema não é pacífico e até então são duas correntes bem definidas, cada uma com sua própria teoria sobre a internação compulsória, sendo uma constitucional por acreditar que são feridos os direitos fundamentais do ser humano, à liberdade e à autonomia de vontade. E no outro lado têm-se a que entende ser constitucional, pois, acredita estar resgatando uma vida das drogas e oferecendo a dignidade de volta.

5. JURISPRUDÊNCIAS

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AVALIAÇÃO E INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. TRATAMENTO CONTRA ALCOOLISMO. OBRIGAÇÃO DO PODER PÚBLICO. NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70064802184, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 30/09/2015). (TJ-RS - AI: 70064802184 RS , Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Data de Julgamento: 30/09/2015, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 06/10/2015)

HABEAS CORPUS - AÇÃO CIVIL DE INTERDIÇÃO CUMULADA COM INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA - POSSIBILIDADE - NECESSIDADE DE PARECER MÉDICO E FUNDAMENTAÇÃO NA LEI N. 10.216/2001 - EXISTÊNCIA NA ESPÉCIE - EXIGÊNCIA DE SUBMETER O PACIENTE A RECURSOS EXTRA-HOSPITALARES ANTES DA MEDIDA DE INTERNAÇÃO - DISPENSA EM HIPÓTESES EXCEPCIONAIS 1. A internação compulsória deve ser evitada, quando possível, e somente adotada como última opção, em defesa do internado e, secundariamente, da própria sociedade. É claro, portanto, o seu caráter excepcional, exigindo-se, para sua imposição, laudo médico circunstanciado que comprove a necessidade de tal medida. 2. A interdição civil com internação compulsória, tal como determinada pelas instâncias inferiores, encontra fundamento jurídico tanto na Lei n. 10.216/2001 quanto no artigo 1.777 do Código Civil. No caso, foi cumprido o requisito legal para a imposição da medida de internação compulsória, tendo em vista que a internação do paciente está lastreada em laudos médicos. 3. Diante do quadro até então apresentado pelos laudos já apreciados pelas instâncias inferiores, entender de modo diverso, no caso concreto, seria pretender que o Poder Público se portasse como mero espectador, fazendo prevalecer o direito de ir e vir do paciente, em prejuízo de seu próprio direito à vida. 4. O art. 4º da Lei n. 10.216/2001 dispõe: "A internação, em qualquer de suas modalidades, só será iniciada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes." Tal dispositivo contém ressalva em sua parte final, dispensando a aplicação dos recursos extra-hospitalares se houver demonstração efetiva da insuficiência de tais medidas. Essa é exatamente a situação dos autos, haja vista ser notória a insuficiência de medidas extra-hospitalares, conforme se extrai dos laudos invocados no acórdão impugnado. 5. É cediço não caber na angusta via do habeas corpus, em razão de seu rito célere e desprovido de dilação probatória, exame aprofundado de prova no intuito de reanalisar as razões e motivos pelos quais as instâncias inferiores formaram sua convicção. 6. O documento novo consistente em relatório do Subcomitê de Prevenção da Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes- (SPT) da Organização das Nações Unidas (ONU) não pode ser apreciado por esta Corte sob pena de

supressão de instância. 7. A internação compulsória em sede de ação de interdição, como é o caso dos autos, não tem caráter penal, não devendo ser comparada à medida de segurança ou à medida socioeducativa à que esteve submetido no passado o paciente em face do cometimento de atos infracionais análogos a homicídio e estupro. Não se ambiciona nos presentes autos aplicar sanção ao ora paciente, seja na espécie de pena, seja na forma de medida de segurança. Por meio da interdição civil com internação compulsória resguarda-se a vida do próprio interditando e, secundariamente, a segurança da sociedade. 8. Não foi apreciada pela Corte de origem suspeição ou impedimento em relação à perícia, questionamento a respeito da periodicidade das avaliações periciais, bem como o pedido de inserção do paciente no programa federal De Volta Para Casa. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que não se conhece de habeas corpus cuja matéria não foi objeto de decisão pela Corte de Justiça estadual, sob pena de indevida supressão de instância. (HC 165.236/SP, Rel. Ministro MOURA RIBEIRO, QUINTA TURMA, julgado em 05/11/2013, DJe 11/11/2013; HC 228.848/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/10/2013, DJe 04/11/2013) 9. Ordem denegada.(STJ - HC: 169172 SP 2010/0067246-5, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 10/12/2013, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 05/02/2014)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. COMPETÊNCIA DA VARA DE FAMÍLIA. Cuidando-se de demanda em que se discute o estado e a capacidade civil de dependente químico, possuindo a internação compulsória natureza de interdição parcial e provisória, compete ao juízo especializado da Vara da Família o processamento e julgamento do feito. Agravo de instrumento provido. (Agravo de Instrumento Nº 70064015233, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 24/06/2015). (TJ-RS - AI: 70064015233 RS , Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Data de Julgamento: 24/06/2015, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 29/06/2015)

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. Alcoolismo. A pedido da genitora. Concedida antecipação da tutela. Internação que deve ser feita mesmo contra a vontade do requerido. Medida que resguarda a saúde, a integridade física e mental do próprio dependente, dos seus familiares e da sociedade. Demanda procedente. Recursos e reexame necessário a que se nega provimento. (TJ-SP - APL: 00042928820128260040 SP 0004292-88.2012.8.26.0040, Relator: Edson Ferreira, Data de Julgamento: 11/05/2015, 12ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 11/05/2015)

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. Laudo médico que atesta a pertinência da internação do corréu (filho da autora), diagnosticado como dependente químico e em situação de vulnerabilidade. Dever do Poder Público de prestar assistência integral à saúde da população. Hipossuficiência financeira da demandante caracterizada. Sentença mantida. REEXAME NECESSÁRIO DESPROVIDO. (TJ-SP - REEX: 00014383520148260531 (TJ-SP 0001438-35.2014.8.26.0531, Relator: Isabel Cogan, Data de Julgamento: 04/11/2015, 12ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 09/11/2015)

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. Espirito Santo do Pinhal. Réu (filho da autora) viciado em drogas. Transtornos de dependência devido ao uso de múltiplas drogas. CF, art. 196. LF nº 10.216/01, art. 6º, parágrafo único III e 9º. – Internação compulsória. A necessidade da internação em clínica especializada foi comprovada através do relatório médico, expedido por profissional da rede pública municipal de saúde, e os art. 6º, parágrafo único III e 9º da LF nº 10.216/01 permitem a internação compulsória por ordem do juiz. – Procedência. Recurso do Município a que se nega seguimento. Aplicação do art. 557 do CPC. (TJ-SP - APL: 00009341520148260180 SP 0000934-15.2014.8.26.0180, Relator: Torres de Carvalho, Data de Julgamento: 14/05/2015, 10ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 15/05/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS EM MATÉRIA DE SAÚDE. APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS EM MATÉRIA DE SAÚDE. APELAÇÃO CÍVEL. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS EM MATÉRIA DE SAÚDE. APELAÇÃO CÍVEL.. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. SOLIDARIEDADE DOS ENTES PÚBLICOS EM MATÉRIA DE SAÚDE. O entendimento é pacífico, tanto no STJ, como nesta Corte, de que a responsabilidade dos entes federativos é solidária, por se tratar de obrigação constitucional. RECURSO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº 70064807811, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 19/05/2015). (TJ-RS - AC: 70064807811 RS , Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Data de Julgamento: 19/05/2015, Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 21/05/2015)

INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. Autor dependente de substância química. Medida que resguarda a saúde, a integridade física e mental do paciente e de seus familiares. Relatório Médico que configura prova pré-constituída da necessidade do tratamento. Direito à saúde garantido constitucionalmente (Art. 196 da CF). Internação realizada. Continuidade do tratamento ambulatorial. Recurso da autora

parcialmente provido. (TJ-SP - APL: 00004072620148260160 SP 0000407-26.2014.8.26.0160, Relator: Claudio Augusto Pedrassi, Data de Julgamento: 24/03/2015, 2ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 27/03/2015)

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA DE INCAPAZ. Tratando-se de pedido de internação para tratamento de saúde, é da competência do juízo de família os casos em que o paciente é menor de idade; incapaz; ainda, se houver pedido internação formulado por terceiro contra a vontade do paciente (compulsoriamente), ainda que de maior e capaz ou; naqueles casos em que a internação tem alguma carga de cautelaridade em face de possível futura ação de interdição. Caso em que, mesmo que tenha conexão entre as demandas de interdição e internação compulsória, a incapacidade já foi decretada, inclusive, com trânsito em julgado, não devendo o presente processo vincular-se ao juízo da interdição. Inteligência do Verbete nº 253 do STJ. JULGADO IMPROCEDENTE. (Conflito de Competência Nº 70062234901, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 23/10/2014). (TJ-RS - CC: 70062234901 RS , Relator: Rui Portanova, Data de Julgamento: 23/10/2014, Oitava Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do dia 24/10/2014)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme estudado durante todo o trabalho monográfico o tema mostrou-se bastante atual, gerou e gerará muitas discussões, sendo assim o motivo da escolha do tema.

A perda da liberdade é algo que assombra a maioria da população, tanto os racionais quanto os irracionais que são seres humanos. A possibilidade de ver limitado ou mesmo vetado o direito de ir e vir são uma desagradável situação, mesmo porque geralmente os estabelecimentos onde ocorre esta situação em nada fazem recordar o ambiente almejado por qualquer pessoa no gozo de suas faculdades mentais.

Sendo assim, o dependente químico, ainda que carregue o estigma de ameaça à segurança e à integridade de outrem em muitos casos, é um paciente e não um delinquente. É uma afronta ao direito restringir a liberdade do mesmo sem os trâmites exigidos pela lei, ainda que por sua vez se façam necessárias as medidas de proteção.

O que se pode considerar é que aspectos como o devido processo legal e o direito de ampla defesa caberiam na maioria das situações em que ocorre a internação compulsória e, se assim não é realizado, é porque ser dependente químico não é tipificado como crime.

Com esta monografia pode-se chegar à conclusão de que ainda que não seja a melhor solução para o tratamento deste dependente este é o primeiro passo na tentativa de resgatar este indivíduo que está vivendo sem sua dignidade humana.

Totalmente legalizada no Brasil, a internação compulsória vem tratada na Lei 10.216/01 e está em consonância com os princípios da Carta Magna de 1988, pois, a mesma traz a vida como supremo. Sem ele não existiriam os demais direitos. A Internação Compulsória deverá somente ser aplicada quando não houver alternativa para salvar a vida do usuário e esta deverá ser precedida de autorização judicial conforme lei. Junto com ela deverão ser utilizados os princípios da Bioética que foram introduzidos no sistema brasileiro pela Resolução nº 196, de

10 de outubro de 1996, do Plenário do Conselho Nacional de saúde sendo a beneficência, autonomia e a justiça.

Sendo de conhecimento geral que o uso contínuo de drogas causa dependência e pode levar a morte do usuário, é dever do Estado interferir na vida daquele cidadão e determinar sua internação para tratamento, garantir como determina à Constituição o direito à vida e à dignidade humana. Ainda que o direito à vida sobreponha o direito à liberdade vimos que em algumas situações haverá conflito dos princípios jurídicos e quando houver um conflito poderá um princípio sobrepor o outro levando em consideração o que for melhor. Neste caso irá sobrepor o da vida dessa forma salvando o dependente da morte e devolvendo-lhe uma vida digna por direito.

Diante do apresentado, o Estado deve investir no tratamento e atendimento aos usuários e dependentes químicos, investindo diretamente em clínicas públicas apropriadas para dependentes em estágio avançado e indiretamente fornecendo ajuda as clínicas já existentes sem fins lucrativos para atuarem na batalha contra essa dependência química visto que reflete em um todo na sociedade.

Por fim, observado o processo legal entendo que a internação compulsória dos dependentes químicos é legal, não ferindo desta forma quaisquer direitos fundamentais do usuário, e busca resgatar uma vida quase perdida e lhe devolver a dignidade para essas pessoas que são ignoradas pela sociedade e esquecidas por completo pelo poder público.

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RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justiça. Agravo de Instrumento. AVALIAÇÃO E INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA. TRATAMENTO CONTRA ALCOOLISMO. OBRIGAÇÃO DO PODER PÚBLICO. NECESSIDADE DE INTERNAÇÃO

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