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Um marco importante para a regulamentação da energia solar fotovoltaica no Brasil foi a publicação da Resolução Normativa ANEEL nº 482, em 17 de abril de 2012, que estabeleceu as condições gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica e o sistema de compensação de energia elétrica. Essa resolução foi alterada em 11 de dezembro de 2012, por meio da Resolução Normativa ANEEL nº 517, e novamente aprimorada em 24 de novembro de 2015, pela Resolução Normativa ANEEL nº 687, essa última com validade a partir de 01 de março de 2016.

Desde a publicação da Resolução em 2012 até outubro de 2015, foram instaladas 1.285 centrais geradoras, sendo 1.233 (96%) com a fonte solar fotovoltaica, 31 eólicas, 13 híbridas (solar/eólica), 06 movidas a biogás, 01 a biomassa e 01 hidráulica (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL, 2015b). Esses números deixam claro que, em termos de geração distribuída, isto é, onde a geração de energia está localizada próxima da fonte consumidora, predomina a utilização de geração fotovoltaica.

2.5.1 Conceitos e Premissas

Na última publicação da Resolução Normativa ANEEL nº 687, de 24 de novembro de 2015 (resolução essa que alterou a Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012) houveram alterações significativas nas definições dos termos utilizados, entre outras alterações. As alterações foram:

 utilização do termo “fontes renováveis” ao invés de citar quais as fontes renováveis são contempladas na resolução, como estava na redação anterior, permitindo a utilização de qualquer fonte renovável;

 alteração da definição de microgeração distribuída, definindo agora como sendo as centrais geradoras com potência instalada igual ou menor a 75kW (anteriormente esse valor era menor ou igual a 100kW);  alteração da definição de minigeração distribuída, definindo agora

como sendo as centrais geradoras com potência instalada superior a 75kW e igual ou menor a 3MW para fontes hídricas, ou menor ou igual a 5MW para as demais fontes renováveis (entre elas a solar fotovoltaica) e cogeração qualificada (anteriormente esse valor compreendia a faixa de potência maior que 100kW e menor ou igual a 1MW para qualquer fonte);

 alteração do prazo de validade dos créditos gerados pela energia excedente produzida, em determinado mês, pela unidade geradora, passando de 36 para 60 meses;

 possibilidade de utilização dos créditos de energia para descontar o consumo de unidades consumidoras do mesmo titular(tanto pessoa física como pessoa jurídica) em outra região, desde que atendida pela mesma distribuidora de energia da unidade geradora – denominado “autoconsumo remoto”;

 possibilidade de geração em condomínios, permitindo que a energia gerada seja compartilhada entre os condôminos em percentuais definidos pelos próprios consumidores;

 criação da chamada “geração compartilhada”, permitindo a constituição de consórcios ou cooperativas que produzam energia e utilizem-na para os seus consorciados ou cooperados;

 instituição de formulários padrão para que o consumidor solicite o acesso (conexão à rede) às concessionárias. O prazo das concessionárias para implantar o acesso na microgeração foi reduzido de 82 para 34 dias. Ainda, a partir de 2017, as concessionárias de energia devem disponibilizar o serviço de solicitação do acesso via Internet.

2.5.2 Sistema de Compensação de Energia

O sistema de compensação de energia apresentado na resolução nº482 da ANEEL define que a energia ativa gerada por uma unidade consumidora que não for consumida no momento da geração (energia excedente) possa ser cedida, em forma de empréstimo gratuito, à concessionária de energia local, e posteriormente possa ser utilizada de forma compensatória no consumo de energia advinda da rede da concessionária desta unidade consumidora. Tal sistema de compensação não se aplica a consumidores livres ou especiais.

De acordo com a Resolução Normativa ANEEL nº 687,art. 7º, mesmo que toda a energia consumida pela unidade consumidora seja proveniente de geração própria (sistema autossustentável), haverá uma valor mínimo a ser pago pelo consumidor à concessionária no SFVCR. Esse valor será o custo de disponibilidade (para o consumidor do Grupo B) ou o valor da demanda contratada (para consumidores do Grupo A).

Os parâmetros do chamado custo de disponibilidade citado, foram definidos por meio da Resolução Normativa ANEEL nº 414, de 09 de setembro de 2010, resolução essa que estabelece as condições gerais para o fornecimento de energia elétrica no Brasil. No seu artigo 98, tem-se que “o custo de disponibilidade do sistema elétrico, aplicável ao faturamento mensal de consumidor responsável por unidade consumidora do Grupo B, e o valor em moeda corrente equivalente a:

I. 30 kWh, se monofásico ou bifásico a 2 (dois) condutores; II. 50 kWh, se bifásico a 3 (três) condutores; ou

§ 1º O custo de disponibilidade deve ser aplicado sempre que o consumo medido ou estimado for inferior aos referidos neste artigo, não sendo a diferença resultante objeto de futura compensação".

Ainda, segundo a Resolução Normativa ANEEL nº 414, de 09 de setembro de 2010, artigo 134, parágrafo 3º,há um valor mínimo de demanda contratada a ser pago pelos consumidores atendidos pelo enquadramento tarifário tipo A, cujo valor é de 30kW.

Ou seja, qualquer sistema fotovoltaico conectado à rede no Brasil obrigatoriamente tem um valor mínimo a ser pago à concessionária, e tal custo deve ser considerado em qualquer análise de viabilidade econômica de implantação de sistemas de geração distribuída.

Há a possibilidade do chamado “autoconsumo remoto”, quando o titular da unidade consumidora onde se encontra instalada a microgeração ou minigeração distribuída deve definir o percentual da energia excedente que será destinado a cada unidade consumidora participante do sistema de compensação de energia elétrica, podendo solicitara alteração junto à distribuidora, desde que efetuada por escrito, com antecedência mínima de 60(sessenta) dias de sua aplicação e, para o caso de empreendimento com múltiplas unidades consumidoras ou geração compartilhada, acompanhada da cópia de instrumento jurídico que comprove o compromisso de solidariedade entre os integrantes (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA - ANEEL, 2015c).

A possibilidade de autoconsumo remoto deve ser levada em conta principalmente para empresas com grande capilaridade, isto é, que possuem várias filiais ou sedes em diversas regiões cuja concessionária de energia é a mesma. Isso permite que toda a energia gerada seja contabilizada para um mesmo CNPJ, pois pode-se ter geração excedente em algumas unidades, que pode ser utilizada em outras filiais previamente cadastradas na concessionária. Especificamente no caso da geração por meio de painéis fotovoltaicos, pode-se utilizar a estratégia de um investimento maior em locais com maior capacidade de geração (no caso de SFVCR, locais onde a irradiação e a produtividade são maiores), compensando os locais cuja capacidade é menor, com possibilidade de tornar o sistema mais viável economicamente.

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