Em 1995, um ano após a realização da conferência que deu origem ao padrão Dublin Core, realizou-se um outro evento onde foi proposto um novo padrão para metadados, o Framework de Warwick - que utiliza os descritores básicos do Dublin Core, sendo adicionados novos elementos. Ele é composto por vários pacotes, onde cada um deles pode utilizar uma sintaxe diferente. Apesar de aumentar a flexibilidade do modelo Dublin Core, não garante que dois pacotes poderão trocar dados entre si e nada no Framework de Warwick garante que dois conjuntos de metadados possam estar utilizando um conceito com significados diferentes ou dois conceitos com um mesmo significado. De modo a tratar essas dificuldades, um novo padrão surgiu, o RDF – Resource Description Framework.
O RDF é uma linguagem declarativa que fornece uma maneira padronizada de utilizar o XML para representar metadados no formato de sentenças sobre propriedades e relacionamentos entre itens na Web. Esses itens, denominados de recursos, podem ser virtualmente quaisquer objetos (texto, imagem, vídeo e outros), basta que possuam um endereço na Web.
O RDF recebeu grande influência da comunidade de bibliotecas digitais. O RDF pode ser entendido como uma implementação do Framework de Warwick sem um dos problemas identificados no Framework de Warwick: através da utilização da
marcação de namespace propiciada pelo XML, a questão da superposição semântica é
resolvida.
Um dos objetivos do RDF é tornar a semântica de recursos da Web acessível a máquinas. Apesar de a informação na Web poder ser lida automaticamente, sua semântica não é definida. O RDF vai acrescentar metainformação a esses recursos, de modo, a possibilitar às máquinas lidarem com eles de modo inteligente. Descrições RDF foram projetadas para fornecer informações aos computadores e não aparecerem na tela.
O modelo RDF básico destaca-se pela simplicidade com que busca estruturar o conteúdo de uma página Web. Eles são construídos com a utilização de recursos e propriedades, descritos a seguir:
37 • Recursos: representam o universo de objetos que podem ser descritos pelo
modelo RDF. Uma página inteira da Web ou uma parte dela; uma coleção de
páginas; ou um objeto que não é diretamente acessível via Web, por exemplo, um livro impresso. Para cada recurso é associado um identificador único (URI) de forma a poder identificá-lo posteriormente.
• Propriedades: representam os aspectos do recurso a serem descritos. Propriedades podem ser visualizadas como atributos (características) de recursos. Também são utilizadas para descrever relacionamentos entre recursos.
Neste sentido, o modelo de dados RDF assemelha-se ao modelo Entidade- Relacionamento. Cada propriedade tem um significado específico, definem seus valores permitidos, os tipos de recursos que podem descrever, e seus relacionamentos com outras propriedades.
Vejamos como ficaria, a partir de um exemplo de um site de conteúdo, o RDF correspondente. A tabela a seguir ilustra uma parte de um conteúdo HTML de
um site de conteúdo, por exemplo: www.ig.com.br, dentro do canal de Esportes e da
categoria Futebol, os campeões brasileiros dos anos de 2005 e 2006:
Categoria Campeonato Ano Campeão
Futebol Brasileiro 2005 Corinthians
Futebol Brasileiro 2006 São Paulo
Um possível arquivo RDF correspondente é o seguinte: <?xml version=”1.0”? > <rdf:RDF xmlns:rdf=”http://www.w3.org/1999/02/22-rdf-syntax-ns#” xmlns:esp=”http://www.pucsp.br/~demi/vocabulario/esporte/#”> <rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/esportes/futebol/br_camp.aspx”> <esp:ano>
38 <rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/#2005”> </rdf:Description> </esp:ano> </rdf:Description>
<rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/#2005”>
<esp:categoria>Futebol</esp:categoria> <esp:campeonato>Brasileiro</esp:campeonato> <esp:campeao>Corinthians</esp:campeao> </rdf:Description> <rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/esportes/futebol/br_camp.aspx”> <esp:ano> <rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/#2006”> </rdf:Description> </esp:ano> </rdf:Description>
<rdf:Description rdf:about=”http://www.ig.com.br/#2006”>
<esp:categoria>Futebol</esp:categoria>
<esp:campeonato>Brasileiro</esp:campeonato>
<esp:campeao>São Paulo</esp:campeao>
</rdf:Description> </rdf:RDF>
39 A primeira linha do arquivo é declarativa, ela diz qual a versão do XML está sendo utilizada, no caso trata-se da versão 1.0.
O elemento rdf:RDF é o elemento raiz (e no caso tem o terminador /rdf:RDF). Neste caso, ele indica que o conteúdo é RDF.
O elemento xmlns:rdf indica o namespace do próprio RDF, ou seja, ele indica
que todos os elementos ou atributos que começarem com o prefixo rdf: estarão localizados dentro de um único arquivo, que contém a especificação do vocabulário de RDF.
Também podemos ter vocabulários criados pelos autores do arquivo RDF em questão. No exemplo acima, foi apontado para
http://www.pucsp.br/~demi/vocabulario/esporte/#. Neste local estarão descritos
os termos utilizados: ano, campeao, campeonato e categoria. O namespace deste local é o xmlns:esp e que identificará as etiquetas do tipo esp:.
O elemento rdf:Description (e seu terminador /rdf:Description) contém a descrição do recurso identificado através do atributo rdf:about.
O elemento esp:ano descreve uma propriedade do recurso. O mesmo acontece para os elementos esp:categoria, esp:campeonato e esp:campeao.
É recomendável que o nome do arquivo RDF seja o mesmo do recurso que está sendo descrito com o sufixo .rdf. Por exemplo: se a página for: br_camp.aspx, o arquivo RDF correspondente será: br_camp.aspx.rdf.
Para ligar ou efetuar o link entre o recurso HTML (que expõe o conteúdo ao usuário, sendo que no caso trata-se de um arquivo asp.net com extensão aspx) e sua respectiva descrição RDF, devemos adicionar a tag <link> dentro da seção da tag <head> da página. Por exemplo: <link rel=”meta” href=”br_camp.aspx.rdf”>.
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