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3.1 – Acepção da palavra “responsabilidade”

Responsabilidade, palavra oriunda do latim “respondere”, significa responder, responsabilizar-se, assumir o pagamento do que se obrigou ou a obrigação decorrente do ato que praticou. Em sentido amplo, revela o dever jurídico em que se coloca a pessoa em razão de um contrato ou de uma lei para satisfazer uma obrigação devida ou para suportar sanções legais que se lhe impõe pela obrigação a cumprir. Ela decorre, portanto, da convenção, do contrato ou então da lei.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves137, a palavra responsabilidade tem sua

origem na raiz latina spondeo, pela qual se vincula o devedor, solenemente, nos contratos verbais do direito romano. Dentre as várias acepções existentes, destaca-se a noção de responsabilidade como aspecto da realidade social.

Responsabilidade civil é a expressão usada na linguagem jurídica para diferenciá-la de outras espécies de responsabilidade, como a administrativa, penal e a trabalhista, que mais tarde trataremos. Designa o dever de reparação do dano causado injustamente a alguém, que advém da máxima romana “não lesar ninguém”. Ela é o tipo de responsabilidade que se apura para que seja possível exigir a reparação civil como pena imposta ao responsável pelo ato ilícito, mediante a indenização ou através do ressarcimento das perdas ou prejuízos trazidos à vítima pelo ato ou omissão de outrem. Daí se constata que é a reparação civil, o resultado da responsabilidade civil por dano de qualquer espécie em relação ao mal causado por uma ofensa contra determinada pessoa ou coisa. Veremos que será ela que irá, atualmente, substituir a antiga satisfação através da tese do “olho por olho e dente por dente” que vigorava desde a época da Lei das XII Tábuas. Na lição de Silvio Rodrigues138, a responsabilidade civil é definida como a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo causado a outra, por fato de pessoas ou coisas que delas dependam.

137 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, IV volume, p. 01. 138 RODRIGUES, Silvio. Responsabilidade Civil, 13. Ed., v. 4, p. 04.

Para Alexandre Agra Belmonte139 “a responsabilidade civil é a relação jurídica consistente no dever garantido por lei, obrigação ou contrato, de reparar, no campo civil, o dano moral ou patrimonial causado por ato próprio do agente ou por pessoa, animal, coisa ou atividade sob a sua tutela”.

A responsabilidade civil constitui uma verdadeira resposta ao ato ilícito mediante a reparação do direito lesado através da ação da vítima, já que, na maior parte das vezes, a lesão ou ofensa se apresenta contrariando um interesse de natureza privada, diferentemente do que se vê com a responsabilização penal, que parte de uma infração a uma norma de direito público, com a perturbação da ordem social, o que incumbe o Estado a atribuição de uma pena ao acusado.

O que liga essas duas responsabilidades é o fato de haver em todas elas uma infração a um dever por parte do autor-responsável, que, por isso mesmo, deverá responder pelo ato ou omissão que praticou. Ela não tem natureza jurídica de obrigação, pois se trata de uma autêntica relação jurídica, uma relação jurídica autônoma, embora sucessiva e não originária, proveniente ou não de uma obrigação, e geradora do dever de reparar o dano140.

Desse modo, toda a atividade que acarrete prejuízo, traz em seu bojo, como fato social, o problema da responsabilidade. Destina-se a restaurar o equilíbrio moral e patrimonial provocado pelo autor do ato danoso, tendo em vista o interesse em restabelecer a harmonia e o equilíbrio violados pelo dano. Assim, podemos afirmar que a responsabilidade exprime a idéia de equilíbrio, contraprestação e principalmente de reparação do dano.

A sua finalidade, como veremos durante o desenvolvimento de todo esse capítulo, é garantir o direito da vítima à segurança, através do pleno ressarcimento dos danos que sofreu, restabelecendo-se, na medida do possível, o status quo ante, atendendo a uma necessidade moral e jurídica de justiça.

Na opinião de Maria Helena Diniz141, a responsabilidade aparece como uma sanção, uma medida legal que poderá vir a ser imposta por quem foi lesado pela violação da norma jurídica, a fim de se fazer cumprir essa norma violada e reparar o dano causado

139 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de Responsabilidade Trabalhista: Danos Morais e Patrimoniais na

Relação de Trabalho, p. 29.

140 BELMONTE, Alexandre Agra. Curso de Responsabilidade Trabalhista: Danos Morais e Patrimoniais na

Relação de Trabalho, p. 32.

ou infundir respeito à ordem jurídica. Para ela, a sanção é, na realidade, o reflexo da responsabilidade; é a consequência jurídica do não cumprimento de um dever pelo próprio obrigado.

A responsabilidade, portanto, ainda na opinião da autora, tem uma dupla finalidade, quais sejam: a de garantir o direito do lesado à segurança e a de funcionar como uma sanção civil de natureza compensatória, através da reparação integral do dano causado à vítima ou uma indenização equivalente.

Como afirma Carlos Roberto Gonçalves, coloca-se o responsável na situação de quem, por ter violado determinada norma, se vê exposto às conseqüências não desejadas decorrentes de sua conduta danosa, podendo ser compelido a restabelecer o “status quo ante”. É a partir daí que a doutrina civilista afirma que a reparação do dano deve ocorrer mediante o retorno das coisas ao estado anterior em que se encontravam antes do evento danoso, ou, mesmo quando não seja possível esta situação, deve-se converter a reparação numa indenização em valor equivalente ao bem material, e quando o dano não for material, mas, moral, impõe-se um valor compensatório do bem violado.

A função da responsabilidade civil é causar um determinado impacto àquele que, ao praticar determinado ato, acaba gerando um dano a alguém, de modo que esse agressor seja levado a não mais praticá-lo. Isso mostra categoricamente que aquele que ainda se arriscar na mesma prática, terá que responder pelos seus atos perante a ordem jurídica.

Assim, ficará claro ao causador do dano o alto custo que ele terá que suportar em decorrência da prática do seu ato ou da sua omissão, de modo a desmotivá-lo a praticar atos que sejam prejudiciais ao direito de outrem, obrigando-o não só a se precaver, mas também a se prevenir das possíveis ocorrências que possam gerar danos, sendo esta última a técnica (prevenção) considerada a mais importante e eficaz pela moderna doutrina e jurisprudência, pois, para essas fontes do direito, a prevenção tem um papel de suma importância, qual seja: o de causar a redução da ocorrência de circunstâncias danosas, que é essencial para a convivência humana, o que, sem dúvida, será capaz de gerar certa paz e segurança jurídica.

No nosso trabalho, iremos mais a frente enfocar a importância, em matéria de responsabilidade civil, da prevenção contra danos ao meio ambiente e à saúde do

trabalhador, como uma maneira muito mais eficiente de impedir ou reduzir sensivelmente a ocorrência de fatos danosos, diminuindo a incidência das indenizações, que, como se sabe, não é capaz de trazer de volta uma vida humana que possa ter sido perdida.

É, portanto, nessa esteira que anda a responsabilidade civil: buscando restaurar o equilíbrio moral e patrimonial que foi atingido em face do descumprimento de uma norma legal ou contratual.

A responsabilidade pode ser resultado, como dissemos acima, tanto da afronta a normas morais como também a normas jurídicas, dependendo se o fato proibido infringe a lei, a norma moral ou até mesmo a religião, sem esquecer, é claro, da responsabilidade contratual142. Contudo, o nosso interesse aqui somente se voltará à hipótese de responsabilidade decorrente da infração de norma jurídica da qual decorre a idéia de lesão ou prejuízo, devendo o seu autor, em face dessa ocorrência, reparar o dano, recompondo o direito lesado.

Durante muito tempo se discutiu o fundamento da responsabilidade, levantando-se indagações a respeito da possibilidade ou não de ela existir independentemente da existência de um ato culpável e voluntário. Diante disso, o que se via era que o fundamento do dever de indenizar repousava sempre na pessoa do causador do dano, idéia que hoje já está ultrapassada.

142 A responsabilidade contratual, modalidade de responsabilidade civil obrigacional, pois, contrato é fonte de

obrigação, decorre a partir do momento em que o signatário, ao celebrar o contrato, se obriga a cumprir fielmente o avençado, sob pena de indenizar o prejuízo oriundo de sua inadimplência – ilícito contratual. Essa responsabilidade, portanto, provém da inexecução de uma obrigação mantida previamente entre as partes (ofensor e vítima). Aqui, o ônus da prova varia conforme o tipo de inexecução: quando incidente sobre uma obrigação de resultado, haverá a presunção de culpa do agente, dispensando-se a prova por parte da vítima; enquanto que quando o dano decorrer da inexecução de uma obrigação de meio, a vítima terá que comprovar o ato culposo do agente, salvo os casos de inversão do ônus da prova motivados pela aplicação do princípio da aptidão da produção da prova. Já a responsabilidade civil extracontratual, também chamada de aquiliana, decorre de uma violação de dever geral previsto em lei ou na ordem jurídica. Aqui, é o ato ilícito que, por si só, dá origem a uma relação jurídica obrigacional, criando para o causador do dano o dever de indenizar a vítima.

É possível em algumas esferas contratuais a estipulação de cláusula eficaz de não responsabilidade, de responsabilidade atenuada ou mesmo condicionada. Na responsabilidade aquiliana não há lugar para tais pactuações. Especificamente em relação aos contratos de trabalho, em face das suas características peculiares – sobretudo o princípio da proteção ao empregado – e ainda por ser um contrato do tipo dirigido e de adesão, qualquer cláusula que exima o empregador da obrigação de indenizar será considerada nula de pleno direito. Em nosso país, via de regra, a responsabilidade civil contratual prefere o da responsabilidade contratual, porque mais favorável à vítima no que tange ao ônus da prova. In: DELLEGRAVE NETO, José Afonso: Responsabilidade Civil no Direito do trabalho, p. 81-82.

A responsabilidade constitui um dever sucessivo decorrente da violação de um dever originário advindo da obrigação. Desse modo, toda a conduta humana que, violando um dever jurídico originário, causa prejuízo a outrem, é fonte geradora de responsabilidade civil143. Levando em conta o nosso tema em apreço, se alguém, no âmbito da relação trabalhista, se compromete a prestar serviços a outrem, assume uma obrigação e caso não venha cumpri-la, violará o seu dever originariamente pactuado, surgindo ai a responsabilidade de cobrir o prejuízo causado em decorrência do não cumprimento da prestação.

As obrigações que derivam de atos ilícitos, as que se constituem por meio de ação ou omissão culposa ou dolosa do agente, ou as geradas mediante a infração de um dever de conduta das quais resultam danos a outrem, serão o nosso objeto de estudo nesse momento, pois, daqui é que poderemos extrair a obrigação de ressarcir e indenizar os danos causados. Assim, aquele que pratica um ato ou incorre numa omissão de que resulte dano, deverá suportar as conseqüências do seu procedimento. É nesse contexto que dispõe o artigo 186 do CC/2002: “Todo aquele que violar direito e causar dano a outrem, comete ato ilícito”. Da mesma forma o artigo 927 do mesmo diploma informa que “Aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo”. Trata-se, portanto, a responsabilidade, de uma regra elementar de equilíbrio social.

Na visão da Teoria Geral do Direito, a responsabilidade civil decorre da prática de um ato jurídico (ato jurídico como espécie de fato jurídico) lícito ou ilícito, sendo esse último considerado jurídico tendo em vista os efeitos que produz na esfera do direito, vez que se constitui como fonte de obrigação, já que é resultado de violação de um dever de conduta por meio de ação ou omissão culposa ou dolosa do agente, da qual decorrem danos que atingem o indivíduo. São previstos no artigo 186 do CC de 2002, que, de forma bem clara, ratifica o fato de que não são necessárias apenas a ação ou a omissão do agente, sua negligência, imprudência ou imperícia. Imprescindível se faz conjugar esses fatos à idéia de prejuízo, pois, sem ele, não há como falar em dever de indenizar.

Chama-se imprudência o fato de agir o sujeito sem tomar as cautelas necessárias para evitar o dano. A doutrina civilista afirma que aqui também se enquadra a idéia de o agente demonstrar uma pequena consideração acerca dos interesses alheios.

A negligência consiste na falta de atenção ou na ausência de reflexão necessária em virtude da qual deixa o agente de prever o resultado que podia e devia ser previsto.

Por fim, a imperícia consiste na inaptidão técnica ou na ausência de conhecimentos para a prática de um ato ou omissão, de providência que se fazia necessária. Chamam alguns de culpa profissional.

Nos dias atuais, em face do advento dos “novos tempos”, urge a necessidade imediata da criação de medidas mais eficazes e equânimes que visem de imediato, reparar possíveis danos que sejam prejudiciais à vida, propriedade ou integridade física de qualquer sujeito que venha ser atingido. A questão da reparação passou a ser indispensável para o Direito, de tal modo que se estendeu o fundamento da responsabilidade também aos casos de exercício de atividades perigosas e pelo fato da coisa, sendo que esse último não será tratado por não ser tema desse trabalho.

Além de tudo, importante se frisar que para que alguém pratique ato ilícito gerador de dano e seja obrigado a repará-lo, se faz necessário a capacidade de discernimento do próprio autor do fato, devendo ser o sujeito imputável, condicionado pela sua livre manifestação de vontade.

A sanção que a lei impõe ao ofensor varia de acordo com o direito que foi violado. Assim, quando se infringe uma norma jurídica penal, a sanção é uma pena, e quando se infringe uma norma civil, a sanção corresponde à reparação do dano causado na sua integralidade, restabelecendo-se as coisas ao status quo ante, ou seja, ao estado em que se encontravam antes da ofensa.

Assim sendo, no caso de lesão a bem material, a indenização é fixada levando- se em conta o seu valor em face dos danos emergentes e lucros cessantes; e em relação à lesão de um direito imaterial, cabe ao juiz, de acordo com a nossa norma civil vigente, fixar uma indenização de natureza compensatória, já que não será viável se restabelecer a situação presente antes da ocorrência do dano, tendo o juiz que analisar, subjetivamente, para tanto, as condições financeiras, sociais e culturais do autor do dano e da vítima.

Na visão de Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho144, a responsabilidade civil tem natureza dúplice, portanto: de sanção e de reparação, sendo a

144GAGLIANO, Pablo Stolze, PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil

indenização um sucedâneo da reparação. As duas se complementam, pois, tanto a sanção quanto a reparação visam a castigar o ofensor, gerando um efeito punitivo pela ausência de cautela na prática de seus atos, persuadindo-o a não mais lesionar, mas também cria uma desmotivação social no seio da comunidade para que ninguém mais venha a cometer tais atos lesivos, causando prejuízo a outras pessoas.

3.2 – Evolução histórica da responsabilidade civil

Sabemos que a responsabilidade civil é um instituto mutável e que sofre diretamente os reflexos da modernização da sociedade e suas consequências sociais.

Em virtude de ter esse instituto se originado e desenvolvido com base nos fatos jurídicos sociais, é certo que o seu estudo nos obriga a embrenhar em sua história para obtermos uma compreensão adequada do seu avanço.

Segundo José Jairo Gomes “se o direito é fruto da cultura e representa, sob um aspecto, a institucionalização da razão normativa, assentando-se nas idéias de bem e virtude e, particularmente, na idéia de justiça, as quais visam concretizar-se na sociedade”145, não

se arreda a idéia de que o enceto de sua compreensão pressupõe primeiramente o exame da sua história.

Se a sociedade evolui, o direito há de evoluir igualmente, pois o bom conhecimento de uma legislação ou de um instituto depende diametralmente do bom conhecimento de sua história146.

É na história que encontramos a reconstrução do passado do homem, uma vez que é nela que saberemos como ele foi antes e como ele poderá ser147.

Ademais, não podemos esquecer que os estudos sobre responsabilidade civil levam de maneira inexorável à análise de seus marcos históricos que justificam as tendências e as funções do instituto148, pois, a responsabilidade civil é reflexo da própria evolução do direito149. Desse modo, torna-se inatacável o fato de que as considerações

145 GOMES, José Jairo. Responsabilidade Civil e eticidade, p. 33-34. 146 NASCIMENTO, Walter Vieira do. Lições de História do Direito, p. 03.

147 NERY, Rosa Maria de Andrade. Idéias do mundo antigo. Equação do justo e o direito de obrigações, p. 11. 148 FESSEI, Regina Vera Villas Boas. Marcos Históricos relevantes à compreensão da vocação do instituto da

responsabilidade civil. 350f. Tese (Doutorado em Direito das Relações Sociais) - Faculdade de Direito – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo: 2002, p. 03.

históricas são meios de permitir a correta análise do tema em debate a fim de que se possa obter uma nova visão da matéria com alguns sustentáculos no passado.

Portanto, antes de discorrermos especificamente sobre o tema deste trabalho, iremos fazer um breve esboço histórico da responsabilidade civil, pois, a partir daí, sim, poderemos extrair ilações atuais sobre o tema ora em debate.

Pode-se asseverar que nos primórdios da humanidade não se cogitava o fator culpa para a responsabilização do infortúnio, pois, na época, o dano provocava uma reação imediata, instintiva e brutal do indivíduo.

Em virtude de o homem primitivo estar muito ligado à sua comunidade, uma vez que fora dela se sentia desprotegido dos perigos imaginários, sua organização jurídica primitiva baseava-se no vínculo de sangue, representado pela recíproca tutela daqueles que possuíam uma descendência comum150.

Dessa forma, a ligação grupal chegava a determinar que quando o membro de uma determinada tribo agredia ou cometia alguma infração contra um membro de outra tribo, nascia para esta, o direito de responder à agressão sem qualquer controle que pudesse equilibrar as reações151.

A história da responsabilidade civil demonstra que os mais remotos ordenamentos indicavam ser a vendeta o principal regramento utilizado na consecução de justiça. No Código de Hamurabi, construção legislativa que data aproximadamente de 2.200 anos a.C., encontravam-se preceitos que concediam à vítima o direito de buscar indenização por um mal imerecidamente sofrido.

Segundo a teoria clássica, a responsabilidade civil assenta na presença de três pressupostos, quais sejam: o dano, a culpa do autor e a relação de causalidade. Contudo, no inicio das civilizações, não se cogitava, ainda, sequer, a idéia de culpa, já que, no mesmo momento em que o dano ocorria, este provocada uma reação imediata do ofendido que, utilizava-se da vingança privada, uma forma espontânea de reação contra o mal sofrido exercida sem qualquer limite de sujeição.

No Código de Manu, outro regimento jurídico bastante antigo, originário do século XIII a. C., já existiam, também, referências quanto ao dever de indenizar, pois, no

150 MARQUES, Oswaldo Henrique Duek. Fundamentos da pena, p. 02.

seu livro VIII, § 224, havia a menção relativa à indenização por danos causados por animais152. Era mais ético que o Código de Hamurabi, já que determinava a reparação da lesão por meio do pagamento de determinada importância, impedindo a utilização da Lei de Talião.153

A civilização helênica, mais avançada, até chegou a experimentar a noção de reparação do dano com sentido puramente objetivo, independente de contrariedade à norma predeterminada154.

Entretanto, apesar de essas legislações já mencionarem a forma de reparação do dano, é o direito romano que nos mostra a idéia verdadeira do avanço concernente ao modo de reparação do mal sofrido, uma vez que neste ordenamento é que surgem os primeiros traços da correta concepção de que a simples utilização da força pela força não lhe

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