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A nova ordem da economia mundial convencionada pelos setores produtivos levou a um aumento significativo da competitividade entre as empresas e, desta forma, as metas empresariais são tratadas para obter lucro em detrimento dos interesses da sociedade. De acordo com Ansoff (1991), a era pós-industrial transferiu as aspirações sociais da “quantidade” para a “qualidade” de vida. Porém, o Estado já vinha acudindo o trabalhador em benefícios que lhe garantisse um padrão de qualidade de vida e que atendesse as suas necessidades básicas. Drucker (1975) por sua vez alertava quanto aos problemas sociais, campo de destaque para o desenvolvimento de negócios, uma vez que se pode, “simultaneamente satisfazer uma necessidade social e ao mesmo tempo servir sua instituição, transformando a resolução de problema social numa oportunidade para negócios”.

Por conseguinte, Castro e Ribeiro (2008) mostram claramente o sistema de produção capitalista e suas relações de exploração do capital sobre o trabalho, já que as políticas sociais e o modelo de proteção social foram apresentados pela história moderna como mero assistencialismo do Estado, em suas variadas manifestações. A nova ordem liberal e capitalista provocou programas de combate à pobreza produzida pela instabilidade da política- social, surgindo novos atores sociais. Schroeder (2004) acrescenta que a ausência do Estado forçou a sociedade a reconhecer que as empresas, como grandes possuidoras e geradoras de riquezas materiais, poderiam assumir maior responsabilidade com as questões sociais.

De acordo com Maximiano (2004), a responsabilidade apresenta duas vertentes: a doutrina da responsabilidade social corporativa e a doutrina do interesse do acionista. Friedman (1999) em outrora defendia a responsabilidade empresarial dos acionistas diante de seu público e não atribuía a elas solucionar os problemas sociais, mais sim de pessoas que se ocupam com isso e, principalmente, do governo.

Entretanto, Tinoco (2004) seguiu a corrente da responsabilidade social corporativa associando a tomada de decisões com os resultados das atividades das companhias, atingindo um número maior de agentes sociais, tornando bem extensa a atitude de seus membros. Posto isto, a cidadania empresarial, como também é chamada, reforça o impacto dos exercícios das organizações para os administradores com os quais interagem: investidores, empregados, colaboradores, fornecedores, clientes, consumidores, competidores, governos e comunidades. Esta apreciação, vista por ele, leva em conta a adoção e a difusão de valores, condutas e procedimentos que possam induzir e estimular o contínuo aperfeiçoamento das gestões corporativas, indo além do cumprimento das obrigações trabalhistas, tributárias e sociais, e da legislação ambiental, como o uso do solo e outros.

Diante deste panorama, a sociedade percebeu que o governo e as empresas são responsáveis por uma parecela dos problemas sociais. Se estes órgãos ignorarem suas representações frente a seu público, as consequências serão de caráter destrutivo a longo prazo.

Nesse sentido, a responsabilidade social pode ser entendida como:

Negócio sustentável e responsável é a atividade econômica orientada para a geração de valor econômico-financeiro, ético, social e ambiental, cujos resultados são compartilhados com os públicos afetados. Sua produção e comercialização são organizadas de modo a reduzir continuamente o consumo de bens naturais e de serviços ecossistêmicos, a conferir competitividade e continuidade à própria atividade, a promover e a manter o desenvolvimento sustentável da sociedade (Instituto Ethos¹, 2013).

Na medida em que o homem se organiza socialmente, acordos vão sendo pactuados com o objetivo de tornar a convivência mais harmoniosa. Nessa nova conjuntura, o mundo empresarial adotou a responsabilidade social como uma nova estratégia revigorando seu desenvolvimento a longo prazo. Isso se deve a maior conscientização dos consumidores que procuram produtos que sejam geradores de melhorias para o meio ambiente e para a comunidade, valorizando aspectos éticos inerentes à cidadania.

Este comportamento, baseado em valores e na moral acordados coletivamente, faz da ética o referencial de consenso previamente estabelecido em cada cultura (organização, política e social). Desse modo, Moreira (1999) conceitua ética empresarial como “o comportamento da empresa entendida lucrativa quando age em conformidade com os princípios morais e as regras do bom procedimento aceitas pela coletividade (regras éticas)”. Isto explica que “a ética empresarial é norteada por princípios jurídicos, de natureza legal, e por princípios de boa convivência, de natureza social, em conformidade com os valores da organização, que dizem respeito à responsabilidade individual de seus integrantes e aos valores sociais que dizem respeito à cultura social em que a empresa está inserida”.

A partir dessa reflexão, pode-se presumir que há evidências de diferenças significativas quanto ao conceito de responsabilidade social. Ela pode ser encarada como uma nova forma de gestão da corporação e, para isso, deve incluir todos os setores, áreas, departamentos, governos e sociedade.

Além disso, iniciativas, gestos ou práticas isoladas motivadas para se atingir as metas, os objetivos sociais, ambientais e éticos, permitiram que as organizações criassem sistemas e técnicas para eliminar a poluição ainda no seu processo produtivo através da produção mais limpa.

¹ O Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social é uma organização sem fins lucrativos, caracterizada como Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público). Sua missão é mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. Criado em 1998 por um grupo de empresários e executivos oriundos da iniciativa privada, o Instituto Ethos é um polo de organização de conhecimento, troca de experiências e desenvolvimento de ferramentas para auxiliar as empresas a analisar suas práticas de gestão e aprofundar seu compromisso com a responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável. É também uma referência internacional nesses assuntos, desenvolvendo projetos em parceria com diversas entidades no mundo todo. O Instituto ETHOS possui um grande destaque entre segmentos da sociedade civil, do empresariado e mesmo de instituições acadêmicas, por ter sido o 1º. Instituto a se aproximar da Academia buscando trocas, parcerias que envolvessem o corpo docente e discente na discussão de tão emblemática temática.