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Apêndice 15 – Matriz de Relação Consolidada ISO 14001 – Dimensão Econômico-

1. INTRODUÇÃO

2.4 Responsabilidade social

2.4.2 Responsabilidade social empresarial

Discussões a respeito da temática responsabilidade social ocorrem desde o surgimento das empresas, mas somente recentemente essa temática passou a ser destaque em praticamente todos os setores da sociedade (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Segundo Carroll (1979) a responsabilidade social das empresas englobam as

expectativas econômicas, legais, éticas e discriminatórias/filantrópica que a sociedade possui com relação as organizações.

Um dos principais autores que auxiliaram a acessão das discussões relacionadas a responsabilidade social no contexto corporativo (referindo-se a empresas que se constituem na forma de sociedade anônima de capital aberto, onde a administração está desvinculada dos proprietários) foi o economistas Friedman autor do livro Capitalismo

e liberdade e ganhador do Prêmio Nobel em 1976 quando acusou a doutrina da

responsabilidade social de subversiva (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Segundo Friedman (1970) a responsabilidade social de uma empresa é gerar lucro. O autor afirma ainda que se o lucro estiver dentro da lei significa que as corporações estão produzindo bens ou serviços que gerarão benefícios para a sociedade e para o governo, sendo esse o responsável por resolver os problemas sociais existentes. Ainda afirma que o objetivo dos dirigentes é obter lucro para os acionistas e aqueles indivíduos que quiserem contribuir na resolução de problemas sociais, poderiam utilizar seus próprios recursos e não os das corporações, já que essas são artificiais e não possuem responsabilidades além das legais contrariando a ideia filantrópica empresarial. No entanto, os acionistas não são os únicos interessados nas empresas existindo outras partes interessadas que não se preocupam somente com os lucros e benefícios- financeiros, ou seja, analisando a posição de Friedman perante esse assunto as questões que envolvem a coletividade não são consideradas (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

Diante desse contexto, as partes interessadas (stakeholder) passaram a pressionar as empresas a respeitar os valores sociais, éticos e eliminar os impactos sociais e ambientais provenientes de seus processos produtivos (PENIDO et al., 2008). De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2012a) stakeholders são “individuo ou grupo que tem um interesse em quaisquer decisão ou atividades de uma organização”. Ou seja, as partes interessadas podem ser grupos de interesses que possuam um envolvimento direto ou indireto com as atividades das empresas como, por exemplo: cliente, sindicatos, fornecedores, investidores, autoridades governamentais, entre outros (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009).

A ABNT (2012) aponta a necessidade do engajamento das partes interessadas. Esse processo envolve diálogo (diálogo pode ocorrer através reuniões, conferências, audiências publicas, workshops, comitês consultivos, através da internet, entre outros). Dentre as razões apontadas pela ABNT para engajar as partes interessadas estão: aumentar a compreensão das organizações a respeito dos efeitos que suas decisões

afetam as partes interessadas e conciliar conflitos que envolvam as empresas, as partes interessadas e a sociedade como um todo.

De acordo com Barbieri e Cajazeira (2009) as principais dificuldades de implementar as práticas de responsabilidade social empresarial estão relacionadas ao mapeamento das partes interessadas, seus direitos, suas expectativas, obrigações; nas diferentes visões a respeito da relação entre as empresas e os stakeholder; e na inserção de todas essas questões no ambiente empresarial sustentável financeiramente.

Para auxiliar as empresas a ultrapassarem esses obstáculos Carroll (1991) desenvolveu um esquema que considerou a desagregação de seus componentes. Esse esquema foi representado por uma pirâmide que foi dividida em 4 dimensões que são:

 Econômica – o objetivo principal de uma organização é gerar lucro através da oferta de bens e serviços para manter-se competitivas no mercado;

 Legal – está relacionada ao comprimento de requistos legais e outros necessários para que as empresas mantenham sua reputação e boa imagem perante as partes interessadas;

 Ética – representa o comportamento ético que a sociedade espera que as organizações atendam. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010b) comportamento ético é definido como “comportamento que esteja de acordo com os princípios aceitos de uma conduta moral e correta no contexto de

uma situação específica e que seja consistente com normas internacionais de comportamento” (pag. 2). A má conduta ética de

gestores que praticam a corrupção, falsificação, biopirataria, incentivo ao trabalho escravo, sonegação, desvio de verbas, doações a campanhas eleitorais, entre outros estão sendo repugnados pelas partes interessadas, ou seja, a sociedade está exigindo que as organizações adotem uma postura ética (MORAES, et al. 2008); e

 Filantrópica - A dimensão filantrópica onde as organizações buscam resolver problemas sociais. A princípio as ações relacionadas às questões sociais eram baseadas na filantropia, onde empresários bem sucedidos doavam para a sociedade parte de seus ganhos. A filantropia parte de uma atitude individual, voluntária, de caráter similar a caridade e possui base assistencialista. Diferentemente da filantropia a responsabilidade social parte de ações coletivas que buscam fomentar a cidadania para todas as partes interessadas (MELO-

NETO; FROES, 2001). A responsabilidade social pode ser exercida de duas formas através de projetos sociais que são voltados para resolução de problemas voltados para a população e através de ações comunitárias que é a participação das empresas em programas sociais em parceria com governos, lideres comunitários, ONGs, entre outros (MELO-NETO; FROES, 2001).

Posteriormente Schwartz e Carroll (2003) aperfeiçoaram esse modelo e resumiram para três domínios que são: econômico (refere-se a atividades voltadas para obtenção de lucro), legal (refere-se as respostas dadas pelas empresas a respeito de questões legais) e ético (refere-se às responsabilidades das empresas em atenderem os anseios e expectativas das partes interessadas). Para criação do novo modelo foi utilizado 3 círculos que possuem intersecções.

Diante dessa abordagem as empresas deixaram de preocupar-se somente com obtenção de lucro e passaram a preocupar-se com o bem estar das partes interessadas, preservação do meio ambiente, compromissos éticos e transparência (PENIDO et al., 2008). Segundo Penido et al., (2008) os benefícios associados a empresas que adotam a responsabilidade social são: satisfação do consumidor, melhoria da imagem corporativa, motivação interna, engajamento da comunidade e de outras partes interessadas, entre outros.

Para ajudar empresas a incorporarem a doutrina da responsabilidade social em 2010 a International Organization for Standardization publicou a norma ISO 26000 - Diretrizes sobre Responsabilidade Social que fornece orientação sobre os princípios da responsabilidade social reconhece o engajamento das partes interessadas, temas centrais e as questões sociais (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010b).

Os princípios da responsabilidade social apontados pela norma são:

 Accountability onde as organizações prestem contas e se responsabilizem pelos impactos na sociedade, meio ambiente e economia;

 Transparência nas decisões e atividades que impactam todos as partes interessadas;

 A organização deve comprometer-se em manter o comportamento ético;  As partes interessadas devem ser respeitadas, consideradas e ouvidas;  Garantia de respeito pelo estado de direito;

 Respeitar as normas internacionais de comportamento; e  Sobretudo garantir o atendimento dos direitos humanos.

Os temas centrais da responsabilidade social são:  Governança organizacional;

 Direitos humanos;  Práticas de trabalho;  Meio ambiente;

 Práticas legais de operação;

 Questões relativas ao consumidor; e

 Envolvimento e desenvolvimento da comunidade.

A norma ISO 26000 não é certificável, no entanto, o Brasil foi um dos países pioneiros a desenvolver um padrão passível de certificação a NBR 16001 que será apresentado a seguir.

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