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Apêndice VI – Exemplo de registo de observação

Diagrama 4 Resposta emocional das mães

Como podemos verificar, relativamente à resposta emocional das mães esta evidenciou- se em três momentos diferentes: antes, durante e após o procedimento.

Emoções geradas pelo procedimento Estratégias de coping R e s p o s ta e m o c io n a l Raiva

Emoções positivas (após o procedimento) Emoções negativas (antes e durante o procedimento) Adiamento do confronto Fuga/evitamento Alívio Angústia / aflição /sofrimento / impotência Medo Ansiedade Evitar o sofrimento Evitar olhar Distrair

Podemos igualmente dizer que uma emoção é de duração limitada e de intensidade variável e que, para além disso, as suas manifestações físicas são muitas e específicas de cada indivíduo segundo a sua história individual, sexo, personalidade, época e cultura de origem (o que vem a comprovar algumas das nossas condições intervenientes no tipo de resposta emocional da mãe). As emoções impõem-se-nos de maneira espontânea, ao contrário de um pensamento que surge e que podemos controlar, elaborar. (Rispail, 2003).

As emoções desempenham um papel muito importante em relação ao stresse. O stresse, as emoções e o coping são processos interdependentes e mutuamente se influenciam (Serra, 1999). Assim, incluímos na resposta emocional das mães 2 categorias: as

emoções geradas pela fonte de stresse (procedimento) e as estratégias de coping

utilizadas com o objectivo de gerir estas emoções. Agrupámos as estratégias de coping na resposta emocional porque Lazarus e Folkman (1984) consideram-nas como tipos de resposta.

As emoções evocadas nas situações de stresse, desempenham um papel muito significativo. Por um lado, indicam como um ser humano está a avaliar a circunstância e por outro lado, ajudam-nos a compreender o comportamento subsequente que vai emitir. Emoções geradas pelo procedimento

As emoções a que o stresse dá origem são o que mais incomoda o indivíduo. São geradas em função da maneira como o ser humano interpreta o acontecimento e desempenham um papel importante na motivação, sendo responsáveis pela forma como o indivíduo lida com a circunstância que o perturba. (Serra, 1999). De facto, as emoções mais comuns são expressas de uma maneira evidente pelo comportamento exterior. (Bitti & Zani, 1997)

Aqui falamos nas emoções resultantes da percepção do estímulo doloroso. Lazarus (referido por Serra, 1999) salienta que as emoções do stresse que costumam surgir em situações de dano, de ameaça ou de desafio, correspondem usualmente a emoções negativas como, por exemplo, a cólera, a inveja, o ciúme, a ansiedade, o medo, a culpabilidade, a vergonha e a tristeza. No entanto, nas situações de stresse podem aparecer igualmente emoções de tonalidade positiva, particularmente quando uma situação desagradável termina (dando origem a alívio) ou quando o indivíduo pensa que algo de bom possa acontecer, dentro de um contexto que parece mau.

Neste sentido, distinguimos emoções nas mães consideradas negativas e positivas, salientando que, as emoções negativas, se tornaram evidentes antes da realização do procedimento, quando a enfermeira comunicava à mãe o início do procedimento e

durante a execução do mesmo; as positivas, evidenciaram-se após a execução com sucesso do procedimento.

Assim, passaremos a apresentar as subcategorias emoções negativas (antes e

durante o procedimento) e emoções positivas (após o procedimento) e respectivos

códigos que as originaram.

Relativamente às emoções negativas começaremos por abordar a ansiedade. A ansiedade é considerada por Lazarus (referido por Serra, 1999) como uma das quinze emoções do stresse. Antes do procedimento, assistimos a um tipo de ansiedade que denominámos de antecipatória: A Maria encontrava-se a dormir e quando me vê a mãe questiona se venho buscar a menina para o martírio. Um pouco depois chega a enfermeira D e disse à mãe que estava na hora ao que a mãe transparecendo alguma ansiedade questiona se tem mesmo de ser e se não há outra hipótese. De notar uma expressão facial que transparecia sofrimento e uma ansiedade imensa. (NC5)

Esta ansiedade antecipatória, também se manifestou pelo receio verbalizado pela mãe do Rui: (…) eu tinha receio era disso não sei se vão conseguir por o soro, porque ele é um miúdo muito irrequieto e estava nervosa antes por isso (…) (EMRui)

Serra (1999) refere-se à ansiedade como uma emoção difusa que é evocada perante uma ameaça subjectivamente sentida. Neste sentido, durante o procedimento, foi notório um aumento da ansiedade sempre que a enfermeira falhava uma tentativa em puncionar veia: A enfermeira G segura na seringa e introduz no cateter soro heparinizado ao que posteriormente infiltra e diz – não está bom. Entretanto a mãe do Manuel suspirou em tom mais alto. (NC8)

Também as enfermeiras se referem à ansiedade das mães: (…) mas há sempre aquelas mães que ficam mais ansiosas e dizem mesmo – ah senhora fico muito nervosa, desculpe eu sei que é para o bem dele, mas eu fico nervosa (EEG); (…) há mães que não aceitam bem o procedimento, ficam muito ansiosas, há mães que começam mesmo a “soprar”! (…) (EEC)

Relativamente a este último extracto, não poderemos estar perante uma descrição de cólera? De facto cólera é algo que enerva e o soprar poderá demonstrar um certo “mau humor” como refere Lazarus (referido por Serra, 1999), salientando que uma forma atenuada de cólera consiste no mau humor, que tem por finalidade chamar a atenção da pessoa supostamente acusada. Esta pessoa acusada poderá ser a enfermeira que é percepcionada por quem está em cólera como uma pessoa odiada. Isto por vezes é percepcionado pela enfermeira C como um “ataque” das mães: (…) há mães que ficam muito irritadas, revoltadas que a gente está magoando o filho, até parece que a formas de olhar delas e o tom de voz que usam é como se elas não confiassem em nós, pensam que nós estamos a magoar o filho de maneira bruta! (EEC)

Podemos considerar a raiva como uma forma atenuada de cólera, uma vez que esta surge quando a pessoa enfrenta uma ofensa depreciativa do próprio e/ou dos seus. Uma das mães também referiu este sentimento como resultado de algo que não estava a dar certo: Ontem a pequena estava chorando e eu estava com raiva porque não queria sair o sangue, eu estava ali nervosa, nervosa porque eles estavam a fazer tudo para sair o sangue e o sangue não queria sair para fora (…) (EMSara). Importa ainda salientar, relativamente a esta mãe que, uma característica da sua personalidade é não conseguir controlar sentimentos de raiva e rancor, como vimos anteriormente…Talvez por isso, tenha sido “invadida” por esta emoção numa situação de stresse.

Relativamente ao medo, Lazarus (referido por Serra, 1999) refere que este se manifesta perante um perigo físico imediato e concreto. Será que podemos falar neste perigo visto que não é a mãe que é submetida ao procedimento? Neste caso, constatámos que, quando a mãe tomou conhecimento da dor provocada pelo procedimento no filho, manifestou uma expressão de medo: Após a enfermeira G explicar que o Rui iria ser puncionado e iria sentir dor com o procedimento era notória uma expressão de preocupação, medo na face da mãe, com os olhos abertos e a suspirar alto. (NC4). Noutra situação, a mãe refere ter sentido medo devido ao perigo que o filho corria: Enquanto puncionam e após solicitação da enfermeira E, falando no Rodrigo, na sua forma de ser como bebé, a mãe refere que o seu maior medo é que ele chore muito por causa da laringomalácia e fique com falta de ar. (NC10)

Este medo também é referido pelas enfermeiras, que consideram que há mães que têm medo de assistir ao procedimento, porque também sentem como perigo para si próprias: (…) por vezes as mães revelam medo de assistir e sentir-se mal (…) (EEF)

O autor supracitado salienta ainda que, o medo pode gerar estratégias de evitamento ou de fuga que permitem evitar ou fugir de uma ameaça real. Tal facto, também verificámos neste estudo porque o medo de assistir ao procedimento faz com que, muitas vezes, as mães evitem assistir.

Slepoj (1998) refere que, normalmente o medo surge associado à ansiedade e à angústia visto que produz reacções físicas e emocionais análogas. Enquanto o medo surge provocado por um perigo objectivo, a ansiedade e a angústia nascem de situações às quais se atribui um significado subjectivo

Abordaremos de seguida alguns sentimentos, referidos pelas mães, aquando das entrevistas mas também interpretados pelas investigadoras e enfermeiras, como resultantes das emoções vivenciadas: angústia/aflição/sofrimento/impotência.

Optámos por agrupar estes quatro sentimentos porque, de forma geral, foram verbalizados associados.

Slepoj (1998) refere-se à angústia como um estado emocional semelhante ao medo, salientando-o como sentimento negativo. Distingue o medo da angústia na medida em que o medo é desencadeado no momento de um perigo real e a angústia pode ser provocada por um perigo produto da fantasia ou por uma ameaça interior: A Maria mantém o choro que se torna mais intenso sempre que a enfermeira retira um pouco o cateter e tenta introduzir novamente. A mãe entretanto olha para a filha e diz – coitadinha – com uma expressão de angústia e aflição (NC5).

Por vezes, o suspiro, de algumas mães, transparece a angústia em que se encontram devido ao não sucesso da punção: A enfermeira H desgarrota, retira um pouco o cateter, garrota novamente e introduz a agulha na tentativa de canalizar veia. A mãe olha e manifesta expressão facial de preocupação e angústia, suspirando em tom quase inaudível. (NC8)

Por vezes há mães que referem uma sensação de sufoco, aflição provocada pelo sofrimento dos filhos: (…) é um sufoco vendo aquela criatura tão pequena já a sofrer daquela

maneira (EMMaria); Outras mães referem-se à angústia em associação com a ansiedade:

Muita angústia! A pessoa fica…eu pessoalmente fiquei nervosa (…) fiquei muito angustiada (…) (EMRui).

Em outras situações, como resultado da angústia as mães choram: A mãe da Joana com expressão facial que transparecia preocupação e angústia, começou a chorar quando a enfermeira A entrou no quarto e disse que estava na hora da filha ser puncionada, mas um choro silencioso evidente por apresentar os olhos avermelhados, brilhantes com lágrimas. (NC1). De facto Fooladi (2005) refere que, uma simples lágrima poderá revelar múltiplas emoções não verbais. E não serão estas lágrimas sinal de sofrimento?

O sofrimento ou como algumas mães denominam “dor interior” é inerente à condição de mãe acompanhante. Num estudo realizado por Oliveira e Ângelo (2000), sobre a experiência da mãe acompanhante, é notório também um sentimento de dor e sofrimento.

As mães sofrem assistindo ao sofrimento, sofrem junto com os filhos e sofrem pelo facto de vê-los sofrer, em especial nas situações em que são submetidos aos procedimentos terapêuticos dolorosos na sua frente: (…) aquilo custa muito (EMMaria); Custa-me sempre, já se sabe que a bebé é pequenina (…) mas custa sempre, já se sabe que custa. (EMAna); (…) custa tanto ver, é pequenino (…) (EMManuel); (…) é uma dor cá dentro, não sei explicar (…) dá um sufoco, um sofrimento mesmo na própria mãe, vendo aquele sofrimento daquela bebé tão pequenina a ser picada (…) (EMMaria); Dá vontade de chorar, ontem eu chorei. Hoje ela não chorou muito por isso não meteu aquela impressão como meteu ontem (.,.) porque eu estava vendo a minha filha a penar, a sofrer (EMSara); Dói na alma porque ele está a chorar e eu não quero que ele chore, está-lhe a doer e eu não quero que doa (…) (EMManuel)

Decorrente deste sofrimento, as mães vivenciam também a dor de se sentirem

impotentes, de serem incapazes de livrar os seus filhos do sofrimento, sentindo-se

também angustiadas e ansiosas por isso: (…) só sei que tem de ser, que não pode mudar, dá um bocadinho de aflição, querer ajudar e não poder, impotentes, pronto. (EMRodrigo); (…) fiquei nervosa porque queria ajudar e não podia (…) (EMRui); (…) não poder fazer nada não poder intervir para poder acudir a criança (…) (EMSara); (…) e sinto-me impotente porque não consigo aliviar a dor, não há nada que eu faça que ele fique aliviado, sem dor, eu gostava de olhar para ele e dizer – pronto não tens mais dores – e a dor desaparecia. (EMManuel); (…) ele há bocadinho quando estava a chorar demasiado fiquei triste porque eu estava ali e não podia ajudar (…) (EMRodrigo)

Um estudo realizado por Bicho e Pires (2002), também demonstrou que este sentimento de impotência das mães é comum, devido à sensação de que não poderão intervir nos cuidados às crianças nem aliviar a dor e a situação clínica destas. É a sensação de vê- las sofrer e não poder fazer mais do que prestar-lhes apoio emocional e protecção parental permanente.

Após a análise destes extractos constatámos que estas emoções e sentimentos são gerados como reacção ao sofrimento da criança, ao choro, à dor: (…) é sempre um bebé a chorar (…) a gente sente sempre alguma coisa (EMRui); Qual é a mãe que gosta de ver um filho sofrer mesmo que seja obrigado (…) qual é a mãe que gosta de ver uma bebé tão pequenina a chorar? (EMMaria); (…) vê-la chorar eu preferia que não fizessem, para não vê-la chorar (…) (EMSara).

De facto o choro do bebé, provoca um tipo de resposta nas mães. Devido a esta experiência de sofrimento muitas são as que choram aquando dos procedimentos dolorosos aos filhos hospitalizados. Considerámos o choro como consequência da “chuva” de emoções negativas que assolam as mães nesse momento: Chegam à sala de tratamentos a mãe deita a Joana e chora (…) após a punção acompanhei a enfermeira A, a Joana e a mãe ao quarto e perguntei à mãe porque tinha chorado e esta respondeu-me que chorou porque não gosta de ver a filha sofrer (NC1).

Tal justificação também é partilhada por algumas enfermeiras que consideram o choro das mães como uma reacção à dor da criança, e como expressão do seu próprio sofrimento: É uma maneira delas mostrarem que aquilo também está a magoar a elas. (EEF); (…) elas estão a sofrer também por o filho estar a passar por aquilo e acho que, pronto, uma das maneiras de elas mostrarem esse sofrimento é através do choro; muitas vezes, elas estão a sofrer mesmo e vivem aquilo que é como o procedimento estivesse a ser feito nelas (…) (EEA); Choram porque sentem a dor do filho (…) a maioria parece que está a sentir a dor (…) porque não gostam de ver o filho sofrer e não podem fazer nada para impedi-lo porque é para o bem dele. (EEE); Há mães que choram por isso, há muitas que ficam aflitas porque elas sentem como se fosse com

elas, no lugar da criança, como é que elas se sentiriam a fazer a aspiração e elas têm muita afectividade com o seu filho e sentem o sofrimento do filho nelas (…) (EEC).

Apesar destas emoções negativas serem originadas como resposta à dor das crianças, a maior parte das mães preferia passar pela experiência de sofrimento em vez destas, como visível nos extractos seguintes: (…) preferia estar a passar por isso que seja ele porque a gente controla mais (EMRui); (…) não me importava nada de ser eu própria a sofrer pela minha filha (EMMaria). Também nas notas de campo este facto se encontra em destaque: Chegam à sala de tratamentos e a mãe pergunta à enfermeira se a punção poderá ser efectuada nela, porque as suas veias aparecem. (NC5)

Em relação às emoções positivas (após o procedimento), salientamos o alívio sentido e evidenciado, após a execução do procedimento com sucesso, quando a situação desagradável terminou.

Lazarus (referido por Serra, 1999) considera o alívio como a emoção mais simples de todas. Ocorre após não se ter materializado uma ameaça importante ou as condições terem sido modificadas para melhor: Após a enfermeira G fixar o cateter a mãe do Rui limpa as lágrimas e sorri. (NC4). Quando questionámos a mãe sobre a razão do sorriso ela justificou: Ao menos quando a enfermeira encontrou a veia já senti mais aliviada, porque estava perto do fim…fim do sofrimento (EMRui)

Considerando o procedimento doloroso com uma situação, factor, fonte de stresse podemos pensar: como é que o ser humano lida com as situações de stresse? Mais especificamente: como é que as mães lidam com os procedimentos dolorosos? Que recursos e estratégias utilizam? É sobre estas questões que nos debruçaremos de seguida.

Como já referimos na parte da revisão da literatura, o conceito de coping designa um esforço consciente que o indivíduo faz, perante uma situação indutora de stresse, na tentativa de solucionar essa situação. Snyder e Dinoff (referidos por Serra, 1999) definem estratégias de coping como respostas emitidas pelo indivíduo, com a finalidade de diminuir a carga física, emocional e psicológica ligada aos acontecimentos indutores de stresse. Estas estratégias de lidar com situações de stresse, têm modalidades diferentes, sendo algumas orientadas pelo indivíduo para a resolução directa do problema (coping centrado no problema) e outras para a atenuação das emoções sentidas (coping centrado nas emoções) e noutras ocasiões para a busca de apoio social (coping centrado na interacção social). Se têm êxito o stresse reduz-se, se não são eficazes, mantêm-se. De facto, as enfermeiras justificam as diferentes reacções das mães, por exemplo, o facto de chorarem, o facto de se manterem distantes dos filhos como mecanismos de defesa: Umas, acho que é defesa pessoal (…) (EEH); (…) acho que é uma maneira, uma defesa que elas

têm (…) (EEA). Deste modo, a categoria estratégias de coping, subcategorizou-se em

fuga/evitamento e adiamento do confronto e consequentemente do agrupamento dos

códigos apresentados posteriormente (que se encontram em negrito). Fuga/Evitamento

Santos e Ribeiro (referidos por Silva 2005) referem-se à fuga/evitamento como os esforços cognitivos de desprendimento e minimização da situação.

Segundo Lazarus e Folkman (1984) existe fuga e evitamento quando o indivíduo se afasta do assunto que o desgasta: algumas, é aquela defesa e acho curioso aquelas mães que não querem ver, isso é uma forma de defesa também – não vejo, não estou a sofrer (EEH); Essa distância é relativa porque há mães que se afastam porque não conseguem estar presentes por defesa (…) (EEG)

Estes esforços, na opinião das enfermeiras, são utilizados normalmente como defesa pessoal, como forma das mães evitarem a situação que lhes provocará sofrimento: (…) há mães que pensam que se não vêem não sofrem (…) (EEH); (…) há outras que talvez, por falta de coragem, se afastam mas, normalmente, quase todas são protectoras e afastam-se porque é mais defesa para não ver o filho sofrer (…) (EEE); (…) pela minha experiência há mães que preferem sair ou afastar-se e não ver o procedimento doloroso ao seu próprio filho (…) para não ver, para não sofrerem, para não verem o seu filho a chorar. (EED);

Como forma de evitar o sofrimento, também constatámos que é comum as mães

fecharem os olhos como protecção: (…) como não gosto de ver, fechei os olhos, queria que aquilo resultasse e ela ficasse boa (…) é uma protecção para mim, eu às vezes penso que é uma forma de egoísmo mas foi que não conseguia ver o tubo a entrar (…) (EMMaria), ou, até mesmo,

desviar o olhar: Desvio os olhos, não gosto de ver (…) porque ele está a chorar e dói (EMJosé); O António chorou, tossiu enquanto introduziram a sonda e a mãe mantinha-se distante com desvio do olhar (…) após em conversa com a mãe do menino questiono sobre a razão do desvio do olhar ao que ela responde que não gosta de ver. (NC9)

Também a enfermeira C justifica, estes desvios do olhar, como defesa: (…) desviam o olhar porque vêem que o bebé chora, que o bebé está aflito, vêem a reacção da criança, uma protecção (…) (EEC)

Uma outra forma de fuga (imaginária segundo os autores supra-citados), são os esforços comportamentais para evitar o problema. O relato seguinte evidencia o distrair, tentando “dizer piadas” como forma de manter a calma: (…) eu sou nervosa, e eu tento passar os nervos para trás dizendo piadas e tentando mudar para ver se não fico muito nervosa. (EMRui) Também assistimos a uma tentativa de adiamento do confronto, visível quando a mãe da Maria questiona a enfermeira antes do procedimento: tem mesmo de ser, não há outra hipótese? (NC5)

Esta experiência de assistir à dor dos filhos aquando dos procedimentos, como vimos anteriormente, despoleta nas mães emoções negativas. Estas emoções evocadas motivam as mães a respostas e comportamentos, numa tentativa de lidar com as próprias emoções.

De seguida, apresentaremos os comportamentos observáveis das mães na interacção com os filhos e enfermeiras em condições de stresse.

3.3- Comportamentos

3.3.1- Na interacção com os filhos