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Ressaltando os Impactos no Nordeste

Capítulo IV – Impactos da Recuperação do Salário Mínimo, 2004 2009

4.2 Salário Mínimo e Impactos Regionais

4.2.1 Ressaltando os Impactos no Nordeste

Considerando os diversos aspectos que apontam para uma relação mais intensa entre a política de aumento do salário mínimo e os aumentos mais elevados do rendimento médio no Nordeste, assim como essa diferença de tendência entre o comportamento dos rendimentos dos assalariados formais e informais entre a região Nordeste e as demais, a análise feita adiante - mais detalhada sobre as relações entre rendimento médio, salário mínimo e diferentes tipos de ocupação e de atividade – será concentrada nos movimentos ocorridos na região Nordeste, por meio da qual se espera obter resultados mais importantes. Esses resultados, na medida do possível e do necessário, serão cotejados com os observados nas demais regiões, especialmente na região Sudeste – que apresenta um dos maiores patamares de rendimentos médios, uma estrutura ocupacional mais diversificada e estruturada, e que apresentou o menor aumento do rendimento médio dos ocupados e assalariados formais e informais -, pois foge do escopo dessa dissertação a possibilidade de realizar uma análise detalhada e exaustiva, que seja capaz de contemplar os diferentes movimentos regionais por tipo de ocupação e de atividade.

Na região Nordeste, para os assalariados formais com rendimentos médios mais próximos do salário mínimo em 2004, os maiores aumentos do rendimento médio ocorreram para as categorias de ocupação dos Trabalhadores agrícolas (35,2%), Trabalhadores dos serviços (30%), Vendedores e prestadores de serviço do comércio (24,3%) e Trabalhadores da produção de bens e serviços de reparação e manutenção (23,7%)148. Nessas quatro categorias de ocupação,

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Mas no caso da massa salarial, o aumento para os assalariados sem carteira de trabalho assinada da região Nordeste foi expressivo (31,1%), somente menor do que na Região Norte (36,1%) – ver Anexo 5.

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Cabe ressaltar que os rendimentos médios dos assalariados formais e sem carteira – universos que excluem os empregados domésticos - aumentaram menos do que os rendimentos do conjunto dos ocupados (29,3%) e dos assalariados (30,3%) – ver tabelas 4.6 e 4.7, e Anexos 4 e 5.

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Entre as categorias de ocupação com rendimento médio, em 2004, acima de 2,0 s.m. (em valores constantes a preços de 2009, ou R$ 660,00), os aumentos dos respectivos rendimentos médios foram bem menores para os Trabalhadores de serviços administrativos e Dirigentes em geral. Entretanto, para as categorias Membros das forças armadas e auxiliares, Técnicos de nível médio e Profissionais das ciências e das artes os aumentos foram quase ou tão expressivos quanto os aumentos observados em algumas das quatro categorias de ocupação destacadas e de menor rendimento médio. Em ambos os casos, o fato de apresentarem, em 2004, rendimentos médios num patamar bem mais alto do que o valor do salário mínimo sugere tanto uma influência menor da elevação do mínimo no rendimento médio, como influências maiores do comportamento mais geral da economia, do mercado

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associadas a um patamar de rendimento médio de no máximo 2,0 s.m., observa-se uma clara tendência de maior elevação dos rendimentos médios, quanto mais próximo do valor do salário mínimo era o patamar do rendimento médio das categorias ocupacionais, apontando para a forte influência dos aumentos do salário mínimo nos aumentos dos rendimentos médios dessas ocupações - ver tabela 4.9149. Somente nessas quatro categorias de ocupação, cujos rendimentos foram fortemente influenciados pela elevação do salário mínimo, encontravam-se pouco mais de 2,8 milhões de trabalhadores, cerca de 55% do total dos assalariados formais do Nordeste em 2004. Além disso, esse contingente de empregados formais, fortemente beneficiados pela elevação do salário mínimo, aumentou para quase 3,8 milhões em 2009, uma variação de mais de 35%. Com isso, os empregados formais dessas quatro categorias de ocupação passaram a representar mais de 60% do total, movimento que contribuiu para uma forte elevação da massa salarial real – num ritmo superior a 60% em todas essas categorias, aumentando mais de 80% no caso dos Vendedores e prestadores de serviços do comércio – ver tabela 4.9150.

de trabalho, das negociações e da política de reajuste salarial dos militares na região Nordeste sobre o rendimento médio dessas categorias. Por esse motivo não receberam, nessa análise, destaque como as demais categorias de ocupação.

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Entre os empregados formais da região Norte do país, o maior aumento de renda média, entre 2004 e 2009, também foi registrado para os Trabalhadores agrícolas (26,5%), seguidos dos Trabalhadores dos serviços (20,2%). A maior variação da massa salarial ocorreu para os Vendedores e prestadores de serviços do comércio (77,6%), segmento que apresentou mais de 60% de aumento do número de ocupados. Nessa região, mais da metade dos ocupados formais em 2009 possuíam renda média abaixo de dois salários mínimos – Anexo 9.

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Nas demais regiões geográficas, essas categorias de ocupação, com as menores rendas médias, apresentaram um comportamento semelhante, todavia, com variações de massa salarial e renda média inferiores à região Nordeste. Na região Sudeste, com rendas médias superiores, foi onde se verificou as menores variações da renda média, confirmando a grand e relevância do piso mínimo, especialmente para as regiões Nordeste e Norte do país– ver Anexos 9, 13, 17, e 21.

150 Nº Absoluto Massa salarial (R$) Renda média

(R$) Nº Absoluto Massa salarial (R$)

Renda média ( R$) Massa salarial (%) Renda média (%) 2004 2009 Trabalhadores agrícolas 306.035 125.139.372,70 408,91 372.561 205.912.108,00 552,69 64,5 35,2 80,6 84,1 Ocupações maldefinidas 495 219.553,92 443,54 - - - - Trabalhadores dos serviços 1.070.015 502.052.009,88 469,20 1.324.695 807.895.330,00 609,87 60,9 30,0 70,2 76,2 Vendedores e prestadores de serviços do

comércio 351.699 189.578.224,56 539,04 514.087 344.553.542,00 670,22 81,7 24,3 61,1 69,4 Trabalhadores da produção de bens e

serviços e da reparação e manutenção 1.119.476 685.246.617,67 612,11 1.556.037 1.178.618.021,00 757,45 72,0 23,7 53,8 61,4 Trabalhadores de serviços administrativos 780.066 592.262.502,85 759,25 1.130.807 972.020.009,00 859,58 64,1 13,2 43,4 54,1 Técnicos de nível médio 728.914 679.909.219,36 932,77 836.101 966.504.382,00 1.155,97 42,2 23,9 35,3 40,2 Membros das forças armadas e auxiliares 117.304 159.822.419,21 1.362,46 139.908 249.086.493,00 1.780,36 55,9 30,7 24,2 26,1 Dirigentes em geral 219.411 391.105.008,24 1.782,52 277.689 576.909.423,00 2.077,54 47,5 16,6 18,5 22,4 Profissionais das ciências e das artes 455.190 874.782.016,22 1.921,80 750.777 1.783.801.765,00 2.375,94 103,9 23,6 17,1 19,6 Total 5.148.605 4.200.116.944,62 815,78 6.902.662 7.085.301.073,00 1.026,46 68,7 25,8 40,4 45,3

Obs: Exclusive trabalhadores domésticos Fonte: Microdados da PNAD - IBGE.

Nota 1: Considerado valores reais corrigidos pelo deflator para rendimentos da PNAD (INPC-IPEADATA), referente ao mês de setembro de 2009 (mês de referência da PNAD). Nota 2: Ver "Composição dos Grupamentos Ocupacionais" e "Relação de Código de Ocupação" da CBO-Domiciliar em Anexo de Notas Metodológicas da PNAD 2009.

Nota 3: Considerado valor real de 2004 corrigido pelo deflator para rendimentos da PNAD (INPC-IPEADATA), referente ao mês de setembro de 2009 (mês de referência da PNAD) - R$ 329,49. Para 2009, utilizado valor nominal referente ao mês de setembro do mesmo ano - R$ 465,00.

Tabela 4.9 - Renda média e massa salarial dos ocupados formais de quinze anos e mais, da Região Nordeste, conforme categoria de ocupação, e taxa de variação e participação do salário mínimo. Brasil, 2004 - 2009

Categoria de ocupação²

2004¹ 2009 Variação 2004/2009

Participação SM³/Renda média

(%)

Com o expressivo aumento do valor real do salário mínimo e com esses movimentos dos rendimentos médios, observa-se um importante aumento do valor do salário mínimo em relação aos rendimentos médios nessas quatro categorias de ocupação, alcançando mais de 84% entre os Trabalhadores agrícolas, 76% entre os Trabalhadores de serviços e mais de 60% nas outras duas categorias de ocupação - ver tabela 4.9.

O conjunto desses movimentos dos rendimentos médios, de suas relações com o salário mínimo, do expressivo crescimento do número de empregados formais, especialmente nessas quatro categorias de ocupação, revela que a importância da política do salário mínimo aumentou expressivamente, entre 2004 e 2009, na definição dos salários de base de parcela crescente dos empregados formais do Nordeste. Ainda que com algumas diferenças, entre os empregados assalariados sem carteira assinada, da região Nordeste, a política de valorização do salário mínimo também apresentou resultados semelhantes.

Relativamente aos empregados formais, o comportamento do segmento de empregados sem carteira de trabalho assinada apresentou diferenças significativas na Região Nordeste. Em primeiro lugar, cabe destacar que os rendimentos médios de todas as categorias de ocupação são menores para os sem carteira, e por causa disso o número dessas categorias que apresentam rendimentos médios de até 2,0 s.m. é maior do que para os assalariados formais, somando seis categorias, com acréscimos das categorias: Trabalhadores dos serviços administrativos e

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Técnicos de nível médio. Com exceção da categoria Trabalhadores agrícolas, todas as categorias de ocupação dos assalariados sem carteira apresentaram aumentos do rendimento médio maiores do que para os empregados formais, com destaque para os maiores aumentos dos Vendedores e prestadores de serviços do comércio (38,5%) e Trabalhadores dos serviços (38,3%), justamente os que apresentavam os menores patamares de rendimento médio em 2004 – ver tabelas 4.9 e 4.10151.

O fato do conjunto dos assalariados sem carteira apresentar aumento do rendimento médio menor do que para os assalariados formais, na região Nordeste, reflete o elevado peso dos trabalhadores agrícolas sem carteira – a única categoria em que o rendimento dos informais cresceu menos do que os formais –, puxando o ritmo de aumento dos rendimentos dos sem carteira para baixo, enquanto as demais categorias empurrou para cima. Por outro lado, isso também mostra como o salário mínimo teve um impacto muito maior entre os trabalhadores agrícolas formais (35,2%) do que entre os trabalhadores agrícolas sem carteira (21,9%). Esse ritmo de aumento dos empregados agrícolas sem carteira assinada também foi menor do que o alcançado por todas as categorias de ocupação sem carteira, com rendimentos médios de até 2,0 s.m., em 2004152. Isso mostra que estar ocupado no trabalho agrícola na região Nordeste, como empregado sem carteira assinada, não somente significava ter uma chance maior de ter um menor rendimento do trabalho, como também de ser menos beneficiado pelos aumentos do salário mínimo, tanto em relação aos trabalhadores agrícolas formais, como em relação a todas as demais categorias de ocupação – formais e informais –, com rendimento médio do trabalho de até 2,0 s.m. em 2004.

Esses resultados, portanto, mostram a importância da formalização dos vínculos do emprego para melhorar a eficácia do salário mínimo na elevação dos rendimentos médios, especialmente das ocupações associadas a menores patamares de rendimentos, que geralmente

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No conjunto das categorias de atividade para os ocupados sem carteira da região Sudeste, ocorreu a menor elevação de renda média total (17,3%), comparativamente às demais regiões. As maiores variações positivas foram observadas nas categorias com renda média, em 2004, até dois salários mínimos: Serviços sociais (52,5%), Outros serviços coletivos e sociais (37,9%), Indústria da construção (36,3%), Agricultura e pecuária (30,1%), Alojamento e alimentação (28,5%). A massa salarial do conjunto dos assalariados sem carteira para a região teve elevação de apenas 8,4%, somente maior que a variação total do Centro Oeste (1,9%), evidenciando a positiva retração do número de ocupados sem carteira (-7,6%) – ver Anexo 20.

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O que significa um rendimento médio, expresso nas tabelas, de até R$ 660,00, valor correspondente a 2,0 s.m. de 2004, corrigidos pelo INPC-PNAD para o ano de 2009.

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apresentam participação marcante em atividades e/ou regiões mais atrasadas - numa perspectiva não somente econômica, mas também social e politica153.

Nessa condição de empregado agrícola sem carteira, na região Nordeste, se encontrava 1,443 milhão de trabalhadores em 2004, situação que não foi agravada porque esse contingente manteve-se praticamente estagnado (1,442 milhão) em 2009, enquanto o conjunto do segmento de assalariados sem carteira nessa região cresceu 6,5% – ver tabela 4.10. Além disso, o total dos empregados formais agrícolas era de 306 mil em 2004, passando para 373 mil em 2009, uma variação de 21,7%, ritmo bem maior do que o observado para os agrícolas sem carteira, e que revela uma importante tendência de formalização do emprego agrícola no Nordeste. Assim, cabe destacar como aspecto favorável, para esse segmento de trabalhadores agrícolas sem carteira assinada - que foi menos beneficiado num período de expressiva elevação do salário mínimo -, o fato de que essa categoria não somente perdeu participação no total dos assalariados sem carteira do Nordeste, de 31,3% em 2004, para 29,4% em 2009, mas também teve sua participação reduzida frente aos formais; a taxa de formalização dos trabalhadores agrícolas passou de 17,5% para 21%, entre 2004 e 2009154.

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No Sudeste brasileiro, com uma taxa de formalização de 46,5%, a categoria de ocupação dos empregados formais da agricultura e pecuária apresentou o maior aumento dos rendimentos médios (39,3%), dentre as categorias de ocupação com renda média até 2,0 s.m.. Na região Nordeste, com rendimento médio 14% menor nessas atividades, o aumento respectivo do rendimento médio foi menor (26,5%), o que aponta para a importância também da dinâmica econômica (maior organização das unidades produtivas e produtividade) e da organização sindical, entre outros fatores, para maiores elevações do rendimento médio dessas ocupações, mesmo com expressivos aumentos do salário mínimo – ver Anexos 7 e 18.

O segmento de Alojamento e alimentação apresentou um reduzido aumento (12,7%) do rendimento médio dos empregados formais na região Sudeste. Esse último segmento apresentou ainda uma das maiores elevações da massa salarial (57,3%) da região Sudeste, com um aumento de quase 40% dos empregados formais entre 2004 e 2009 – ver Anexo 18.

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Para o conjunto dos trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, exceto os domésticos, conforme categoria de ocupação e região geográfica, na região Norte verifica-se uma renda média total, em 2004, cerca de 50% abaixo da renda média total dos ocupados formais. Entretanto, também com exceção dos trabalhadores agrícolas, notam-se aumentos maiores das rendas médias para os sem carteira, sobretudo para aquelas categorias com maior relação salário mínimo/renda média, como trabalhadores dos serviços, vendedores e prestadores de serviços, trabalhadores da produção de bens e serviços e reparação – ver Anexos 9 e 11.

153 Nº Absoluto Massa salarial (R$) Renda média

(R$) Nº Absoluto Massa salarial (R$)

Renda média ( R$) Massa salarial (%) Renda média (%) 2004 2009 Ocupações maldefinidas 504 41.515,65 82,37 - - - - Trabalhadores agrícolas 1.443.010 307.295.065,26 212,95 1.441.555 374.172.173,00 259,56 21,8 21,9 154,7 179,1

Vendedores e prestadores de serviços do

comércio 339.313 87.938.616,14 259,17 407.964 146.415.032,00 358,89 66,5 38,5 127,1 129,6 Trabalhadores dos serviços 692.535 185.093.536,94 267,27 666.602 246.476.294,00 369,75 33,2 38,3 123,3 125,8

Trabalhadores da produção de bens e serviços

e da reparação e manutenção 1.127.807 366.648.261,31 325,10 1.256.250 519.493.017,00 413,53 41,7 27,2 101,4 112,4 Trabalhadores de serviços administrativos 318.941 128.474.109,75 402,81 396.934 202.390.133,00 509,88 57,5 26,6 81,8 91,2

Técnicos de nível médio 389.677 192.256.980,10 493,38 397.506 244.211.250,00 614,36 27,0 24,5 66,8 75,7

Dirigentes em geral 118.115 149.507.122,04 1.265,78 94.675 138.778.557,00 1.465,84 -7,2 15,8 26,0 31,7

Profissionais das ciências e das artes 170.100 227.473.396,27 1.337,29 243.263 262.027.450,00 1.077,14 15,2 -19,5 24,6 43,2

Membros das forças armadas e auxiliares 4.087 5.822.303,89 1.424,59 15.557 29.458.093,00 1.893,56 406,0 32,9 23,1 24,6

Total 4.604.089 1.650.550.907,36 358,50 4.904.749 2.133.963.906,00 435,08 29,3 21,4 91,9 106,9

Obs: Exclusive trabalhadores domésticos Fonte: Microdados da PNAD - IBGE.

Nota 1: Considerado valores reais corrigidos pelo deflator para rendimentos da PNAD (INPC-IPEADATA), referente ao mês de setembro de 2009 (mês de referência da PNAD). Nota 2: Ver "Composição dos Grupamentos Ocupacionais" e "Relação de Código de Ocupação" da CBO-Domiciliar em Anexo de Notas Metodológicas da PNAD 2009.

Nota 3: Considerado valor real de 2004 corrigido pelo deflator para rendimentos da PNAD (INPC-IPEADATA), referente ao mês de setembro de 2009 (mês de referência da PNAD) - R$ 329,49. Para 2009, utilizado valor nominal referente ao mês de setembro do mesmo ano - R$ 465,00.

Tabela 4.10 - Renda média e massa salarial dos ocupados sem carteira de quinze anos e mais, da Região Nordeste , conforme categoria de ocupação, e taxa de variação e participação do salário mínimo. Brasil, 2004 - 2009

Categoria de ocupação²

2004¹ 2009 Variação 2004/2009

Participação SM³/Renda média

(%)

Por outro lado, nesse período de elevação do salário mínimo e de melhorias na economia e no mercado de trabalho nordestino, de forma até surpreendente, os empregados sem carteira das demais categorias de ocupação com rendimento médio de até 2,0 s.m. foram mais beneficiados155, com maiores aumentos do rendimento médio, relativamente aos empregados formais da mesma região – ver tabelas 4.9 e 4.10156. No conjunto dessas cinco categorias de ocupação de empregados sem carteira assinada, cerca de 2,87 milhões de trabalhadores, em 2004, foram beneficiados com os impactos da elevação do salário mínimo, número que passou para 3,13 milhões em 2009; o que significou uma ligeira elevação desse contingente no total dos assalariados sem carteira nordestinos, de 62,4% em 2004, para 63,9% - ver tabelas 4.9 e 4.10.

Outra importante diferença, em relação ao segmento dos assalariados formais da região Nordeste, refere-se ao fato de que a massa salarial das categorias de ocupação dos empregados sem carteira com até 2,0 s.m, em 2004, cresceu bem menos do que o observado para a massa salarial das mesmas categorias do setor formal nessa faixa de rendimentos157. Considerando que o

155

Esse aumento ocorreu nas seguintes categorias de ocupação dos trabalhadores sem carteira de trabalho assinada, com rendimentos de até 2,0 s.m., na região Nordeste: Vendedores e prestadores de serviços do comércio; Trabalhadores dos serviços; Trabalhadores da produção de bens e de serviços e da reparação e manutenção; Trabalhadores dos serviços administrativos; Técnicos de nível médio – ver tabela 4.10.

156

Entre todas as regiões, no Sul do país ocorreu o maior crescimento de renda média para o conjunto das categorias de atividade dos ocupados sem carteira (30,4%), com as maiores variações para as categorias com renda média muito próxima do piso mínimo, até 1,5 s.m. – ver Anexo 18.

157

Considerando o conjunto das regiões, os ocupados sem carteira do Nordeste tiveram as maiores variações da massa salarial, levando-se em conta as mesmas categorias de ocupação e na faixa de renda média de até 2,0 s.m., em 2004, com exceção para os Trabalhadores dos serviços, em que a massa salarial aumentou mais na região Norte. Cabe destacar que esses aumentos foram

154

rendimento médio aumentou mais em quase todas as categorias de ocupação – a exceção foi o Trabalhador agrícola – com rendimento médio de até 2,0 s.m., o movimento do menor aumento da massa salarial refletiu especialmente o menor ritmo de expansão do emprego assalariado sem carteira (6,5%), relativamente ao forte ritmo de aumento do emprego assalariado formal (19,5%), ou seja, decorreu da ampliação da formalização do emprego assalariado no Nordeste, tendência observada em todas as regiões do país – ver Anexos 4 e 5.

Em algumas categorias de atividade, na região Nordeste, com rendimentos médios de até 2,0 s.m. de 2004 (a preços constantes de 2009), observa-se também que os aumentos dos rendimentos médios reais foram maiores para os empregados sem carteira - Alojamento e alimentação (31,3%), Comércio e reparação (30,2%), Indústria de transformações modernas 39%) – do que para os formais (respectivamente 27,4%, 22,6% e 26,2%) – ver Anexos 7 e 8158. Nos dois primeiros casos, esse fato não representa algo surpreendente, em função da conhecida presença marcante do assalariamento sem carteira nesses segmentos mais marcados por unidades produtivas pouco estruturadas, que podem ter garantido a prática da contratação sem carteira assinada, ainda que pagando salários mais elevados aos empregados.

Entretanto, no caso da categoria dos empregados das industrias de transformação modernas, que, em princípio, deve ser representativa de um universo de unidades produtivas mais estruturadas, surpreende o fato de que também nessa atividade o rendimento médio do trabalho sem carteira tenha aumentado mais do que para os empregados com carteira159. No entanto, observa-se que nessa categoria de atividade, apresentando uma associação ainda maior com

muito maiores do que os observados no Sudeste, região que apresentou ainda redução da massa salarial dos Vendedores e prestadores dos serviços do comércio (- 4,8%) e dos Trabalhadores dos serviços administrativos (- 2,6%) – ver tabela 4.10 e Anexo 19. Juntamente com essas duas categorias, no conjunto das grandes regiões, decréscimos da massa salarial dos empregados sem carteira ocorreram para os empregados agrícolas do Centro-Oeste (-3,2%)e do Norte (- 2,2%) – ver tabela 4.10 e Anexos 11, 15, 19 e 23.

158

Nessa breve análise da relação entre salário mínimo e rendimento médio das categorias de atividade dos empregados formais e sem carteira assinada, foram também consideradas apenas aquelas categorias com rendimento não muito distante do valor do salário mínimo (até 2,0 s.m.), intervalo no qual se pode captar melhor os impactos do salário mínimo. Movimentos expressos por categorias de atividade assemelhadas a algumas categorias de ocupação – como Agricultura e pecuária – já mencionadas na análise, segundo a categoria de ocupação, também não foram novamente analisados, assim como não foram consideradas as categorias de atividade com menos de 150 mil ocupados, para garantir um mínimo de significância estatística dos dados. Para uma visão mais ampla sobre as categorias de atividade existentes e não introduzidas na análise, pra o caso da região Nordeste, veja os Anexos 7 e 8.

159

Importante salientar que a categoria referente à Indústria da transformação no Nordeste, com maior número de ocupados formais, em 2009 - cerca de 900 mil, depois de Comércio e reparação -, e renda média, em 2004, equivalente a 2,0 s.m., teve aumento de massa salarial de 54,6%, e renda média de 26,2%, resultados obtidos a partir da substancial expansão do emprego formal, contudo, muito fortemente relacionado ao movimento de valorização do piso nacional – ver Anexo 7.

155

baixos rendimentos na região Nordeste160, os rendimentos médios também aumentaram de forma expressiva, refletindo os impactos positivos da elevação do salário mínimo – ver Anexos 7 e 8.

Portanto, de certa forma, com os movimentos dos rendimentos médios dos empregados formais e sem carteira assinada, a partir o processo de forte expansão do emprego formal e menor crescimento do emprego sem carteira, e os impactos do salário mínimo sobre a estrutura de rendimentos do trabalho dessa região, observa-se que a fixação do valor do salário mínimo nacional, a cada ano, foi abrangendo um número maior de trabalhadores, ganhando maior importância relativa para as categorias de base em relação às negociações ou acordos coletivos – no que se refere aos salários -, ao mesmo tempo em que contribuiu para melhorar as condições nas quais essas negociações apresentam para conquistar a fixação de pisos salariais mais elevados. E esses impactos não se restringem ao setor formal, pois, como apontaram as análises até aqui realizadas, os empregados sem carteira assinada de baixa renda também foram fortemente beneficiados pela elevação do salário mínimo.

Tanto o rendimento médio dos ocupados, como o dos empregados formais e dos sem