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Das 348 teses encontradas, após a aplicação dos critérios de inclusão mantivemos 19 teses conforme apresentado na tabela 1.

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Tabela 1 - Quantidade de teses publicadas, por instituição e curso, mantidas após aplicação dos critérios de inclusão. Brasil, 2006 a 2012.

Instituição Cursos Total de

teses

Teses de Enfermeiros

Teses Mantidas

USP/RP Saúde Pública 90 50 8

USP/RP Enf. Fundamental 96 85 2

USP/SP Saúde do Adulto 60 60 1

UFSC Enfermagem 102 94 8

Total de teses 348 289 19

Fonte: CAPES, (2013).

Do total de teses identificadas como produzidas de janeiro de 2006 a dezembro de 2012 nos quatro cursos de doutorado selecionados, 289 teses foram escritas por enfermeiros o que representou 83,1% dos autores. Estavam incluídas nesse universo as 19 teses que abordaram a prática assistencial dos enfermeiros na AB, correspondendo a 6,6% do total das teses escritas por enfermeiros no período estudado. Esses achados indicaram que, a centralidade das teses de doutorado em enfermagem não estava focada na assistência prestada na AB.

As teses enquanto produtoras de conhecimentos devem contribuir para o desenvolvimento científico das profissões e da sociedade. No período estudado, as políticas de saúde emanadas do MS e as diretrizes preconizadas pela OMS estavam centradas na atenção básica de saúde, haja vista sua importância para a mudança do modelo de atenção. Nesse mesmo período a quantidade de teses que abordaram a prática assistencial dos enfermeiros na AB foi de menos de 10% do total das teses produzidas no período, o que nos possibilitou inferir que mais de 90% das teses produzidas entre os anos de 2006 a 2012 nos quatro cursos melhores avaliados divergiram do preconizado pelo MS e OMS, uma vez que abordaram outros temas e não a prática do enfermeiro na AB.

No manual do Conselho Nacional de Secretários de Saúde/ CONASS de 2012 sobre Liderança em enfermagem na Atenção Primária à Saúde, há reafirmação do papel fundamental do enfermeiro no processo de fortalecimento da Saúde da Família. O documento, fruto de parceria entre o MS e o CONASS no sentido de valorizar o trabalho desenvolvido nos estados à luz do conhecimento da enfermagem em AB, com cooperação internacional da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Toronto no Canadá (BRASIL, 2012).

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elaborada metodologia de avaliação a fim de realizar identificação das necessidades junto aos atores que, à época, conduziam o processo no campo da enfermagem nos estados do Acre e de Mato Grosso do Sul. Esse grupo apresentou um diagnóstico sobre as lacunas que limitavam a atuação dos enfermeiros na Saúde da Família. Destacamos as que vão ao encontro do nosso estudo:

[...] a formação inadequada dos profissionais para atuação na AB; o campo da Saúde da Família pouco abordado na graduação e na pós-graduação; e a pouca articulação das instituições de ensino superior com os serviços, o modelo flexneriano, predominante no Sistema e nas escolas de saúde, reforça a fragmentação e foi indicado como fator que dificulta a mudança das práticas para uma nova concepção holística e integral, tanto na academia quanto nos serviços. (BRASIL, 2012, p. 30). No diagnóstico realizado, a formação dos profissionais apareceu como uma das principais fragilidades, inclusive com a hegemonia do modelo biomédico na organização das ações de saúde. O predomínio desse modelo biologicista no sistema e nas escolas de saúde confirma a fragmentação e dificulta a mudança das práticas para uma concepção integral, tanto na academia quanto nos serviços (BRASIL, 2012).

No espaço da AB, o enfermeiro encontra um significativo espaço de trabalho em relação aos demais profissionais de saúde por desenvolver atividades assistenciais, administrativas e educativas, fundamentais à consolidação e ao fortalecimento da ESF no âmbito do SUS (COSTA; MIRANDA, 2008).

Os achados nesse estudo, acerca da baixa produção científica na área da AB nos cursos de doutorado confirmaram o descrito no documento do CONASS (BRASIL, 2012). Bem como, estão de acordo com Costa e Miranda (2008):

[…] poucas produções científicas na área da saúde têm se dedicado a estudar e divulgar as contribuições singulares da enfermagem na trajetória de consolidação da ESF no Brasil, os resultados conseguidos a partir da sua atuação na equipe de saúde, organizando e conduzindo as ações assistenciais e operacionais da estratégia. A escassez de produção científica também se reflete no que diz respeito à abordagem das práticas pedagógicas transformadoras do ensino e da formação dos

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enfermeiros, que vêm já há algum tempo, buscando construir um perfil profissional para o enfermeiro em consonância com as exigências do setor. (COSTA; MIRANDA, 2008. p. 121).

Para que o enfermeiro realize suas atribuições específicas para a consolidação da AB, precisa cumprir as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde a fim de nortear sua prática (BICCA; TAVARES, 2006). A partir das atribuições dos enfermeiros definidas em portarias ministeriais, realizamos a análise das práticas assistenciais identificadas nos conteúdos das 19 teses mantidas. Agrupamos as mesmas em quatro ações consideradas essenciais para a efetivação da AB e nesse estudo foram assumidas como categorias de análise.

Consulta de enfermeiro1;  Educação em saúde;

 Visita domiciliar e;

 Trabalho em grupo.

As práticas assistenciais dos enfermeiros na AB capturadas nos conteúdos das teses foram agrupadas por similaridade e, posteriormente, foram classificadas por aproximação às quatro atribuições específicas dos enfermeiros, conforme quadro 1.

Quadro 1 - Categorias de análise e respectivas práticas assistenciais dos enfermeiros na AB identificadas nas teses selecionadas. Brasil, 2006 a 2012.

CATEGORIAS PRÁTICAS ASSISTENCIAIS IDENTIFICADAS