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Neste capítulo serão expostos, interpretados e discutidos os resultados provenientes da análise empírica. Faremos referência a estudos semelhantes durante a nossa análise. De referir que o objetivo principal desta dissertação é a relação entre a performance e a existência de administradores não executivos (independentes ou não). As variáveis de controlo serão analisadas de forma resumida.

5.1. Resultados

Apresentaremos agora os resultados que obtivemos pela estimação do modelo identificado na Equação 1.

O modelo adotado foi estimado pelo método OLS com a correção da matriz de covariância. Pela Tabela 5.1, verificamos que é estatisticamente significativo, para cada uma das variáveis dependentes (i.e., Retorno Anormal e ROA).

A variável INED não é significativa para um nível de significância usual, enquanto a variável NED tem impacto negativo no Retorno Anormal para um nível de significância de 10% (p-value 0.0577). As variáveis de controlo, DIMCA, CEOD, LNDE e EA não são significativas para um nível de significância de 5%. A variável LEV tem impacto negativo no Retorno Anormal para um nível de significância de 1% (p-value 0.0000) e a variável RISCO tem impacto positivo no Retorno Anormal para um nível de significância de 1% (p-value 0.0000).

Ao utilizar a medida de performance Retorno Anormal, podemos inferir que os administradores não executivos independentes não têm potencialmente impacto na performance e que os administradores não executivos têm potencialmente impacto negativo. A relação negativa entre independência do conselho de administração e a performance da empresa pode ocorrer devido ao facto de os administradores independentes não terem acesso ou conhecimento de toda a informação da empresa (Cavaco et al., 2016).

Analisando o modelo tendo em conta a variável dependente ROA, verificamos que as variáveis INED e NED não são significativas para um nível de significância usual (p-

43 CEOD, LNDE e EA não são significativas para um nível de significância usual. A variável LEV é significativa para um nível de significância de 5% (p-value 0.0000). A variável RISCO tem impacto negativo no ROA para um nível de significância de 5% (p-value 0.0438), algo que não seria de esperar, mas que por vezes acontece quando se utilizam variáveis contabilísticas (Cavaco et al., 2016). Podemos assim inferir que os administradores não executivos e os administradores não executivos independentes, no estudo efetuado, não têm impacto na performance da empresa, se esta for medida pelo ROA.

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Tabela 5.1 - Resultados da estimação do modelo por OLS com correção da matriz de covariâncias para as variáveis dependentes: Retorno Anormal e ROA

Variáveis Sinal previsto RA ROA

Constante 0,0022 -0,0632 (0,7609) (-0,5742) INED + -0,0009 -0,0612 (-0,8766) (-1,3926) NED + -0,0020* 0,0382 (-1,9133) (0,8654) DIMCA + 0,0000 -0,0009 (0,5852) (-0,4994) CEOD - 0,0001 0,0012 (0,1336) (0,0622) LNDE ? -0,0002 0,0079 (-0,8581) (1,1703) EA + 0,0005 0,0048 (0,3457) (0,0852) LEV - -0,0000*** -0,0006*** (-7,2588) (-4,6646) RISCO + 0,0423*** -0.6528** (8,4986) (-2,0338) R2 0,6639 0,2301 R2 Ajustado 0,6450 0,1867 Estatística F 35,0641 5,3050 Prob (Estatística F) 0,0000 0,0000 Durbin-Watson 1,4133 0,8775

Estatística t entre parênteses

Fonte: Elaboração própria

Total de observações em Dados em Painel (enviesado): 151

Correção dos desvios padrão e covariância de acordo com o procedimento de White

*coeficiente significativo para 10% de nível de significância **coeficiente significativo para 5% de nível de significância ***coeficiente significativo para 1% de nível de significância

Variáveis Dependentes

Amostra (ajustada): 2013 2016 / Períodos incluídos: 4 / Dados seccionais incluídos: 39

INED (% administradores não executivos independentes), NED (% administradores não executivos), DIMCA (número elementos conselho administração), CEOD (1 se CEO=Chairman, 0 caso contrário), LNDE (logaritmo natural ativo total liquido), EA (% 5 maiores acionistas), LEV (alavancagem medida como quociente entre passivo total e o ativo total), RISCO (desvio-padrão dos retornos diários das ações)

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5.2. Análise de Robustez

Neste subcapítulo, e como forma de analisar a robustez dos resultados obtidos, por um lado, vamos acrescentar uma nova variável de controlo ao modelo (i.e. vamos inserir no modelo a variável dependente (RA ou ROA, respetivamente) com desfasamento de um período, e por outro, aplicaremos o modelo apenas ao ano 2016, com desfasamento das variáveis exógenas em um período.

5.2.1. Variável dependente com desfasamento de um período

À semelhança de Adams e Jiang (2016), utilizamos a performance passada como variável explicativa. As Tabela B.1 e Tabela B.2 apresentam os resultados da estimação do modelo para as variáveis dependentes RA e ROA, respetivamente. A variável RA com desfasamento de um período (LRA) é significativa para um nível de significância de usual. Notamos que os resultados apurados são consistentes, à exceção da variável NED que deixou de ser significativa.

Podemos assim inferir que os administradores não executivos e os administradores não executivos independentes, no estudo efetuado, não têm impacto na performance da empresa, se esta for medida pelo RA.

A variável ROA com desfasamento de um período (LROA) é significativa para um nível de significância de 10%. Constamos que os resultados apurados são consistentes.

Podemos assim inferir que os administradores não executivos e os administradores não executivos independentes, no estudo efetuado, não têm impacto na performance da empresa, se esta for medida pelo ROA.

5.2.2. Estimação do modelo OLS para o ano 2016, com

desfasamento das variáveis exógenas

Para complementar a análise dos dados em painel, estimamos o modelo por OLS para o ano 2016, com o desfasamento de um período das variáveis exógenas. Procedemos à realização dos testes de Breusch-Pagan-Godfrey (para testar a existência de homoscesdasticidade) e teste de Breusch-Godfrey (para verificar a ausência de autocorrelação). Verificamos que, para um nível de significância de 5%, não rejeitamos

46 as hipóteses nulas (i.e., homoscedasticidade e de ausência de autocorrelação). Assim sendo, a inferência estatística é considerada válida.

Tendo por base os resultados do modelo para a variável dependente RA (Tabela B.3), verificamos que as variáveis explicativas INED (p-value 0.6573) e NED (p-value 0.3668) não são estatisticamente significativas para um nível de significância de 5%. A variável de controlo DIMCA (p-value 0.0919) é estatisticamente significativa e tem impacto positivo para um nível de significância de 10%. A variável RISCO (p-value 0.0000) é estatisticamente significativa e tem impacto positivo para um nível de significância de 1%. As variáveis de controlo CEOD (p-value 0.2713), LNDE (p-value 0.1006), EA (p-value 0.1273) e LEV (p-value 0.3208) não são estatisticamente significativas para um nível de significância de 5%. Verificamos que existe consistência com os resultados apurados.

Com base nos resultados mencionados na Tabela B.4, constatamos que a variável explicativa INED (p-value 0.9659) não é significativa, no entanto a variável explicativa NED (p-value 0.0175) é significativa e tem impacto potencialmente positivo para um nível de significância de 5%. O aumento de um administrador não executivo tem um impacto positivo de 0.1377 unidades na performance da empresa, medida pelo ROA. A variável LEV (p-value 0.0000) tem impacto negativo e é estatisticamente significativa para um nível de significância de 1%. As variáveis de controlo, DIMCA (p-value 0.8680), CEOD (p-value 0.4161), LNDE (p-value 0.1228), EA (p-value 0.7532) e RISCO (p-value 0.1459) não são estatisticamente significativas para o nível significância usual.

Pelo exposto, verificamos que a variável NED não apresenta consistência, tanto pode ter impacto positivo, negativo ou insignificante, dependendo da medida de performance utilizada e do modelo utilizado. A variável INED apresenta consistência no estudo que efetuamos e não é significativa para a performance da empresa.

Os resultados que obtivemos estão de acordo com alguns estudos efetuados recentemente (Garcia-Ramos e Garcia-Olalla, 2014) e que apontam no sentido da irrelevância dos administradores não executivos como variável explicativa da performance das empresas.

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