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4.1 Média anual de Frentes Frias

A partir da identificação das frentes frias nas cartas sinóticas do DHN e do CPTEC, e da disposição desses dados nas tabelas pode-se obter a média anual da passagem de frentes frias nas regiões estudadas (Figura 8).

Figura 8 – Média anual da passagem de frentes frias na região de estudo.

Nota-se que o número médio anual de FFs decresce com a redução da latitude, esse resultado também foi encontrado por Andrade (2007), Cavalcanti e Kousky (2009) e Barbosa e Reboita (2015). Além disso, em maiores latitudes existem condições altamente frontogenéticas, mantendo ali um grande número de frentes durante todo o ano (SATYAMURTY e MATTOS, 1989).

Também é possível verificar que as cartas sinóticas da DHN sempre mostram mais frentes do que as cartas sinóticas do CPTEC, principalmente nas cidades de

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Média Anual da Passagem de Frentes Frias

DHN CPTEC

estudo mais extremas como Rio Gallegos, no extremo sul da AS e Maria da Fé, na região sudeste do Brasil. Essa diferença pode estar associada com as análises sinóticas, uma vez que a DHN se baseia nos valores do SYNOP, METAR e SHIP para traçar as isóbaras, e o CPTEC utiliza as isóbaras provenientes da interpolação automática da pressão ao nível médio do mar do modelo GFS. Somado a este fato, tem-se a natureza subjetiva da analise sinótica, que até os dias de hoje é feita manualmente pelos meteorologistas. Por isso, o estabelecimento dos critérios de detecção de frentes baseado nas variáveis meteorológicas se torna importante, a fim de se detectar as frentes de forma objetiva.

4.2 Média Sazonal de Frentes Frias

Para Rio Gallegos praticamente não há variação sazonal no número de frentes como pode ser visto na tabela 2 , As estações com os menores números de frentes são de verão para as cartas da DHN e de primavera para as cartas do CPTEC (figura 9).

Em Comodoro Rivadavia e Vindma,(figuras 10 e 11) as cartas da DHN e do CPTEC mostram maior ocorrência de frentes no outono. A menor ocorrência é encontrada no inverno para Comodoro Rivadavia em ambas as cartas, para Vindma as menores ocorrências são nas estações de primavera para as cartas do DHN e no verão para as cartas do CPTEC.

Na cidade de Punta del Leste (Figura 12) as maiores ocorrências de FFs são encontradas no inverno, para ambas as cartas, e as menores ocorrências são encontradas no outono para as cartas da DHN e no verão para as cartas do CPTEC.

Tabela 3 – Média Sazonal de Frentes Frias

Cidade Outono Inverno Primavera Verão Total

DHN CPTEC DHN CPTEC DHN CPTEC DHN CPTEC DHN CPTEC Rio Gallegos 39,6 25,7 41 25,2 38,6 23,3 37,3 24,5 156,5 99 Comodoro Rivadavia 25,6 21,2 20,6 15,2 24,3 19,1 24,7 18,3 95,2 73,8 Vindma 25,4 23,5 22,5 21 22,5 20,5 23,7 18 94,1 83 Punta del Leste 13,2 12,5 16,4 13 14,4 10,2 13,8 9,5 57,8 45,2 Mar del Plata 17,2 15 17,21 16,3 15,2 14 16,5 14,7 66,1 60 Buenos Aires 14,1 14 16,6 11,3 15,2 11,8 13,8 13,8 59,7 50,9 Rio Grande 14,7 11 15,7 11 15,1 13,9 12,1 9 57,6 44,9 Porto Alegre 13,5 10 14,4 14 13,7 12 11 7,8 52,6 43,8 Florianópolis 10,1 8 11 13,3 11,5 9,3 8,7 5 41,3 35,6 São Paulo 11,7 5 12,7 9,5 12,3 7 9,7 2,3 46,4 23,8 Maria da Fé 9,2 4 10,2 7 11,4 5 8,3 1,3 39,1 17,3

Em Mar del Plata (Figura 13) a estação de maior ocorrência segue sendo o inverno e a estação de menor ocorrência é o verão, para ambas as cartas.

Para as cidades de Buenos Aires e Rio Grande, (Figuras 14 e 15) as estações de maior e menor ocorrência de frentes para as cartas do DHN são inverno e verão, respectivamente. Para as cartas do CPTEC a maior ocorrência é na estação do outono e a menor ocorrência no inverno, para a cidade de Buenos Aires. Já para Rio Grande a maior ocorrência é na estação da primavera e a menor no verão.

Em Porto Alegre as cartas do DHN mostram mais frentes na primavera e as cartas do CPTEC mais frentes no inverno, os menores números de frentes são encontrados no inverno para ambas as cartas.

Para a cidade de Florianópolis os maiores valores no número de passagem de frentes são encontrados na estação de primavera para as cartas do DHN e na estação de inverno para as cartas do CPTEC. Já a estação com menor número de frentes é o verão, para ambas as cartas. Isso corrobora com o estudo para a cidade de Rio Grande de Rodrigues et al.(2004)

São Paulo apresenta mais frentes no inverno e menos frentes no verão, para ambas as cartas. Isso concorda com o estudo de Dametto e da Rocha (2006). Maria da Fé segue o padrão de São Paulo para as cartas do CPTEC, e apresenta maior número de frentes na primavera e menor número de frentes no inverno, para as cartas do DHN. Resultado semelhante foi encontrado por Penna (2013) e Cardozo (2014) para as cartas do CPTEC.

Figura 9 – Média sazonal da passagem de frentes frias para Rio Gallegos, Comodoro Rivadavia e Viedma.

Figura 10 – Média sazonal da passagem de frentes frias para Mar del Plata, Punta del Leste e Buenos Aires.

Figura 11 – Média sazonal da passagem de frentes frias para Rio Grande, Porto Alegre e Florianópolis.

Figura 12 – Média sazonal da passagem de frentes frias para São Paulo e Maria da Fé.

4.3 Análise das Variáveis Atmosféricas em Rio Gallegos

O horário e data de ocorrência das FFs computadas nas cartas sinóticas do CPTEC e da DHN em Rio Gallegos nos meses de janeiro e julho de 2010 são mostradas na tabela 3. Em janeiro passaram 10 frentes nas cartas do CPTEC e 12 nas da DHN e em julho nas cartas do CPTEC foram encontradas 8 frentes e 14 frentes nas cartas do DHN. Destas só 3 frentes coincidem em ambas as cartas, como nos dias 22 de janeiro, 19 e 21 de julho.

A cada 2,57 dias passavam frentes no verão e 1,78 dias no inverno para as cartas do DHN, e para as cartas do CPTEC com um intervalo de 2,3 dias no verão e 3,40 dias no inverno.

O pequeno intervalo médio horário entre as passagens de frentes encontrado na cidade de Rio Galegos, 57 horas em janeiro e 39 horas em julho, é condizente, dado que na região há uma grande passagem de frentes, inclusive, com a atuação de mais de uma frente por dia em alguns casos

A partir da análise das variáveis observamos que os dados do GFS, em muitas vezes, não mostram os critérios básicos de detecção de frentes (queda da temperatura, aumento da pressão seguido de diminuição e giro na componente meridional do vento) no mesmo horário da carta, mas esses critérios são observados algumas horas antes ou depois da marcação das frentes. (Figura 13).

A variável que mais se destaca na análise comparativa entre GFS e cartas sinóticas é a reversão da componente meridional do vento (de negativa para positiva), esse critério é o utilizado por Justi da Silva e Silva Dias (2002) para a detecção de FF em sua climatologia de frentes frias para a América do Sul.

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