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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.8. Resultados comparativos das seis UB

É importante ressaltar que quanto maior o valor do Limite de Peso Recomendado calculado pela equação do NIOSH, melhor configurada a tarefa está. Também tem igual importância destacar que o peso médio das caixas nos postos de descarregamento de

caminhões e alimentação é de 24 kg e nos postos de pesagem, paletização e carregamento de caminhões é de 22 kg. Como o limite de carga proposto pelo método de NIOSH é de 23 kg, pode-se observar que o peso da carga manipulada pelos operadores já se encontra muito próximo deste limite.

O Gráfico 12 apresenta os valores dos LPR médios encontrados nas 6 UB. Esses valores variaram entre 14% e 58% do peso médio real das caixas de tomates que é de 22 kg. Esses valores indicam que existe risco considerável de lesão do sistema osteosmular dos trabalhadores. Apesar de todos os postos apresentarem valores preocupantes, o posto de descarregamento de caminhões foi o que apresentou os piores valores de LPR, confirmando as verbalizações dos trabalhadores que o apontaram como o posto que oferece maior desgaste físico.

Limites de Pesos Recomendados médios em kg nos postos de trabalho com MMC nas UB

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 Descarregamento 12,2 3,2 3,2 12,7 3,9 3,9 Alimentação 10,1 3,8 4,0 9,7 6,8 4,0 Paletização 1 11,0 Pesagem 13,1 9,2 9,8 12,5 10,3 3,9 Paletização 2 12,5 8,9 9,3 12,1 9,3 4,2 Carregamento 10,8 12,3

UB1 UB2 UB3 UB4 UB5 UB6

No Gráfico 13 pode-se observar os valores dos IL médios obtidos, que corroboraram os comentários anteriormente feitos para valores de LPR. A maioria dos valores encontrados apresentaram-se na zona de risco moderado (1 < IL < 3), indicando que as tarefas devem ser reorganizadas com o intuito de reduzir os riscos de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores.

Índices de Levantamentos médios nos postos de trabalho com MMC nas UB

0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 8,0 Descarregamento 1,9 7,5 7,5 1,9 6,2 6,2 Alimentação 2,3 6,0 6,0 2,4 3,5 6,0 Paletização 1 2,0 Pesagem 1,6 1,8 2,2 1,7 2,1 5,6 Paletização 2 1,7 2,5 2,3 1,8 2,4 5,2 Carregamento 2,0 1,8

UB1 UB2 UB3 UB4 UB5 UB6

Gráfico 13 – Gráfico dos IL Médios nos postos de trabalho nas UB

Uma especial atenção deve ser dada aos valores de IL obtidos nos postos de descarregamento de caminhões e de alimentação na máquina das UB2, UB3, UB5 e UB6, bem como os postos de pesagem e paletização 2 da UB6, que encontram-se na zona de risco elevado (IL ≥ 3). A maioria dos resultados obtidos supera em duas vezes o valor limite. O elevado risco de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores indica que essas tarefas são inaceitáveis e devem ser modificadas.

UB1 UB2 UB3 UB4 UB5 UB6 Descarregamento de Caminhões LPR IL 12,2 kg 1,9 3,2 kg 7,5 3,2 kg 7,5 12,7 kg 1,9 3,9 kg 6,2 3,9 kg 6,2 Alimentação de Máquina LPR IL 10,1 kg 2,3 3,8 kg 6,0 4,0 kg 6,0 9,7 kg 2,4 6,8 kg 3,5 4,0 kg 6,0 Paletização 1 LPR IL 11,0 kg 2,0 Pesagem LPR IL 13,1 kg 1,6 9,2 kg 1,8 9,8 kg 2,2 12,5 kg 1,7 10,3 kg 2,1 3,9 kg 5,6 Paletização 2 LPR IL 12,5 kg 1,7 8,9 kg 2,5 9,3 kg 2,3 12,1 kg 1,8 9,3 kg 2,4 4,2 kg 5,2 Carregamento de Caminhões LPR IL 10,8 kg 2,0 12,3 kg 1,8

O Quadro 09 possibilitou a visualização dos resultados de LPR e IL obtidos pela equação do NIOSH e do Diagrama das Áreas Dolorosas de forma agrupada.

Os postos de Descarregamento de Caminhões e de Alimentação das Máquinas foram nitidamente os que apresentaram os resultados mais alarmantes, ou seja, os Índices de Levantamentos (IL) encontraram-se em sua maioria na zona de risco elevado (IL ≥ 3). Quando se observa o Diagrama das Áreas Dolorosas, as áreas do corpo indicadas como “desconfortável” e “extremamente desconfortável” corroboram tanto as verbalizações dos trabalhadores como coincidem com os valores mais elevados de índice de levantamento obtidos pelo método NIOSH.

A análise estatística mostrou que, para estes dois postos, as UB1 e UB4 são estatisticamente iguais. Esse fato deve-se principalmente ao volume de produção muito parecido, que é baixo quando comparado com as demais UB. Do mesmo modo, o posto de descarregamento de caminhões nas UB2, UB3, UB5 e UB6 também são estatisticamente iguais entre si por conta do alto volume de produção que lhes é comum. Já no que diz respeito ao posto de Alimentação, não existem diferenças estatísticas entre as UB2, UB3 e UB6, apresentando os maiores valores de índice de levantamento. Somente a UB5 não apresentou valor de IL estatisticamente igual a nenhuma outra UB, o que pode ser explicado pelo fato desta UB contar com um dispositivo de auxílio a MMC (esteira elétrica) no posto de Alimentação.

Os fatores que mais impactaram nos resultados da equação do NIOSH foram: as alturas iniciais das caixas, as alturas dos deslocamentos, a freqüência de levantamentos/abaixamentos e o período em que os trabalhadores estavam expostos às tarefas de MMC. Os resultados encontrados indicaram que apesar das seis UB terem características diferentes, os postos de descarregamento de caminhões e de alimentação das máquinas têm características muito semelhantes e que a MMC nesses postos apresentaram altos riscos de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores.

O posto de Paletização 1, que tem como função paletizar as caixas antes da pesagem, é uma “exclusividade” da UB6, ou seja, não existe em nenhuma das demais UB estudadas. A falta de espaço físico para a pesagem entre a máquina de beneficiamento e a parede do galpão obrigou a que a pesagem das caixas fosse realizada em outro lugar, ou seja, as caixas têm que

ser paletizadas inicialmente, transportadas, retiradas do palete, pesadas e novamente paletizadas para seguir ao posto de carregamento de caminhões.

O valor do IL no posto de paletização 1 na UB6 apresentou-se na zona de risco moderado, no entanto, o diagrama das áreas dolorosas apresentou alto desconforto para algumas áreas do corpo dos trabalhadores. Esse fato se deve as diferentes alturas de deslocamento das caixas. A verificação das diferenças significativas com a aplicadação da análise estatística não pode ser realizada pelo fato de se apresentar apenas um valor de IL, tanto nesse posto como no posto de Pesagem em todas as UB.

A Pesagem constituiu o posto que apresentou os menores valores de Índice de Levantamento, situando-se na zona de risco moderado. Em todas as UB as balanças encontravam-se em bancadas com alturas fixas e em torno de 75 cm de altura, que é a altura inicial de levantamento/abaixamento indicada pelo NIOSH. Deste modo, os fatores de multiplicação de deslocamentos (DM) obtidos praticamente não impactaram nos resultados de LPR. Outro fator que influenciou os resultados obtidos para a Pesagem foi a freqüência de levantamentos. A maioria das UB contava com um número maior de trabalhadores nesse posto e as freqüências de levantamentos ocorreram com valores menores que os encontrados em outros postos. Ainda que os resultados obtidos para este posto tenham sido os menores valores para os índices de levantamento entre os postos de cada UB, ainda assim ressalta-se que estes valores ainda representam potencial risco de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores.

O posto de paletização 2 apresentou características muito semelhantes ao posto de Descarregamento, ou seja, apresentaram alto risco de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores, portanto os cuidados devem ser o mesmos. A análise estatística dos valores de IL não revelou diferenças significativas entre as UB, com a exceção da UB6, que tem características muito peculiares para este posto.

Nas UB2, UB3, UB5 e UB6 não existe movimentação manual de cargas para o posto de carregamento de caminhões. Nessas UB a tarefa de Carregamento é mecanizada, ou seja, são utilizados dispositivos de auxílio, como paleteiras e/ou empilhadeiras. Neste caso, não se aplicou a equação do NIOSH, pois não se consideram os parâmetros relativos a empurrar/puxar paleteiras ou operar empilhadeiras. Para as UB1 e UB4, o Diagrama das Áreas Dolorosas demonstrou que os operadores consideraram a tarefa desconfortável, em especial

para a região dorsal, braços e ombros. A tarefa relativa ao carregamento de caminhões não apresentou diferenças estatísticas para essas UB e os resultados de Índice de Levantamento situam-se na zona de risco moderado, o que sugere a necessidade de mudanças. Ainda para o carregamento, a UB3 apresentou duas representações gráficas do Diagrama das Áreas Dolorosas porque o trabalho é dividido em duas tarefas, sendo uma executada pelo operador de empilhadeira (transporta os paletes até o caminhão) e a outra pelo operador de paleteira (acomoda os paletes dentro dos caminhões). Ambos operadores indicaram desconforto.

A análise estatística dos valores de LPR de cada posto em uma mesma UB demonstrou que, ao nível de significância de 5%, apenas a UB1 não apresentou diferença significativa para os valores de LPR entre os postos. Isto significa que na UB1 existe uma homogeneidade nas tarefas de MMC. Esse fato se deve ao baixo volume de produção que influencia diretamente na velocidade da esteira de Alimentação e conseqüentemente em todas as demais tarefas com MMC que compõem o fluxo de produção. Com exceção do posto de Alimentação, os demais postos da UB4 também apresentaram resultados muito semelhantes a UB1, ou seja, estatisticamente não existiem diferenças entre estas UB.

Já para as demais UB (2, 3, 5 e 6), os postos com MMC apresentaram diferenças estatísticas significativas. Nesse caso, as diferenças devem-se ao alto volume de produção que imprimi um ritmo maior na velocidade da esteira de alimentação que se reflete em todo o fluxo de produção, influenciando as freqüências de MMC e conseqüentemente nos valores de LPR.

De forma geral, quando analisados os postos conjuntamente, a ordem crescente de valores de IL resulta em: pesagem, paletização, carregamento, alimentação e descarregamento. Portanto, os postos de descarregamento de caminhões e alimentação da máquina são os que mais oferecem risco ao sistema osteomuscular dos trabalhadores.

O Quadro 09 apresentado anteriormente possibilita a visualização dos resultados obtidos com a equação do NIOSH e o Diagrama das Áreas Dolorosas de forma agrupada e portanto, a comparação dos resultados por posto de trabalho entre as seis UB.

O posto de Descarregamento de Caminhões foi nitidamente o que apresentou os resultados mais alarmantes, ou seja, os Índices de Levantamentos (IL) que são reflexos diretos dos Limites de Pesos Recomendados (LPR) pela equação do NIOSH, encontram-se em sua maioria acima da zona de risco 3 que é o máximo admitido para a execução de qualquer tarefa

de MMC. Quando comparados nesse posto os resultados do Diagrama das Áreas Dolorosas, pode ser observado que os relatos de áreas do corpo dos trabalhadores com sintomas “desconfortável” e “extremamente desconfortável” são muito semelhantes nas seis UB e também que existe correlação com os resultados da equação do NIOSH. . Os fatores que mais impactaram nos resultados da equação do NIOSH foram: as alturas iniciais das caixas, as alturas dos deslocamentos, a freqüência de levantamentos/abaixamentos e o período em que os trabalhadores estavam expostos às tarefas de MMC. Os resultados encontrados indicam que apesar das seis UB terem características diferentes, os postos de descarregamento tem características muito semelhantes e que a MMC apresenta elevado risco de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores.

O posto de Alimentação de Máquina apresentou resultados teoricamente menos desfavoráveis, porém, muito parecidos com os do posto de Carregamento, portanto as observações para esse posto são as mesmas do posto anteriror.

O posto de Paletização 1 é “exclusividade” da UB6, ou seja, não existe em nenhuma das demais estudadas. Pode-se dizer que esse posto existe por uma questão de falta de espaço físico (para a pesagem) entre a máquina de beneficiamento e a parede do galpão. Esse fato obriga que a pesagem das caixas seja feita em outro lugar, ou seja, as caixas têm que ser paletizadas, transportadas, retiradas do palete, pesadas e novamente paletizadas para seguir ao posto de carregamento de caminhões.

O posto da Pesagem pode ser considerado o posto que apresenta menor risco de lesão do sistema osteomuscular dos trabalhadores. Isso se deve ao fato de que as balanças se encontram em bancadas com alturas fixas e em torno de 75 cm de altura que é a altura inicial de levantamento/abaixamento indicada pelo NIOSH. Outro fator que influenciou positivamente nos resultados é a freqüência de levantamentos que é mais reduzida. Isso se deve ao fato de que na maioria das UB existe um número maior de trabalhadores nesse posto.

Apesar dos resultados serem menos desfavoráveis, ainda assim apresentam valores que indicam risco ao sistema osteomuscular dos trabalhadores.

Quando observados os valores encontrados na UB6 ficou nítida a correlação dos valores obtidos através da equação do NIOSH e o Diagrama das Áreas Dolorosas, pois, observa-se que os valores de LPR e IL são corroborados pelo grau de desconforto relatado pelos trabalhadores.

O posto de paletização 2 tem características muito semelhantes ao posto de Descarregamento, ou seja, oferecem alto risco ao sistema osteomuscular dos trabalhadores, portanto os cuidados devem ser o mesmos.

O posto de Carregamento de Caminhões tem algumas peculiaridades, ou seja, quando observadas os resultados encontrados nas UB2, UB3, UB5 e UB6 verificou-se a ausência de valores de LPR e IL. Isso se deve ao fato de que nessas UB a tarefa de Carregamento de Caminhões é mecanizada (uso de paleteiras) não havendo manipulação de caixas. A tarefa se restringe a empurrar e puxar paleteiras para dentro dos caminhões e como estes parâmetros não fazem parte da equação do NIOSH, não foi possível aplicá-la, no entanto o Diagrama das Áreas Dolorosas foi aplicado e demonstrou que a tarefa é desconfortável, sugerindo que algumas mudanças devem ser feitas.

As UB1 e UB4 apresentaram resultados de LPR e IL muito desfavoráveis, indicando que devem ser feitas mudanças urgentes.

A UB3 apresenta duas representações gráficas no Diagrama das Áreas Dolorosas; direita (operador de empilhadeira) e esquerda (operador de paleteira) ambos apresentaram áreas com desconforto de grau médio (desconfortável).