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Neste capítulo, apresentamos os resultados obtidos de parte da discussão que tivemos a oportunidade de realizar nos capítulos anteriores.

Ao final, apresentamos algumas conclusões, ainda que as mesmas, deverão ser melhor investigadas.

4.1. Resultados

Com base no referencial teórico adotado e nas nossas observações no que se refere às intervenções da professora durante a disciplina e, constatado que as estudantes “evoluíram” ao longo do Curso de Prática de Ensino, a questão é: como a professora facilitou as mudanças?

Os Instrumentos de Mudança

Consoante com o que dissemos anteriormente, a nossa idéia sobre o curso também foi mudando à medida em que as atitudes da professora tornaram-se mais claras a partir do nosso amadurecimento e da nossa insistência em lidar com os dados. Assim, entendemos que a professora facilitou a mudança do grupo ao:

- propor tarefas surpreendentes, com feições de novidade e desafio, que colocou o grupo diante da possibilidade de escolha de envolver-se ou não com o curso. A resposta positiva das estudantes, ou seja, o querer entrar no processo, provocou o aumento de interesse pelas novas atividades propostas que surgiram ao longo do curso. Assim, um curso diferente dos demais, (as disciplinas pedagógicas são consideradas pouco atraentes, na maioria das vezes), pode servir para o estudante refletir sobre a possibilidade de entrar e implicar-se com o processo de aprendizagem. As atividades de sensibilização, conforme testemunho das estudantes, foram importantes, e entendemos que elas facilitaram a mudança na relação do estudante com o curso e com a professora;

- formulando de maneira explícita e/ou implícita um pacto de compromisso entre as partes, tentando privilegiar a seriedade que os estudantes e professora devem encarar a profissão. Aspectos como a finalidade das tarefas e objetivos e metas que podem ser alcançadas, devem ser apresentadas para que o estudante tenha uma maior implicação com a sua entrada no processo, diminuindo as chances de sair do mesmo. O efeito, mesmo que diluído do contrato de trabalho, colocou as estudantes diante das regras que foram respeitadas, ou modificadas mediante comum acordo;

- estando disponível para receber e acolher os estudantes nos momentos de necessidade, deixando-os falar e ouvindo-os sem preconceitos. A confiança do estudante no professor é fundamental para a aprendizagem, e ela tende a ficar maior quando os encontros tornam-se mais constantes. A fala da professora, por um lado, sustentou a aprendizagem das estudantes e evitou as suas saídas do processo, mesmo quando estiveram perturbadas diante das suas angústias e impotência com um envolvimento acima das suas possibilidades. Por outro, ela desafiou as estudantes e evitou, dessa forma, compactuar com elas, ou seja, não aceitou um esforço menor do que as futuras

professoras poderiam no momento;

- questionando e argumentando as idéias dos estudantes, de modo a não permitir que as críticas diminuam o ânimo e o interesse pelos seus processos, mas pelo contrário, que sirvam de desafio e, principalmente, de reflexão e de controle do estudante sobre a própria aprendizagem. No caso do curso de Prática de Ensino, a dificuldade de aprendizagem ocorreu várias vezes (por exemplo, durante o planejamento e análise das fitas); no entanto, a focalização do processo metacognitivo das estudantes, explicitou as suas necessidades e favoreceu a escolha de manterem-se envolvidas com o processo de aprendizagem. Esse instrumento deve ser utilizado inicialmente dentro dos pequenos grupos (uma vez que os estudantes já se conhecem), e depois para o grupo todo, evitando, dessa forma, o constrangimento e a inibição do estudante no processo;

- permitindo que o estudante perceba as suas conquistas, valorizando o profissional (o futuro professor) e a sua profissão. Isto pode ser conseguido pelo professor através da exposição das suas próprias dificuldades, ou com as palavras que mostram que o seu conhecimento está em construção, ou seja, que está, constantemente aprendendo com os alunos. A análise das fitas em plenária, favoreceu ainda mais o processo cognitivo, a partir das idéias novas trazidas pelos demais estudantes;

- “mapeando” ou diagnosticando o processo dos estudantes, e refletindo sobre os pontos que devem ser destacados, dadas as características individuais. Os “resultados”, quando possível, devem ser mostrados para os estudantes. Constitui um elemento chave para compreender a dinâmica da classe, as diferenças, os objetivos e a maneira que os estudantes estão utilizando o conhecimento. Os contatos mais constantes promovem a aproximação necessária para esse instrumento ser mais eficiente;

- avaliando os estudantes ao longo de todo o curso, permitindo que os estudantes façam o mesmo em relação aos seus desempenhos em cada uma das atividades propostas.

4.2. Conclusões Preliminares

4.2.1. Tentando responder as nossas questões:

- Uma atuação semelhante à posta em prática durante o curso descrito promoverá resultados semelhantes, ou aquilo que aconteceu na experiência relatada foi o resultado aleatório de uma série de circunstâncias particularmente favoráveis?

Os resultados encontrados nessa pesquisa revelam que o produto do trabalho realizado em 1995 não foi aleatório, dado que, ele inspirou-nos a desenvolver essa pesquisa, com resultados também satisfatórios.

- É possível melhorar a estrutura do curso introduzindo modificações que acelerem o processo de tomada de consciência dos futuros professores, tendo indícios de seu envolvimento já no final do primeiro semestre? Em caso positivo, quais as modificações a serem introduzidas no semestre seguinte para atender as perspectivas dos estudantes?

Os dados encontrados, mostram que o grupo que estudamos aproximou-se da aprendizagem

criativa no final do primeiro semestre, enquanto que, o trabalho anterior mostrou, que tal

envolvimento com o conhecimento, ocorreu no segundo semestre. No entanto, temos certo que essas questões devem ser mais profundamente investigadas.

CAPÍTULO V