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Capitulo 5 – CONCLUSÕES E PROPOSTAS

5.1. Resultados da Caracterização Hidrológica

Os resultados da caracterização hidrológica mostram que a faixa correspondente às bacias pequenas é caracterizada por uma zona praticamente plana, pouco declivosa, onde os pontos mais altos são atingidos próximo da costa, devido às dunas, alcançando os 14m na zona Norte, e os 29m na zona Sul, originando aí um declive bastante acentuado. As linhas de água, quando existentes, são principalmente de ordem 1, cujo carácter é não permanente, aparecendo apenas durante as chuvadas. O escoamento superficial nas bacias tanto se dá em direcção ao mar como em direcção à ria, sendo difícil de determinar a linha de divisão de águas. Nas bacias do Bunheiro, Murtosa e zona portuária, o escoamento é feito por valas que drenam directamente para os esteiros da Ria de Aveiro. As bacias pequenas possuem áreas entre os 13 e os 53 km2. Apresentam uma fraca densidade de drenagem não ultrapassando os 0,5 kmkm-2; o percurso médio do escoamento superficial atinge 13,2 km. O solo é maioritariamente do tipo Regossolos, pertencendo ao grupo hidrológico B, sendo representado por solos medianamente profundos e drenados, possuindo uma textura moderadamente grosseira. Têm uma velocidade de infiltração média. É uma zona caracterizada por grandes áreas de florestas resinosas, existindo também à volta da Ria culturas de sequeiro e de regadio. Os núcleos urbanos próximos da costa correspondem às praias balneares; nas outras bacias são em maior número e mais dispersos.

Concluiu-se que as bacias médias têm as seguintes características hidrológicas:

As bacias dos rios Fontela, Negro e Gonde, e Seixo são caracterizadas por declives acentuados nas cabeceiras das bacias e menos acentuado nas margens. As linhas de água variam entre a ordem 2 e 4, e são muito declivosas nas cabeceiras, diminuindo depois nos vales. As suas áreas variam entre os 20 e os 44km2. Apresentam densidades de drenagem de 0,9 a 2 kmkm-2. O escoamento é de Este para Oeste. Em contraste, a bacia de Estarreja é relativamente plana, tendo características muito semelhantes às bacias pequenas. Nesta bacia o escoamento dá-se de Norte para Sul em direcção à Ria. O solo destas é em grande parte do tipo cambissolos húmicos associado a rochas sedimentares. São solos com uma capacidade de infiltração média e pertencem ao grupo hidrológico B. No vale destas bacias o solo é do tipo

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Joana Raínho Almeida 129/133

Regossolos. Predominam as florestas do tipo folhosa e a agricultura, havendo pequenos núcleos urbanos. As áreas impermeáveis rondam os 3-4%.

As bacias de Canelas do rio Fontão possuem as mesmas características das bacias do primeiro grupo, embora o solo dos vales das linhas de água seja do tipo Fluvissolos e Solonchanks. A bacia de Canelas é da de maior área atingindo os 51km2 e possuindo um grau de ramificação de 5, Apresentam boas densidades de drenagem (até 2,48 kmkm-2) e pequeno percurso médio do escoamento superficial (0,1km). As características de relevo são semelhantes às do primeiro grupo.

As bacias situadas a Sudeste incluem a bacia de Aveiro, de Ílhavo, a bacia da Vala Real e a bacia de Vagos. O declive do terreno destas bacias é mais acentuado na margem da Ria e nos vales das linhas de água. As suas áreas variam entre os 40 e 46km2. Apresentam uma boa densidade de drenagem, excepto a bacia de Vala Real com um valor inferior a 0,5kmkm-2, possuindo um percurso médio superior de 0,53km. As cotas máximas destas bacias são muito inferiores às anteriores e diminuem de Sul para Norte desaguando no canal de Ílhavo e nos canais da Ria. Podem atingir cotas de 66m do lado Este do canal de Ílhavo e cotas de 29m do lado Oeste. O tipo de solo predominant e nas bacias a Este é Cambissolo possuindo nas cabeceiras o tipo Podzol. Na bacia de Vala Real o solo predominante é Regossolo. As bacias de Aveiro e Ílhavo possuem a maior influência urbana, sobretudo nas margens da Ria e ainda uma influência agrícola de aproximadamente 50%. A área impermeável em Aveiro atinge os 33% e em Ílhavo os 13%. As bacias de Vagos e Vala Real por seu lado possuem grandes áreas florestais e agrícolas variando entre os 30 e os 55%. As áreas impermeáveis destas duas bacias são mais baixas, variando entre os 2 e 4%.

5.2 Simulação hidrológica

As bacias pequenas, assim como a bacia de Estarreja e da Vala Real, apresentam um comportamento semelhante, isto é, durante os períodos de maior precipitação podem ocorrer cheias, visto que apesar de apresentarem uma boa capacidade de infiltração, possuem um declive muito baixo e o nível freático pode atingir facilmente a superfície e originar alagamento. As restantes bacias, com a excepção da bacia de Vagos apresentam comportamentos semelhantes entre si, embora as bacias maiores e com declives mais acentuados apresentam caudais mais elevados, enquanto que algumas bacias menores e mais planas possam durante os períodos de maior precipitação originar cheias. A bacia de Vagos apresenta um comportamento intermédio entre as bacias pequenas e estas ultimas.

Tendo em conta os resultados obtidos na simulação com o modelo em Extend, que foram concordantes com os valores medidos na ribeira de Canelas, as bacias dos pequenos rios, com uma área de 467,7 km2,contribuiram para a Ria de Aveiro um caudal médio anual de 8,4m3/s no ano hidrológico de 2005/06.

Quanto aos caudais de água doce provenientes dos maiores rios temos o rio Vouga com 50m3/s em média anual e 4m3/s nos meses mais secos (Silva, 1994). A contribuição total

de água doce proveniente de toda a área que drena para Ria de Aveiro foi estimada por Silva (1994) em 73,4m3/s. Assim os caudais dos pequenos rios representam uma contribuição pouco superior a 10%, na média anual, mas que ganha importância nos meses secos.

Os resultados mensais da simulação hidrológica, permitem concluir que existe uma contribuição de 29m3/s no Inverno (Dezembro de 2006) e de 4m3/s no Verão, que tem origem nas pequenas bacias adjacentes à Ria de Aveiro.