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Seguindo a entrevista num formato semiestruturado, onze peregrinos foram inquiridos durante o mês de Junho de 2015. As entrevistas foram gravadas com o consentimento dos inquiridos. Esta análise contribui para formular as questões para o instrumento quantitativo para responder à investigação. Participaram nesta fase, quatro inquiridos do género feminino e sete do género masculino, com média de idades de 36,5 anos. Todos os entrevistados informaram já ter realizado um dos Caminhos Portugueses de Santiago, mas apenas quatro dos entrevistados é que começaram o Caminho em Viseu numa das suas peregrinações. Também todos informaram que fizeram o Caminho acompanhados e apenas um entrevistado indicou que já fez o caminho sozinho. Quanto às motivações que os levam a realizar a peregrinação até ao local de culto ao Apóstolo Santiago, em geral todos indicaram que é por motivações de convívio, espiritualidade e para testar os limites. Segundo o peregrino número 2:

“A primeira vez foi para experimentar e depois de superar as expectativas tornou- se um vírus. Todos os anos quero fazer o Caminho. É uma experiência enriquecedora”.

Apenas dois entrevistados é que admitiram ter motivações religiosas para a realização do Caminho. Quanto ao que apreciam no Caminho admitem ser a Natureza o seu principal foco, juntando aos momentos de reflexão que fazem com que o tempo seja relevante. Como afirma o peregrino número 8:

“...a importância que o tempo tem no sentido de que é muito mais valorizado, pela forma exatamente ao contrário daquilo que valorizamos no dia a dia por o tempo passar muito devagar e nos queixarmos que diariamente passa muito depressa”. O sentimento que os acompanha geralmente é de liberdade e paz. Durante a peregrinação, os entrevistados indicaram que aproveitam para conhecer as localidades por onde passam, bem como os seus monumentos e igrejas. No entanto, dependendo do Caminho, os peregrinos afirmam que faltam estabelecimentos de apoio durante o percurso, tais como cafés, fontes para abastecer de água e/ou mesmo albergues para pernoitarem.

Focando nas secções principais da entrevista, apresenta-se uma análise resumida sobre a utilização das novas tecnologias durante a peregrinação e a avaliação da aceitação de uma aplicação móvel de apoio aos peregrinos durante a sua jornada.

- “Quando faz o Caminho utiliza algum dispositivo móvel que lhe permita acesso à Internet? “

Praticamente todas os peregrinos entrevistados responderam que levam smartphone que lhes permita acesso à Internet, no entanto o peregrino número 3 e 11 indicaram que levam apenas telemóvel sem acesso à Internet.

- “Como se sente acompanhado do smartphone? E sem o smartphone?””

Na generalidade os entrevistados indicaram que se sentem seguros e que o dispositivo serve para precaução no caso de alguém se perder. O peregrino número 10 indicou “que sem o

smartphone há sempre incerteza”.

- “Acede à Internet durante o Caminho? Para que finalidade?”

No geral os entrevistados acedem à Internet para comunicarem através das redes sociais, para, lerem noticias, ou mesmo para ver o email. Apenas o peregrino número 11 admitiu não utilizar a Internet durante a peregrinação.

- “Utiliza a Internet durante ou previamente para obter informações sobre as várias etapas do Caminho escolhido?”

Quanto à utilização da Internet com o objetivo de obter informações sobre o Caminho de Santiago, os entrevistados afirmaram pesquisar informação sobre as etapas do Caminho, grau de dificuldade, albergues para pernoitar. Apenas os peregrinos número 1, 10 e 11 afirmaram nunca ter pesquisado sobre o assunto para a realização da peregrinação.

- “Tem conhecimento de aplicações móveis com roteiros de peregrinação? Utiliza? Porquê?”

Em relação a aplicações móveis sobre roteiros de peregrinação, apenas dois peregrinos indicaram conhecer as aplicações Ecamino e MyWay, mas admitiram nunca ter utilizado.

- “O que pensa sobre a existência de uma aplicação sobre o Caminho, onde constem todas as etapas e locais mais importantes como albergues e residenciais?”

Os entrevistados responderam que seria muito útil para os peregrinos existir uma aplicação móvel que lhes permita ter acesso a informação sobre o Caminho, que os faça sentir mais seguros contendo os contactos mais importantes como farmácias, bombeiros, hospitais.

- “Acha que a informação sobre os locais turísticos devem constar na aplicação?”

Acerca das informações de locais turísticos, os entrevistados concordaram neste aspeto, evidenciando de que deve haver informação sobre os locais ligados ao Caminho. Apenas o peregrino número 7 indica que não é de acordo com os aspetos turísticos.

- “Que outros aspetos acha que deveria conter a aplicação?”

Quanto a outros aspetos, indicaram que a aplicação poderia ter acesso em tempo real à disponibilidade do albergue, sendo também possível efetuar a reserva para terminarem a etapa com calma. O peregrino número 5 indica que a aplicação também poderia “ fazer referência a paisagens em determinado sítio. É importante, porque ao fazermos o Caminho não nos apercebemos de certas coisas e se houver um alerta uma pessoa olha com mais atenção”. Para além de todos as informações e contactos inerentes ao Caminho, indicam que a aplicação também deveria fornecer informação sobre a meteorologia e como recomenda o peregrino número 11, deve “ter uma secção de comentários sobre o Caminho, porque todas as pessoas querem ajudar e ser ajudadas”.

- “O design gráfico da aplicação é importante para si?”

Respeitante ao design gráfico, todo os peregrinos entrevistados consideram este aspeto importante, revelando que deve ser prático e perceptível, o peregrino número 11 sugere que o design deve ser simples e aplicação se deve focar na utilidade.

- “Acha que deveria conter vídeos e fotos sobre o Caminho?”

Este aspeto é considerado aliciante para cativar novos peregrinos, como indicam todos os entrevistados. Mas apesar de todos concordarem com a integração de fotos na aplicação, quanto aos vídeos já propõem ser um aspeto menos importante, pois como o peregrino número 6 menciona “cai no risco de tornar a app pesada”.

- “O que pensa de existir uma rede social dentro da aplicação onde poderia colocar conteúdos seus online para outros peregrinos?”

A rede social integrada na aplicação móvel, é um aspeto que os entrevistados consideraram importantes para a partilha de experiências e com informações importantes tais como conselhos para a peregrinação e primeiros socorros. O peregrino número 11 indica que apenas a secção de comentários seria necessária, evitando assim o consumo de dados.

4.2.1 Síntese da análise das entrevistas

Os 11 participantes nas entrevistas compostos por quatro do género feminino e sete do género masculino e com uma média de idade de 36,5 anos, realizaram o Caminho de Santiago pelo menos uma vez. A maioria dos entrevistados (oito) realizou a peregrinação mais do que uma vez e apenas um entrevistado já realizou o Caminho sozinho. Quanto às motivações manifestadas, salientam-se as espirituais, por convívio e para testar os limites físicos, sendo que os sentimentos expressados são os de liberdade e paz. Quanto ao uso de tecnologia durante a peregrinação, apenas dois entrevistados indicaram que não levam dispositivo móvel que permita acesso à Internet. Na generalidade, os entrevistados afirmaram pesquisar informação sobre as etapas do Caminho, previamente à peregrinação.

No que respeita à existência de uma aplicação móvel de apoio à peregrinação, os entrevistados são da opinião de que seria muito útil para os peregrinos, sendo que deve conter informações específicas sobre o Caminho, tais como informações e contactos de albergues, farmácias, bombeiros, hospitais e também indicar locais importantes do Caminho e paisagens para que estes aspetos não passem despercebidos aos peregrinos. Na generalidade os entrevistados estão de acordo com a integração de fotos na aplicação bem como de uma rede social em que os peregrinos possam partilhar experiências e conselhos para a peregrinação. Respeitante ao design gráfico, consideram que este seja simples, prático e sobretudo perceptível para a devida utilidade da aplicação.