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Analisando a densidade do solo (Ds) entre os tratamentos nas respectivas profundidades, observa-se que na profundidade 0-10 cm foram encontrados os menores valores, sendo 1,3 g cm-3 na LPA e 1,39 g cm-3 na

Figura 3. Valores médios de densidade do solo (Ds), nas profundidades de 0- 10, 10-20 e 20-40 cm, sob linhas de cafeeiros com presença de árvores (LPA) e cafeeiros com ausência de árvores (EPA), em Santo Antônio do Jardim, SP. Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas não diferem entre si, quanto aos tratamentos na mesma profundidade. Letras minúsculas iguais não diferem entre si, em profundidade dentro de cada tratamento. Teste de Tukey em nível de 5% de significância.

Machado et al. (2014) e Kufa (2013) verificaram que a maior diversidade de espécies no cafeeiro consorciado reduz a densidade do solo na camada superficial entre 05 e 20cm, porém, há um aumento na densidade do solo a medida em que aumenta-se a profundidade. Ou seja, a diversificação de plantas na consorciação do cafeeiro é mais eficiente para promover o aumento do espaço poroso do solo na camada superficial. De acordo com Kewesa, Tiki e Molla (2015) a menor Ds observada na camada superficial está associada, provavelmente, à maior concentração de raízes e de matéria orgânica. Nesse trabalho, os teores de MO foram maiores na profundidade de 0-10 cm (Tabela 2). Corroborando com o observado, nesta mesma área, Guimarães et al. (2016) verificaram que o fragmento de vegetação nativa e o cafeeiro em consórcio com as espécies arbóreas favoreceram a biomassa e a atividade microbiana do solo na profundidade 0-10 cm.

Os comportamentos da Ds com relação à profundidade do solo são diferentes para ambos os tratamentos. Na LPA, a Ds apresentou relação direta

com a profundidade (Figura 3), sendo a camada superficial (0-10cm) aquela com menor Ds e diferindo-se estatisticamente das camadas mais profundas (10-20 e 20-40cm) que apresentaram maior Ds. Por outro lado, na EPA a camada superficial mostrou valores similares com a profundidade 20-40 cm, diferindo-se apenas da profundidade de 10-20 cm.

O grau de floculação GF (%) variou entre os tratamentos apenas na camada superficial (0-10cm). Na profundidade 0-10 cm, o LPA apresentou 49% de GF quando comparado EPA. Nota-se que os valores de GF na LPA em todas as profundidades foram sempre superiores em comparação com o EPA (Tabela 3).

Tabela 3. Valores médios de grau de floculação (GF) do solo na linha de cafeeiros com árvores (LPA) e na entrelinha de plantio com cafeeiros sem árvores (EPA), nas três profundidades.

(1) GF: Grau de floculação; LPA: linha de cafeeiros com a presença de árvores; EPA: linha de cafeeiros com ausência de árvores. Médias seguidas da mesma letra maiúscula iguais na coluna não diferem entre si, quanto ao tratamento na mesma profundidade, letra minúscula iguais na linha não diferem entre si, em profundidade dentro do mesmo tratamento. Teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

Guimarães et al. (2014) apontaram que o grau de floculação do solo em cafeeiros consorciados com árvores foi 24% superior em relação a cafeeiros solteiros. Resultados similares foram encontrados por Mendonça et al. (2010) onde o solo com cafeeiros arborizados apresentou maior grau de floculação do que o cafeeiro em pleno sol, com valores de 42 e 31% para cafeeiros consorciados e cafeeiros em pleno sol, respectivamente.

Quando se avalia o comportamento desse atributo (GF%) em profundidade dentro de cada tratamento, não houve diferenças estatísticas (Tabela 3). No entanto, fica evidente que em ambos, LPA e EPA ocorre

Tratamentos

GF (%) (1) Profundidades (cm)

0 – 10 10 – 20 20 – 40

LPA 49Aa 41Aa 40Aa

redução do GF em profundidade de 0-10 para 10-20 cm, demostrando o efeito da redução de matéria orgânica em profundidade associado aos teores de areia (Tabela 2).

De modo geral, nota-se que os valores de GF na LPA em todas as profundidades foram sempre maiores em comparação com ao tratamento EPA. Segundo Thomazini et al. (2013), o sistema de produção de cafeeiro que adota o manejo sem a presença de árvores não favorece a formação de agregados estáveis no solo. Provavelmente, a LPA por ter influência direta das árvores, contribuiu para o maior acúmulo de MO no solo por intermédio da maior deposição da serapilheira na camada superficial do solo, favorecendo a estabilidade dos agregados e aumentando o GF.

O DMP dos agregados apresentou diferença entre os tratamentos apenas na camada superficial (0-10 cm). Nesta profundidade a LPA proporcionou maior diâmetro de agregados (5,11 mm) quando comparado com a EPA, reforçando o efeito da contribuição da MO nesse tratamento, além do efeito das raízes das árvores na área favorecendo a formação, manutenção e o tamanho dos agregados do solo (Tabela 4). Para este atributo não foram observadas diferenças em profundidade dentro do mesmo sistema (Tabela 4). No entanto, observa-se redução do DMP em profundidade em ambos os sistemas, demostrando o efeito da redução de matéria orgânica em profundidade associado aos teores de areia.

Tabela 4. Médias do diâmetro médio ponderado (DMP mm) em diferentes profundidades, em linhas de cafeeiros com árvores (LPA) e linha de cafeeiros sem árvores (EPA).

Tratamentos

Profundidade (cm)

0-10 10-20 20-40

LPA 5,11 Aa 4,89 Ab 4,77 Ab

EPA 4,88 Ba 4,86 Aa 4,77 Ab

Médias seguidas da mesma letra maiúscula iguais não diferem entre si, quanto ao tratamento na mesma profundidade, letra minúscula iguais não diferem entre si, em profundidade dentro do mesmo tratamento. Teste de Tukey ao nível de 5% de significância.

As maiores massas de agregados em todas as profundidades na LPA foram encontradas nas classes > 4 mm e 4-2 mm (Tabela 5) quando comparada com a EPA. Esse padrão é decorrente da manutenção e do aporte de resíduo orgânico no solo em sistemas que priorizam o uso de consórcios com árvores, aumentando a estabilidade e o diâmetro dos agregados favorecendo o grau de floculação (Thomazini et al. 2013).

Tabela 5. Distribuição de classes de tamanho de agregados de solo retidos em peneira, em relação ao total analisado, em percentagem (%), nas profundidades 0-10, 10-20 e 20-40 cm, na linha de cafeeiros com árvores (LPA) e linha de cafeeiros sem árvores (EPA), Santo Antônio do Jardim, SP. Prof. (cm) Tratamentos Classes de tamanho (mm) >4 4-2 2-1 1 - 0,25 < 0,25 Solo retido na peneira em relação ao total analisado

(%) 0-10 LPA 74,26 20,83 1,77 1,18 1,95 EPA 68,52 23,04 4,19 2,62 1,63 10-20 LPA 68,96 23,04 3,37 2,11 2,52 EPA 67,48 24,36 4,76 1,89 1,52 20-40 LPA 65,51 26,24 2,44 2,33 3,48 EPA 64,88 26,82 3,75 2,23 2,32

Os menores valores de DMP no tratamento EPA são decorrentes do manejo do solo. Isto porque, o solo exposto, os impactos das gotas da chuva rompem os agregados de maior tamanho e aumenta a proporção de agregados de menor tamanho (Tabela 5), acarretando em menores índices de DMP (Tabela 5). Esses resultados corroboram com Nunes et al. (2010) e Thomazini et al. (2013) que concluíram que nos sistemas de cultivos com cafeeiros em que se mantêm os resíduos orgânicos sobre o solo ocorre o aumento da estabilidade de agregados.

CONCLUSÕES

A linha de plantio de cafeeiros com as árvores apresentou melhor qualidade física do solo quando comparada com as entrelinhas de cafeeiros em ausência das árvores, indicando, redução da densidade do solo e, contribuindo para maior grau de floculação e do diâmetro médio ponderado dos agregados.

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CAPÍTULOII

ARRANJO DE ÁRVORES NA DEPOSIÇÃO E ACÚMULO DE NUTRIENTES

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