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Uma síntese da análise de variância com os valores de F e os coeficientes de variação (CV) para os valores obtidos de germinação (plântulas normais, anormais e sementes mortas), índice de velocidade de emergência, peso de mil sementes e teste de tetrazólio (sementes germináveis e não germináveis) são exibidos na tabela 1. Fontes de Variação Valor F SD GPN GPA SM GC EF PMS TG TNG Umidade (U) 35,72** 1,83NS 2,39NS 1,36NS 5,30** 5,26** 68,88** 3,51* 3,51* Trilha (T) 1080,69** 15,50** 11,62** 10,05** 8,14** 15,08** 0,13NS 0,90NS 0,90NS Int. U x T - 2,32NS 2,63NS 0,93NS 1,94NS 1,95 NS 25,12** 1,52NS 1.53NS CV (%) 16,66 10,99 58,13 108,02 4,41 3,41 2,03 4,15 40,96

** Significativo a 1% de probabilidade; * Significativo a 5% de probabilidade; NS Não significativo pelo

teste F

Verificou-se que o fator umidade obteve efeito não significativo somente para as análises de germinação (GPN, GPA e SM), tendo significância nos demais testes. Já no fator trilha, ocorre o inverso, as análises de germinação deram alta significância, o que demostra que houve influência no tipo de trilha, enquanto os outros testes não tiveram efeito significativo. Verificou-se também que a interação entre a umidade e o tipo de trilha foi significativa apenas para o teste do peso de mil sementes, enquanto nos demais testes, a interação entre esses fatores não exerceu nenhum efeito significativo. Não houveram dados de interação de sementes danificadas, já que não houveram danos nas sementes quando debulhadas manualmente.

Tabela 1: Síntese da análise de variância com os coeficientes de variação (CV) para a combinação de cinco faixas de umidade e dois tipos de trilha para os testes de sementes danificadas (SD), germinação de plântulas normais (GPN), germinação de plântulas anormais (GPA), sementes mortas (SM), germinação em campo (GC), estande final (EF), peso de mil sementes (PMS) tetrazólio sementes germináveis (TG) e tetrazólio sementes não germináveis (TNG) em sementes de milho. Fortaleza-CE, 2015.

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4.1 – Umidade e Danos Mecânicos

Os valores de umidade das sementes decresceram ao longo das colheitas para os dois sistemas de trilha. Já o número de sementes danificadas pelo processo de trilha mecanizada aparece mais elevado nas faixas de umidade dos tratamentos 2 e 3, conforme mostra o gráfico 2.

Como observado na tabela 2 e no gráfico acima, os tratamentos em que se constataram mais sementes danificadas foram os com teores de água durante a colheita de 26,9 a 23,5% e 23,5 a 20,1% (T2 e T3, respectivamente). Para o sistema de trilha, somente foram encontrados danos nas sementes trilhadas mecanicamente. Esses resultados conferem com o mencionado por Mantovani et aI. (1978), em que as maiores umidades provocaram maiores danos às sementes, pois a força para destacar as sementes do sabugo seria maior, favorecendo o risco de dano,

29,3 25,2 22,1 18,8 14,4 29,2 24,6 21,5 17,7 14,7 9,5 13,8 12,4 5,8 6,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0 5 10 15 20 25 30 35 T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 T 1 T 2 T 3 T 4 T 5 M E C Â N I C A M A N U A L

umidade média méd sementes quebradas

a b

Gráfico 2: Valores percentuais de umidade das sementes ao longo das colheitas e de sementes danificadas pelo processo de trilha mecânica (a) e manual (b).

41 maior facilidade, sendo percebido até na debulha manual. Para os tratamentos 4 e 5, observou-se um menor número de sementes danificadas, não oferecendo um risco recorrente de sementes com menores umidades, terem maior facilidade de se destacarem da espiga e sofrer mais impactos na trilhadora, acarretando em maiores chances de quebra de sementes, como visto por Carvalho e Nakagawa (2012).

Variável Teores de água DMS1

T1 T2 T3 T4 T5

SD 4,75 b 6,92 a 5,92 ab 2,50 c 3,00 c 1,33

Trilha

Manual Mecanizada

SD 0,00 b 9,23 a 0,58

4.2 – Peso de mil sementes

O fator umidade de colheita e a interação entre a umidade e o tipo de trilha apresentaram valores significativos no peso de mil sementes, como são exibidos na tabela 4.

Tabela 2: Valores médios de sementes danificadas (SD) em dois sistemas de trilha e diferentes teores de água: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5). Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1Diferença mínima significativa(DMS) entre as médias de cada faixa de umidade e sistema de trilha.

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Interação umidade x trilha

Trilha Faixas de umidade DMS1

T1 T2 T3 T4 T5

Manual 32,48 bA 32,98 bA 32,58 bB 34,25 aA 34,84 aA 0,948 L Mecanizada 29,90 cB 33,01 bA 34,75 aA 34,58 aA 34,61 aA 0,675 C

Pelo observado no peso de mil sementes acima, as sementes com menores umidades se mostraram mais pesadas, isso se justifica devido às sementes colhidas com maiores teores de água ficaram armazenadas e só foram submetidas aos testes quando as espigas restantes atingiram as umidades das sementes em torno de 13%, fazendo com que essas sementes já armazenadas fossem perdendo a água nelas contidas, ficando todas as sementes com a mesma umidade no momento dos testes. Então, as sementes colhidas com maiores umidades, ou perderam peso durante o armazenamento, ou provavelmente não tenham atingido acumulado em maior quantidade seus fotoassimilados, por exemplo, tendo pesos menores, enquanto as sementes que foram colhidas por último, ainda se maturavam enquanto permaneciam na planta, o que foi bom para a maturação das sementes, porém deixou as espigas vulneráveis ataque de agentes externos, como insetos ou fungos e, expostas às alterações dos fatores climáticos, como descrito por Vasconcelos et al. (2002).

Na interação entre as umidades e as trilhagens. Notou-se que as sementes com os maiores pesos foram obtidos nos tratamentos T4 e T5, a umidade T3 na trilha mecanizada também não diferiu estatisticamente no peso de mil sementes, enquanto as sementes colhidas com a mesma faixa de umidade não obtiveram peso semelhantes estatisticamente pelo método de trilha manual.

Tabela 3: Valores médios obtidos pelo teste peso de mil sementes (PMS), para as sementes de milho colhidas em diferentes faixas de umidade: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5). Efeito da interação entre a umidade e o tipo de trilha sobre o peso de mil sementes de milho. Fortaleza-CE, 2015.

1Diferença mínima significativa(DMS) da interação entre umidade e trilha, sendo nas linhas(L) e colunas

(C) médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de

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4.3 – Teste de germinação em laboratório

Os dados de médias que obtiveram significância para os resultados dos testes de germinação, demonstraram que o processo de trilha afetou o número de plântulas normais e anormais, sendo maior o número de plântulas normais nas sementes debulhadas manualmente e maior o número de plântulas com alguma anormalidade quando debulhadas pelo sistema mecanizado. Para a variável sementes mortas, foi verificado maior número de sementes não germinadas quando utilizou-se a trilhadora, como apresentado na tabela 3.

Variável Tipo de trilha DMS1

Manual Mecanizada

GPN (%) 90,200 a 78,650 b 5,994

GPA (%) 8,00 b 15,300 a 4,376

SM (%) 1,800 b 6,050 a 2,740

Foi observado que as sementes submetidas à debulha mecânica, mesmo sendo retiradas da porção “sementes puras”, ou seja, das sementes sem nenhum dano físico aparente, apresentaram defeitos em sua estrutura, como ausência de radícula ou de parte aérea, coleóptilo fendido, plúmula curta, que afetariam negativamente ao longo do desenvolvimento da planta (BRASIL, 2009). Notou-se também que as sementes sofreram ataques de fungos (FIGURA 11), o que reforça o relatado por Marchi et al. (2006), que o surgimento de trincas, mesmo imperceptíveis a olho nu, podem servir como porta de entrada para o ataque de fungos de diversos gêneros, comprometendo a qualidade da semente. Discordando do obtido em pesquisas feitas por Borba (1992), onde umidades menores proporcionaram maiores porcentagens de germinação, o que no presente trabalho, a umidade de colheita não teve nenhuma influência na germinação em laboratório.

Tabela 4: Valores percentuais médios obtidos pelo teste de germinação em laboratório nas variáveis germinação de plântulas normais (GPN), germinação de plântulas anormais (GPA) e sementes mortas (SM) para as sementes de milho trilhadas manual e mecanicamente. Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1Diferença mínima significativa(DMS) entre as médias de cada variável para o sistema de trilha.

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4.4 – Teste de germinação em campo

Os teores de água afetaram a germinação, sendo o tratamento semeado com menor teor de água na colheita (T5) o que apresentou maior número de sementes germinadas por repetição, já para os sistemas de trilha, as espigas debulhadas manualmente obtiveram mais sementes germinadas em campo quando comparadas à trilha mecanizada, conforme exibido na tabela 4.

Figura 11: Danos observados nas sementes após a germinação: coleóptilo fendido (a); plúmula curta (b); plântula sem parte aérea (c); deformidade na estrutura da plântula e semente morta devido à presença de fungos (d e e, respectivamente)

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Variável Teores de água DMS1

T1 T2 T3 T4 T5

GC 22,75b 23,25 b 24,25 ab 24,25 ab 24,87 a 1,53

Trilha

Manual Mecanizada

GC 24,35 a 23,4 b 0,68

Pôde–se perceber que houve diferença entre os testes realizados em laboratório e em campo, sendo observado efeito significativo dos teores de água na germinação em campo. Isso confirma o relatado por Gutormson e Patin (2007), em que os testes de campo são úteis para confirmar a veracidade dos testes de laboratório, onde as sementes tiveram uma boa germinação e pôde-se acompanhar seu comportamento e aspectos físicos pós germinação em campo, o que nos testes realizados em laboratório não foram possíveis ser feitos.

Conforme mostrado na tabela 5, para o teste da velocidade de emergência, as médias não apresentaram diferença significativa pelo teste de Tukey (p ≤ 0,05). Isso se explica porque as sementes, por mais que possam vir a ter algum dano, se viáveis, manterão sua capacidade germinativa se todos os fatores externos, incluindo a uniformidade na profundidade de semeadura, forem adequadas. O que evidencia a qualidade das sementes e que influencia em sua emergência, obtendo uma colheita uniforme (KIKUTI et al. 2003).

Variável

Faixas de Umidade

DMS1

T1 T2 T3 T4 T5

IVE 5,790 a 5,794 a 6,131 a 6,212 a 6,172 a 0,480

Tabela 6: Valores médios obtidos pelo teste do índice de velocidade de emergência (IVE), para as sementes de milho colhidas em diferentes faixas de umidade: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5). Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1Diferença mínima significativa(DMS) entre as médias de cada faixa de umidade.

Tabela 5: Valores médios obtidos pelo teste de germinação em campo (GC) nos diferentes sistemas de trilha e teores de água: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5). Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1Diferença mínima significativa(DMS) entre as médias de cada faixa de umidade e sistema de trilha.

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4.5 – Estande final

As plântulas foram contadas ao final do teste de velocidade de emergência e, apesar da semelhança entre os índices, a quantidade de plântulas emergidas sem nenhuma anormalidade foi diferente quando comparados os sistemas de trilha (GRÁFICO 3), tendo o método de trilha mecanizada um menor número plântulas emergidas e, das emergidas, eram observados em algumas minorias, defeitos que interferiam no crescimento da plântula (FIGURA 12). Isso foi comprovado por Borba et al. (1994), em que quando realizada a debulha mecânica, podem ocorrer danos mecânicos na semente e consequentemente, morte das mesmas ou a emergência de plântulas anormais, resultando em redução na qualidade dos lotes de sementes.

Não foi observada nenhuma plântula defeituosa nas sementes semeadas que foram submetidas ao sistema de trilha manual. O tratamento em que houveram o menor número de plântulas normais foi o tratamento com faixa de umidade de 30,3 a 26,9%, apresentando sementes que não germinaram e plântulas com anormalidades em sua morfologia, como apresentado na tabela 6, em que as umidade de colheita afetou no estande final, tendo um maior número de plântulas sem nenhuma

96 96 97 98 100 84 88 95 93 99 75 80 85 90 95 100 105

T1Ma T2Ma T3Ma T4Ma T5Ma T1Me T2Me T3Me T4Me T5Me

N ú m ero d e p lân tu las Estande Final a b

Gráfico 3: Número total do estande final de plântulas emergidas sem nenhuma deformidade em diferentes umidades (T1 a T5) e submetidas à trilha manual (Ma) e mecanizada (Me).

47 de trilha, a debulha realizada manualmente proporcionou mais plântulas normais no estande final.

Variável Teores de água DMS1

T1 T2 T3 T4 T5 EF 45,00 b 46,00 ab 48,00 ab 47,75 ab 49,75 a 3,76 Trilha Manual Mecanizada EF 48,70 a 45,9 b 1,61

Figura 12: Plântulas emergidas com alguma anormalidade.

Fonte: Autor (2015).

Tabela 7: Valores médios do estande final (EF) de plântulas de milho semeadas com sementes de colhidas em diferentes faixas de umidade: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5) e trilhadas manual e mecanicamente. Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. 1Diferença mínima significativa(DMS) entre as médias de cada faixa de umidade e sistema de trilha.

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4.6 – Teste de tetrazólio

Nos resultados do teste de tetrazólio, foi observado que as sementes que foram colhidas com umidades na faixa de 16,7 a 13,3%, obtiveram sementes classificadas com o melhor potencial de germinação, decrescendo esse valor à medida que a umidade de colheita foi maior. Isso pôde ser confirmado quando se observou as notas das sementes que são qualificadas como não germináveis, que tiveram o maior número de sementes com essa classificação quando colhidas com a faixa de umidade de 30,3 a 26,9%, diminuindo esse número de sementes não germináveis à medida que foi se reduzindo o teor de água nas sementes, como exposto na tabela 5. Confirmando o relatado por Araújo (1995), que verificou que a qualidade fisiológica das sementes foi menos prejudicada nas sementes trilhadas com menores graus de umidade.

Variável Faixas de Umidade DMS1

T1 T2 T3 T4 T5

TG 86,50 b 88,75 ab 90,25 ab 93,00 ab 95,50 a 8,78

TNG 13,50 a 11,25 ab 9,75 ab 7,00 ab 4,50 b 8,78

Esses dados podem se justificar devido às sementes colhidas com maiores teores de água não estarem fisiologicamente maduras, fazendo que estruturas essenciais para o desenvolvimento de uma nova planta seja afetado, enquanto sementes com menores umidades tiveram suas estruturas reagentes com o sal 2, 3, 5 trifenil cloreto de tetrazólio coloridas totalmente (FIGURA 13), quando comparadas

Tabela 8: Valores obtidos no teste de tetrazólio para as sementes de milho colhidas em diferentes faixas de umidade: 30,3 a 26,9% (T1); 26,9 a 23,5% (T2); 23,5 a 20,1% (T3); 20,1 a 16,7% (T4) e 16,7 a 13,3% (T5) e classificadas como germináveis (TG) e não germináveis (TNG). Fortaleza-CE, 2015.

Médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade.

49 significativo no teste de tetrazólio, mas pequenos danos nas sementes causados pelo impacto das mesmas na trilhadora podem ter afetado em sua qualidade. Isso estaria relacionado ao maior dano mecânico em sementes trilhadas em maiores umidades, que também influenciou na germinação.

Figura 13: Resultados obtidos no teste de tetrazólio: semente com estruturas totalmente coloridas, germinável (a); semente visivelmente danificada, porém colorida e germinável (b); sementes com estruturas essenciais pouco ou nada coloridas, não germináveis (c,d e e).

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5 – CONCLUSÃO

As umidades de avaliação não alteraram no processo de germinação, contudo, o sistema de trilha mecanizada, que é o mais eficiente para grandes áreas, mostrou problemas de germinação e danos às sementes quando colhidas com maiores teores de água.

As menores umidades das sementes mostraram melhores resultados durante o processo de trilha, sendo as colhidas com 16,7 a 13,3% de umidade as que tiveram sementes mais vigorosas, plântulas normais e menores danos mecânicos na trilhadora.

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