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As mudas submetidas aos tratamentos T0, T80 e T100 tiveram crescimento em altura inferior àquelas submetidas aos outros tratamentos. No tratamento T0, sem a presença de lodo de esgoto (LE), possivelmente a falta de nutrientes inibiu o crescimento em altura das mudas, diferindo dos demais tratamentos. Os tratamentos T80 e T100 apresentaram em relação aos demais tratamentos, menores médias de altura. (Tabela 2).

Tabela 2. Valores médios de crescimento em altura (cm) das mudas de Moringa oleifera submetidas a diferentes tratamentos com lodo de esgoto ao longo do tempo do experimento.

Tratamentos Concentrações de lodo de esgoto (%) Semanas 1 2 3 4 5 T0 0 12,19 a 17,69 b 19,47 b 19,26 c 19,14 c T20 20 12,69 a 22,20 a 27,85 a 31,75 a 35,10 a T40 40 13,24 a 23,64 a 31,04 a 34,70 a 38,05 a T60 60 11,48 a 20,95 a 27,42 a 33,39 a 38,44 a T80 80 10,91 b 16,90 b 21,81 b 28,68 b 30,84 b T100 100 10,28 c 15,94 b 20,63 b 29,06 a 34,13 a Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Dunn.

Os Valores encontrados neste trabalho são parecidos com os resultados de Gomes (2013), que obteve menores valores de crescimento nos tratamentos com 20 e 90% de lodo para a produção de mudas de Tectona grandis. O autor destaca também que as mudas dos demais tratamentos, por possuírem a presença de nutrientes indispensáveis para seu crescimento, como o nitrogênio (N) e o fósforo (P), apresentaram melhores resultados com relação à testemunha. O crescimento das mudas está relacionado com a disponibilidade de nutrientes, como o P, Ca, Mg, K e o pH, que em quantidades adequadas irá afetar de forma positiva o crescimento das mudas. Desta maneira, a falta do lodo, ou a grande concentração dele, pode resultar no menor crescimento das mudas.

As mudas submetidas aos tratamentos T20, T40 e T60 apresentaram melhores resultados. Entretanto, não houve diferença estatística entre as médias de altura das mudas nesses tratamentos, no decorrer das cinco semanas analisadas. Porém, o tratamento que apresentou melhor média em altura foi o T60 (38,4 cm na

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quinta semana), sendo essa concentração indicada para a produção de mudas de

Moringa oleifera. Em outro trabalho, Maas (2010) verificou que as melhores médias

de crescimento na produção de mudas de Enterolobium contortisiliquum em diferentes concentrações de biossólido com substrato comercial foram referentes aos tratamentos com 45% de biossólido mais 55% de substrato comercial e com 60% de biossólido mais 40% de substrato comercial, concluindo que o uso desse material favoreceu o crescimento das plantas. Resultados parecidos foram encontrados por Trigueiro (2003), quando avaliou a eficiência do biossólido como componente de substratos na produção de mudas de Eucalyptus grandis, recomendando uma proporção de 40 a 50% de lodo misturado com casca de arroz carbonizada, sendo que os resultados da mistura foram estatisticamente semelhantes ao do substrato comercial, gerando economia de fertilizantes e benefício ambiental. Resultados contrários foram encontrados por Siqueira et al. (2018), que ao avaliarem o lodo de esgoto tratado na composição de substrato para produzir mudas de Lafoensia glyptocarpa, recomendaram o uso de 25 e 100% de lodo de esgoto com substrato comercial, sendo essas as melhores concentrações que influenciaram positivamente na qualidade das mudas produzidas.

De acordo com a Figura 4, é possível verificar que o T60 é o tratamento com melhor desempenho em altura, seguido pelos tratamentos T40 e T20. Desta maneira pode-se confirmar que essas três concentrações (60, 40 e 20%) em associação com areia são mais indicadas para a produção de mudas de moringa.

Figura 4. Crescimento em altura da espécie florestal Moringa oleifera de acordo com cada tratamento ao longo do tempo do experimento.

O tratamento T0 não apresentou crescimento satisfatório, isso pode ter ocorrido devido à falta de nutrientes na areia. E os tratamentos T80 e T100, com maior quantidade de lodo, foram prejudiciais ao crescimento das mudas, uma vez que apresentaram médias inferiores aos tratamentos com quantidades inferiores de lodo. O que pode explicar esses resultados é a lei de Liebig (lei do mínimo), segundo o qual o crescimento das plantas depende do recurso mais escasso (fator limitante)

e não pela quantidade total de recursos disponíveis (NODARI, 2015). O nitrogênio

(N) e fósforo (P) são nutrientes altamente requeridos nos estádios iniciais de desenvolvimento das mudas e sua falta gera décifit para o crescimento. O nitrogênio é necessário para a síntese da clorofila e, como parte da molécula da clorofila, está envolvido na fotossíntese, e o lodo apresenta um teor médio de N, sendo o mais valioso constituinte do lodo de esgoto para seu uso na produção de mudas (SANEPAR, 1997). Trigueiro (2003), avaliando a produção de mudas de Eucalyptus

grandis, confirma que doses iguais ou superiores a 70% de biossólidos na

composição do substrato também foram prejudiciais ao desenvolvimento das mudas, confirmando que existe um limite para a sua utilização.

Em relação à variável diâmetro do coleto (Tabela 3), as mudas submetidas ao tratamento controle (T0) apresentaram médias inferiores às mudas submetidas aos tratamentos com lodo. Portanto, o T0 diferenciou-se estatisticamente dos demais

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 0 1 2 3 4 5 6 A ltura (c m ) Semanas T0 T80 T100 T20 T60 T40

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tratamentos. Os tratamentos T20, T40, T60 e T100 apresentaram maiores médias, mas não houve diferença estatística entre eles.

Tabela 3. Comparação das variáveis médias de altura (H), diâmetro do coleto (D), número de folhas na terceira semana e relação H/T das mudas de Moringa oleifera submetidas a diferentes tratamentos com lodo de esgoto.

Concentrações (%) Altura (cm) Diâmetro (mm) Nº de folhas H/D

T0 19,14 c 2,30 b 5,47 b 8,42 a T20 35,10 a 4,08 a 6,81 a 7,42 a T40 38,05 a 4,16 a 6,63 a 8,39 a T60 38,44 a 4,05 a 7,41 a 8,37 a T80 30,84 b 3,90 a 7,13 a 7,94 a T100 34,13 a 4,14 a 7,28 a 7,42 a

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Dunn.

De acordo com Gonçalves et al. (2002) o diâmetro do coleto adequado para mudas de espécies florestais consideradas de qualidade está entre 5 e 10 mm. No presente trabalho, nenhum dos tratamentos alcançou o valor mínimo do diâmetro citado pelos autores. Carneiro (1995) informa que o diâmetro do coleto é uma variável que indica a capacidade de sobrevivência das mudas quando forem a campo. Contudo, é importante associar o diâmetro do coleto com outras variáveis para garantir maior sobrevivência das mudas em campo. Abreu et al. (2018) quando compararam o crescimento de mudas de Schinus terebinthifolia, no primeiro ano, produzidas com biossólido e com substrato comercial, sob doses de monoamônio fosfato em adubação de cobertura, verificaram que o biossólido favoreceu o crescimento das mudas em altura e em diâmetro do coleto em todo ciclo de produção.

Não houve diferença estatística entre as médias para a relação altura/diâmetro (Tabela 3). Apesar disso, a maior média foi verificada no tratamento T60. A relação altura/diâmetro do coleto pode ser utilizada para avaliar a qualidade das mudas florestais, além de incidir o acúmulo de reservas, testifica maior resistência e melhor fixação no solo. As mudas com diâmetro do coleto menor em relação àquelas com maior diâmetro do coleto apresentam dificuldades para

manterem-se eretas após o plantio em campo e o tombamento pode resultar em morte ou deformações, que comprometem o valor silvicultural da planta (ARTHUR et al., 2007).

Caione et al. (2012) analisaram que o crescimento vegetativo das mudas de

Schizolobium amazonicum foi influenciado pela maior quantidade de nitrogênio (N),

fósforo (P) e potássio (K), o que é explicado pela necessidade da planta de acordo com a função de cada nutriente. Como o lodo possui muitos nutrientes, como o N, P e K, pode-se afirmar que 60% de lodo misturado em areia é a concentração que corresponde as necessidades da planta.

Para a análise do número de folhas foi levado em consideração os dados obtidos até a terceira semana de avaliação. A partir desse momento houve um ataque de pragas no experimento (Figura 5), que afetou os resultados posteriores. As maiores médias de número de folhas corresponderam aos tratamentos T60, T80 e T100. O tratamento com menor média de folhas foi o T0, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos com lodo (Tabela 3). Lucena et al. (2007), com relação ao substrato, observaram que solo mais composto orgânico e solo mais lodo proporcionam maior número de folhas, podendo isto ser explicado pelo alto teor de matéria orgânica contido nestes substratos. Os resultados encontrados neste trabalho corroboram com os autores.

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Figura 5. Ataque de praga (lagarta) nas mudas de Moringa oleifera.

Quanto aos resultados de PMSA, PMST e IQD, não houve diferença entre as médias dos tratamentos (Tabela 4). Contudo, observou-se diferença para os valores de PMSR e para a razão PMSA/PMSR.O tratamento controle apresentou melhores resultados de PMRS, sendo justificado pela maior porosidade da areia, que favoreceu o crescimento radicular. Zorzeto et al. (2014) afirmaram que a depender do substrato utilizado, a macro e microporosidade influenciam na retenção de água e de ar, fatores que são importantes para o crescimento radicular das plantas e na obtenção de nutrientes. Para a relação PMSA/PMSR, os tratamentos com lodo demonstraram melhores resultados.

Segundo Carneiro (1995), maiores valores para a massa seca da raiz indica maior porcentagem de sobrevivência no campo, já que a presença de raízes fibrosas permite maior capacidade de as mesmas manterem-se em crescimento e facilita a formação de raízes novas, mais ativas, possibilitando maior resistência em condições extremas, sendo esse fator dependente das características de cada planta.

Tabela 4. Médias da massa de matéria seca da parte aérea (PMSA), raízes (PMSR) e total (PMST), relação PMSA/PMSR e índice de qualidade de Dickson (IQD) de mudas de Moringa oleífera Lam. após cinco semanas de crescimento.

Concentrações (%) PMSA PMSR PMST PMSA/PMSR IQD

T0 0,30 a 0,76 a 1,06 a 0,41 b 0,26 a T20 1,51 a 0,35 a 1,85 a 4,58 a 0,16 a T40 1,54 a 0,29 a 1,83 a 5,47 a 0,12 a T60 1,40 a 0,22 a 1,62 a 6,28 a 0,10 a T80 0,70 a 0,12 b 0,82 a 5,91 a 0,06 a T100 1,75 a 0,39 a 2,14 a 5,24 a 0,17 a

Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Dunn

Neste trabalho, as mudas de moringa sem a presença do lodo apresentaram melhores resultados de PMSR, mas é importante destacar que o tratamento T0 não apresentou resultados superiores em outras variáveis e, portanto, é preciso uma análise geral de todas as variáveis para que as mudas sejam consideradas de qualidade e para que haja sobrevivência no campo. Em seu trabalho, Maas (2010) observou esse comportamento nas variáveis MSPA e PMST nas mudas de

Enterolobium contortisiliquun, havendo diferenças estatísticas, onde o tratamento

T4, com 45% de biossólido mais 55% de substrato comercial, mostrou-se superior aos outros tratamentos analisados.

Não houve diferença estatística para os resultados do índice de qualidade de Dickson (IQD) (Tabela 4). Apesar disso, os maiores valores calculados foram para os tratamentos o T0, T20 e T100. Esse índice indica a qualidade das mudas, uma vez que levam em consideração as relações dos parâmetros massa seca total (PMST), massa seca da parte aérea (PMSA), massa seca das raízes (PMSR), altura de planta (H) e diâmetro do coleto (D) e, quanto maior o Índice de Qualidade de Dickson, melhor a qualidade das mudas (GOMES, 2001).

É possível verificar que não houve um resultado influenciando às diferentes concentrações de lodo, mas as características de cada indivíduo selecionado se sobressaíram, sendo assim, não existindo diferença estatística entre os tratamentos analisados. O que pode ter afetado os resultados dessas variáveis foi o modo aleatório na escolha de cada indivíduo, realizado pelo software Excel. Divergindo dos resultados encontrados nesse trabalho, Gonçalves et al. (2013), verificaram que

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mudas de melhor qualidade de Acacia farnesiana foram obtidas com adição de pelo menos 20% de esterco de aves e 40% de esterco bovino, tomando como base a massa seca total. Neves et al. (2010) verificaram que a associação de solo mais lodo de esgoto apresentou maior percentual de matéria seca da parte aérea. Desse modo, podemos confirmar que o uso de diferentes substratos influência na qualidade das mudas de espécies florestais. Pode-se verificar que o lodo tratado pode ser utilizado como substrato para a produção de mudas de Moringa oleifera. É um material viável e importante, pela sua composição nutricional, suprindo as plantas de acordo com suas necessidades. Os aspectos morfológicos são visivelmente verificados no decorrer do tempo (Figura 6).

6. CONCLUSÃO

O lodo de esgoto aumentou as médias de altura, diâmetro do coleto, número de folhas e biomassa seca da raiz nas mudas de moringa.

As concentrações de lodo de esgoto com melhor resultado em crescimento e, portanto, recomendadas para a produção de mudas de Moringa oleifera, foram as de 40 e 60%. Concentrações superiores não são recomendadas.

A utilização do lodo de esgoto como componente de substrato para a produção de mudas de moringa mostrou ser uma alternativa tecnicamente viável, além de contribuir para a destinação do resíduo. Deve-se, no entanto, obedecer aos aspectos legais para a sua utilização, que regula os teores de metais pesados e os parâmetros sanitários.

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