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Entrevistamos 16 mulheres na faixa etária de 16 a 62 anos, cuja menarca foi entre 11 e 15 anos. Iniciaram suas atividades sexuais entre os 14 e 25 anos de idade. Destas, apenas cinco eram solteiras, porém ambas apresentavam-se sexualmente ativas e, na sua maioria, com parceiros fixos.

Os resultados obtidos decorreram da análise das entrevistas e observações realizadas. A partir desses dados foi possível chegar aos elementos constitutivos das seguintes categorias temáticas: “A escolha do método contraceptivo”, “Realização dos Testes Rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B” e “Frequência de realização do exame ginecológico”.

5.1 A escolha do método contraceptivo

Segundo Andrade e Silva (2009), o processo de escolha informado na regulação da fecundidade baseia-se nos princípios de proporcionar bem-estar às pessoas, quanto à sua autonomia, expectativas, necessidades e poder de decisão.

Nesta parte da entrevista foi abordada a liberdade de escolha do método contraceptivo pelas usuárias e o critério utilizado pelas mesmas para a tomada de decisão. Teve como objetivo saber a importância da influência do parceiro na escolha do método, assim como os principais motivos pela melhor opção preventiva e o conhecimento em relação às IST.

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A maioria das usuárias fez uso de pílulas, algumas delas relataram não se adaptar ao método por manifestar sinais de mal estar. Apenas duas relataram a administração do anticoncepcional injetável e justificaram ser uma maneira de evitar o esquecimento do uso contínuo do método contraceptivo. Apenas uma usuária fez uso do DIU, por indicação médica, pois a mesma já tinha duas filhas e não desejava uma nova gestação.

[…] Não uso pílula, nem camisinha, nem nada. Já usei! Na época eu usava DIU, 1 ano… Eu tinha 2 filhas pequenas, aí eu não queria engravidar de novo, foi aqui no posto mesmo, o doutor indicou e eu coloquei (FEMINA).

[…] Já usei camisinha […] Nenhum, porque ele fez vasectomia, e não uso camisinha, sou casada há 16 anos, não tem perigo (DIANE 35).

Pode se afirmar que a autonomia tem diversos significados, relacionados à autodeterminação, direito à liberdade, privacidade, escolha individual, livre vontade. Essencialmente, autonomia é a capacidade de pensar, decidir e agir, com base no livre pensamento e decisão independente. No entanto, a vontade e a capacidade não são suficientes para o pleno exercício da autonomia. A informação é o pressuposto inarredável para a escolha que o indivíduo realiza, no contexto de uma sociedade equilibrada. No caso do planejamento familiar, o exercício da autonomia depende também da oferta de alternativas contraceptivas, traduzidos na existência e disponibilidade dos métodos contraceptivos nos serviços de saúde (COSTA; GUILHEM; SILVER, 2006).

As usuárias apresentavam déficit de conhecimento sobre os métodos e em sua maioria. Possuem a percepção de que preservatio é uma barreira para evitar a gravidez, esquecendo-se dos riscos das IST. Nas entrevistas foi possível observar que os parceiros influenciaram na escolha do não uso do preservativo, sendo também a confiança deste parceiro um critério utilizado para a escolha do método.

5.2 Realização dos Testes Rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B

Esta parte da entrevista teve como objetivo identificar o grau de conhecimento e adesão à prevenção das principais IST. Esse teste era desconhecido por algumas. Dentre as 16 usuárias entrevistadas, apenas quatro não fizeram nenhum dos testes, seis delas realizaram o teste no momento do pré-natal, três já haviam realizado os três testes em algum momento da vida e as demais realizaram um dos testes, apenas.

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[…] Realizei os testes no pré-natal e antes também […] Ele fazia também (PERLUTAN).

Uma das usuárias não tinha conhecimento sobre a sífilis, chegando a perguntar sobre modo de transmissão e sinais e sintomas. A mesma, após os esclarecimentos, declarou que irá procurar realizá-los. A maioria das mulheres fez o teste por estarem grávidas, não recebendo nenhuma orientação ou esclarecimento sobre os mesmos. Estas mulheres foram orientadas a procurarem, no próprio serviço de saúde que se encontravam. Incentivamos, ainda, a realização dos testes pelos parceiros para que se impetre uma prevenção ou até mesmo uma reabilitação eficaz.

Rodrigues et al. (2011), afirma que com relação às ações da Atenção Básica, o MS orienta que se deve incluir: atividades educativas para promoção à saúde e à prevenção, aconselhamento para os testes diagnósticos e para adesão à terapia instituída e as recomendações da assistência, diagnóstico precoce das IST, infecção pelo HIV e hepatites. Tratamento adequado da maioria das IST, encaminhamento dos casos que não competem a esse nível de atenção, realizando acompanhamento conjunto.

5.3 Frequência de realização do exame ginecológico

De acordo com Albuquerque et al. (2009), os programas de rastreamento sistemático da população feminina por meio do exame citológico do colo do útero, também conhecido como exame Papanicolau, tem sido uma das estratégias públicas mais efetivas, seguras e de baixo custo para detecção precoce do câncer do colo do útero. Estudos indicam que mulheres que não realizam ou nunca realizaram esse exame desenvolvem a doença com maior frequência.

O objetivo desta etapa da entrevista foi investigar a frequência de realização do exame ginecológico e se estava ocorrendo a recomendação estabelecida pelo MS, cujo intervalo mínimo para realizar o exame ginecológico é um ano ou conforme orientação médica, caso não haja nenhuma anormalidade a usuária pode realizar no prazo de três anos.

Nas entrevistas observamos que, em sua maioria, elas realizaram o exame anualmente. Apenas uma delas não realizava há 3 anos, por falta de tempo, estando no dia na Unidade Básica em busca de sua realização, após apresentar dispareunia.

Percebemos que as usuárias apresentavam-se em atividade sexual ativa, mas possuíam baixo nível de conhecimento sobre o tema em questão, desencadeando várias dúvidas

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e esclarecimentos sobre outros subtemas de grande importância para uma atividade sexual segura e prazerosa.