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4. ESTUDO TOXICOLÓGICO E PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS DE FRANGOS

4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Identificação molecular do isolado:

Baseado na identificação molecular realizada (Figura 01), o isolado inoculado trata-se de Fusarium verticillioides (Sacc.) Niremberg (1976). A amostra resultou em 658 e 986 nucleotídeos para região EF e RPB2, respectivamente. Esta sequência apresentou 99,9% de identidade com Fusarium verticilliides (Accession nº FN179338.1) e (Accession nº FN552106.1), respectivamente, cobrindo 99,9% da sequência (Query cover), de acordo com consulta ao Blast (NCBI), Icl/Query_25443 e Icl/Query_10149, conforme laudo de sanidade vegetal 3162/2017-AGR.

Figura 01: A) Peso molecular de amostras de isolados fúngicos obtidos de milho (A), sendo: isolados 01 e 02: procedentes de Toledo-PR; Controle negativo (Controle -): Folha de milho sadia; Mix: Controle relativo, sem adição de DNA; Controle positivo (Controle +): Isolado de

Fusarium verticillioides.

Postulados de Koch:

Verificou-se a reprodução dos sintomas de Fusarium em espigas de milho após a inoculação, bem como, foi verificado através do reisolamento do patógeno, as mesmas características morfológicas observadas anteriormente.

Análise de fumonisina presente nas rações:

A análise de micotoxina na ração basal revelou ausência de fumonisina, enquanto que na ração contaminada, apresentou a concentração de 2,78μg/g de fumonisina.

Avaliação zootécnica:

Conforme apresentado na tabela 01, não houve diferença significativa entre o consumo de ração aos 21 dias, sendo a média, por ave, de ração basal consumida de 1136,10g e de 1110,38g para ração contendo fumonisina, apesar do consumo ter sido levemente menor pelos frangos que se alimentaram da ração contaminada.

Tabela 1. Consumo de ração por ave (CR/ave), ganho de peso por ave na primeira semana (GP/ave 1 sem), ganho de peso por ave na segunda semana (GP/ave 2 sem), ganho de peso por ave final (GP/ave final), conversão alimentar (CA), peso da ave aos 21 dias.

Tratamento Media doCR GP 1ª semMedia do GP 2ª semMedia do Media doGP final Mediada CA

Media de peso aos 21

dias Ração basal 1136,10a 108,45a 348,05a 746,14a 1,53a 805,02a

Ração

contaminada 1110,38a 106/78a 336,60a 743,63a 1,50a 792,13a As médias foram submetidos ao Teste Stundent Newman Keuls (SNK) a 5% de probabilidade de erro.

Li et al., (1998), ao analisar os frangos destinados a postura e para corte, não observou alterações no desempenho zootécnico quando alimentados com ração de farelo de milho contendo a concentração de 2μg/g de FB1, entretanto observaram diminuição na imunidade humoral e na supressão de linfócitos, causados pelas fumonisinas, porém, esses fatores não foram avaliados no presente trabalho. A conversão alimentar, das aves alimentadas pela ração livre de fumonisina foi de 1,53 enquanto que as aves que foram alimentadas com a ração contendo micotoxina foi semelhantes, de 1,50.

O ganho de peso final das aves que foram alimentadas com a ração basal se mostrou igual ao das aves que foram alimentadas com a ração contendo fumonisina. Já o peso final das aves, aos 21 dias, verificou-se a diferença de 12,89g a menos, para as aves alimentados com a ração contaminada. Não houve diferença significativa entre os tratamentos, apesar de ver um resultado de peso final relativamente menor do que as aves alimentados com ração basal.

Weibking et al. (1993a) alimentaram frangos de corte de 1 dia durante 21 dias com rações que continham 1 a 5,25μg/g de fumonisina B1. As aves que receberam 4,5 e 5,25μg/g tiveram uma diminuição significativa no ganho de peso e conversão alimentar, aumento no peso dos rins, fígado e concentração de hemoglobina. As demais aves que receberam ração contaminada com concentrações inferiores de fumonisina, não apresentaram sintomas clínicos de intoxicação. Existem diversos resultados que apontam uma flutuação considerável quanto o nível de concentração de fumonisina capaz de causar danos em aves, sendo eles controversos ao limite determinado pela ANVISA que é de 5μg/g de FB1 (milho em grãos para posterios processamento), portanto, uma hipótese para tais diferenças, seria o uso de diferentes raças de aves em diferentes experimentos com fumonisina, pois a capacidade do organismo em reagir a agentes estranhos, denominada resposta imunológica, pode variar de linhagem para linhagem (KOUTSOS et al., 2001; MORGULIS et al., 2002). Vários fatores podem influenciar a resposta imunológica, incluindo as variações genéticas de isolados distintos de uma mesma espécie de patógeno e da genética da própria ave (MORRIS et al., 2004).

Weibking et al. (1993b) relataram ocorrência de diarréia, 19% de redução do peso corporal e 30% de aumento do peso do fígado de pintinhos (1 dia de idade) alimentados com ração contendo concentração superior a 3μg/g de FB1 durante duas semanas. Histologicamente, os animais apresentaram necrose multifocal hepática, hiperplasia biliar e necrose muscular. Já Kidd et al. (1997) verificaram que apenas as aves tratadas com 7,5μg/g apresentaram redução na biossíntese de esfingolipídeos, indicando possibilidade de toxidez para aves, apesar da ausência de sinais clínicos evidentes. Comparando-se aos controles, todas as aves que foram alimentadas com fumonisina B1 apresentaram níveis elevados de esfinganina e esfingosina (precursores dos esfingosídeos celulares) no soro sangüíneo. Já Henry & Wyatt (1994), trabalhando com a fumonisina B1 purificada, nas doses de 0; 0,2; 0,4; e 0,8μg/g em frangos de 1 até 21 dias de idade, observaram que, com esses níveis de toxina oferecidos às aves, não houve efeito adverso sobre ganho de peso, conversão alimentar ou consumo de água.

Percebe-se que existe um limite de tolerância de ingestão de fumonisina para que se expresse sintomas clínicos de intoxicação aparente bem como na avaliação anatomopatológica. Segundo Leeson et al., (1995), As fumonisinas são extremamente tóxicas para equídeos e suínos, porém a maioria das espécies de aves domésticas demonstra grande resistência frente a essas toxinas. Mas em frangos, segundo Norred & Voss, (1994), níveis de FB1 acima de 3μg/g ocasionam diarreia, diminuição do consumo de alimentos e ganho de peso, aumento do peso do fígado e rins e necrose hepática. Já Kubena et al. (1999) observaram poucos efeitos deletérios sobre o desempenho e a saúde de aves de postura adultas, quando submetidas à ração contendo 1 a 2μg/g de FB1 por período de tempo de até 420 dias.

Avaliação histopatológica:

Não foi evidenciado nenhum tipo de dano nos fígados das aves alimentadas com a ração contaminada (concentração de 2,78μg/g de FB1), não sendo possível associar qualquer alteração no metabolismo lipídico promovida pela fumonisina, já que nenhuma hiperplasia ou degeneração vacuolar do tecido hepático foi visualizada. As amostras de corações e intestinos também não apresentaram diferenças significativas. As amostras não apresentaram nenhum tipo de lesões aparentes.

Embora o mecanismo de ação de fumonisinas ainda não seja totalmente elucidado, a hipótese mais aceita para danos no organismo das aves, consiste na interferência no metabolismo dos esfingolipídeos, devido à inibição da enzima N-aciltransferase (WANG, 1991). STEVENS & TANG (1997), onde demonstraram que a concentração reduzida de

esfingolipídeos, ocasionada pela exposição à FB1, promove o bloqueio quase completo do transporte nos receptores folato, o que pode levar ao comprometimento de processos celulares dependentes dessa vitamina, com consequente redução do ganho de peso corpóreo e alterações significativas em órgãos de aves. Evidências que não foram observadas nas aves da linhagem COBB 500 alimentadas com a ração contaminada com fumonisina na concentração de 2,78μg/g de FB1.

Figura 2: Fotomicrogafia de corte histológico de fígado, intestino e coração de frango da raça Cobb alimentado com ração sem contaminação e com ração contaminada com fumonsina (2,78μg/g).

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