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Capítulo II: Experimento I: Avaliação de cultivares brasileiras de trigo quanto à

2.3. Resultados e Discussão

Os resultados apresentados pela análise de variância (Tabela 2.2) permitem evidenciar diferenças significativas a 1 e 5 % de probabilidade de erro pelo teste F, entre as cultivares para todos os caracteres avaliados.

A análise prosseguiu por meio do teste de comparação de médias, pelo teste de Tukey a 1 e 5% de probabilidade de erro. A tabela 2.3 demonstra os resultados obtidos pela análise de médias. Foi possível observar a formação de um grande número de classes, para todas as variáveis avaliadas.

A cultivar CD 105, suscetível, apresentou valores superiores de I (0,46) e GG (0,34), não diferindo significativamente para estes caracteres, CD 116 (I 0,34, GG 0,30), também suscetível, apresentou resultados (Tabela 2.3) semelhantes foram encontrados por Alves (2010).

Características como densidade de espiga e estatura são citadas como características morfológicas relacionadas com resistência passiva à giberela (MESTERHÁZY 1995). No entanto, no presente trabalho para os caráteres DE e EST resultados contrários aos citados acima foram obtidos, pois a DE da cultivar CD 105 (0,29), não diferiu estatisticamente de Frontana (0,31) e Pampeano (0,31), e, para o caráter EST as médias das cultivares com níveis de resistência, Frontana

(88,34) e Pampeano (88,90) não diferiram significativamente de CD 116 (84,68) (Tabela 2.3).

A variação de incidência de giberela em porcentagem nas cultivares apretestaram valores máximo e mínimo respectivamente de 9,25 e 43,90 para a cultivar CD 105; 12,5 e 30 para a cultivar CD 116; 3,71 e 10,71 para a cultivar Fundacep 52; 4,76 e 10,81 para a cultivar Frontana; e 1,58 e 5,76 para a cultivar Pampeano (Figura 2.1).

Tabela 2.2 Resumo da análise de variância em cultivares de trigo no município de Capão do Leão. UFPel, Pelotas-RS, 2013.

Caracteres Quadrado médio Média CV (%)

Bloco Cultivares Resíduo

CE 17,61** 53,28** 1,18 8,60 12,64 ME 0,22 1,97** 0,11 1,18 28,53 NGE 561,01** 1315,52** 62,10 33,14 23,78 MGE 0,27* 1,68* 0,06 0,82 31,07 DE 0,02 0,17** 0,00 0,28 24,89 EST 1881,83** 731,19** 61,16 84,98 9,20 RG 327,93* 662,75** 91,62 28,92 33,10 M100 0,97* 1,92** 0,19 2,51 17,35 I 0,08* 0,26** 0,02 0,23 65,1 S 0,57* 10,24** 0,13 0,26 141,54 GG 0,03* 0,29** 0,01 0,2 44,32 DEF 47,4* 88,3** 5,92 54,8 4,44 DFM 12,60 66,2* 1,41 96,60 1,23

** e * = Significativo a 1 e 5% de probabilidade pelo teste F, respectivamente; CV% = Coeficiente de Variação Percentual; . CE= comprimento da espiga, em centímetros; ME= massa da espiga, em gramas; MGE= massa de grãos por espiga, em gramas; NGE = número de grãos por espiga, em unidades; DE= densidade da espiga; EST = estatura da planta, em centímetros; RG = rendimento de grãos, em g.m-1; M100 = massa de cem grãos, em gramas; I= incidência de giberela (dados transformados); S=severidade de giberela (dados transformados); GG= grãos giberelados (dados transformados); DEF= dias da emergência a floração; e DEM= dias da emergência a maturação.

Cabe salientar que a resistência à G. zeae no trigo é uma característica quantitativa, sendo influenciada por fatores genéticos e de ambiente e, embora existam modelos de previsão para a ocorrência da doença, o controle preventivo é sempre necessário.

Na cultivar Frontana (I 0,06; S 0,05) portadora da resistência do Tipo I (STEINER et al., 2004; ALVES 2010; ALVES et al., 2013) esperava-se menores médias de incidência, entretanto não apresentou médias significativamente distintas

de Pampeano (I 0,09; S 0,04) (Tabela 2.3) cujas médias para severidade foram menores, exaltando o esperado, que a cultivar tenha herdado QTL relacionados à resistência Tipo II, provenientes de Sumai 3, presente na genealogia da cultivar (OR sementes).

Em função a ocorrência de a doença ser altamente ambiente dependente, a Tabela 2.4 apresenta dados agroclimatológicos dos dias próximos à data do florescimento das cultivares.

município de Capão do Leão. UFPel, Pelotas-RS, 2013.

Cultivar Variáveis

I S CE PE NGE PGE DE RG DEF DEM EST GG M100

CD105 36,33a 4,89a 8,34c 1,03c 29,23c 0,69c 0,29a 28,93b 52,33b 94c 81,85bc 0,34a 2,53a CD116 17ab 3,50b 7,61d 1,35a 37,21a 0,9a 0,22b 39,04a 50,67b 98b 84,68ab 0,30a 2,67a Fundacep 52 7,67bc 3,33c 8,43c 1,02c 36,83a 0,6c 0,23b 22,93b 58a 93,67c 79,18c 0,20b 1,75b Frontana 1,67c 2,50c 8,95b 1,28ab 29,54c 0,87b 0,31a 26,51b 56,67a 100a 88,34a 0,09c 2,73a Pampeano 3c 1,86c 9,68a 1,20b 32,89b 0,8b 0,31a 27,17b 56,33a 97,33b 88,90a 0,04c 2,54a

Números seguidos de mesma letra não diferenciam entre si na coluna pelo teste Tukey a 5% de significância. Dados referentes ao cultivo no município de Capão do Leão,2012. CE= comprimento da espiga, em centímetros; ME= massa da espiga, em gramas; MGE= massa de grãos por espiga, em unidades ; NGE = número de grãos por espiga, em unidades; DE= densidade da espiga; EST = estatura da planta, em centímetros; RG = rendimento de grãos, em g.m-1; M100 = massa de cem grãos, em gramas; I= incidência de giberela em %; S=severidade de giberela (dados transformados); GG= grãos giberelados (dados transformados); DEF= dias da emergência a floração; e DEM= dias da emergência a maturação.

Tabela 2.4 Dados agroclimatológidos da Estação agroclimatológica de Pelotas, do mês de outubro de 2012.

Dia Data de florescimento das cultivares Dados agroclimatológicos CD105 CD116 Fundacep 52 Frontana Pampeano UR PR TA TM Tm A

1 87 29 19,9 25,2 17,4 7,8 2 94,5 0 17,5 20,6 14,2 6,4 3 88.3 0 20,0 25,9 15,8 10,1 4 89,8 0 07,9 21,9 16,6 5,3 5 X 91,8 0 19,6 22,2 19,4 5,6 6 X 76,5 0,7 23, 26,6 17,7 7,2 7 X X 90,0 0,0 20,2 24,8 18,8 7,1 8 X X X 95,8 0,0 19,5 21,4 14,8 4,3 9 X X X 97 5,4 19,5 20,7 10,9 1,9 10 X X X X 84,5 14,6 15,9 19,1 21,0 4,3 11 X X X X 72,8 0 15, 19,8 12,6 8,9 12 X X X X 71,5 0 17 21,0 15,1 9,0 13 X X X X 69 0 18 22,2 16,0 9,6 14 X X X X 70,8 0 18,8 22,8 15,1 7,7 15 X X X X 75,3 0 19,3 22,4 16,0 6, 16 X X X X 61 0 21,9 29,5 17,6 11,9 17 71,5 0,8 18,2 21,8 16,4 5,4 18 82,8 0 15,5 21,6 12,7 8,9 19 73,3 0 18,1 23,9 11,6 12,3 20 86,5 0 20,8 27,8 17,3 10,5

UR= umidade relativa do ar (%); PR= precipitação pluviométrica (mm) ; TA= temperatura média diária (°C); TM= temperatura máxima (°C); Tm= temperatura mínima (°C); A= Amplitude térmica (°C).

Fonte: Boletim agroclimatológico, Estação agroclimatológica de Pelotas.

Figura 2. 1 Resumo das estatísticas descritivas através do gráfico de “box-plot” para a variável incidência de giberela (I).

A seleção direta pode ser de grande utilidade para se obter ganhos para um único caráter, o contrário desta, a seleção indireta busca melhorar o caráter principal através da seleção em outros caracteres (Carvalho et al., 2004), sendo assim o conhecimento sobre associações entre os caracteres é de fundamental importância para um programa de melhoramento, pois permite aumentar a eficiência na seleção de indivíduos superiores através do emprego da seleção indireta.

Falconer e Mackay (1996) definem três situações onde a seleção indireta pode ser aplicada com vantagens sobre a seleção direta: i) quando o caráter desejado é difícil de ser mensurado com precisão; ii) quando o caráter a ser mensurado é de difícil manipulação genética; e iii) quando o caráter desejado tem condições de ser mensurado em somente um sexo, mas o caráter indireto pode ser encontrado em ambos.

Desta forma, devido à dificuldade de mensuração, e a sua interação com o ambiente, para que ocorra um incremento no ganho de seleção quanto à resistência a giberela em trigo, faz-se necessário conhecer a contribuição relativa das principais características da cultura, com o objetivo de ser adotada com maior eficiência a seleção indireta.

O coeficiente de correlação de Pearson (r) é uma medida do grau de relacionamento linear entre duas variáveis aleatórias e possui grande utilidade na pesquisa agronômica (Carvalho et al., 2004). Uma análise de correlação foi realizada entre incidência (I) e severidade (S) de giberela em trigo e de alguns caracteres citados na literatura como indicadores de resistência, mostrou associação com caracteres relacionados ao rendimento. Foram obtidas as estimativas dos coeficientes de correlação fenotípica, utilizando a correlação de Pearson. Os resultados obtidos na análise de correlação estão apresentados na Tabela 2.5.

Pelos resultados obtidos observou-se que existem diferenças tanto na magnitude como na significância dos coeficientes de correlação. Observando a correlação entre I e S e os demais caracteres avaliados, foi possível verificar correlações significativas para ambas as variáveis, quando comparadas com características relacionadas à resistência à giberela.

Para o carácter S foi possível identificar correlações significativas entre o caracter e, CE (-0,34), ME (-0,13), NGE (-0,19), MGE (-0,14), EST (-0,15), DEF (- 0,22), DEM (-0,25), porém todos os valores observados são de baixa magnitude,

exceto para a associação entre S e CE que foi de média magnitude, sendo os coeficientes classificados conforme critério proposto por Carvalho et al. (2004).

A análise das correlações indica que plantas de estatura elevada e de ciclo tardio tendem a reduzido número de espiguetas infectadas por espiga. Características contrárias aos objetivos dos melhoristas e dos programas de melhoramento, visto que são desejáveis plantas com menor estatura e mais precoces.

Embora severidade não tenha apresentado correlação significativa com rendimento de grãos, os caracteres de espiga relacionados ao rendimento NGE (0,26) e MGE (0,23), que apresentaram correlação significativa positiva com rendimento, mostraram correlações negativas com a S, indicando que o aumento de severidade da doença reflete em perda no rendimento de grãos, principalmente via seus componentes (Tabela 2.5).

Observou-se também uma correlação positiva entre I e GG (0,67), indicando que a avaliação é capaz de representar o número de espigas infectadas, podendo ser utilizada para seleção indireta para esta característica (Tabela 2.5).

A aplicabilidade da análise de trilha consiste no estudo do efeito direto de uma variável independente sobre uma variável dependente (y) após a remoção da influencia de todas as outras variáveis independentes (xi) incluídas na análise. Permite, ainda, desdobrar coeficientes de correlação simples e seus efeitos diretos e indiretos sobre a característica em estudo (Carvalho et al., 2004).

De forma a obter um maior detalhamento dos efeitos direto e indiretos associados aos caracteres secundários sobre a incidência e a severidade da infecção causada pelo fungo G. zeae, e, em função das baixas magnitudes obtidas na análise de correlação, foi realizada a análise de trilha, cujos resultados são apresentados na tabela 2.6.

A correlação fenotípica (Pearson) foi utilizada para obter os coeficientes de trilha. O diagnóstico de multicolinearidade baseado no número de condição apresentou valores menores que 100, indicando multicolinearidade classificada como fraca em ambos os casos. Dessa forma, a análise de trilha foi realizada sem necessidade de técnicas estatísticas mais complexas.

Na análise de correlação de Pearson as variáveis que foram significativas quando comparadas com S foram CE (-0,34), ME (-0,13), NGE (-0,19), EST (-0,15), DEF (-0,22), DEM (-0,25) (Tabela 2.5). O efeito direto entre os caracteres CE e S,

onde a magnitude do efeito direto (-0,596) de CE sobre a S foi semelhante à correlação fenotípica (-0,34). Uma situação semelhante à descrita anteriormente é observada para a associação entre os caracteres DEF e S, onde a magnitude do efeito direto (-0,537) de DEF sobre a S foi semelhante à correlação fenotípica (- 0,22). Esta situação também é observada para a associação entre os caracteres DEM e S, onde a magnitude do efeito direto (-0,206) de DEM sobre a S foi semelhante à correlação fenotípica (-0,25). Nestas circunstâncias, a seleção direta sobre os caracteres CE, DEF e DEM são estratégias importantes para a obtenção de estimativas da capacidade do genótipo em impedir a dispersão ou desenvolvimento do fungo entre as espiguetas, ou seja, o espalhamento do fungo pela espiga (Tabela 2.6).

Porém a ocorrência da doença tem alta influência do ambiente, ou seja, existem exigências para que a infecção ocorra como ocorrência de temperaturas de 20-25°C e duração do molhamento foliar de, no mínimo, 48 horas consecutivas.

O efeito direto de ME sobre S foi negativo (-0,014), sendo que estes caracteres são negativamente correlacionados (-0,13). Neste caso o efeito indireto de MGE (0,237) deve ser considerado simultaneamente na seleção. Isto vem confirmar a considerável correlação obtida entre os caracteres.

A correlação entre NGE e S foi de baixa magnitude (-0,19), enquanto o efeito direto de NGE sobre S foi elevado (-0,519), indicando que os efeitos indiretos é que são responsáveis os pela falta de correlação (Tabela 2.6). Desta forma os fatores causais indiretos deverão merecer atenção nesta seleção.

Uma situação semelhante à descrita anteriormente é observada para a correlação entre os caracteres EST e S, que foi de baixa magnitude (-0,15), enquanto o efeito direto de EST sobre S foi elevado (-0,709), neste caso somente RG teve efeito indireto significativo (0,49), o que indica que os efeitos indiretos do RG é que são responsáveis pela falta de correlação. Desta forma os fatores causais indiretos deverão merecer atenção nesta seleção. Pois de fato, cultivares com estatura elevada tendem a apresentar maiores níveis de resistência, pelo fator escape, como já explicado anteriormente, que reflete no rendimento de grãos, pois o genótipo mais alto apresenta menor severidade da doença e a sua produtividade é menos afetada (Tabela 2.6). No entanto, genótipos com estatura mais elevada podem apresentar outro problema na cultura, o de acamamento.

conduzidos no município de Capão do Leão no ano de 2012. FAEM/UFPel, Pelotas-RS, 2013.

* e ** = Significativo a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente; CE= comprimento da espiga, em centímetros; ME= massa da espiga, em gramas; NGE = número de grãos por espiga, em

unidades; MGE= massa de grãos por espiga, em unidades; DE= densidade da espiga; EST = Estatura da planta, em centímetros; RG = rendimento de grãos, em g.m-1; M100 = massa de cem

grãos, em gramas; I= incidência de giberela (dados transformados); S=severidade de giberela (dados transformados); GG= grãos giberelados (dados transformados); DEF= dias da emergência a floração; e DEM= dias da emergência a maturação.

Variável Coeficiente de correlação de Pearson

S RG CE ME NGE MGE DE I EST M100 GG DEF DEM

S -- -0,12 -0,34** -0,13** -0,19** -0,14* 0,005 0,14 -0,15* 0,19 0,17 -0,22** -0,25** RG -- 0,038 -0,07 0,26* 0,23* -0,20* 0,16 0,76* 0,93 0,15 -0,07 0,21* CE -- -0,13* 0,37** 0,33** 0,14* -0,31 0,19* -0,02 -0,57** 0,14* 0,25** ME -- -0,025 0,98* -0,32** 0,13 -0,01 0,20 0,57** 0,38** 0,38* NG -- 0,62** -0,78* 0,004 -0,12 -0,069 -0,20 -0,06 0,04 MG -- -0,42** -0,02 0,0003 0,12 -0,18 -0,23** 0,40** D -- -0,18 0,24** 0,11 0,23* 0,11* 0,16** I -- 0,06 0,38* 0,67** -0,44** -0,24 M100 -- 0,02 0,00 0,26** 0,38** EST -- 0,0 -0,2 0,3 GG -- 0,81** -0,3 DEM -- 0,06 DEM --

Tabela 2.6 Estimativa dos efeitos diretos e indiretos dos coeficientes de trilha através de correlações fenotípicas severidade de giberela como variável dependente principal e os caracteres comprimento da espiga (CE); massa da espiga (ME); número de grãos por espiga (NGE); massa de grãos por espiga (MGE); densidade da espiga (DE); estatura da planta (EST); rendimento de grãos (RG); massa de cem grãos (M100); incidência de giberela (I); severidade de giberela (S); grãos giberelados (GG); dias da emergência a floração (DEF); e dias da emergência a maturação (DEM) como variáveis independentes explicativas, em cinco cultivares de trigo, Capão do Leão 2012. CGF-FAEM/UFPel, 2012.

Caractere ED Efeito indireto Total

S RG CE ME NGE MGE D I EST M100 GG DEF DEM

RG 0,645 -- -0,023 0,001 -0,135 0,003 -0,058 -0,049 -0,539 0,027 0,038 -0,043 -0,430 -0,12 CE -0,596 0,025 -- 0,004 0,073 0,092 0,087 0,095 -0,135 -0,007 0,150 -0,075 -0,052 -0,34** ME -0,014 -0,045 0,149 -- 0,013 0,237 -0,084 -0,040 0,007 0,080 -0,150 -0,204 -0,078 -0,13* NGE -0,519 0,168 0,083 0,013 -- 0,150 -0,084 -0,040 0,007 0,080 -0,150 -0,204 -0,078 -0,19 MGE 0,242 0,148 -0,227 -0,014 -0,322 -- -0,111 0,006 0,000 0,049 0,047 0,124 -0,082 -0,14* D 0,263 -0,142 -0,197 0,005 0,405 -0,102 -- 0,055 -0,170 0,044 -0,060 -0,059 -0,033 0,01 I -0,308 0,103 0,185 -0,005 -0,002 -0,005 -0,047 -- -0,043 0,149 -0,176 0,236 0,049 0,14 EST -0,709 0,490 -0,113 0,000 0,062 0,00 0,063 -0,018 -- 0,008 0,013 0,124 -0,070 -0,15* M100 0,391 0,045 0,011 -0,003 0,036 0,030 0,030 -0,117 -0,015 -- -0,001 -0,140 -0,078 0,19 GG -0,263 0,097 0,340 -0,008 0,104 -0,044 0,061 -0,206 0,035 0,001 -- 0,124 -0,070 0,17 DEF -0,537 -0,045 -0,083 -0,005 0,031 -0,056 0,029 0,135 0,163 0,102 0,060 -- -0,013 -0,22** DEM -0,206 0,135 -0,149 -0,005 -0,021 0,097 0,042 0,074 -0,241 0,149 -0,089 -0,035 -- -0,25** Coeficiente de determinação 0,41 Efeito da variável residual 0,77

** e * = Significativo a 1 e 5% de probabilidade, respectivamente. ED=efeito direto.

Em trigo, a quantificação da variabilidade genética tem sido estimada por meio da distância genética, onde se destaca a utilização de caracteres morfológicos, dados moleculares, coeficiente de parentesco e a análise conjunta destas técnicas (BERTAN, 2007).

O estudo da distância genética revelou a presença de variabilidade entre as cinco cultivares utilizadas no estudo, tanto em relação aos caracteres morfológicos e quanto na avaliação por meio de marcadores SSR.

Em relação à distância morfológica, o ajuste da matriz de distância e o dendrograma (Figura 2.2) foi estimado pelo coeficiente de correlação cofenético que foi de 0,78. Este coeficiente evidencia que a distância de Mahalanobis foi eficiente para representar distância genética, pelo truncamento estabelecido pela dissimilaridade média entre todos os pares de genótipos, é possível observar a formação de dois grupos bem definidos, estando presente no grupo I as cultivares CD 105, CD 116, Frontana e Pampeano, e no grupo II apenas a cultivar Fundacep 52. Dissimilaridade média Frontana Pampeano CD105 CD116 Fundacep 52

Figura 2. 2 Dendrograma da análise de agrupamento de 5 cultivares de trigo utilizando a distância de Mahalanobis com base em 13 caracteres morfológicos no ano de 2012. Coeficiente de correlação cofenético r= 0,78. CGF-FAEM/UFPel – Pelotas-RS,2013.

Neste estudo foram empregados 19 primers alvos de loci SSR (Apêndice I). Destes, três (Xbarc 102, Xgwm 133 e Xgwm 644) apresentaram amplificação nula, dois foram monomórficos (Xgwm 533 e Xgwm194), e 14 foram polimórficos.

A elucidação da relação genética entre os genótipos de trigo com base na combinação do polimorfismo de 14 loci polimorficos associados à resistência a giberela pode ser visualizada na figura 2.3. O teste de Mantel (r) foi empregado para verificar o grau de confiabilidade entre a matriz de similaridade genética e os resultados de agrupamento apresentados no dendrograma, o resultado obtido foi de 0,90, indicando uma ótima correlação. Na análise utilizando os 14 primers polimórficos foi possível identificar 29 alelos, a elucidação da relação genética entre as cultivares demonstrada na forma de um dendrograma (Figura 2.3), o qual foi obtido pelo algoritmo UPGMA, a partir da matriz de similaridade genética de Dice (1945), baseada no polimorfismo dos loci SSR avaliados. A partir da análise de agrupamento UPGMA foi possível constatar a existência de diversidade genética entre as cultivares, com similaridade variando desde 0,46 a 1,00.

Com base nos resultados da análise de loci SSR realizadas neste estudo foi possível verificar a diversidade e a relação genética das cultivares, de maneira que os loci avaliados possibilitaram a discriminação dos cinco genótipos de trigo avaliados. A similaridade genética média entre os genótipos foi de 0,70, separando os genótipos em quatro grupos, nos quais Frontana ficou em um grupo isolado das demais formando o grupo I, no grupo II estavam presentes as cultivares CD 116 e Fundacep 52, no grupo III estava a cultivar Pampeano, e o grupo IV foi composto pela cultivar CD 105. Com relação genética variando entre 0,46 a 0,75 (CD 116 e Fundacep 52), Os genótipos caracterizados como putativos portadores de níveis de resistência à giberela (Frontana e Pampeano) apresentaram-se em lados opostos pelos resultados obtidos neste estudo, possivelmente pelo fato de estas apresentarem QTL diferentes para a resistência a giberela, pois foram polimórficos para todos os primers utilizados (ANDERSON et al., 2001; STEINER et al., 2004; CUTHBERT et al., 2006; CUTHBERT et al., 2007; SHI et al., 2008; XUE et al., 2010; ALVES 2010; ALVES et al., 2013;).

Os resultados obtidos corroboram com a classificação dos genótipos quanto à reação a infecção por giberela. Sendo os suscetíveis CD 105, CD116 e Fundacep 52, enquanto que Frontana se manteve distante de Pampeano (ALVES, 2010; CBPTT, 2011, 2013). Sendo assim a utilização dos marcadores SSR teve maior

eficiência na separação dos genótipos, talvez pelo fato de terem maior número de bandas polimórficas (29) em relação ao número de caracteres morfológicos (13).

Além disto, decorre o fato de que nem sempre dois fenótipos idênticos são determinados pelos mesmos genes, ou seja, genes distintos em muitos casos levam à manifestação similar do fenótipo. Desta forma, fica evidente que tais estimativas vão ser tão mais próximas quanto maior for à associação entre os loci que controlam os caracteres morfológicos estudados e as bandas avaliadas, e também quanto maior for o número mensurado de caracteres morfológicos (ROY et al., 2004; VIEIRA et al., 2007)

A análise de coordenadas principais (PCoA) possibilitou verificar o grau da variância otimizada da variabilidade genética de forma bidimensional. Os resultados obtidos pela análise de coordenadas principais apresentou valor ótimo com as duas primeiras coordenadas principais com o valor acumulado de variância de 80,75%. A contribuição da PCoA1 foi de 62,34%e da PCoA2 foi de 16,41%, e PCoA3 foi de 8,39%, sendo PCoA1 a coordenada que mais representa a variabilidade genética dos genótipos de trigo, conforme pode ser verificado na representação gráfica da figura 2.4. Os resultados de agrupamento obtidos com esta análise corroboram com os resultados obtidos pelo dendrograma.

Figura 2. 3 Dendrograma da análise de agrupamento de 5 cultivares de trigo utilizando a UPGMA e o coeficiente de Dice, com base em 19 marcadores SSR. Coeficiente de correlação cofenético r =0,90. CGF-FAEM/UFPel – Pelotas- RS,2013.

Figura 2. 4 Dispersão bidimensional das cultivares, baseada na análise de Coordenadas Principais (PCoA). Os Eigenvalues obtidos através da PCoA foram: PCoA1 62,34%, da PCoA2 foi de 16,41% e PCoA3 foi de 8,39%, obtidos pela análise Eigen a partir da matriz de similaridade genética Dice (1945).

2. 4 Conclusões

As cultivares Frontana e Pampeano apresentam resistência Tipo I e Tipo II respectivamente, pois apesar de apresentarem características de resistência passiva, também apresentam regiões gênicas relacionadas com resistência à giberela. Portanto podem ser utilizadas como fontes de resistência à giberela em programas de melhoramento de trigo.

As cultivares CD 105 e CD 116 podem ser utilizadas em estudos de mapeamento para a característica de resistência à giberela, e como controle suscetível.

Um total de 73,7% (14/19) dos microssatélites associados à QTL de resistência a giberela foram polimórficos entre os genótipos elite estudados, indicando variabilidade genética para resistência a giberela.

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