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Os resultados referentes à caracterização das sementes de soja (Tabela 2) indicaram que há diferenças de germinação entre as sementes dos três lotes, com o lote 2 apresentando número de plântulas normais inferior ao dos lotes 1 e 3. Deve ser ressaltado que as sementes de todos os lotes apresentaram germinação superior a 80%, valor mínimo estabelecido pelo padrão de comercialização para sementes de soja no Brasil (BRASIL, 2005). De acordo com Powel (1986), a utilização de sementes com germinação elevada é recomendável para que sejam comparadas sementes com qualidade compatível às exigências estabelecidas para a comercialização das sementes.

Inicialmente, pelos resultados do teste de hipoclorito de sódio foi verificado que as sementes dos três lotes apresentaram valores similares de injúrias mecânicas, sem diferenças significativas (Tabela 2). Tal fato foi fundamental para a discussão dos resultados, pois eliminou possíveis interferências desse parâmetro sobre os resultados obtidos nessa pesquisa. Também foi verificado que as sementes de soja tinham teores de água semelhantes, com diferenças menores que dois pontos porcentuais (Tabela 2) e, dessa forma, eliminando também a interferência do teor de água nos resultados dos demais testes (MARCOS FILHO, 2005). Assim, os resultados obtidos nessa pesquisa foram efeitos exclusivos dos tratamentos, livre da influência desses fatores citados.

Em relação aos resultados dos testes de vigor, as sementes do lote 2 apresentaram resultados inferiores na primeira contagem de germinação e no teste de envelhecimento acelerado em relação às dos lotes 1 e 3 (Tabela 2). No entanto, nenhum dos testes de vigor utilizados estabeleceu diferenças significativas entre as sementes dos lotes 1 e 3.

Tabela 2 – Resultados de injúrias mecânicas (IM), teor de água (TA), germinação (G), primeira contagem de germinação (PC), envelhecimento acelerado (EA), emergência da plântula (EPA) e índice de velocidade de germinação (IVG), referentes às sementes de soja, cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3

Lotes I.M

n.s T.A. G** PC** EA** EPA n.s IVG n.s

...(%)... -

1 25 8,0 89 a 84 a 56 a 89 9,4

2 20 9,9 82 b 66 b 39 b 85 8,5

3 17 9,0 92 a 84 a 50 a 89 9,1

C.V.(%) 20,2 - 4,2 5,1 9,3 7,3 8,3

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

Os resultados do teste de sanidade indicaram haver incidência alta dos fungos

Aspergillus spp. e Penicillium spp. nas sementes, superiores a 50% e 30%,

respectivamente (Tabela 3), entretanto, apenas as sementes do lote 2 apresentaram valores diferentes aos dos demais lotes para o fungo Aspergillus spp.; não foram verificadas diferenças significativas na incidência de Penicillium spp. A presença desses fungos nas sementes foi fundamental, uma vez que são relatadas interferências desses microrganismos nos resultados do condicionamento fisiológico das sementes (NASCIMENTO; WEST, 1998).

Quanto à emergência da plântula em solo infestado com Rhizoctonia solani os dados revelaram que as sementes dos lotes 2 e 3 foram as mais suscetíveis à ação desse fungo, apresentando resultados estatisticamente inferiores aos das sementes do lote 1 (Tabela 3). Dessa forma, foi possível inferir que as sementes dos lotes 2 e 3 estavam mais deterioradas em relação às do lote 1, possivelmente devido à desorganização do sistema de membranas que resultou, durante o processo de hidratação das sementes, em liberação de exsudados das sementes que podem ter favorecido a colonização dos fungos e inibido a germinação das sementes. De acordo com Copeland e McDonald (2001), uma das principais consequências da desorganização das membranas em sementes é a exsudação de compostos essenciais para a germinação das sementes que, consequentemente, estimulam o desenvolvimento de microrganismos.

Dessa forma, de acordo com os resultados de germinação e vigor, as sementes do lote 1 foram classificadas como de vigor alto, em função da superioridade dos resultados na maioria dos testes, as do lote 2 como de vigor baixo, em função do desempenho inferior na maioria dos testes, e as do lote 3 como de vigor médio, por serem equivalentes à qualidade das sementes do lote 1, com exceção dos resultados da emergência das plântulas em solo infestado com Rhizoctonia solani.

Tabela 3 – Resultados de incidência (%) de Aspergillus spp. (ASP), Penicillium spp. (PEN) e emergência da plântula em solo infestado com Rhizoctonia solani (EPR) referentes às sementes de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3

Lotes ASP ** PEN n.s EPR** ...(%)... 1 64,5 a 44,5 29 a 2 88,5 b 39,0 13 b 3 56,5 a 31,0 9 b C.V.(%) 10,2 28,6 17,9

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

A determinação do teor de água, ao final do condicionamento fisiológico, indicou que as sementes tinham entre 32,1% e 36,2% (Tabela 4). A homogeneidade do teor de água entre as sementes sugere que há similaridade da atividade metabólica, o que permite identificar apenas as diferenças entre os tratamentos propostos nessa pesquisa.

De acordo com Bewley e Black (1994), diferentes teores de água nas sementes são responsáveis por processos metabólicos distintos, sendo essencial o controle da hidratação no processo de condicionamento fisiológico. Ainda, conforme esses autores, quando os valores do teor de água são entre 30 e 40% os principais eventos nas sementes são ativados, como a síntese de proteínas e ácido nucléicos e atividade de mecanismos de reparo de membranas e DNA, eventos esses benéficos para preparar as sementes para a germinação, que é a principal finalidade do condicionamento fisiológico das sementes.

Porém, mesmo atingindo esses níveis de hidratação não foi possível afirmar que as sementes atingiram um teor de água ótimo, pois um dos principais problemas nos

estudos envolvendo o condicionamento fisiológico das sementes é a falta de um valor de referência de teor de água para encerrar a hidratação e submeter as sementes à secagem. A maioria das pesquisas relacionadas ao estudo dessa técnica apresenta dados referentes ao período de hidratação, em dias ou horas, e não do teor de água final das sementes, o que dificulta a padronização do valor final de teor de água atingido pelas sementes. No entanto, os valores de teor de água das sementes atingidos nessa pesquisa podem ser considerados satisfatórios em função dos resultados de outras pesquisas com sementes de soja hidrocondicionadas, como os de Giurizatto (2006) e Vazquez (1995), nos quais o teor de água das sementes ficaram em torno de 30-35%.

Após a secagem, as sementes atingiram valores próximos aos dos graus de umidade obtidos na caracterização da qualidade inicial das sementes (Tabela 2) e, além disso, esses valores foram considerados adequados para o armazenamento por três meses.

Tabela 4 – Teores de água (%) imediatamente após o hidrocondicionamento (Tahc), na

primeira época após a secagem (Ta1) e na segunda época (Ta2), de

sementes de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3, com ou sem o hidrocondicionamento, associado ou não à aplicação dos fungicidas

Tratamentos Lotes 1 2 3 Tahc Ta1 Ta2 Tahc Ta1 Ta2 Tahc Ta1 Ta2 Testemunha - 9,5 10,2 - 8,9 10,5 - 8,8 10,2 F1(1) - 9,0 10,4 - 9,1 10,5 - 8,9 10,3 F2(2) - 9,2 10,2 - 8,8 10,1 - 8,5 10,3 HC(3)+S(4) 32,1 9,6 11,2 35,9 9,2 10,4 34,0 9,0 10,5 HC com F1(5)+S 33,0 9,2 10,3 35,0 9,1 10,3 33,2 9,1 10,1 HC com F2(6)+S 33,2 9,3 10,3 34,8 8,7 10,1 33,9 9,3 10,6 HC+S+F1(1) 32,4 9,2 10,6 35,3 9,0 10,9 35,0 9,0 10,3 HC+S+F2(2) 32,4 9,7 10,5 36,0 9,2 10,4 34,3 9,2 10,9 F1(1)+HC+S 33,1 9,1 10,4 35,2 8,9 10,6 34,8 8,6 10,4 F2(2)+HC+S 32,8 9,0 10,5 36,2 9,5 10,6 35,2 8,9 10,2

(1) Carboxina+Tiram (50g+50g de i.a. por 100kg de sementes)

(2) Fludioxonil+Metalaxyl−M (2,5g+1,0g de i.a por 100kg de sementes) (3) Hidrocondicionamento com água;

(4) Secagem

(5) Carboxina+Tiram (solução de 0,6g + 0,6g de i.a por 100 mL) (6) Fludioxonil+Metalaxyl−M (0,025g + 0,01g de i.a por 100 mL)

Dois dos tratamentos estudados nessa pesquisa, os quais incluíram os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M incorporados à água para o hidrocondicionamento (HC com F1+S e HC com F2+S), não foram eficientes, uma vez

que os produtos aplicados ficaram retidos no papel utilizado para o hidrocondicionamento e, consequentemente, parte dos ingredientes ativos como pode ser visualizado nas Figuras 5a e 5b; no entanto não houve retenção de produtos para as sementes tratadas antes do hidrocondicionamento (5c e 5d). Em função dessas observações sobre os fungicidas incorporados à água para o hidrocondicionamento foi considerada a hipótese de que parte dos ingredientes ativos ficou retido no papel do hidrocondicionamento, não transferindo-se para as sementes.

Figura 5 - Aspecto do papel utilizado como substrato para o hidrocondicionamento de sementes de soja em que os fungicidas foram adicionados à água, tratamentos HC com F1+S (a) e HC com F2+S (b), comparado com aos dos

papéis das sementes previamente tratadas com F1+HC+S (c) e F2+HC+S (d)

Durante o hidrocondicionamento foi observado que há a hidratação e o aumento do volume das sementes e, consequentemente, a expansão do tegumento. Após as sementes atingirem o teor de água previamente estabelecido para o hidrocondicionamento as sementes foram secas e houve, então, a redução do volume das sementes e a retração do tegumento. Essas alterações no tegumento causaram o aumento das injúrias mecânicas, como pode ser observado pelos resultados da Tabela 5. Assim, todos os resultados de injúrias mecânicas dos tratamentos de hidrocondicionamento associados ou não a aplicação de fungicidas (HC+S+F1,

HC+S+F2, F1+HC+S, F2+HC+S, HC+S, HC com F1+S e HC com F2+S) foram superiores

aos das sementes não condicionadas (Testemunha, F1 e F2), tanto para a primeira

época (IM1) como para a segunda época (IM2), independentemente da qualidade das

sementes dos lotes 1, 2 e 3.

Esse resultado foi considerado coerente com as informações sobre as características do tegumento das sementes de soja descritas na literatura, pois de

a) b)

acordo com França Neto e Henning (1984), o tegumento da semente de soja caracteriza-se como uma parte muito sensível por ser fino e, consequentemente, confere pouca proteção às sementes. Também Marcos Filho (2005) relatou que o tegumento das sementes de soja apresenta uma estrutura pouco flexível, sendo passível de ocorrência de rupturas durante variações do teor de água das sementes, uma vez que as sementes não tem uma camada tegumentar composta por células hipodérmicas na região oposta ao hilo.

Tabela 5 – Injúrias mecânicas (%),primeira (IM1) e segunda épocas (IM2), de sementes

de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3, com ou sem o hidrocondicionamento, associado ou não à aplicação dos fungicidas

Tratamentos Lotes 1 2 3 IM1** IM2** IM1** IM2** IM1** IM2** Testemunha 25 b 23 b 20 b 21 b 17 b 18 b F1(1) 21 b 24 b 19 b 21 b 18 b 15 b F2(2) 22 b 20 b 22 b 18 b 18 b 18 b HC(3)+S(4) 34 a 35 a 29 a 31 a 40 a 39 a HC com F1(5)+S 33 a 32 a 27 a 27 a 36 a 35 a HC com F2(6)+S 32 a 31 a 30 a 28 a 34 a 30 a HC+S+F1(1) 32 a 31 a 30 a 27 a 44 a 33 a HC+S+F2(2) 33 a 30 a 27 a 28 a 44 a 40 a F1(1)+HC+S 31 a 36 a 30 a 32 a 38 a 39 a F2(2)+HC+S 35 a 34 a 27 a 30 a 40 a 39 a C.V.(%) 5,3 7,0 6,6 6,3 5,8 7,2

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

(1) Carboxina+Tiram (50g+50g de i.a. por 100kg de sementes)

(2) Fludioxonil+Metalaxyl−M (2,5g+1,0g de i.a por 100kg de sementes) (3) Hidrocondicionamento com água

(4) Secagem

(5) Carboxina+Tiram (solução de 0,6g + 0,6g de i.a por 100 mL) (6) Fludioxonil+Metalaxyl−M (0,025g + 0,01g de i.a por 100 mL)

Ainda em relação às injúrias mecânicas, foi observado que os danos proporcionados pelo hidrocondicionamento facilitaram a colonização de alguns microrganismos como, por exemplo, os fungos dos gêneros Aspergillus spp. (Tabela 6) e Penicillium spp.(Tabela 7).

Com relação à avaliação de Aspergillus spp. (Tabela 6), para as sementes dos lotes 1, 2 e 3 em todas as épocas de avaliação, houve o aumento da incidência desse fungo para as sementes que foram submetidas ao hidrocondicionamento e, em seguida, secas (HC+S), em relação à testemunha. Esses resultados foram coerente aos obtidos para as injúrias mecânicas (Tabela 5), pois com o aumento das injúrias no tegumento das sementes, causado pelo condicionamento fisiológico, os esporos desses microrganismos encontraram aberturas que facilitaram a colonização, proporcionando a maior incidência. Também foi observado que durante o condicionamento fisiológico a combinação da temperatura (20 ºC), com o aumento contínuo do teor de água das sementes e a secagem a 30 ºC favoreceram o desenvolvimento desse fungo na ausência de fungicida, justificando o aumento da incidência desse patógeno. De acordo com Menten (1995) e Maeda, Lago e Gerin (1995), em sementes cujos parâmetros fisiológicos e sanitários são inadequados, a presença das injúrias mecânicas facilitam a infecção por microrganismos das sementes ou presentes no solo, tais como Aspergillus spp., Fusarium, spp., Rhizoctonia spp., Rhizopus, spp., Sclerotium, spp., dentre outros.

De modo geral (Tabela 6), o controle de Aspergillus spp. foi superior para as sementes tratadas com os fungicidas Carboxina+Tiram (F1) e Fludioxonil+Metalaxyl−M

(F2) como pode ser verificado para as sementes do lote 2, primeira e segunda época, e

3, primeira época. No entanto, para as sementes do lote 1, primeira e segunda épocas, os resultados superiores foram observados para as sementes tratadas e posteriormente submetidas ao hidrocondicionamento e à secagem (F1+HC+S), primeira época (ASP1),

e F1+HC+S e F2+HC+S, segunda época (ASP2). Reafirmando a hipótese de que os

ingredientes ativos ficaram retidos no papel de hidrocondicionamento, foi observado que os tratamentos com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S e HC com F2+S) não

promoveram o controle de Aspergillus spp., inclusive com resultados similares aos do hidrocondicionamento seguido de secagem (HC+S) para as sementes dos lotes 2 e 3, primeira e segunda épocas.

Os fungos do gênero Aspergillus são caracterizados como tóxicos, saprófitos, cosmopolitas e de disseminação fácil e causadores de deterioração em grãos e sementes. Por serem espécies xerofílicas,há a possibilidade de desenvolverem-se em

potencial de água baixo, sendo os primeiros a colonizarem os grãos e as sementes, nas condições de baixo grau de umidade, facilitando o desenvolvimento de outros gêneros que necessitam mais água (NEERGAARD, 1979; BERJAK, 1987; MILLS, 1983; GRIFFIN, 1994; LUZ, 1995). Essas características facilitaram a disseminação e o desenvolvimento desses microrganismos nas sementes da presente pesquisa, principalmente para as sementes que foram hidrocondicionadas e, em seguida, secas (HC+S).

Tabela 6 – Incidência de Aspergillus spp. (%), primeira (ASP1) e segunda épocas

(ASP2), de sementes de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3, com ou sem o

hidrocondicionamento, associado ou não à aplicação dos fungicidas

Tratamentos

Lotes

1 2 3

ASP1** ASP2** ASP1** ASP2** ASP1** ASP2**

Testemunha 64,5 d 60,0 c 88,5 f 66,5 d 56,5 d 61,0 b F1(1) 13,0 b 21,0 b 17,5 a 23,0 a 7,0 a 8,0 a F2(2) 29,0 c 22,0 b 50,0 c 39,5 b 16,5 b 15,0 a HC(3)+S(4) 96,0 e 91,0 d 99,0 g 100,0 e 99,0 e 100,0 c HC com F1(5)+S 69,5 d 63,0 c 99,0 g 99,5 e 98,5 e 100,0 c HC com F2(6)+S 58,0 d 56,5 c 98,5 g 100,0 e 95,5 e 100,0 c HC+S+F1(1) 27,0 c 33,5 b 84,0 f 74,5 d 65,0 d 53,5 b HC+S+F2(2) 49,5 d 52,0 c 74,5 e 75,5 d 63,0 d 97,5 c F1(1)+HC+S 4,5 a 11,5 a 37,5 b 56,0 c 21,0 b 14,0 a F2(2)+HC+S 12,5 b 9,5 a 64,0 d 91,5 d 46,5 c 56,0 b C.V.(%) 12,6 19,3 4,5 10,71 9,2 6,8

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

(1) Carboxina+Tiram (50g+50g de i.a. por 100kg de sementes)

(2) Fludioxonil+Metalaxyl−M (2,5g+1,0g de i.a por 100kg de sementes) (3) Hidrocondicionamento com água

(4) Secagem

(5) Carboxina+Tiram (solução de 0,6g + 0,6g de i.a por 100 mL) (6) Fludioxonil+Metalaxyl−M (0,025g + 0,01g de i.a por 100 mL)

Em relação aos fungos do gênero Penicillium (Tabela 7) foram observados resultados similares aos encontrados para Aspergillus spp. (Tabela 6), ou seja, aumento da incidência de Penicillium spp. nas sementes hidrocondicionadas sem fungicida (HC+S), possivelmente em consequência do aumento das injúrias no tegumento

causado pelo condicionamento fisiológico (Tabela 5). Também foi observado que os tratamentos com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S e HC com F2+S) não

promoveram o controle eficiente desses microrganismos, pois, possivelmente, esse método reduziu a quantidade dos ingredientes ativos, conforme destacado anteriormente.

Os tratamentos eficientes para o controle desse patógeno, com exceção dos resultados das sementes do lote 2, na primeira época, foram aqueles em que as sementes foram tratadas com fungicidas (F1 e F2), as que foram tratadas com fungicidas

e condicionadas (F1+HC+S e F2+HC+S) e as que foram condicionadas e depois

tratadas com os fungicidas (HC+S+F1 e HC+S+F2). Para as sementes do lote 2, na

primeira época, o tratamento das sementes com os fungicidas depois do hidrocondicionamento (HC+S+F1 e HC+S+F2) não promoveu o controle eficiente desse

microrganismo, evidenciando que nem mesmo os fungicidas aplicados posteriormente ao condicionamento fisiológico causaram redução da população desse microrganismo.

A associação entre o aumento das injúrias físicas das sementes de soja e a incidência de Aspergillus spp. e Penicillium spp. são coerentes com a afirmação de Machado (2000) de que a maioria dos fungos utiliza as aberturas naturais nas sementes (hilo), rachaduras e ferimentos no tegumento para colonizar as sementes, corroborando os resultados dessa pesquisa e de Marchi et al. (2006) que observaram também o aumento da incidência de fungo conforme aumentaram as injúrias mecânicas nas sementes de milho.

Penicillium spp. são espécies que colonizam sementes com teores de água

superiores a 16% e que foram armazenadas em temperaturas relativamente baixas (CHRISTENSEN; KAUFMANN, 1965). Nessa pesquisa o condicionamento fisiológico das sementes favoreceu o desenvolvimento desse gênero de fungo, pois durante o hidrocondicionamento houve aumento dos valores do teor de água das sementes até aproximadamente 30%, ou seja, condições que favoreceram o desenvolvimento desse microrganismo. Os valores que eram inicialmente inferiores a 45% (testemunha) superaram 70% nas semente hidrocondicionadas sem fungicidas (HC+S) evidenciando o aumento da incidência desse patógeno.

Tabela 7 – Incidência de Penicillium spp. (%), primeira (PEN1) e segunda épocas

(PEN2), de sementes de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3, com ou sem o

hidrocondicionamento, associado ou não à aplicação dos fungicidas

Tratamentos

Lotes

1 2 3

PEN1** PEN2** PEN1** PEN2** PEN1** PEN2**

Testemunha 44,5 c 32,5 c 39,0 c 32,5 b 31,0 c 22 b F1(1) 2,0 a 1,5 a 2,0 a 0,0 a 0,0 a 0,0 a F2(2) 1,0 a 0,5 a 1,5 a 0,0 a 0,0 a 0,0 a HC(3)+S(4) 71,5 d 70,5 d 98,5 d 85,0 d 96,0 d 99 d HC com F1(5)+S 40,5 c 29,5 c 47,5 c 64,5 c 33,5 c 51,5 c HC com F2(6)+S 18,5 b 16,0 b 97,0 d 90,5 d 64,5 d 49,5 c HC+S+F1(1) 1,0 a 3,0 a 8,0 b 6,0 a 12,5 b 13,0 b HC+S+F2(2) 4,0 a 3,0 a 6,5 b 7,0 a 3,0 b 16,5 b F1(1)+HC+S 0,5 a 1,5 a 2,5 a 1,0 a 0,0 a 1,0 a F2(2)+HC+S 1,0 a 1,0 a 2,0 a 0,5 a 0,5 a 1,0 a C.V.(%) 26,1 31,9 18,6 16,8 16,2 24,71

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

(1) Carboxina+Tiram (50g+50g de i.a. por 100kg de sementes)

(2)Fludioxonil+Metalaxyl−M (2,5g+1,0g de i.a por 100kg de sementes) (3) Hidrocondicionamento com água

(4) Secagem

(5) Carboxina+Tiram (solução de 0,6g + 0,6g de i.a por 100 mL) (6) Fludioxonil+Metalaxyl−M (0,025g + 0,01g de i.a por 100 mL)

Para a emergência das plântulas em solo infestado com Rhizoctonia solani (Tabela 8) os resultados indicaram que a testemunha, as sementes hidrocondicionadas e secas (HC+S) e as hidrocondicionadas com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M incorporados à água de hidrocondicionamento e, em seguida, secas (HC com F1+S e HC com F2+S) foram inferiores aos dos demais tratamentos,

possivelmente, devido a ausência da proteção das sementes pelo fungicida.

Assim, os dados evidenciaram que as sementes com desempenho superior para esse parâmetro foram àquelas submetidas ao tratamento com fungicida (F1 e F2) e as

hidrocondicionadas com fungicida antes (F1+HC+S e F2+HC+S) ou após (HC+S+F1,

HC+S+F2) o condicionamento, com exceção do tratamento onde as sementes foram

hidrocondicionadas e depois tratadas com Fludioxonil+Metalaxyl−M (HC+S+F2) na

demonstrando que esse produto pode apresentar variação no controle de Rhizoctonia

solani. Como não foram observadas diferenças significativas para as sementes tratadas

com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M (F1 e F2) e as tratadas

com fungicidas e hidrocondicionadas (F1+HC+S e F2+HC+S) significa que a emergência

das plântulas foi favorecida apenas pelos efeitos dos fungicidas e não pelo hidrocondicionamento.

Esses resultados foram contrários às considerações de Nascimento e West (1998) que afirmaram que, para sementes condicionadas a quantidade de plântulas emersas é maior, mesmo em presença de microrganismos que causam o tombamento da plântula.

São poucos os trabalhos que relacionam o condicionamento fisiológico das sementes com a germinação das sementes e emergência das plântulas em relação aos patógenos de solo. Rush (1991) pesquisou sementes de beterraba açucareira e comparou os diversos tipos de condicionamento com a germinação das sementes e emergência da plântula em solo infestado por Pythium ultimun e observou que o condicionamento fisiológico favoreceu o estabelecimento da plântula, em função da rapidez e uniformidade de emergência da plântula em detrimento do desenvolvimento do patógeno. Também Osburn e Schroth (1988) verificaram que o condicionamento das sementes reduziu o tombamento das plântulas, causado por fungos de solo, devido a diminuição da quantidade de nutrientes liberadas pelas sementes de beterraba açucareira.

Tabela 8 – Plântulas emersas (%) no teste de emergência em solo infestado com

Rhizoctonia solani, primeira (EPR1) e segunda épocas (EPR2), de

sementes de soja cv. MSOY 7908, lotes 1, 2 e 3, com ou sem o hidrocondicionamento, associado ou não à aplicação dos fungicidas

Tratamentos

Lotes

1 2 3

EPR1** EPR2 EPR1** EPR2 EPR1** EPR2

Testemunha 29 b 24 c 13 b 9 b 9 c 9 c F1(1) 97 a 92 a 88 a 75 a 97 a 84 a F2(2) 91 a 91 a 60 a 72 a 91 a 82 a HC(3)+S(4) 37 b 27 c 8 b 9 b 9 c 11 c HC com F1(5)+S 28 b 25 c 9 b 8 b 14 c 13 c HC com F2(6)+S 27 b 23 c 8 b 11 b 7 c 10 c HC+S+F1(1) 94 a 90 a 90 a 75 a 92 a 83 a HC+S+F2(2) 86 a 84 b 71 a 72 a 82 b 77 b F1(1)+HC+S 95 a 91 a 87 a 76 a 93 a 85 a F2(2)+HC+S 93 a 89 a 90 a 74 a 95 a 83 a C.V.(%) 5,5 6,4 19,5 20,1 5,2 5,9

n.s.,* e ** não significativo, significativo a 5% e 1%, respectivamente.

Na coluna, médias seguidas de letras distintas diferem entre si a 5% de significância pelo teste de Scott - Knott.

(1) Carboxina+Tiram (50g+50g de i.a. por 100kg de sementes)

(2) Fludioxonil+Metalaxyl−M (2,5g+1,0g de i.a por 100kg de sementes) (3) Hidrocondicionamento com água

(4) Secagem

(5) Carboxina+Tiram (solução de 0,6g + 0,6g de i.a por 100 mL) (6) Fludioxonil+Metalaxyl−M (0,025g + 0,01g de i.a por 100 mL)

Pelos resultados de germinação (Tabela 9) foi possível observar que somente na primeira época (G1) e para as sementes do lote 1 não foram verificadas diferenças entre

os tratamentos (Tabela 9). Contudo, na segunda época (G2) foram verificadas

diferenças significativas, sendo que os resultados das sementes submetidas ao hidrocondicionamento seguido de secagem (HC+S) apresentaram valores inferiores aos dos demais tratamentos. Os resultados da aplicação dos fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M, incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S

e HC com F2+S), foram inferiores aos dos demais tratamentos, mas similar aos da

testemunha. Tal fato reafirma a hipótese de que parte dos ingredientes ativos aplicada ficou retida no papel, uma vez que os resultados foram inferiores aos dos demais tratamentos com fungicidas.

Resultados superiores foram verificados para as sementes do lote 1, na segunda época (G2), em relação à testemunha, para aplicação de fungicidas às sementes (F1 e

F2) e para o condicionamento fisiológico associado à utilização de fungicidas (HC+S+F1,

HC+S+F2, F1+HC+S e F2+HC+S), ou seja, manutenção da germinação das sementes

em função da aplicação do fungicida. Entretanto, como não foram observadas diferenças significativas para os resultados dos tratamentos correspondentes à aplicação dos fungicidas (F1 e F2) e ao condicionamento fisiológico, associado à

aplicação dos fungicidas antes (F1+HC+S e F2+HC+S) ou após (HC+S+F1 e HC+S+F2)

o hidrocondicionamento, significa que a germinação das sementes tratadas com fungicidas não beneficiou-se do hidrocondicionamento.

No geral (Tabela 9), houve correspondência entre os resultados da germinação e da sanidade (Tabelas 6 e 7), justificando as diferenças obtidas, ou seja, a maior incidência de Aspergillus spp. e Penicillium spp. foi associada à redução da germinação para as sementes submetidas ao hidrocondicionamento e, em seguida, secas (HC+S). Como resultado da aplicação dos fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M, incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S

e HC com F2+S), houve a redução da germinação e o aumento da incidência desses

patógenos, comprovando a limitação da disponibilidade do ingrediente ativo para as sementes.

Para as sementes do lote 2, na primeira época (G1), Tabela 9, os valores de

germinação indicaram que os resultados do hidrocondicionamento seguido de secagem (HC+S) foram estatisticamente inferiores aos dos demais tratamentos. Também foi observado que o fungicida Carboxina+Tiram, incorporado à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S) na primeira época (G1), apresentou resultados

similares aos dos melhores tratamentos. Nesse caso, é possível que o fungicida Carboxina+Tiram mesmo que retido no papel tenha controlado o Peniccilium (Tabela 7) e contribuído para a redução das anormalidade das plântulas.

Na segunda época (G2), para as sementes do lote 2, o hidrocondicionamento

seguido de secagem (HC+S) originou os piores resultados, que foram similares aos dos tratamentos com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M, incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S e HC com F2+S),

reafirmando a inadequação desses tratamentos. Além disso, o hidrocondicionamento das sementes seguido de secagem e tratamento com o fungicida Fludioxonil+Metalaxyl−M (HC+S+F2) não teve a mesma eficiência se comparado aos

resultados das sementes dos lotes 1, segunda época (G1), e 2, na primeira época (G2).

Portanto, nesse caso, mesmo com a aplicação do fungicida Fludioxonil+Metalaxyl−M após o hidrocondicionamento não foi possível manter os valores de germinação das sementes próximos aos obtidos para os melhores tratamentos .

Para as sementes do lote 3, na primeira época (G1), Tabela 9, não houve

diferenças significativas entre os resultados das tratadas com os fungicidas, aplicados depois (HC+S+F1 e HC+S+F2) ou antes (F1+HC+S e F2+HC+S) do condicionamento

fisiológico, quando comparado com os das tratadas com fungicidas (F1 e F2) e com os

da testemunha. Os resultados das sementes tratadas com os fungicidas Carboxina+Tiram e Fludioxonil+Metalaxyl−M incorporados à água de hidrocondicionamento (HC com F1+S e HC com F2+S) foram superiores apenas ao

tratamento de hidrocondicionamento seguido de secagem (HC+S). Na segunda época (G2), para as sementes do lote 3, os resultados referentes à aplicação do

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