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Após a organização das informações coletadas no Grupo Focal e na Entrevista semiestruturada, foram analisadas todas as percepções dos educadores e monitores acerca dos processos inclusivos no atendimento a crianças de 0 a 3 anos. A análise por categorias favoreceu a extração e estruturação dos pontos principais que envolveram a problematização da pesquisa.

5.1- Grupo Focal com Professores

As questões 1, 2 e 3, tiveram como objetivo, a concepção de inclusão de crianças com necessidades especiais e o papel da escola neste processo. As professoras reconhecem a importância da inclusão escolar para o desenvolvimento das potencialidades da criança. O mesmo ajuda a criança a vencer as próprias limitações, adquirindo uma maior independência, bem como ser mais feliz. A P1 coloca que a criança como ser único, necessita de uma atenção especial quando uma de suas funções a limita nas atividades escolares, afirmando as palavras de Kelman (2010, p.43) quando aponta que “os valores da escola inclusiva propiciam aos seus alunos o contato com a diversidade e o subsequente respeito ao diferente”

Todas apontaram que a escola tem a sua importância enquanto contexto de desenvolvimento, mas pontuaram que para uma efetiva inclusão, é necessária uma infraestrutura adequada, bem como profissionais da saúde para o auxílio e acompanhamento de acordo com as patologias (P3), e a oferta de cursos de capacitação e especialização para o atendimento a crianças com necessidades educacionais especiais (P4). “Na verdade o curso superior prepara em parte, o profissional. Eu acho que, para o professor trabalhar na inclusão, ele tem que ser melhor preparado” (P4).

As questões 4 e 7 tiveram como objetivo tratar das políticas públicas atuais sobre inclusão escolar, reconhecendo o direito da criança ao ensino regular e que esta “tem possibilitado às crianças com necessidades educativas especiais o desenvolvimento de funções cognitivas e sociais, que resultam em aprendizagens significativas” (FREITAS, 2010, p.25). Tivemos das participantes um consenso de que há uma incoerência entre as leis e diretrizes existentes e a prática pelos órgãos responsáveis. Citaram ainda uma desvalorização de profissionais desta área quando colocam pessoas não capacitadas para o atendimento de algumas crianças, concluindo que a inclusão ainda está em um “estágio embrionário” (P1).

As questões 5 e 6, buscaram identificar a importância da inclusão para o desenvolvimento das crianças com necessidades especiais. P1, P2 e P5 colocaram que o processo de inclusão nas escolas favorece positivamente a socialização das crianças nas instituições de educação infantil, onde as atitudes colaborativas se destacam, desfazendo o

“temor ao diferente” e fazendo “vencer os desafios”, caracterizando uma “evolução” no processo de socialização escolar. “Os significados e valores são negociados, renegociados e compartilhados nas interações que ocorrem dentro do contexto escolar” (KELMAN, 2010, p.

44).

A Prática Educacional é apresentada nas questões 8 e 9, onde, na primeira, temos o objetivo de apontar os desafios existentes acerca da inclusão nas instituições de Educação Infantil. P4 enfatiza que o número de crianças por turma é excessivo, tendo em vista a importância de uma atenção especial à aprendizagem da criança com necessidade especial, considerando que “as escolas não estão preparadas para receberem estas crianças”.

Para P1 o professor que trabalha com crianças com necessidades especiais, primeiramente deve “gostar do que faz”, ou seja, deve–se ter um perfil em que a

“humanização, respeito e valorização” da criança esteja no foco do trabalho, buscando um desenvolvimento efetivo de seus aspectos, contribuindo para a autonomia e independência da criança. Para esta professora este trabalho é considerado um desafio, diante das dificuldades existentes em seus contextos, fazendo com que a “tolerância, a paciência e o amor” sejam os auxiliadores na sua trajetória profissional. “O ensino e a aprendizagem que envolve o afeto, o amor, o respeito fazem com que o aluno sinta-se valorizado e incentivado a aprender”

(KARPINSKI; SOPELSA, 2009, p.2299)

Como apontamentos para a melhoria do processo de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais, as professoras colocam os seguintes termos:

 Adaptação do espaço físico para o atendimento das crianças com necessidades especiais;

 Preparo os profissionais (oferta de cursos de capacitação);

 Cursos de formação para os monitores das instituições;

 Oferta de oficinas (dança, culinária, música) para a descoberta de habilidades artísticas destas crianças.

5.2- Entrevista Semiestruturada com Monitores

As questões desenvolvidas na entrevista semiestruturada foram formuladas observando a realidade dos monitores da instituição, onde teve que se considerar o pouco tempo de experiência vivido por eles nesta prática. Seus retornos foram satisfatórios com contribuições significativas acerca da visão de inclusão de cada um nas instituições de educação infantil.

O exercício constante de reflexão e o compartilhamento de ideias, sentimentos, ações entre os professores, diretores, coordenadores da escola é um dos pontos chave do aprimoramento em serviço. (MANTOAN, 2006, p.49)

Quanto à concepção de inclusão de crianças com necessidades educacionais especiais nas creches foi apresentado como um fator positivo no sentido de que, desde cedo a criança já vivencia o diferente. “Se desde bem novos eles convivessem com crianças com alguma necessidade, quando eles chegassem em uma idade maior isso não seria um problema entre eles, então não teria aquele preconceito e aquela discriminação” (M1).

Para M2, M3 e M4 a inclusão favorece a construção do conhecimento pelo convívio com outras crianças. Foram destacados que neste processo se faz importante o atendimento especializado com vistas ao auxílio das necessidades individuais destes alunos.

As questões 2, 3 e 5 tiveram como objetivo, a concepção dos monitores acerca dos processos escolares de inclusão. Para eles, para um real atendimento inclusivo nas instituições, estas devem oferecer profissionais capacitados e qualificados que possam atender as necessidades de cada criança bem como acompanhamento médico, estrutura física adequada e materiais que atendam às necessidades de cada uma como brinquedos e aparelhos de estímulo (M1, M2 e M4).

É um modelo de creche onde a criança consiga s desenvolver como a criança que não tem necessidade especial (...) tratando a sua desigualdade tendo o mesmo progresso de uma criança que não tem as necessidades especiais (M2).

Segundo eles as instituições de educação infantil ainda não possuem este perfil inclusivo. Para M2 as escolas não estão preparadas sequer para as crianças sem necessidades especiais, pois possuem o seu “sistema falho desde o início” quando “empurram” as crianças para etapas e séries seguintes sem a devida aprendizagem.

Implementar e manter a educação inclusiva carrega em seu bojo a necessidade de mergulhar na educação em toda a sua complexidade, em toda sua rica variedade, em conhecer o outro, desfazendo ideias preconcebidas e discriminação impensada. (FREITAS, 2010, p.30-31)

As questões 4 e 6 trataram das políticas públicas de inclusão nas instituições, onde foram apresentadas críticas acerca da atenção dos governos a alguns aspectos importantes que não estão sendo levados em consideração quando se refere à inserção e atendimento destas crianças nas creches. Outro problema levantado é a falta de investimentos para as adaptações estruturais das instituições, visto a grande importância de um espaço físico adequado para o atendimento especializado. M3 declara que existe um “faz-de-conta” na atenção que as políticas têm acerca da inclusão nas escolas, afirmando “a necessidade de um compromisso maior por parte das políticas públicas, no sentido de pôr em prática o que consta na legislação vigente” (KARPINSKI; SOPELSA, 2009, p.2302).

Quando perguntados se estavam preparados para trabalhar em turma com crianças com necessidades especiais (questão 7), todos disseram que não estão preparados e que isto as vezes não é levado em consideração. Para eles, o perfil do professor para a atuação em classes com alunos com necessidades educacionais especiais (questão 9), deve primeiramente estar na vontade do professor em atender qualitativamente estes alunos e, para isso, devem “gostar do que fazem” e estar “preparados” para o exercício da docência nestes aspectos (especialização).

Assim, os mesmos apesentaram sugestões para melhoria do atendimento das crianças com necessidades educacionais especiais nas instituições de Educação Infantil de 0 a 3 anos:

 Cursos de formação para o preparo dos profissionais que se ingressam nesta área;

 Espaço físico adaptado;

 Profissionais qualificados das áreas da saúde.

Desta forma, entende-se a necessidade de um olhar atento ao atendimento das crianças com necessidades especiais nas instituições de educação infantil, pois o sucesso de seu desenvolvimento depende significativamente de um bom suporte ao seu processo de aprendizagem, oferecendo todos os recursos e mecanismos físicos e pedagógicos que possam fazer com que as crianças desde cedo, possam superar as barreiras existentes, desenvolvendo as suas capacidades e potencialidades.

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