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Foram aplicados questionários às professoras e diretoras das duas escolas, cujos resultados merecem apreciação.

3.1- Questionário das professoras

A maior parte das professoras ensinava em uma escola apenas, enquanto uma delas ensinava em duas escolas. As professoras titulares trabalhavam com uma turma de manhã e outra à tarde, enquanto as professoras de apoio, apresentaram diferenças, já que na escola JP, elas atendiam 6 turmas e na escola SD, atendiam 15 turmas. Isso pode explicar o fato de as professoras da escola JP ficarem na sala de aula enquanto as da escola SD atenderem os alunos na SAPE (sala de apoio).

Quanto à escolarização das professoras, a maioria havia completado o ensino médio, uma havia completado o ensino superior e uma estava cursando o ensino superior.

As professoras apresentaram como dificuldades no trato com os alunos de inclusão, a ausência dos pais na escola dos filhos, falta de material e salas adequadas e falta de tempo para dedicar-se aos alunos com necessidades especiais. Em outras palavras, os responsáveis dos alunos eram convocados para reunião mas não compareciam na escola. Elas explicam que o fato de terem mais de 20 alunos sob sua responsabilidade impedia que elas dessem a devida atenção que estes alunos necessitam.

A metade das professoras esperava que seus alunos se desenvolvessem e atuassem na sociedade enquanto duas delas tinham expectativa reduzida de conhecimento por parte desses alunos. Reconhece-se a relação direta entre expectativa do professor e desempenho do aluno, o que neste caso pode estar influenciando o resultado destes alunos.

Apenas uma das professoras apresentava pós- graduação na área da inclusão e as que não apresentavam, justificaram com ausência do nível superior, falta de condições do governo e falta de oportunidade e condições financeiras.

O trabalho das professoras de apoio foi explicado como o mesmo conteúdo apresentado em sala com material alternativo, diversificado e lúdico. Na escola SD,

além das professoras de apoio da escola, havia uma professora itinerante da Instituição Álvares de Azevedo, que atendia o aluno com baixa visão. Apesar das professoras de apoio serem profissionais designadas especificamente para o trabalho com alunos com necessidades especiais, é provável que a forma e o material que elas utilizavam fossem úteis no ensino de todas as crianças da turma, isto é, talvez fossem bem utilizados em sala de aula.

A maioria das professoras considerava ter uma boa interação com seus alunos com NEE e uma delas considerou-se responsável pela sensibilização dos demais alunos em relação aos alunos com NEE. A maior parte delas também avaliou positivamente a interação entre os alunos, uma delas declarou que a interação era livre de preconceito, porém uma delas afirmou que havia desrespeito de alguns alunos, que se dirigiam aos alunos com NEE com apelidos. Não se sabe se as professoras realmente tinham essa visão positiva sobre essas interações ou se esta era uma forma de esconder a realidade.

3.2-Questionário das diretoras

No questionário das diretoras, os resultados apontaram que a equipe técnica das escolas pesquisadas contava apenas com a presença do pedagogo, já que professor de educação física e professor de apoio, referidos como membros da equipe técnica, fazem parte do quadro de docentes da escola. Sendo assim, o trabalho da equipe técnica ficava limitado porque se fosse maior poderia trabalhar com os professores com o objetivo de ajudá-los conforme suas necessidades, junto aos pais desses alunos promovendo palestras e encontros para discutirem formas de intervenção, junto aos alunos com NEE a fim de avaliar sua integração na turma e caso negativo, promovê-la, e junto à toda comunidade escolar, que precisa ser orientada sobre a inclusão e sobre o seu papel na proposta da escola.

O material pedagógico listado como destinado aos alunos com NEE não eram diferenciados dos alunos regulares, o que indicava o desconhecimento da forma como esses alunos aprendem. Ao igualarem os alunos inclusos e regulares, a escola prejudicava ambos os grupos porque são diferentes e devem ser tratados diferentemente. Essa diferença poderia ser identificada pelo material destinado aos alunos de inclusão, como estratégia para dar-lhes a mesma oportunidade de aprender que os alunos regulares possuem.

Os profissionais treinados para atender alunos com NEE ainda estavam muito limitados à área pedagógica, o que indicava e reforçava que nem todos os profissionais da escola estavam preparados para receber tais alunos. Na verdade, todos os profissionais de uma escola de inclusão deveriam ser treinados para receber e atender alunos com NEE, já que a escola é considerada uma comunidade e como tal, precisa trabalhar de forma integrada. Acredita-se que não adianta apenas haver professores treinados, se na cantina, o aluno com NEE é discriminado pela equipe de agentes de copa.

Os resultados obtidos nas observações foram analisados a partir da categorização dos comportamentos observados, da freqüência de interações estabelecidas pelos sujeitos focais e seus colegas, do conteúdo e qualidade dessas interações, da formação de relações entre eles e da formação de grupos nas duas turmas observadas.

3.3- Categorias de comportamentos observados

Os comportamentos observados nas duas escolas foram classificados de acordo com o ambiente em que ocorreram, isto é, sala de aula e pátio e de acordo com o tipo de amostragem. Os comportamentos foram categorizados em promotores de interação positiva (PIP), promotores de interação negativa (PIN) e impeditivos de interação (II). As subcategorias consideradas para todos foram: comportamento verbal, comportamento não-verbal, brincadeira e locomoção. Esse sistema de categorias foi elaborado a partir dos comportamentos registrados durante a observação, de seus resultados para o emissor e/ou receptor e de acordo com os objetivos do trabalho.

Os comportamentos foram analisados de acordo com a amostragem realizada, isto é, sujeito focal e varredura.

Para uma visão completa das categorias levantadas nas observações realizadas por amostragem focal, verificar o anexo 6.

3.4- Interações entre sujeitos focais e seus colegas de classe

Foram levantadas as freqüências dos tipos de interação relacionados aos dois ambientes observados, isto é, sala de aula e pátio.

A Tabela 4 mostra a freqüência de interações iniciadas e recebidas pelos sujeitos focais nas duas escolas.

Tabela 4-Participação dos focais em episódios interativos nas Escolas JP e SD

Total de episódios interativos por focal

Iniciados Recebidos Total

F1 (11) 45 26 71 F2 (10) 29 12 41 F3 (13) 8 14 22 F4 (09) 8 9 17 F5 (14) 28 31 59 F6 (11) 2 2 4 F7 (12) 89 39 128 F8 (13) 14 26 40

F1, F5 e F7 iniciaram e receberam mais interações do que os demais focais. F2 iniciou mais episódios interativos do que recebeu enquanto F8 recebeu mais do que iniciou. F6 também deve ser considerada à parte já que iniciou e recebeu o mesmo número de interações.

Na escola JP, os participantes F1 e F2 iniciaram um maior número de interações, enquanto os sujeitos F3 e F4 receberam mais interações. Na escola, os participantes F5 e F8 receberam mais interações do que iniciaram, enquanto F7 apresentou uma freqüência maior de iniciação de interações. De acordo com a tabela, os participantes F1 e F7 se destacam como os que mais iniciaram interações, enquanto os participantes F5 e F7 se sobressaem como aqueles que mais receberam interações.

F7 apresentou a maior freqüência de iniciação de interações. Ao iniciar interações com colegas diferentes, F7 revela habilidade social com o grupo em questão, pois em seu caso, ele frequentemente estava em pé, na grade ou caminhando pela sala, o

que quase sempre o levava à carteira de um colega e assim, à iniciação da interação. Essa alta freqüência pode ser resultante do “tempo livre” de F7 em sala de aula, já que devido à baixa visão, F7 não copiava matéria do quadro e ao mesmo tempo, nem sempre tinha tarefa extra para fazer. Quando havia tarefa extra, normalmente as tarefas eram fáceis e rápidas, como cobrir letras, fazer letras, pintar desenhos, etc.

A freqüência maior para recepção de interações para F5 e F7 pode ser compreensível ao conhecer seu padrão comportamental em sala, que é muito semelhante. F5 e F7 frequentemente eram observados parados, sem atividade, observando os colegas, as professoras, o ambiente ao redor. Essa condição pode tê-los colocado como alvos de seus colegas para o início das interações.

A Tabela 5 apresenta as interações iniciadas e recebidas, que foram categorizadas em positivas e negativas, de acordo com seu conteúdo e com o resultado da interação para o sujeito focal e/ou seu colega.

Tabela 5- Natureza das Interações Iniciadas e Recebidas

Freqüência de interações iniciadas e recebidas

Focais INICIADAS RECEBIDAS

Positivas Negativas Positivas Negativas

F1(11) 13 32 13 13 F2(10) 21 8 8 4 F3(13) 7 1 12 2 F4(09) 6 2 7 2 F5(14) 13 15 23 8 F6(11) 0 2 0 2 F7(12) 61 28 24 15 F8(13) 5 9 15 11

F2 e F7 aparecem como os alunos que mais iniciaram interações positivas com os colegas, o que pode indicar integração destes alunos no grupo e uma boa qualidade de interação com os colegas.

F1 e F7 iniciaram mais interações negativas, comparando-se com os demais, o que pode sugerir dificuldades nas interações entre eles e seus colegas de classe.

F5 e F7 receberam mais interações positivas dos colegas enquanto F1 e F7 receberam mais interações negativas. No caso de F5, o número de interações recebidas positivas pode indicar sua aceitação no grupo. F5 tinha a seu favor o cuidado da professora, que o defendia, como no exemplo em que F5 bate na cabeça de Ai e diz: uh, uh, Ai franze a testa e olha para F5 com raiva, F5 diz: pára, a professora diz: deixa ele, Ai reclama para a professora e a professora diz: e tu vais te trocar com ele?

Nesse episódio, nota-se que no ambiente de sala de aula, F5 estava protegido pela presença da professora, o que pode ter influenciado esse resultado.

F7, o maior número ficou com interações iniciadas positivas, que expressa a disponibilidade de F7 para interagir com os colegas, apesar de muitas vezes não obter a resposta adequada, já que muitas vezes ele não recebia resposta ou recebia resposta negativa, o que no seu caso, não diminuiu a freqüência deste comportamento neste aluno.

F6 apresentou a mesma freqüência para interações negativas, tanto iniciadas quanto recebidas, o que pode expressar a situação desta aluna em sua turma. Segundo a professora, F6 não teve oportunidade de socializar-se porque freqüentava as aulas irregularmente. A maior parte do tempo presente na sala, no dia em que foi observada, F6 não copiou ou fez qualquer atividade pedagógica. F6 tinha dificuldade de manter-se sentada e quase sempre ficava em pé, andando pelo meio da sala. F6 não se comunicava claramente com os colegas, isto é, com palavras. F6 usava grunhidos. F6 não olhava diretamente para o outro, mas olhava a partir do olhar dirigido ao chão e levantado para a pessoa de quem F6 se aproximava, o que provavelmente causava medo nos colegas.

Ao mesmo tempo, F6 tinha o hábito de sentar-se em qualquer carteira desocupada, o que também causava aversão nos colegas e parecia ser usado pela professora para manter os alunos sentados, já que em uma observação, na qual F6 estava

em pé, a professora dirige-se à Ai, que estava fora de sua carteira, ”ela vai já sentar no teu lugar”, o que fez com que Ai corresse imediatamente para sua carteira antes que F6 a alcançasse. Nessa mesma aula, F6 já havia “tomado“ a carteira de F7, o que parecia ser tolerado pela professora, que resolveu a situação colocando F7 na carteira de F6.

O trabalho de observação foi realizado nos ambientes de sala de aula e pátio, o que proporcionou a comparação da freqüência de interação entre os dois ambientes. Todos os sujeitos focais tiveram uma diminuição na freqüência de interações no pátio.

A Tabela 6 mostra o número de interações realizadas pelos sujeitos focais na sala de aula e pátio, de acordo com o resultado das interações para eles e/ou seus colegas de classe.

Tabela 6- Freqüência total de interações por sujeito focal na sala de aula e pátio

Total de interações por ambiente

Focais Sala Pátio

Positivas Negativas Positivas Negativas

F1(11) 21 34 5 11 F2(10) 24 11 5 1 F3(13) 17 0 2 3 F4(09) 5 3 8 1 F5(14) 32 18 4 5 F6(11) 0 4 0 0 F7(12) 82 37 3 6 F8(13) 17 13 3 7

Estes resultados indicam que os alunos tiveram mais interação na sala de aula do que em situação livre de recreio. Comparando-se o número total de interações, a sala de aula constituiu-se um espaço que possibilitou mais interações do que o pátio. Esses dados podem indicar que o ambiente de sala de aula, apesar de ter a figura de autoridade da professora, pareceu mais favorável ao estabelecimento de interações entre os alunos do que o pátio, de acordo com o número total de interações.

É provável que isso tenha ocorrido devido ao maior número de observações realizadas em sala de aula assim como devido ao tempo de observação, já que em sala de aula os alunos eram observados por 12 minutos em cada aula, enquanto no recreio, eles eram observados por 3 minutos. Recomenda-se que em trabalhos futuros, essa variável seja controlada para uma comparação mais acurada desses dados.

A Figura 4 indica a freqüência de interações para cada aluno, de acordo com o tipo de interação, isto é, positiva e negativa.

Natureza das interações por ambiente

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 Sala Positivas Sala Negativas Pátio Positivas Pátio Negativas

Figura 4- Freqüência da natureza das interações na sala e pátio nas escolas JP e SD.

Nesta figura, nota-se que os participantes F5 e F7 apresentaram maior freqüência de interações positivas em sala, enquanto F1 e F7 apresentaram maior freqüência de interações negativas em sala, e ao mesmo tempo, F6 apresentou apenas interações negativas na sala. No pátio, F4 apresentou maior freqüência de interações positivas, enquanto F1 apresentou maior freqüência de interações negativas.

F4 apresentou maior freqüência de interações positivas no pátio, o que pode ter ocorrido devido F4 ser incentivado pelas professoras para as brincadeiras. Um exemplo disso é que em uma das observações realizadas no recreio, F4 permaneceu no pátio, por pelo menos vinte minutos, brincando de bola com a professora A, mesmo depois de todos os alunos já encontrarem-se em sala de aula.

F1, por outro lado, apresentou maior freqüência de interações negativas no pátio, repetindo o mesmo padrão apresentado em sala, isto é, com maior número de interações negativas.

A Tabela 7 indica o número de interações iniciadas por cada sujeito focal, nos dois ambientes de observação. Estas interações foram classificadas em positivas e negativas, conforme o resultado para o próprio sujeito ou o colega com o qual ele interagia.

Tabela 7-Freqüência total de interações iniciadas por natureza na sala de aula e pátio

Total de interações iniciadas

Focais Sala Pátio

Positivas Negativas Positivas Negativas

F1(11) 11 23 2 9 F2(10) 18 7 3 1 F3(13) 6 0 1 1 F4(09) 3 2 3 0 F5(14) 11 12 2 3 F6(11) 0 2 0 0 F7(12) 61 25 0 3 F8(13) 4 5 1 4

Das interações iniciadas de forma positiva em sala, F2 e F7 apresentaram a mais alta freqüência, enquanto F1 e F7 aparecem com o número mais alto de interações iniciadas de forma negativa neste ambiente.

Quanto às interações iniciadas no pátio, F2 e F4 aparecem com a maior freqüência de interações iniciadas de forma positiva, enquanto F1 é o aluno que mais inicia interações negativas. F4 e F6 não apresentaram freqüência negativa no pátio. O primeiro porque apenas iniciou interações de forma positiva e o segundo, porque não foi observado em situação de recreio.

A Tabela 8 demonstra o número total de interações que os sujeitos focais receberam de seus colegas na sala de aula e no pátio.

Tabela 8- Freqüência total de interações recebidas por natureza na sala de aula e pátio

Total de interações recebidas

Focais Sala Pátio

Positivas Negativas Positivas Negativas

F1(11) 10 11 3 2 F2(10) 6 4 2 0 F3(13) 11 0 1 2 F4(09) 2 1 5 1 F5(14) 21 6 2 2 F6(11) 0 2 0 0 F7(12) 21 12 3 3 F8(13) 13 8 2 3

F5 e F7 aparecem como os alunos que mais receberam interações positivas dos colegas, em sala de aula, enquanto F1 e F7 são os alunos que mais receberam interações negativas. F4 recebeu mais interações positivas no pátio, enquanto F7 e F8 receberam mais interações negativas no pátio.

No caso de F7, a maioria das interações foi negativa porque não tinha resposta, contudo no caso de F1 a resposta pode estar na forma como F1 é visto na sala pela professora titular, o que pode influenciar seus colegas. F1 quase sempre era colocado pela professora S como um mau exemplo para os colegas por ser o mais velho da turma e mesmo assim, não apresentar um comportamento de acordo com suas expectativas. Um exemplo deste fato é retirado de uma de nossas observações sobre o comportamento da professora S em relação a F1 em sala de aula: F1 está em pé na sala e coloca uma toalhinha no centro da cabeça. A professora S diz: “o F1 é o maior, mas é o que mais gosta de fazer palhaçada na sala”.

O mesmo pode ser dito sobre uma das professoras de apoio, que compartilha da mesma opinião, o que pode ser expresso no exemplo abaixo:

Em uma observação no período de habituação, a professora A diz:“parece criancinha! “ para F1, que chama a professora S várias vezes.

F6 recebeu apenas interações negativas, em sala de aula, o que pode ser devido seu comportamento em sala já que ela tinha dificuldade de falar, comunicava-se com ruídos e gestos, babava, não ficava parada, movimentava-se bastante, andava muito pela sala e era alvo de zombaria dos colegas, que riam dela.

Segundo a professora, na primeira aula, F6 teve comportamento que pode ter sido considerado inadequado pelos colegas, pois tentou tirar a roupa e mostrou os seios. Além disso, F6 não falava, não olhava diretamente as pessoas, mas olhava com os olhos abaixados, pegava os objetos dos colegas sem autorização e sentava-se nas cadeiras dos colegas. Esse padrão comportamental pode ter afastado os colegas e evitado que eles respondessem às suas tentativas de interações.

3.5- Interações grupais em sala de aula e pátio

Além das observações das interações em duplas, os alunos também foram

observados ao interagir com grupos de colegas. Neste caso, denominou-se grupo as interações ocorridas entre mais de dois participantes.

Aparentemente à semelhança do que ocorreu com as interações em díade, as interações em grupo também não indicaram presença de vínculos, já que os mesmos não se repetiram e a formação dos grupos variava na composição de seus membros.

Hinde (1979) considera o vínculo compatível com a idéia de uma relação e o define como uma ligação entre indivíduos, que se movem em direção um ao outro.

A Tabela 9 apresenta o número total de interações grupais entre sujeitos focais e seus colegas de classe, nas duas escolas.

Tabela 9- Freqüência total de participação de focais em grupos na sala de aula e pátio

Freqüência de participação de focais em grupos por ambiente

SALA PÁTIO

Positivas Negativas Total Positivas Negativas Total

F1 (11) 2 7 9 7 2 9 F2 (10) 0 0 0 6 0 6 F3 (13) 0 0 0 0 0 0 F4 (09) 2 2 4 6 0 6 F5 (14) 0 2 2 0 0 0 F6 (11) 0 0 0 0 0 0 F7 (12) 5 0 5 3 0 3 F8 (13) 3 1 4 0 1 1

Os números da tabela refletem ao mesmo tempo o número de interações e o número de grupos que cada aluno participou.

Nas interações grupais, em sala de aula, F7 apresentou o maior número de interações positivas, enquanto F1 apresentou o maior número de interações negativas. No pátio, F1 apresentou mais interações positivas.

Foram observados 14 grupos diferentes em situação de recreio, na escola JP. Nenhum destes grupos reuniu-se novamente para outra atividade durante as observações, o que pode indicar ausência de vínculos entre os alunos desta turma, porém percebe-se uma repetição nos membros em alguns grupos, como por exemplo, F1, F2 e F4 que foram observados juntos quatro vezes, em ocasiões diferentes, o que sugere um vínculo entre os três sujeitos focais.

O sujeito F5 aparece em dois grupos apenas e nos dois casos, a interação foi considerada negativa.

O sujeito F7 repete o padrão comportamental da díade pois ele também foi o aluno mais presente nos grupos aqui listados, já que dos catorze grupos, ele apareceu em oito deles, o que pode indicar sua facilidade de estabelecer interações com um colega assim como com um grupo de colegas.

Não há repetição na composição dos grupos e nem na ocorrência das interações, já que cada grupo é diferente e nenhum deles apresentou mais de uma interação, o que parece indicar que esses grupos se reuniam temporariamente para uma atividade em comum, mas ao mesmo tempo, essa atividade não era tão relevante a ponto de fazer com que o grupo se juntasse outra vez. Esse fato também pode indicar a ausência de vínculos nesta turma, pois as interações não se prolongam no tempo, o que segundo Hinde (1997), indicaria a presença de uma possível relação entre os membros.

Na escola SD, a freqüência de interação em grupos pode ter sido baixa devido a maior parte das observações ter sido realizada na cantina, onde os alunos normalmente sentavam-se para comer e não costumavam agrupar-se com os colegas da mesma turma, mas sentavam-se com colegas de outras turmas, o que inviabilizava a observação de grupos formados por alunos da mesma turma. Os grupos poderiam aparecer no pátio, porém o recreio durava 15 minutos, que geralmente era utilizado com as refeições na

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