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Foram encontrados um total de 760 indivíduos (8.630 ind./ha) na área de cerrado sensu stricto, pertencentes a 54 espécies de plantas lenhosas (Tabela 1), distribuídas em 27 famílias botânicas. Na classe 1 (100m2) encontrou-se 54 espécies e na classe 2 (4m2) encontrou-se 22 espécies, sendo que 22 espécies foram comuns a ambas classes, mostrando uma riqueza parecida com o trabalho de Pereira et al. (2014).

No trabalho de levantamento da vegetação de cerrado sensu stricto de Junior & Haridasan (2005) foram encontrados 943 indivíduos pertencentes a 77 espécies e 38 famílias, valores maiores que o atual trabalho provavelmente devido a maior área de estudo. Algumas espécies coletadas são importantes do Cerrado e também foram amostradas neste estudo, mostrando a importância de ter encontrado espécies lenhosas de cerrado sensu stricto no levantamento de regeneração natural.

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Tabela 1 - Espécies lenhosas amostradas da regeneração natural em cerrado censu stricto na Reserva Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais.

ESPÉCIE FAMÍLIA CLASSE

I II

Annona coriacea Mart. Annonaceae 1 1

Annona crassiflora Mart. Annonaceae 3

Aspidosperma macrocarpa Woodson Apocynaceae 1

Astronium fraxinifolium Schott. Anacardiaceae 2

Bauhinia rufa (Bong) Steud. Fabaceae 213 9

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg Myrtaceae 1

Brosimum gaudichaudii Trécul Moraceae 7 4

Butia archeri (Glassman) Glassman Arecaceae 5 1

Byrsonima intermedia A. Juss. Malpighiaceae 12 3

Byrsonima verbascifolia (L.) DC. Malpighiaceae 1

Campomanesia pubescens (DC.) O. Berg Myrtaceae 2 2

Caryocar brasiliense Cambess Caryocaceae 3 1

Casearia sylvestris Sw. Salicaceae 23

Connarus suberosum Planch Connaraceae 1

Copaifera langsdorfii (Desf.) Kuntze Fabaceae 1

Cordia sellowiana Cham. Boraginaceae 8

Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze Rubiaceae 10 2

Curatella americana L. Dilleniaceae 117 13

Dalbergia miscolobium Benth. Fabaceae 5

Diospyros hispida A. DC. Ebenaceae 12 1

Enterolobium gummiferum (Mart.) J.F. Macbr. Fabaceae 6

Eremanthus sp. Asteraceae 1

Eriotheca gracilipes (K. Schum.) A. Robyns Malvaceae 3

Eriotheca pubescens (Mart. & Zucc.) Shott & Endl. Malvaceae 3

Erythroxylum deciduum A. St.-Hil. Erythroxylaceae 47 2

Eugenia dysenterica DC. Myrtaceae 3 3

Eugenia involucrata DC. Myrtaceae 12

Eugenia sp. Myrtaceae 1

Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos Bignoniaceae 46 4

Heteropterys byrsonimifolia A. Juss. Malpighiaceae 1

Heteropterys sp. Malpighiaceae 4 2

Ilex sp. Aquifoliaceae 1

Jacaranda decurrens Cham. Bignoniaceae 2

Leptolobium dasycarpum (Vogel) Yakovlev Fabaceae 2

Luehea divaricata Mart. Malvaceae 1

Luehea grandiflora Mart. Malvaceae 1

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(continuação...)

Machaerium acutifolium Tul. Fabaceae 5 1

Matayba guianensis Aubl. Sapindaceae 7 3

Miconia albicans (Sw.) Steud. Melatosmateceae 2

Myrcia variabilis DC. Myrtaceae 4

Palicourea rigida Kunth Rubiaceae 1 1

Piptocarpha rotundifolia (Less.) Baker Asteraceae 1

Plathymenia reticulata Benth. Fabaceae 1

Platypodium elegans Vogel Fabaceae 49 3

Pouteria torta (Mart.) Radlk. Sapotaceae 4

Pterogyne nitens Tul. Fabaceae 1

Qualea grandiflora Mart. Vochysiaceae 2 1

Roupala montana Aubl. Proteaceae 73 15

Rourea induta Planch. Connaraceae 9

Solanum lycocarpum A. St.-Hil. Solanaceae 7

Stryphnodendron polyphyllum Mart. Fabaceae 7 1

Styrax ferrugineus Nees & Mart. Styracaceae 18 2

Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Bignoniaceae 4

Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Annonaceae 2

Total 27 760 75

As famílias com maiores números de indivíduos na classe I somam em conjunto 76,18% (579,0 ind.), na classe II representam somente 9,86% (75,0 ind.) do total amostrado na comunidade. As espécies classificadas neste estudo como raras por apresentarem apenas um ou dois indivíduos amostrados são pertencentes a 14 famílias e 23 espécies. O total de indivíduos dessas espécies somadas representam 3,94% (30,0 ind.) da comunidade, sendo que apenas as espécies Annona coriacea, Campomanesia pubescens, Qualea grandiflora e Palicourea rigida foram amostradas nas duas classes de tamanho.

As cinco famílias que obtiveram maiores quantidades de individuos foram: a família Fabaceae foi a que obteve o maior número de indivíduos amostrados com 290 indivíduos pertencentes a 10 espécies, a espécie com maior número de indivíduos dessa família foi Bauhinia rufa, com 213 indivíduos amostrados em todas parcelas. A segunda família com maior número de indivíduos foi Dilleniaceae, com apenas uma espécie amostrada, Curatella americana, que foi responsável por 117 indivíduos. A terceira família com maior número de representantes foi Proteaceae, com total de 73 indivíduos pertencentes a 1 espécie apenas, Roupala montana. A quarta família foi Bignoniaceae, com 52 indivíduos e 3 espécies, dentre elas está Handroanthus ochraceus com 46 indivíduos,

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Tabebuia aurea com 4 indivíduos e. Jacaranda decurrens com 2 indivíduos. A quinta família com maior número de indivíduos pertence a Erythroxylaceae, com 47 indivíduos pertencentes a uma espécie Erythroxylum deciduum.

Os valores encontrados para o índice de Shannon obteve um resultado de H´= 2,71, seguido do índice de Pielou com valor de J= 0,68, valores um pouco baixos comparados a outros trabalhos de regeneração, como o de Junior & Handasan (2005) com H´=3,78 e J=0,87, porém com valores maiores do que o trabalho de Pereira et al. (2014) com H´= 2,38 e J= 0,71 respectivamente.

O índice de diversidade de Shannon mede a diversidade das espécies, atribuindo maior valor as espécies raras que é o caso deste trabalho. Muitas espécies tiveram apenas um ou dois indivíduos amostrados. Quanto maior o valor encontrado maior a diversidade florística da comunidade (FELFILI et al., 2003). Apesar se terem sido encontrados 54 espécies, esses valores condizem com a realidade do local, uma área alterada, com invasão severa de gramíneas invasoras e pelo fogo recorrente.

A estimativa para equabilidade de Pielou indica na comunidade, dominância ecológica por algumas espécies no ambiente (PEREIRA et al., 2014), e neste estudo a dominância baixa, mostrando que apesar de algumas espécies apresentarem valores muito altos de indivíduos, existe uma equabilidade entre as espécies.

O rank de abundância relativa (Figura 3) feito a partir do número de indivíduos total de cada espécie (em ordem decrescente) mostrou que apenas 6 espécies são as que mais representam a comunidade lenhosa da área, dominando em quantidade de indivíduos por espécies. Em ordem decrescente são elas: Bauhinia rufa, Curatella americana, Erythroxylum deciduum, Handroanthus ochraceus, Platypodium elegans e Roupala montana.

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Figura 3 - Rank da abundância (neste caso, densidade relativa) das espécies lenhosas em

Segundo Bond & Wilgen (1996), a tolerância de espécies lenhosas à queima depende do grau de proteção das gemas ao calor e do nível de chamuscação da coroa. Portanto, as adaptações morfofisiológicas das plantas ao fogo envolvem estratégias de resistência, regeneração ou sobrevivência (RIZZINI, 1976; COUTINHO, 1977; STEUTER; McPHERSON, 1995). As condições ambientais após queima, promovem o desenvolvimento de plantas xerofiticamente adaptadas, com folhas finas e pilosas com menos transpiração (STEUTER; McPHERSON, 1995). Por essas e outras características as gramíneas invasoras são apontadas um vegetal que melhor se adaptada à queima, devido a sua rápida capacidade de regeneração pós fogo (DAUBENMIRE, 1968; VOGL, 1974; COUTINHO, 1994).

Os dados de cobertura de solo (Figura 4) mostraram que em todas as parcelas existem a presença de gramíneas invasoras, como braquiária (Urochloa brizantha (Hochst. ex A. Rich.) R.D. Webster) ou capim gordura (Melinis minutiflora P. Beauv.) sempre em conjunto com as plantas nativas. A porcentagem de cobertura por gramíneas em toda área de estudo foi de 67%, lenhosas 10%, herbáceas de 10,5%, e a porcentagem de solo exposto foi de 12% ao longo das parcelas.

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Figura 4 - Estimativa da cobertura do solo (%) em cerrado sensu stricto, Uberlândia, Minas Gerais.

De acordo com os resultados da tabela 2, as espécies com maior regeneração natural na comunidade (RNT) em ordem decrescente foram: Bauhinia rufa (Fabaceae) com 11,79%, Curatella americana (Dilleniaceae), que apresentou um total de 10,09%, Roupala montana (Proteaceae) com 8,93%, Handroanthus ochraceus (Bignoniaceae) com 4,01%, Erythroxylum desciduum (Erythroxylaceae) com 3,46% e Platypodium elegans (Fabaceae) com 3,45% (Tabela 2). Essas espécies juntas representam 53,67% de toda regeneração natural da área de estudo. Enquanto as 14 espécies com valores de RNT mais baixos representam 1,84% das espécies, além de serem representadas por 6 famílias: Fabaceae, Asteraceae, Malpighiaceae, Malvaceae, Apocynaceae e Aquifoliaceae.

Gramíneas Herbácea Lenhosa Solo exposto

20 40 60 80 100 % Co be rtu ra

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Tabela 2 - Parâmetros da regeneração natural da comunidade lenhosa amostrada em cerrado censu stricto na Reserva Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais.

Nota: *DR= Densidade Relativa; FR= Frequência Relativa; RNT= Regeneração Natural

ESPÉCIES DR CLASSE I CLASSE II RNT (%)

(%) (%) RNT (%) FR (%) DR (%) RNT (%) FR Bauhinia rufa 28,1 5,92 16,99 1,2 12,00 6,59 11,792 Curatella americana 15,4 5,92 10,67 1,7 17,33 9,52 10,095 Roupala montana 9,6 4,14 6,88 2,0 20,00 10,99 8,934 Handroanthus ochraceus 6,1 4,14 5,10 0,5 5,33 2,93 4,016 Erythroxylum deciduum 6,2 4,73 5,46 0,3 2,67 1,47 3,464 Platypodium elegans 6,5 2,96 4,71 0,4 4,00 2,20 3,452 Styrax ferrugineus 2,4 3,55 2,96 0,3 2,67 1,47 2,213 Brosimum gaudichaudii 0,9 1,78 1,35 0,5 5,33 2,93 2,139 Cordiera sessilis 1,3 3,55 2,43 0,3 2,67 1,47 1,949 Byrsonima intermedia 1,6 1,78 1,68 0,4 4,00 2,20 1,938 Diospyros hispida 1,6 4,14 2,86 0,1 1,33 0,73 1,797 Casearia sylvestris 3,0 4,14 3,59 0,0 0,00 0,00 1,793 Matayba guianensis 0,9 1,78 1,35 0,4 4,00 2,20 1,773 Eugenia dysenterica 0,4 0,59 0,49 0,4 4,00 2,20 1,346 Heteropterys sp. 0,5 1,78 1,15 0,3 2,67 1,47 1,308 Eugenia involucrata 1,6 3,55 2,57 0,0 0,00 0,00 1,283 Butia archeri 0,7 2,96 1,81 0,1 1,33 0,73 1,271 Campomanesia pubescens 0,4 1,18 0,79 0,3 2,67 1,47 1,127 Machaerium acutifolium 0,7 2,37 1,51 0,1 1,33 0,73 1,123 Stryphnodendron polyphyllum 0,9 1,78 1,35 0,1 1,33 0,73 1,041 Rourea induta 1,2 2,37 1,78 0,0 0,00 0,00 0,888 Cordia sellowiana 1,1 2,37 1,71 0,0 0,00 0,00 0,855 Palicourea rigida 0,1 1,78 0,95 0,1 1,33 0,73 0,843 Solanum lycocarpum 0,9 2,37 1,64 0,0 0,00 0,00 0,822 Caryocar brasiliense 0,4 1,18 0,79 0,1 1,33 0,73 0,761 Qualea grandiflora 0,3 1,18 0,72 0,1 1,33 0,73 0,728 Dalbergia miscolobium 0,7 1,78 1,22 0,0 0,00 0,00 0,608 Myrcia variabilis 0,5 1,78 1,15 0,0 0,00 0,00 0,576 Annona coriacea 0,1 0,59 0,36 0,1 1,33 0,73 0,547 Annona crassiflora 0,4 1,78 1,09 0,0 0,00 0,00 0,543 Eriotheca gracilipes 0,4 1,78 1,09 0,0 0,00 0,00 0,543 Enterolobium gummiferum 0,8 1,18 0,99 0,0 0,00 0,00 0,493 Pouteria torta 0,5 1,18 0,86 0,0 0,00 0,00 0,428 Tabebuia aurea 0,5 1,18 0,86 0,0 0,00 0,00 0,428 Astronium fraxinifolium 0,3 1,18 0,72 0,0 0,00 0,00 0,362 Jacaranda decurrens 0,3 1,18 0,72 0,0 0,00 0,00 0,362 Leptolobium dasycarpum 0,3 1,18 0,72 0,0 0,00 0,00 0,362 Miconia albicans 0,3 1,18 0,72 0,0 0,00 0,00 0,362 (continuação...)

45 (continuação...) Xylopia aromatica 0,3 1,18 0,72 0,0 0,00 0,00 0,362 Eriotheca pubescens 0,4 0,59 0,49 0,0 0,00 0,00 0,247 Aspidosperma macrocarpa 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Blepharocalyx salicifolius 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Byrsonima verbascifolia 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Connarus suberosum 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Copaifera langsdorfii 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Eremanthus sp. 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Eugenia sp. 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Heteropterys byrsonimifolia 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Ilex sp. 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Luehea divaricata 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Luehea grandiflora 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Piptocarpha rotundifolia 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Plathymenia reticulata 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Pterogyne nitens 0,1 0,59 0,36 0,0 0,00 0,00 0,181 Total 100,1 100,0 100,1 9,9 100,0 54,9 77,5

Bauhinia rufa ocorre em diversas fitofisionomias do bioma Cerrado, desde campo sujo até fisionomias mais densas, como cerradão, podendo também ser encontrada em ambientes fragmentados (SANTOS, 2013). Apresenta hábito de arvoreta em formações florestais (entre cinco e 14 m de altura), enquanto nas fisionomias mais abertas de cerrado apresenta hábito arbustivo (entre 0,5 e dois metros) (VAZ; TOZZI, 2003). Sua forma de dispersão é por autocoria (STEFANELLO et al., 2009), associado a reprodução vegetativa, provavelmente explica o grande número de indivíduos adultos e juvenis amostrados em todas parcelas.

A espécie Curatella americana é uma planta característica do bioma Cerrado e apresenta, além de algumas características como folha espessa e textura coriácea, aspecto áspero às suas folhas, principalmente com o avançar da idade (OLIVEIRA; CASTRO, 2002). Esta espécie produz anualmente grande quantidade de sementes que são dispersas principalmente por aves, apresenta dispersão descontínua, ocorrendo em grandes populações em algumas áreas e outras não (LORENZI, 1992). Essas características corroboram com maior valor de RNT (10,09%) do estudo e assim contribui com grande importância para comunidade vegetal.

Roupala montana, apesar de ser muito comum no cerrado sensu stricto brasileiro, é também encontrada na Bolívia, Colômbia, Costa Rica, Guiana Francesa e na Venezuela (EMBRAPA, 2009). É a terceira espécie com a maior porcentagem de RNT (5,55%) neste

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estudo. Já foi encontrada em regeneração em área de pastagem de Brachiaria decumbens, no Bioma Cerrado, em Assis, SP (EMBRAPA, 2009), mostrando seu grande potencial de regeneração e competição com gramíneas e espécies invasoras.

As espécies Handroanthus ochraceus e Tabebuia aurea tiveram padrões diferentes de regeneração natural. T. aurea se mostrou mais sensível às perturbações, como a invasão de gramíneas exóticas e fogos recorrentes. Isso afetou essa população, pois os indivíduos encontrados eram todos adultos e escassa regeneração (0,55% de RNT), indicando que a espécie apresenta uma recuperação do estoque de indivíduos mais lento.

Em contrapartida, H. ochraceus se mostrou mais resistente a competição com gramíneas e a regeneração pós fogo, provavelmente por ter características morfológicas que são eficientes diante destas perturbações. Essa espécie obteve RNT total de 4,33% mostrando que está regenerando com mais facilidade que T. aurea. Os indivíduos encontrados na classe II em sua maioria eram plântulas (germinação por sementes) e poucos eram regeneração por brotamento (broto em outro indivíduo), essa capacidade de germinação por semente após passar por distúrbios e competição, corrobora com porcentagem de regeneração natural maior que T. aurea.

47 CONCLUSÕES

As famílias e espécies lenhosas de maior importância quanto a densidade e regeneração natural nessa área são comuns em remanescentes de cerrado sensu stricto na região. A comunidade encontra-se alterada devido a ocorrência de um evento de fogo no ano de 2014, o que modificou drasticamente a biomassa e a diversidade deste trecho de vegetação.

A comunidade lenhosa apresenta um bom potencial de regeneração, baseado nos valores de densidade e RNT. As principais espécies amostradas são caraterísticas de cerrado sensu stricto: Curatella americana, Bauhinia rufa, Roupala montana e Handroanthus ochraceus.

As duas espécies de Ipê amarelo (Handroanthus ochraceus e Tabebuia aurea) apresentaram padrões distintos de regeneração. H. ochraceus é uma espécie dominante na comunidade e ocorre nas duas classes de tamanho e T. aurea apresentando uma baixa regeneração, pois foram encontrados somente indivíduos na classe I.

A área amostrada apresenta invasão por espécies de gramíneas africanas braquiária (Urochloa brizantha) e capim gordura (Melinis minutiflora), o que aumenta a susceptibilidade ao fogo (recorrente na área) e interfere negativamente na regeneração natural. Além da elevada biomassa das gramíneas invasoras, funcionando como um fator inibidor da regeneração devido ao efeito alelopático, a cobertura do solo por este grupo também interfere negativamente na regeneração natural.

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